Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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O que precisa ser feito?

29 dezembro 2006

Como eu já tinha adiantado por aqui, o finito será outro cara em 2007. Conteúdo novo e regular (diário), novos serviços, novos desafios. Assim espero que ele atraia novos fregueses tb, né?



Minha maior questão para 2007 é essa: afinal,

o que precisa ser feito?


Boas festas para todos!

Nicholas Negroponte, pai do OLPC, escreveu um único livro em sua vida. "A Vida Digital" (Being Digital), lançado em 1995, era uma compilação dos artigos que escrevia para a Wired. E um pouco mais. Nicholas dirigia então o Media Lab, do MIT, um órgão que ele ajudou a fundar. Temo que seu livro, particularmente aqui no Brasil, tenha vendido menos que aquele que o Bill Gates lançou no mesmo ano. Tudo bem, a história fará o julgamento final.

Na página 57 da 1ª edição brasileira de "A Vida Digital" Nicholas escreveu o seguinte:

A lei do direito autoral está totalmente ultrapassada. Trata-se de um artefato gutenberguiano. Como se trata de um processo reativo, é provável que sucumba inteiramente antes que se possa corrigi-la.

A maior parte das pessoas preocupa-se com os direitos autorais em razão da facilidade de se fazerem cópias. No mundo digital, a questão não é apenas a facilidade, mas também o fato de que a cópia digital é tão perfeita quanto o original, e, com o auxílio do computador e de alguma imaginação, até melhor.
Creative Commons nasceu em 2001, da cabeça do advogado Lawrence Lessig, tentando "corrigir" as leis de direitos autorais. Corrigir o quê? Vamos colocar a questão de uma forma bem simples (simplista?). Até então só haviam duas alternativas quando gerávamos algum tipo de conteúdo (criação):
  • Travá-lo formalmente através do 'Copyright'. A formalização ocorre através do registro da obra. Um livro (apostila ou qq outro tipo de texto escrito) era registrado na Biblioteca Nacional. Músicas são registradas através de editoras (cartórios?). Muita gente escreve "copyright" em algumas criações mas não formaliza nenhum registro. Desta forma, a prova da autoria original fica um pouco mais complicada. Como não sou advogado, não vou me aventurar nos labirintos da legislação. O que vale aqui é o seguinte: registrou o conteúdo? Então você tem total direito sobre ele. Você dita quantas cópias podem ser feitas. Copyright = Direito de Copiar.
  • O conteúdo "não-protegido" (não registrado) podia ser automaticamente considerado como de "domínio público". Quando uma criação tem seu período de proteção expirado (era 50 anos), ela também se torna de "domínio público". Ou seja, qualquer um pode fazer o que quiser com aquela obra. Fiquei muito triste ao saber que gente que tá muito velha pro rock mas jovem pra morrer estava defendendo, na Inglaterra, a extensão do 'copyright' para 100 anos! Pois é, o Jethro Tull caiu nessa. Pô, eles estão jovens mas nem tanto, né? Querem garantir sustento para os bisnetos? Oras, que eles aprendam a fazer um novo "Aqualung"!
Qual o problema do "8 ou 80" acima? A falta de flexibilidade. E se o artista quiser que o público copie e altere a sua obra? Por incrível que pareça, isso não era permitido. Não formalmente. Por isso surgiram o Creative Commons e suas licenças. Uma inspiração clara e reconhecida foram as licenças "open source". Um software liberado sob licença GPL (General Public License), por exemplo, pode ter seu conteúdo copiado e alterado com pouquíssimas restrições.

De uma forma resumida, podemos dizer que a configuração de uma licença Creative Commons se dá a partir de quatro parâmetros:
  • Atribuição: se ativada, você requer que a pessoa (usuário), quando copiar seu trabalho, obrigatoriamente cite o autor original.
  • Não-Comercial: a pessoa pode copiar e distribuir a sua obra, desde que não seja com fins comerciais. A licença "aconselha" que, em caso de razões comerciais, o autor original seja procurado para uma negociação.
  • Não-Derivativos: a obra não pode ser "remixada", ou seja, não pode ser alterada. Se copiada e distribuída, deve sê-lo em sua forma original.
  • Compartilhe da mesma forma: quando ativado este parâmetro, a pessoa deve redistribuir a obra (particularmente aquela que ele alterou), sob a mesma licença.
Normalmente os trabalhos liberados sob licenças Creative Commons utilizam uma combinação dos quatro parâmetros acima. Por exemplo, o conteúdo deste blog: "exige atribuição, uso não comercial e compartilhamento sob a mesma licença". Só coloquei o "uso não comercial" para evitar que órgãos de imprensa bastante lucrativos copiem alguma coisa daqui. De resto, as pessoas podem fazer o que quiserem com o que encontram aqui e em todos os outros 5 (!) blogs que mantenho.

O processo de licenciamento é do tipo que eu chamo de "anti-cartório". Através do site da Creative Commons você configura uma licença, pega sua etiqueta (código HTML + XML) e a coloca em sua obra. A instituição Creative Commons não tem fins lucrativos. Ela vive de doações. A adaptação para a legislação do Brasil foi executada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Ou seja, tudo que tá escrito aí já é aceito em qualquer tribunal brasileiro.

Já existem centenas de milhares ou talvez até milhões de trabalhos liberados sob licenças CC. São músicas, filmes, fotos (o Flickr tem uma área só para trabalhos CC), livros, blogs, artigos, palestras, apostilas e até trabalhos científicos. Esta página da Wikipédia é uma excelente fonte de referências e repositórios.

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Não arrisco muito ao dizer que licenças CC são a "contra-mão" do DRM (Digital Rights Management). Uma alternativa mais justa, respeitosa e inteligente do que o DRM. DRM parte do princípio que você é um ladrão. Tenta (sem nenhuma chance de sucesso), garantir que uma música ou filme não será pirateado. É um "tiro no pé", já que os custos de desenvolvimento e os riscos jurídicos acabam por encarecer os produtos finais. O pior caso de uso do DRM aconteceu agora em 2006, quando a Sony "plantou" um rootkit em alguns CD's de músicas. Foi processada e deve gastar alguns milhões de dólares em indenizações.

O Windows Vista e o Media Player versão 11 implementam um tipo de DRM que pode ser ainda mais danoso para os usuários finais, principalmente para aqueles que compram produtos legais. O próprio Bill Gates, há poucos dias, confirmou que DRM é um tremendo engano. Pena que não dá mais tempo para ele corrigir o Vista. O engano foi colocado no núcleo do novo sistema operacional.

Para finalizar, uma história curiosa. No início de 2005 Bill Gates chamou os defensores da Creative Commons de "modern-day sort of communists". Comunistas dos tempos modernos! Um ano depois a MS anunciava orgulhosa que as novas versões do MS Office vão etiquetar (automaticamente) todo conteúdo liberado sob licenças CC.

Virada de ano. Tempo de festança e desejos bonitos. E tempo da indústria da informação extrair as últimas gotinhas do conteúdo que gerou durante o ano: coloca os 'sêniores' de férias e faz os estagiários gerarem coletâneas. É o tempo dos "10 mais", "10 piores", "10 bullshitagens" e por aí vai.

Tenho estagiário não e nem estou de férias. Até pq não sou 'sênior' de p**** nenhuma. Mas vou fazer a coletânea dos melhores e piores momentos de TI que foram capturados aqui no Graffiti. Deleiteiem-se meus caros visitantes:

Que tal virar um "Certified Bullshitagem Specialist"? Talvez dê pra ganhar uma bela grana. Mas nunca a grana do Mr Bill(ionário) Gates, que em fevereiro declarou que "seus impostos são mantidos em um computador especial pq os computadores do governo dos EUA não conseguiam lidar com os números". Era uma época de muito bom humor em Redmond. Tanto que a MS até lançou um concurso para seus fãs tentarem adivinhar a data do lançamento do Vista! Dancei: falei que seria só em junho/2007. Não importa. Tava mais preocupado com meus colegas viciados em email. É que na época um instituto (de cientistas desocupados da Inglaterra?) divulgou que "o QI (Quociente de Inteligência) de pessoas preocupadas com suas caixas de e-mails sofre perdas maiores do que o QI daqueles que fumam maconha". Coitados, desconhecem a Lei de (Bob) Marley: "Don't worry about a thing, 'cos every little thing is gonna be alright. "

Bons tempos, da gente ainda descobrindo as maravilhas e os perigos do Google Earth. E a Google, através do seu CEO Eric Smith, brincava com todos: "Nossa meta para 2006 é chegar aos US$ 100 bilhões. Vou deixar vocês decidirem se são US$ 100 bilhões em valor de mercado ou em receita". Sabemos hoje que o valor de mercado tá perto disso. Enquanto isso, nos cafundós de Redmond, um irado funcionário bradava: "ballmer: fired! allchin: fired! valentine: fired! jones: fired! partners at windows division: fired!" Que fogaréu, hehe. Tudo pq o Vista já dava sinais de stress. Tava muito atrasado e uma turma perguntou: a MS já lançou alguma coisa na data prometida? Sim, disse um: "press-releases!" Até a renomada The Economist tirou casquinha do Bill. Usando dinossauros!

Mr Nicholas Negroponte, a personalidade do ano, já tinha disparado seu projeto OLPC (One Laptop per Child) e uma pérola: "Se MS e Intel estão contra, é pq estou no caminho certo". Alívio pra MS só veio de sua melhor (falsa) amiga, a Apple. Deixar a molecada rodar Windows no Mac é uma estratégia que ninguém entendeu direito até agora. Mas o Bill deve mais uma para o Jobs, sem dúvida.

Em abril recebemos vários visitantes ilustres em Pindorama. Malas com malas repletas de bullshitagens: Schwartz da Sun, falando que o próximo Google pode ser tupiniquim, e John "Raul Seixas" Dvorak, mostrando toda sua coerência. Quando ele ensinou o Bill a matar o Linux deveria ter sido escolhido como substituto do Ballmer. Falando em bullshitagens e Pindorama, montei nosso "Hi-Tech Hall of Shame". Infame e sem a merecida fama...

Mas não rolei lágrimas como as que inundaram nosso universo quando Bill Gates anunciou sua aposentadoria. Muito pelo contrário. Mas quase chorei de tanto rir quando o IDGNow! publicou a seguinte manchete: "Os Usuários são os Grandes Vilões da Tecnologia". Coisa de gênio. Era agosto, mês do cachorro louco, da informática, dos solteiros, dos canhotos... Por isso ofereci ao Ballmer um som do Supertramp que grita (?): "Lets go Crazy!".

Em setembro entrei em duas campanhas: Defective by Design (pela morte do DRM), e outra pelo fim dos softwares / artigos lobotomizantes / idiotizadores que infernizam os tempos modernos e desrespeitam a inteligência alheia. Triste, mas ambas falharam de forma retumbante. Azar deles que somos teimosos feito um eMule. E não empacamos. Tanto que a turma fez, em outubro, um dos protestos mais inteligentes, limpos e civilizados que já vimos. Um belo contraponto ao chororô descabido da Alcione 'Marron'. Ops... até a Marron pintou no Graffiti? Vai ser plural assim lá no singular do Kubuntu!

Fui. E em outubro, sem precisar de ajuda da Justiça e afin$, promovi a reintegração de posse do meu querido micrinho. Livrei-o das amarras, pragas e e tralhas instáveis, deixando-o sob os auspícios do Kubuntu. Nome estranho, SO surpreendente. Não sei mais viver sem o amaroK, por exemplo. Não existe um MP3 player, físico ou software, que chegue nos calcanhares deste carinha. O que, junto com outros motivos, me fez elaborar umas perguntinhas idiotas e inúteis. Sorte que eram mais úteis, objetivas e melhor fundamentadas que alguns números estranhos que a EXAME andou publicando. Aliás, nossa 'prensa' que se diz especializada é meu segundo alvo favorito. Principalmente quando se mete a falar de coisas que não estuda direito.

A melhor campanha publicitária do ano, falando só de TI e aconchegados, é a do Zune. Aquele blowjob (palavrinha que o Paulo Francis não entendia mas adorava) deve ter assustado até o Jobs. Mas eu queria mesmo era que ele se assustasse com o SOOS, o Sistema Operacional do Século XXI. Estou tentando descrevê-lo numa série de artigos que só terminará em 2007. Como já disse n'outro canto, "ambição pouca é bobagem".

Ambição sadia. Daquele tipo que a gente gosta de observar nos vitoriosos, como nossa seleção de vôlei masculino. Ambição como a do o Nicholas Negroponte e seu OLPC. Taí meu segundo desejo para 2007: que a gente saiba nutrir uma Ambição Sadia. Com criatividade e humildade.

Se você chegou até aqui então dê uma olhada neste post: "Mercadologicamente Inviável". Ele explica meu terceiro desejo para 2007. Um desejo que manifestei até em carta aberta para o (futuro) presidente da MS Brasil. "Ambição pouca é bobagem".

E 2007 será um grande ano, tenho certeza.

Do IDGNow!, comentando a suposta quebra do AACS - mecanismo de proteção contra cópias dos novos HD-DVD e Blue-Ray:


Caso seja confirmado como verdade, a suposta quebra da tecnologia AACS marca um dia terrível para provedores de conteúdo de alta definição - seja em Blu-Ray ou em HD-DVD.

A novidade ainda poderá acarretar em péssimas conseqüências para o usuário, já que, no futuro, seremos nós que pagaremos o preço de medidas de segurança ainda mais rígidas e restritivas que antes.


A Dona Marisa Perenson, autora do artigo, bateu no lugar errado. Nós já pagamos. Pagamos mais caro pq existe um bando muito resistente que acredita que um dia criará um mecanismo infalível de proteção contra cópias digitais. Como já foi cansativamente escrito por aqui, "proteger conteúdo digital é tão factível quanto enxugar gelo". Vou chutar: algo entre 20% e 30% do que você paga por CD's e DVD's vai para aquele bando teimoso. Aliás, o argumento da Dona Marisa tá todo furado: pq ela teme "medidas mais rígidas e restritivas"? Mundo estranho esse: o consumidor temendo ser penalizado pelos fornecedores. Pode? Tá tudo de cabeça pra baixo mesmo...


Meu primeiro desejo para 2007: a extinção daquele bando enganador. E a conseqüente redução dos preços de todo tipo de conteúdo digital (software, filmes, músicas etc). E uma redução ainda maior nos países do 3º mundo.

Definindo o SOOS

27 dezembro 2006

ou, "Fogaréu!*"

Parte da série "Fumaça, Faíscas e Fogaréu", que discute o SO do século XXI. O capítulo anterior tentou definir Faíscas e necessidades. Começamos agora a parte que interessa (e compromete...).

Foto surrupiada da Kaylin.


Nossa definição padrão para um Sistema Operacional, generosamente persistida na Wikipédia, é a seguinte:
Um Sistema Operacional (SO) é um programa de computador que gerencia os recursos de hardware e software de um computador. Ele executa tarefas básicas como o controle e a alocação de memória, prioriza processos, controla dispositivos de entrada e saída, facilita a conexão com outras máquinas e gerencia arquivos. Ele também pode fornecer uma interface gráfica para o usuário.
No mesmo artigo da Wikipédia aprendemos que um SO oferece 7 tipos principais de... pasmem... SERVIÇOS! São eles:
  1. Processos
  2. Memória
  3. Discos e Arquivos
  4. Rede
  5. Segurança
  6. Interface
  7. Dispositivos
Então todo SO já é, por definição, orientado a serviços? Não. Não no conceito "novo" de orientação a serviços (que ainda mostrarei em algum ponto desta série levemente acoplada). Todo SO *oferece* ou *executa* uma série de serviços. Talvez eu devesse batizar essas idéias aqui compiladas de SOOU: SO orientado a Usuários! Mas soaria (sorry) demagogo e estranho demais.

Afinal, todo SO existe para funcionar como uma ponte entre a máquina e seus usuários. Essa é e deveria ser a única razão de sua existência. Mas nossos SO's preocupam-se mais com as máquinas do que conosco. Reparem novamente na listinha de 'serviços' acima. E na definição mais acima. Cadê o Usuário? Ele é opcional...

Podemos dividir a lista acima em três grandes grupos de serviços (anéis):
  • Auto-gestão: Processos, Memória, Discos e Arquivos
  • Conexão: Rede e Segurança
  • Interação: Interface e Dispositivos
Optei por 'Auto-gestão' como nome do primeiro anel justamente para indicar que no novo SOOS se trata de ir um pouco além dos Processos, Memória, Discos e Arquivos. O SO do século XXI incluirá dois novos Serviços neste primeiro grupo:
  • Gerenciamento do Estado: como uma pessoa adulta, o computador (ou iPod, celular, TV, geladeira...) saberá dizer o que está sentindo. Sempre que se tratar de algo que ele mesmo não possa cuidar. Caso contrário, ele não deve incomodar seu proprietário. Vale para baterias vazias ou discos cheios, aquecimento de mais ou carinho de menos. O computador, assim como um robô do Asimov, deve proteger sua própria existência (lógico, desde que isso não represente nenhum tipo de problema para o seu usuário).
  • Conhecendo e Aprendendo com o Usuário: uma máquina, assim como um cachorro, deve conhecer seu dono. Na nova geração de SOs, os serviços básicos de aprendizado e de conhecimento do dono devem ficar no núcleo do SO. Num primeiro momento, a máquina deve conhecer seu usuário: sua voz, rosto, impressão digital, forma de uso do teclado e do mouse (é canhoto?) etc. Simultaneamente ele também deve aprender e memorizar os hábitos de uso de seu proprietário: horários, dias, duração das sessões, perfil das sessões por horário e dia, períodos de 'hibernação', e um imenso etc. Cada nova interação é uma nova oportunidade de aprendizado. E depois de um certo tempo, o computador (ou iPod, iTV, celular, liquidificador...) deve ser um amigo íntimo de seu dono. Deve conhecê-lo até mais que o próprio esposo ou amante. Aliás, o computador saberá da(o) amante)! Brincadeirinha...
    O importante aqui é indicar que a próxima geração de SO's deve tornar nossos equipamentos menos passivos, menos estúpidos. A tecnologia tá toda aí. Só falta implementar.
    Reparem também que se trata de um serviço básico. As interfaces seguem em outro anel. Aqui a máquina está preocupada em conhecer e aprender com seu usuário. Mas não é esse serviço que "conversa" com o usuário. A "conversa" segue no terceiro anel, que será apresentado mais tarde.
É neste primeiro nível (anel) que a MS apresenta uma inovação de gosto e eficácia muito duvidosos em seu recém-lançado Windows Vista. A parte que trata de discos e arquivos inclui agora mecanismos de proteção de propriedade intelectual genericamente chamados DRM (Digital Rights Management). Este estudo do Peter Gutmann (citado no graffiare de hoje) fala do "suicídio" que tal implementação pode representar. Engraçado é que não tem muito tempo que o próprio Bill Gates disse que DRM é um grande erro (em outras palavras, mas disse). Gastaram tempo e uma fortuna implementando uma 'inovação' que não foi solicitada por nenhum usuário - só pelas grandes gravadoras e estúdios de Hollywood. E não gastaram um mísero cent nos dois tipos de serviços apresentados acima.


Falarei sobre o segundo (conexão) e terceiro (interação) anéis nos próximos capítulos da série.

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* Fogaréu é o apelido que escolhi para o SOOS. Além da brincadeira com a 'Fumaça' e as 'Faíscas', ele tem um sentido: Seja num palito de fósforo ou num grande e tenebroso incêndio, o fogo é sempre fogo. É assim que eu vejo o SOOS, um carinha que mantém suas características fundamentais esteja ele num micro, iPod, TV, freezer etc. Não precisa ser o MESMO SO. As características básicas é que devem ser iguais ou compatíveis. Além, obviamente, dos protocolos de comunicação. Mas este é assunto do próximo post.

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Update (28/dez): O IDGNow! de hoje fala sobre o mesmo estudo do Gutmann que citei acima. E toca num ponto que eu ignorei, mas que pode ser ainda mais representativo: o sistema de proteção do Vista (aka DRM) também afeta drivers (ou motoristas, hehe). De uma forma que pode comprometer o funcionamento de vários periféricos e componentes centrais (como as placas de vídeo, por exemplo). Até o IDGNow! sugeriu o seguinte: as 'brincadeirinhas' da MS...

..."podem se provar um catalisador contra a Microsoft para aumentar a popularidade de sistemas como o Linux ou o Mac OS, da Apple, entre desktops domésticos".

Somando DRM, WGA (Windows Genuine Advantage) e os novos requisitos de hardware, não é difícil fazer algumas previsões 'nebulosas' sobre o futuro do Vista. Mas o perigo real e imediato é outro, ainda distante do Linux e da Apple: o XP terá vida longa, especialmente nas empresas. Para desgosto da turma de Redmond.

Windows Vista includes an extensive reworking of core OS elements in order to provide content protection for so-called "premium content", typically HD data from Blu-Ray and HD-DVD sources. Providing this protection incurs considerable costs in terms of system performance, system stability, technical support overhead, and hardware and software cost. These issues affect not only users of Vista but the entire PC industry, since the effects of the protection measures extend to cover all hardware and software that will ever come into contact with Vista, even if it's not used directly with Vista (for example hardware in a Macintosh computer or on a Linux server).

[...] the Vista Content Protection specification could very well constitute the longest suicide note in history.

- Peter Gutmann

Depois de uma tentativa pra lá de desastrosa há alguns meses, finalmente meus 'n' blogs foram migrados para a nova versão do Blogger, a primeira genuinamente Google. Legal pq ganhei alguns pequenos recursos que devem facilitar o trabalho por aqui. Espero, principalmente, um pouco mais de performance.

Só que eu ganhei um probleminha novo: agora o Blogger, depois d'uma eternidade, oferece a possibilidade de 'etiquetar' os posts. Eu já usava uma gambiarrinha pra isso, integrada ao Del.icio.us. Consegui um upgrade da gambiarrinha pra seguir atualizando meus bookmarks no Del.icio.us. Só que a busca aqui, o clique numa etiqueta, ativará uma busca própria, powered by Google. Só na opção "Temas & Tags", na barra lateral, você conseguirá acessar diretamente meus bookmarks armazenados no Del.icio.us.

Seguirei procurando uma solução para oferecer as duas opções no próprio post. Se bem que acho que ninguém usa esse troço.. hehe.

A-lô-Hi Tech #003

26 dezembro 2006

Do jeito que o Chefe gosta

Acabara de voltar de um período de aprendizado e deslumbramento no quartel general estadunidense. Adrenalina no 'último', não via a hora de começar a mostrar serviço. Monopolizava as reuniões contando histórias e lições aprendidas durante seu breve exílio. Gostava de repetir por 3 ou 4 vezes um mesmo 'ensinamento'. Que sempre se encerrava da mesma forma:

- É assim que se faz lá. É assim que o [nome_do_dono] gosta que seja feito!!

Sua voz grave e a forma nada sutil como ela concluia uma 'ordem' não dava margem para nenhum tipo de discussão. Ela abria a reunião, conduzia a reunião, encerrava a reunião. Era um grande monólogo. Mas, estranhamente, todos saíam delas com o espírito renovado. Com a adrenalina no 'último'.

Já se sentia devidamente adaptada mesmo quando não conseguia se lembrar do nome de metade dos colegas que participavam da reunião. Não lembrava nome, cargo, função. Descobria quando lhe era conveniente. Um mês se fora - era hora de tirar da manga seu grande plano.

Como se gerencia uma carteira de produtos quando eles são totalmente produzidos em outro lugar? Quando não se tem autonomia nenhuma para direcionar (minimamente) o desenvolvimento de um produto? Em solo tupiniquim só tem um jeito: tropicalizando-a! Mas como se 'tropicaliza' um produto de uso genérico, que não tem nada a ver com legislações e cultura locais?

Astuta, elaborou a resposta ainda durante o vôo que a trouxe de volta: vamos Traduzir tudo!

Na reunião de apresentação do grande plano havia 6 pessoas, além dela. 3 caras de sono. 2 caras de "não entendi nada". Uma cara de "vai dar merda". Mesmo assim, imperou o silêncio. Como sempre, 'seja feita a sua vontade'. As justificativas para o plano eram simples:

- Vivemos num país atrasado. Os poucos programadores daqui não sabem ler, escrever ou falar inglês. Mas temos que popularizar nossos produtos para desenvolvedores. Se a barreira é o inglês, vamos eliminá-lo!

No velho estilo do empreendorismo endinheirado e caótico, o projeto de tradução teve início: "No pacotinho para não-programadores a gente traduz tudo! É, inclusive a linguagem - os comandos, métodos e propriedades. TUDO!". "Ah, na nossa liguagem-chefe a gente começa pelo manual. Vai dar tão certo que, ano que vem, traduzimos o resto."

O plano parecia infalível. Em pouco tempo, milhões de analfabetos globais se converteriam em novos desenvolvedores de sistemas!

Mas ninguém entendeu direito quando milhares de documentos pararam de funcionar na versão 'tropicalizada' daquela ferramentinha que já era tão popular. Terror nos planilhódromos semi-formais que então eram o 'must' em pequenas, médias, grandes e incomensuráveis empresas aqui instaladas. Ops...

Mas o problema maior surgiu no outro front, naqueles pesados manuais que pela primeira vez eram liberados em língua portuguesa. Um capítulo se propunha a ensinar como se desenvolvia aplicações para a arquitetura "Consumidor/Fornecedor". Ouviu-se numa sala de aula:

- Uai! Mudaram até o nome da coisa? "Client/Server" é propriedade intelectual de alguém?

Não deu pra fingir por muito tempo que se tratava de uma pequena 'adaptação'. É que em outro trecho o manual se propunha a discutir questões sobre o "Motorista de Impressora"!?!?



Nem deu tempo da cara ficar vermelha. "Esqueçam as traduções. É que eu tenho another wonderful plan..."

"É assim que se faz lá! É assim que nosso chefe gosta que seja feito!!"

Na próxima segunda completo 2 meses de "reintegração de posse". Como não será dia de trampo, antecipo pra hoje um breve relato de minha experiência.

Minha máquina é realmente minha de novo. E nunca em sua sofrida vidinha ela foi tão estável, tão calma. Reflexo imediato: abandonei a Maracujina! hehe..

O que era só uma suspeita agora é uma certeza também: a velocidade de minha conexão (Velox), milagrosamente, aumentou. Cerca de 30%! Algo que se percebe a olho nu e que o Firestarter me ajuda a medir. Só não sei dizer se meu aposentado XPé2 era o único culpado pela lentidão ou se aquele vírus que tanto me incomodou (deixando o SrvHost com uma gula danada) tava comendo 1/3 da capacidade da minha linha. De qq forma, a culpa é daquele SO 1/2 boca.

O único item que me incomoda com uma certa freqüência é o Firefox. Mesmo a versão 2.0 tem apresentado uma instabilidade impressionante. Talvez seja por isso que o mecanismo de recuperação de sessão funcione tão bem. Se tornou fundamental, ainda mais para caras que, como eu, costumam manter mais de 8 abas ativas simultaneamente. Sei, é assim que a gente detona RAM!

Mas o Kubuntu brilha nessa área também. A forma como ele gerencia os recursos da máquina é muito mais eficaz que o XPé. É fácil perceber isso: o disco trabalha pouco. A máquina mantém um certo nível de performance independente de quantos desktops e quantas aplicações você esteja usando. Coisa do velho Unix que é bem aproveitada em seus netinhos.

O processo de adaptação também é relativamente rápido. Evitei configurar o desktop para que ele imitasse o Windows. Mantive as configurações default. Birra. Mas já utilizei um sem número de aplicações, dentre elas: OpenOffice, Evolution, GIMP, AmaroK, Gaim, Konqueror, Umbrello, e várias ferramentas administrativas. A curva de aprendizado não é nada agressiva. Pelo contrário.

Só apelei para o console quando uma ajuda em grupos de discussão parecia ser mais simples na linha de comando do que numa interface gráfica. Foram raras as vezes. Mas como eu venho d'uma escola Unix, não sirvo como base de comparação. Mas posso garantir que um usuário médio NUNCA precisará apelar para os temerosos comandinhos digitados.

De 'avançado' só fiz uma customização: a instalação do NTFS-3g. Tenho um disquinho de 200GB formatado com o NTFS. Fiquei com preguiça de voltar aquele tanto de backup. Então mantive o formato, por enquanto. Isso me criou um problemão: o Kubuntu (ou qualquer outro distro Linux) não sabe escrever em NTFS. Só que meu disquinho é minha área de dados (e músicas e filmes etc). Eu tinha que conseguir escrever ali, mesmo que fosse um pouco mais lento do que com o XPé.

Pois bem, a última versão do NTFS-3g tá uma beleza. Ainda tem uns probleminhas de performance, mas não me deixou na mão uma única vez em mais de 45 dias de uso contínuo. E olha que eu uso! Só não invente de deletar arquivos grandes, com mais de 1GB. Nem tente deletar um conjunto muito grande de arquivos. A máquina vai ficar lenta por um bom tempo. Creio que as próximas versões do NTFS-3g atacarão as questões de performance. De resto, como eu disse, já da pra confiar. Menos em ambiente de produção, né? Pô, deixa de preguiça e formata o disco do jeito certo! hehe

Vários colegas que viram minha maquininha saíram daqui com uma cópia do Kubuntu/Ubuntu. E uns babadores. Acho que é o melhor critério para se avaliar um SO.

Pena que tem um povão aí que não sabe disso. Nem aqueles que definiram o distro que deveria equipar o tal PC Popular. Nem aquele tanto de gente que tá trocando o Linux do PC Popular por WinPirata. Pena... Mas um dia eles aprendem! Sou um otimista.


Bug Baratinho

20 dezembro 2006

Tem um trechinho do Vista sendo vendido por US$ 50k!

É meio tarde mas fiquei com vontade de fazer umas contas. Vamos lá:

  • Investiram US$ 5 bi no Vista;
  • (Não vou considerar o mistério dos US$ 2,4 bi);
  • Estima-se que o Vista tenha cerca de 50 milhões de linhas de código;
  • O que faz com que cada linha custe 1/5 de uma ação da Google, ou seja, US$ 100;
  • O trechinho ofertado deve ter cerca de 500 linhas de código; ou então...
  • Tá muito barato!!
Transcrição d'uma conversa grampeada sem autorização judicial:

Mané: É códigodiquê?
José: Das parte que vale, né mano!
Mané: Boa. Tá limpo?
José: C sabe como é.. donde veio. Não dá pra garantir muito não..
Mané: Fura fila?
José: Isso é Garantidaço!
Mané: 30 k?
José: Só entrego por 50. É coisa fina..
Mané: Recolho onde?
José: Pô mano. Transfere as verdinha que eu libero o daunlod...


Breve desvio da série "Fumaça, Faísca e Fogaréu" (ou "O SO do Séc. XXI"). O último capítulo tratou de definir as Faíscas. Hoje tornarei públicos alguns comentários:

Primeiro do Rafael Fichsmann, do Blog.MacMagazine:

O Mac OS X é todo integrado com a web, do nível do Vista para cima e, quem opta pagar US$100/anuais pelo .Mac, tem mais integração ainda. Dá uma olhada:

http://www.mac.com

Eu acho que o processo de migração das plataformas offline para online é algo extremamente delicado e que será um tanto demorado. Acredite ou não, ainda existem milhares de pessoas no mundo acessando a web via linha discada, 56k. Que dirá a grande maioria ter acesso à reais conexões de banda LARGA.

O Mac OS X 10.5 Leopard vem aí com ainda mais interação. Uma que me lembro, de cara, é um novo recurso do Safari+Dashboard, no qual será possível criar widgets instantâneos a partir de qualquer site na internet.

Agora o rebate do Nelson Biagio Junior, colega de Blog.MacMag também:

Vou meter minha colher no meio dessa história...Rafael, concordo em parte com vc...acho que, durante um bom tempo, as plataformas on e offline conviverão simultaneamente, mas acredito que o futuro, fatalmente, será todo on-line. Certamente, os "serviços" serão a primeira onda dessa migração, a exemplo do google documents.

O Office morrerá antes do windows....

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Se você der uma olhada no .Mac, sugerido acima pelo Rafael, verá que ele tem razão. O Mac já abre várias portas para a Web, bem mais que aquelas que citei no capítulo anterior desta saga. "Back up your Life" é de uma simpatia danada. Mas, salvo engano, todos os serviços oferecidos já existem de outra forma na Internet. Boa parte deles de forma gratuita, como o Picasa da Google (versus o "Photocast with iPhoto").

Caros colegas, o SOOS que eu vejo pega mais embaixo. Lida com questões até básicas de um SO como conhecemos hoje. E sim, ele saberá quando operar on ou off-line. Não vejo as duas modalidades como mutuamente exclusivas. Nunca. Não será uma questão de largura de banda, e sim de comodidade, funcionalidade e performance. Meu próximo post sobre o SOOS (que sairá simultaneamente aqui e no Blog.MacMag) será mais específico.


Tem louco pra tudo. E tudo quanto é tipo de louco.

Por exemplo: me convidaram para integrar o time fixo de colaboradores do Blog.MacMagazine. Agora, com freqüência regular, parte do que pintar aqui no Graffiti vai aparecer por lá tbém. Ou vice-versa. O time é legal, eclético e meio pirado. Ou seja, é um belo time!

A questão que fica é: o que um cara vidrado pelo Ubuntu (e outras maravilhas livres e abertas) tem em comum com MacManíacos, iPodeiros e afins?

A melhor resposta leva um dos DVD's citados pelo Nelson nos comentários do post anterior...
hehehe


SOA :: Oportunidade Única

18 dezembro 2006



Tá no eBay da Austrália! E a oferta se encerra hoje.

O produto é novo, tá na caixa. Saca só a descrição:


1 surplus box of SOA. We ordered five boxes of SOA for a recent project and only used four. Unopened and ready for use. Comes with standard warrenty. Please note:

  1. although this is shipped in a DELL box, it is not a DELL SOA. Original manufacturer is unclear, however the four boxes we've consumed seem to work just fine.
  2. not compatible with a TIBCO
  3. Beautifully presented, light blue green in colour

If you are middle management looking for quick wins with your IT team, then this is definately the product for you....imagine the faces of your co-workers as you present this box of SOA at the next board meeting. And tell them you got it for less than $500 and you'll be laughing all the way to the CEOs chair. Be the envy of all and instantly earn the respect of the IT techno-weenies down in the basement.

Order it now and we'll throw in the optional Microsoft adapter for free.


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graffiare #380

17 dezembro 2006

A book will never let you down.

Surrupiado daqui.



Alguém aí viu "As 10 previsões que vão mudar o mundo de TI"? São do Gartner, e foram publicadas pelo IDGNow. Se bobobear sai na InfoCorporate tbém. Saca só:

"Até 2009, a participação de mercado dos 10 maiores provedores de outsourcing de TI vai cair para 40% (dos atuais 43,5%), representando uma mudança de receita de 5,4 bilhões de dólares."

"Apenas um provedor de serviços da Ásia/Pacífico vai chegar ao top 20 global até 2010."

"Os blogs e comunidades online vão atingir o pico na primeira metade de 2007."

"Ao final de 2007, 75% das empresas serão infectadas com códigos maliciosos não detectados..."

"O Vista será o último lançamento da série Microsoft Windows." Ooops. Dessa eu gostei. Vou mandar o link do SOOS pr'eles...

Mas continua:

"Até 2010, 60% da população de usuários de celular será passível de se rastrear por serviços de Internet."

"Ao longo de 2011, as empresas vão desperdiçar 100 bilhões de dólares comprando produtos de serviços equivocados de rede." Essa é maravilhosa!! Olha só que tamanho de oportunidade para as entrouxadoras tupiniquins!


Fala sério! Rabo-de-galo-preso não permite mesmo nenhum tipo de análise mais útil do nosso mercado. Não estou fazendo acusações. É constatação. É tanto filtro, tanta restrição, tanto "não-me-toques", que os caras chegam ao ponto de publicar algo assim. E nossa prensa dá um espaço danado pra isso. E ainda paga por isso!!

Começo a crer que a grande previsão que pode realmente mudar o mercado de TI é a seguinte:

Em 2007, 98,347% dos institutos de pesquisas e 'previsões' bullshitosas sobre o mercado de TI vão quebrar, levando consigo 99,9981% dos órgãos de mídia desprovidos de espírito crítico.



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People should just buy a cd and rip it. You are legal then.

[DRM] causes too much pain for legitmate buyers.

- Bill Gates (falando com uma turma de blogueiros)



Dá pra acreditar? O BillU tá falando para seus consumidores: "não comprem as músicas que estamos vendendo na nossa nova lojinha Zune". Sinceramente, é muito difícil entender esse cara. Torra montanha$ criando uma versão patética daquela coisa bizarra chamada DRM. E agora pede para todos driblarem a barreira que ele ajudou a criar.

Tô comovido. Vou comprar uma musiquinha (com DRM) e mandar de presente de Natal pra ele. Ela diz mais ou menos assim:

"Tá todo mundo lôco, oooba!"

ou então aquela outra:

"Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante..."

E se tiver um funkarioca na promoção, por R$0.01, mando pro querido Monkey Ballmer( o "Tati Quebra-Cadeira"). Ele não deve tá entendendo nadinha do que fala seu futuro-ex-chefe.


Sumo um pouco daqui...

14 dezembro 2006

... quando estou do lado de lá, trabalhando no Finito.

Foto surrupiada da Crystal.


Publiquei hoje dois novos posts da série "Gerenciando Ativos de Software":
Ambas formam o 2º capítulo da série, que só devo encerrar na próxima semana. Repito aqui o aviso que coloquei lá: estou usando o blog quase como um rascunho*. Portanto, a compilação final, seqüência e conteúdo (particularmente aquele primeiro título ali em cima) devem ficar um tanto diferentes. Espero que consideravelmente melhores. O maior objetivo dessa "transparência" toda é clamar por colaborações, sugestões e críticas.

Mesmo que sua área não seja o desenvolvimento de sistemas, acho que vale a pena conhecer essa parte introdutória do artigo. Querendo ou não, mexe contigo.

Um graffiare (provocação) para entender a relevância do tema:

Por que nossa área se esquiva de implementar um conjunto de práticas que pode significar uma redução de até 84% nos custos de desenvolvimento de software?

Mais do que entender tamanho paradoxo, meu objetivo é tentar ajudar na implementação dessas idéias e práticas.

===

* O Braga se lembra, eu simplesmente detesto 'rascunhos'. Acho que aquele papo de "passar a limpo" um incrível desperdício de tempo. Mas abri uma exceção pra mim, hehe. Tornar públicas as anotações de um estudo pode atrair novas fontes de informações, sugestões e críticas. Acho que assim o trabalho final fica bem mais rico.


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Propositalmente Trágico

13 dezembro 2006

E o Jungle Jim* disse que estava sendo "propositalmente trágico". Pressionando Bill&Ballmer por mudanças no projeto Longhorn/Vista, Allchin disse que, "se não trabalhasse na MS, compraria um Mac". O Jim não me engana. Escrevi ontem e repito: disfarçado de Tarzan, o cara pensa diferente.



Mas acabo de ganhar outra preocupação. Pq, ao que tudo indica, a birra do Jungle Jim funcionou, certo? Então.. pensa bem se a moda pega:

  • Na InBev: "Vou tomar uma Sol se você não me ouvir..."
  • Na Ford: "Então eu vou pra casa de Corsa... Viu?"
  • Na HP: "Comprarei meu micro na Sta Efiginêa se vc..."
  • No Bradesco: "Então você vai depositar minha rescisão numa conta do Itaú! E vai tomar..."
  • Na banquinha do camelô: "Meu próximo Windows será original, vc vai ver!!"


===

* Tem horas que me esqueço que estou velho e minhas referências são um tanto antigas. Pior que meu artigo de ontem pingou até no blog da MacMagazine. A molecada mais nova não deve saber quem é o verdadeiro Jungle Jim, né?

Aqui no Brasil ele virou "Jim das Selvas". Felizmente. Pq nesta terra, "Daredevil" vira "Demolidor". Jungle Jim foi criado por Alex Raymond, fera dos quadrinhos que na década de 1930 criou o "Flash Gordon".

Mas, peraí. Eu só tenho 37! Conheço essa cambada toda pq meu velho os curtia muito.


Continuação de "Faísca, Fumaça & Fogaréu".

Lá nos tempos do Fred Flintstone, um cara - que, com certeza, não foi o Fred - observou que o choque entre rochas gerava faísca. Em uma década aprendeu a batê-las. Até hoje não entendeu direito como se controla incêndios. Mas é a Faísca que nos interessa. Um dos principais motores da inovação é o choque. Em tempos de capitalismo ultra-selvagem, quem melhor observa os choques e aprende a gerar faíscas ganha o que os letrados chamam de "Vantagem Competitiva".

Foto de Carey Tilden.

Há mais de 10 anos a Web gera uma avalanche de faíscas. Muitas foram percebidas e devidamente capitalizadas. Outras tantas foram mal percebidas, confirmando aquela tese* que diz que, de cada 10 idéias, 9 são a mais pura bullshitagem. Nossa questão - a idéia central desta série - trata das faíscas que ainda não foram vistas. Particularmente quando olhamos para nossos Sistemas Operacionais (SO).

Foi noticiado na semana passada: já passamos mais tempo na Web do que na frente da TV. O micro caseiro deixou de ser uma ferramenta de trabalho, estudo e um pouco de diversão (que acontecia só com joguinhos). Agora ele é nosso principal meio de comunicação e a fonte de entretenimento favorita. Isso muda tudo! (Já usei a frase no capítulo anterior da série. Lembra-se onde?)

Desconheço estatísticas que falem disso, mas aposto meia dúzia de chopps na seguinte conclusão: no ambiente de trabalho, as pessoas passam mais tempo na Web (ou executando outras atividades que exigem conexão com a Internet, como recebendo e enviando emails, por exemplo) do que executando atividades 'off-line'. Isso deveria mudar tudo!

Mas não mudou. Vamos dar uma breve olhada nos nossos SOs. Todos eles, Windows, MacOS ou qualquer distro Linux. Todos estão fortemente baseados em um conceito de SO que nasceu no final dos anos 70. Ok, se você não gostou do exagero: conceito que nasceu na primeira metade dos anos 90. Ok? Não importa: estão todos ultrapassados. O conceito tá com prazo de validade pra lá de vencido. (Sim, o Vista nasceu velhinho. Assim como o último Mac OS X. E o "Feisty Fawn" nascerá obsoleto em 19 de abril do próximo ano.)

Quantas portas (não aquelas que vc trava no firewall - estou falando de portas no sentido figurado) seu SO abre para a Web? Na média, quase todo mundo só usa três: um browser, um cliente de email e um instant messenger. A Web é grande demais para ser recebida por apenas 3 portas. Por mais que nossos queridos browsers, repletos de penduricalhos (Acrobat Reader, Flash, Toolbars etc), se esforcem.

O Ubuntu e outras distribuições Linux já aproveitaram algumas faíscas, e abrem mais portas para a Web do que seus concorrentes. Um dos melhores exemplos (melhor faísca), foi percebida por um brasileiro, o Alfredo Kojima. Trata-se do Synaptic (Adept em alguns distros). O Synaptic é um gerenciador de pacotes. Equivale ao "Adicionar/Remover Programas", que existe no Painel de Controle do Windows desde os tempos do motor mono-combustível. Posso estar enganado, mas o "Add/Remove" segue do mesmo jeitinho (limitado) no Vista. Enquanto seu irmão rico do Ubuntu usa e abusa da conectividade com a Web. É a soma do "add/remove" com o famigerado "Windows Update". Só que o Synaptic é Aberto, Livre e não é dedo-duro. Ele não olha só para si (ou para o SO), mas para todo o ambiente - todas as aplicações instaladas. E gerencia tudo: atualizações, remoções (sem deixar lixo) etc.

Mas ainda é muito pouco. Pouco se realmente prestarmos atenção em todas as faíscas que a Web gera. Existem atualmente duas fortes tendências no mundo de TI: SOA (Service-Oriented Architecture) e SaaS (Software as a Service). São coisas diferentes com uma palavrinha comum: Serviços. A soma de outra palavrinha da moda, Convergência, me faz apostar no surgimento do SOOS: Service-Oriented Operating System.

Vou ficar rico por ter cunhado o termo não. Acabei de buscá-lo no Google e obtive 13 links. Num deles, um post de 2004, diz que a Sun lançaria um SOOS em 1º de janeiro... de 2006. O SunStorm. Nem chuviscou. Mas o cara escreveu depois que o Press Release era de mentirinha, hehe. Entendi não, mas de qualquer maneira vale a idéia: O SO do Século XXI é Orientado a Serviços. E ele deve jogar a última pá de cal nos SOs da geração DOS (Disk Operating System) Flintstone.

No próximo post eu tentarei mostrar um pouco mais como será o SOOS.
Ou Seria So2S? Ou SO2? Dióxido de Enxofre? Peidin... vish.
SOS!!!


Há tempos os defensores do Universo do Software Livre reclamam da Google. Usuária incondicional de vários ativos Livres e Abertos, sua retribuição seria muito pequena. Quase nula.

Mas agora, aos poucos, a empresa da ação de US$500 vai mostrando seu lado samaritano. Em uma semana, duas boas notícias para a turma Livre e Aberta:

Uma amiga, psicóloga* formada em São Carlos, costumava dizer que "não existe altruísmo. Todo mundo sempre quer alguma coisa em troca". Questão profunda. Me esquivo do debate. Mas tenho que admitir que, em nossa área, a constatação da Dra. é mais que verdadeira. Vide o bando de oportunistas que agora pula no trem do laptopzinho para estudantes carentes.

No caso da Google, sua "generosidade" tem duas explicações: i) Ela depende muito dos produtos Livres e Abertos. Passava da hora dela angariar um pouco de simpatia e boa vontade daquele Universo; e, ii) É estratégico estar do lado e, sempre que possível, influenciar o trabalho dos desenvolvedores. A Google sabe que o campo do jogo está mudando**. E o número e a qualidade dos parceiros será fundamental. É verdade, "não há almoço grátis".

===

* Não. Era só amiga mesmo. Nunca fui seu (im)paciente. Engraçadinho(a)...

** Falo sobre as fulminantes mudanças que apareceram na minha bola de acrílico neste post. E numa pancada d'outros que escreverei até o final do ano.



graffiare #378

12 dezembro 2006

Acredito que perdemos o caminho. Penso que nossos times perderam o sinal de o que significa vírus, visão holística, segurança e perfomance, assim como de o quanto importante são as aplicações correntes e quais são os problemas dos clientes. Eu vejo muitos atributos aleatórios e algumas visões interessantes, mas que não se traduzem em bons produtos.

Eu compraria um Mac se não trabalhasse para a Microsoft.

- Jim Allchin ("dono" do Windows, desfilando choramingos e desejos em um email enviado para a dupla Bill&Ballmer. Em 2004.)



Eu tava meio desligado, até que o Nelson mandou a nova e sugeriu que eu comentasse a frase do Jungle Jim. Caramba ...


Temos que avaliar todas as hipóteses, certo? Então. Na lata o cara pode se justificar dizendo que, "veja bem, eu queria um BIG Mac. E um sacão de batatas. E um litrão de Coca!!". Mas ele trampa na MS. Não pode dar mau exemplo. Nem pode comer coisas que "super-size Ballmer" perto do dito cujo, né? hehe..

Mas, falando sério, a Apple ganhou um belo 'reclame'. Na véspera do Natal e na ante-véspera da liberação do Vista para as massas. Um Mac a mais, bem robustão, ela já pode contabilizar: o Jim Allchin deve se desligar da MS tão logo o Vista saia do forno. Aposentadoria mais que merecida... coitado. (Hrr... quem tem salário anual de 8 dígitos em dólar, fora os add-in$, nunca será um coitado de verdade. But... a aposentadoria é merecida). E o Jungle Jim finalmente poderá realizar seu grande sonho de consumo! Se eu fosse ele esperava as liquidações pós-festas: 30% OFF e afin$. Assim dá pra levar um iPod legal no pacote. E garanto que o Jim vai dispensar aquela gambiarrinha que faz o Mac rodar Windows. Pô, ele tá aposentado! Vai que ele chega em casa, roda o WinXP SPé 2 e descobre um novo bug. Ele segurará a tentação de ligar para o 1 800 9345 3524 e reclamar com o programador Mandrake a merda que ele fez?? Melhor não arriscar...

Penúltimo detalhe (um pouco mais sério): 90% dos funcionários da MS tinham iPods até pouco tempo atrás. Agora devem ser uns 87%. Todos eles camuflavam e escondiam os brinquedinhos quando entravam no Campus de Redmond. No resto do mundo é liberado. Era.. até o lançamento do Zune. Mas isso é outra história. A questão é: o que impedia nosso heróico Jungle Jim de ter um Mac em casa? Hã... se ele escreveu isso - desconfio - é pq já é usuário antigo. Se bobear participa até de grupos de discussão. Pseudônimo? Tarzan ou Johnny Weissmuller. Afinal, como ele conheceria tanto assim um Mac a ponto de confiar tanto? Tecnicão se deixa levar só por propaganda? De jeito nenhum.

Ufa.. último comentário. Até então eu achava que o reset dado no projeto Longhorn (atual Vista) tinha como principal justificativa (além daquela minha teoria da conspiração do Ozzy que não é Osbourne) sua incrível e mirabolante arquitetura macarrônica. Mas, pelo menos no trecho conhecido do email do Jungle Jim, o buraco tava bem mais embaixo, hem? Vish...

Se não fosse por tempo de serviço seria por invalidez.
De uma forma ou de outra, com um Mac!


Finito 3.0

11 dezembro 2006

Não, não se trata de um novo 'template' ou novas funcionalidades. O Finito, que eu acho bonitinho e funcional, segue com a mesma carinha 2.0:


O que muda é o que importa. Importa o que muda.. hehe...

Desculpem: o que muda é o Conteúdo, foco e freqüência de atualização. O Finito é meu 'blog de trampo', a principal (praticamente única) vitrine para meus serviços e afin$.

Portanto, a partir de hoje, o Finito passa a ser atualizado semanalmente (no mínimo). Vou tratar de questões mais práticas, próximas (e rentáveis) sobre o desenvolvimento de sistemas e o gerenciamento de projetos. Cada macro-tema merecerá, além dos artigos, uma série de add-ons. Com o tempo vou divulgando eles por aqui.

A primeira série de artigos, como vocês podem ver no snapshot acima, tratará da Gestão de Ativos de Software e, de maneira mais específica, falará sobre REUSO. Sei.. o tema é um tabu na área. Adoramos reinventar o filtro de café, o bolo de fubá e o etc.

Mas acho que já passou da hora de (re)visitarmos o tema com mais tesão... ops... Comprometimento. Para justificar minha tese um remix d'uma frase legal do James Brian Quinn:

Ativos de software, ao contrário dos ativos físicos, aumentam de valor com o (re)uso.

No Finito eu falo mais. E continuarei falando...


Surrupiado da ZDNet (Between the Lines):

Apparently Ubuntu Linux has not only surpassed its major competitor in Linux ( SuSE ) in popularity, as well as the distro it's based off of (Debian) , but it seems to have also surpassed another major competitor. Yes, that's right! Apple Computer's very own Mac OS X has also been defeated in popularity by Ubuntu!


Mas depois eu sigo com a saga "Faísca, Fumaça e o Fogaréu".
Por enquanto, só a percepção da Faísca.
Uma coisa que não nasce sem choque.

Btw, hey Macmaníacos! What's goin' on?


...nas escolas públicas brasileiras estudam mais de 14 milhões de alunos, basta fazer as contas para saber o motivo de tanto interesse...

- Nelson Biagio Junior (comentando a moda do "Laptop Baratinho" em seu novo blog, Um Bacharel na Engenharia)



===

O Nelson virou um companheiro diário. No mundo virtual, isso significa um monte de links cruzados, hehe. Além do blog citado acima, ele tem outro, que já tem um tempinho que aparece ali no canto, na área Graffiares & Pizzas. Não satisfeito, também é um colaborador assíduo do excelente blog da MacMagazine. Saca só esse texto: "Darwin no Caixa Eletrônico".


Faísca, Fumaça e Fogaréu

10 dezembro 2006

ou, de novo,

O Sistema Operacional do Século XXI

Em "It takes a Monopoly", que citei no último graffiare, Bob X crava no sub-título: "Por razões que não têm quase nada a ver com o produto, o Windows Vista simplesmente não perderá". Bob X relembra os produtos "desastre" da MS, como o DOS 4 e o Bob. Mas mostra, citando os casos Win95 e WinXP, que a lógica da MS está mantida no lançamento do Vista. E crava que, pelo menos em 2007, está destinada a ser bem sucedida. É uma pena, mas o Bob nem sugere o que aconteceria a partir de 2008. Não fala sobre o que colocaria a 'lógica estratégica' da MS em risco. Tática de bom blogueiro (sim, finalmente o "I, Cringely" virou um blog). Ele sabe que tal 'suspeita' provoca comentários, palpites e mais audiência.

Bem, modestamente (e com menos de 0,1% da audiência do Bob), eu já fiz a mesma coisa aqui no Graffiti: sugeri que o Ano "A" é 2009. Hora de acabar com o (falso) suspense.

Mix usando uma foto de André.

O Windows Vista encerra um ciclo - uma geração - que teve início com o Windows NT 3.5, na primeira metade dos anos 90. Vivíamos ali o ápice do downsizing e a consolidação da arquitetura Cliente/Servidor. A combinação NT+Win95+Office transformou a MS na empresa que conhecemos hoje. Foi a vitória do NT na briga contra o Netware que possibilitou o nascimento de produtos como Exchange, SQL Server e outros. Foi a indiferença do Win95 e do Office em relação ao ambiente em que estavam (casa ou empresa), que os transformaram em fenômenos de vendas. É sacana e inteligentíssimo o ciclo vicioso/virtuoso (depende do ponto de vista) que caracteriza essa era: o auge da dupla dinâmica MS e Intel, que atendia pelo singelo pseudônimo Wintel. O software que força upgrades de hardware, tática aplicada novamente com o Vista, está bem explicada no post do Bob. É condenável? Não. Afinal, cai nela (comprando) quem quer (ou pode). Mas muita coisa parece indicar que essa era está terminando.

Há dois anos a MS percebeu isso, e esquartejou do Vista uma série de "inovações". Não se tratou exclusivamente de problemas com a arquitetura "macarrônica" do Windows e o caos que caracterizava o projeto Longhorn. Ray Ozzie, então recém-contratado, apontou os erros e o caminho. Argumentação aceita, Ozzie ganha o Grande Projeto da MS, o Windows Live, e o cargo de Bill Gates. Mas...

... O Longhorn (Vista) estava no forno. Há tempos a MS anunciava suas maravilhas futuras. Não dava pra simplesmente falar para o mercado esquecer tudo. Eles "resetam" o projeto, o tornam relativamente mais simples, e seguem como se nada tivesse acontecido. Taí, o Vista já está disponível para as empresas. E no próximo 30 de janeiro será liberado para as massas. Sei que não foi intencional, chega a ser engraçado, mas o Vista é na verdade só uma (imensa) nuvem de fumaça.

E um belo plano 'B'! Se o Ray Ozzie, a Google e eu estivermos errados, o Vista seguirá sua sina e não falaremos mais nisso. Mas o fato é que o Grande Plano da MS chama-se Windows Live. Ele é o plano 'A'. E isso muda tudo!

===

No decorrer da semana falo mais sobre a Faísca, a Fumaça e o Fogaréu, o trio que dará início a uma nova era no universo de TI. (Pretensão pequena é bobagem).

Vou esticar o que toquei neste post.


And think about it, what's the alternative to Vista, but Windows XP? Those who don't jump to Vista right away will stick with XP, an operating system into which Microsoft will no longer be investing, making it even more profitable. So even if Microsoft loses they win. In 2007 at least, if people don't like Vista they will, for the most part, still stick with Microsoft rather than jumping to Linux or to the Mac. Maybe that will change in future years, but for 2007 at least, Microsoft's empire is secure and they know it.

- Bob X. Cringely (em "It Takes a Monopoly")



Falo sobre a provocação no post seguinte.


Reflexões de um Bueiro

08 dezembro 2006

Vai fazer uma década que estou aqui. Fui fabricado num canto da zona leste, mas dei mais sorte que os meus irmãos que ficaram nas ruas de lá. Aqui sou mais chique e importante. Um bueiro na avenida que tem o metro quadrado mais caro da América Latina.

Mas o povo daqui é tão mal educado quanto o de lá. Não só porque jogam de tudo em cima de mim. (Detesto as bitucas de cigarros.) Mas principalmente porque me chamam de 'boca de lobo'. De onde tiraram isso? Sou um B U E I R O. Bua, no latim vulgar, significa água. Eiro é um escorredor. Sou um escorredor de águas: um BUEIRO! Construído com ferro muito nobre para um propósito muito nobre. E colocado na Avenida Paulista!


Reconheço que sou meio feinho e meu hálito não é dos melhores. Por isso peguei no Flickr uma foto de minha paixão, a grade que fica logo ali na calçada. Ela é linda e simétrica. Uma gracinha. Mas sofre tanto quanto eu. A foto é do Chrys Omori.

Nessa semana que se encerra tive que engolir o equivalente a um mês inteiro de chuvas. Foi um terror. E o verão ainda nem começou. Se fosse só o aguaceiro, tudo bem. Mas com a água vem todo tipo de lixo que você pode imaginar. Sim, até aqui, em plena Avenida Paulista. Na terça eu tive que engolir um yaksoba inteiro. Blergh... Mas vou parar de reclamar de minha vida passiva e aguada. Afinal, sou um BUEIRO da Avenida Paulista. E aqui posso aprender muita coisa. Escuto de tudo, vejo de tudo. Gosto particularmente da estudantada da FGV. Tornei-me um "economista diletante". E ando preocupado.

Nosso PIB não cresce. Poucos bueiros são fabricados. Mas culpam só os juros mais altos do mundo? Os caras que cruzam aqui para entrar ali no prédio da FIESP só falam nisso: juros, juros, juros. Concordo que eles (os juros) estão pela hora da morte. Mas de que adiantaria só um radical corte? Veja bem.

Passam por cima de mim milhões de pessoas. Elas estão indo ou voltando de algum lugar. A maioria tá trabalhando. Inclusive aquele boyzinho fdp que escutava 'bate-estaca' e jogou uma latinha de cerveja pro meu lado. Sei que aqui a coisa não foi tão feia quanto na zona sul ou na zona leste. Mas, mesmo assim, a média de velocidade dessa cambada foi de 20km/h nesta semana. O dia todo!

Não entendo o que é 'conta de padaria'. Nunca vi uma. Mas vou fazer uns cálculos que aprendi com a estudantada da FGV e com os chorões da FIESP:

  • Um milhão de pessoas
  • Custo médio de R$ 5/hora
  • Média de 4 horas em "trânsito" por dia
  • Média realizada em 1/4 do ano, ou 90 dias
  • (Quando o PCC não decreta feriado municipal)
  • Multiplicando tudo dá R$1,8 bilhão!
Mesmo subvalorizando todos os valores, só isso já representa quase 0,1% de nosso PIB. E eu tô falando só da Avenida Paulista! Imagina a conta dos meus irmãos da 23 de Maio e da 25 de Março e da 9 de Julho. Imagina meus primos da Avenida Atlântica (ai que inveja). Pensa bem se todos os bueiros do Brasil resolverem contabilizar o prejuízo que eles testemunham. Vamos concluir que São Pedro abocanha todo ano 1% ou 2% do nosso PIB. Coitado do São Pedro...

Coitada daquela molecada que tá trabalhando em um projeto de TI aqui pertinho. Quarta-feira passaram correndo por cima de mim. Ouvi um deles dizer que o cronograma tá com 3 meses de atraso. A molecada tava 2 horas atrasada. Para uma reunião que decidiria o que fazer com o atraso. A moça bonita que os acompanhava (com calcinha*) reclamava da carga diária de 12 horas. Com as 4 horas no trânsito (ela mora em Alphaville - ai que inveja!), restam-lhe 8 horas por dia. Para dormir, falar "oi" para os filhos e o maridão (que tá traindo ela), e falar por "horas" com aquela prima que desconfia do maridão. "Por isso", explica ela, "meu cabelo tá esse lixo". Acho que essa molecada não tem como produzir direito. Mas nem vou fazer mais conta não. Só queria entender porque esse povo não pode trabalhar em casa. Que coisa mais antiga esse negócio de se deslocar pra trabalhar.

Se eles fossem operários d'uma fábrica de bueiros eu entenderia...

===

* Não me entendam mal. Não sou um tarado. Mas são os ossos do ofício. Parece que esse negócio de andar sem calcinha virou moda. E eu não tenho como fechar os olhos. Então vejo tudo, né? Olha, não espalha não, mas até naquele prédio famoso ali tem secretária que aderiu. Tem umas de aderem desde manhã. Eu estranho mesmo aquelas que chegam com e voltam pra casa sem. Que pouca vergonha... Mas é o tipo de pouca vergonha que não afeta o PIB. Ou será que afeta? Vou perguntar para os universitários da FGV...


Tá no IDGNow!:

"Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP) desenvolveram o protótipo de um laptop com fins pedagógicos nos mesmos moldes do aparelho da OLPC e do ClassMate PC, da Intel.
...
"Eduardo Morgado, coordenador do Laboratório de Tecnologia da Informação Aplicada, da Unesp, afirma que o preço inicial do notebook seria de 250 dólares - mais caro que os 150 dólares iniciais pedidos pela OLPC e mais barato que os 400 dólares do ClassMate PC.
...
"Ao contrário do XO e do ClassMate PC, que contam com sistemas em Linux, o Cowboy traz o sistema operacional Windows CE."

Nossa eterna mania de reinventar a roda*. Quanto os caras torraram pra desenvolver esse protótipo? Essa grana, independentemente de quanto seja, não seria mais útil se aplicada para desenvolver aqui os componentes do XO? Ou, principalmente, no desenvolvimento de conteúdo específico para o XO? Para completar o absurdo da "grande pesquisa" realizada, o SO proposto: Windows CE?!?! Céus.. chama o TCU!

===

* Era início da década de 90. Eu estava participando de um evento naquele prédio I da 23 de Maio. A programação foi alterada para que fossemos apresentados a uma grande invenção parida no interior de São Paulo: um laptop! Sim, a IBM já tinha sua linha de portáteis. Mas, por alguma razão que, com certeza, Gestner posteriormente podaria, a IBM Brasil desenvolveu um laptop por conta própria. Era feio e desengonçado pra chuchu. E deve ter vendido umas 5 unidades. Com subsídios. Para os "pesquisadores" que o desenvolveram...


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As empresas de software de Pindorama, cochilando em seu berço esplêndido, ignoraram ou trataram mal a modinha conhecida como SaaS (Software as a Service). Alguns chegaram a dizer que é o velho ASP (App Services Provider), que por sua vez seria uma releitura dos antigos "birôs". Ignoraram que cada derivação representava uma evolução em relação à geração anterior. Também não se preocuparam em ver se haveria demanda para algo do tipo. Enfim, cochilaram...

Agora a gente vai começar a saber se existe demanda. Vamos começar a ver, na prática, se no Brasil há cultura para uma proposta SaaS. Saca só um email que recebi hoje:

Desfrute do Sucesso on Demand com a Salesforce.com

Olá!

É com prazer que oferecemos a você uma oferta especial de lançamento no Brasil da salesforce.com, uma ferramenta de CRM on demand.

Você, que está procurando os nossos serviços, agora tem uma oferta especial de lançamento: o Professional Edition da salesforce.com com 25% de desconto, de US$ 65 por usuário/mês agora por apenas US$ 49 por usuário/mês! Aproveite essa oferta especial, que vai até 27 de janeiro de 2007, e entre em contato conosco ainda hoje pelo e-mail latam@salesforce.com!

O Professional Edition tem as ferramentas que você precisa para gerenciar o ciclo de vendas completo com os seus clientes:

Gerenciamento de prospects: garante que os seus clientes prospectivos serão atendidos, pois você poderá realizar a captação no seu site e distribuí-los adequadamente através da sua equipe de vendas.

Modelos de e-mail: padronize as comunicações por e-mail com modelos para toda a empresa.

Previsão de vendas: monitoramento preciso e previsão do pipeline de vendas em tempo real.

Dashboards (painéis digitais) em tempo real: atinja 100% de visibilidade ao monitorar seus cainais de venda e suporte.

Gerenciamento de documentos: crie documentos padronizados que podem ser acessados a qualquer hora, de qualquer lugar.

Gerenciamento de contratos: proporciona acesso às suas principais informações contratuais.

Portal de auto-atendimento para clientes: permite que os seus clientes encontrem soluções para suas questões a um baixo custo, em um site seguro que disponibiliza informações atualizadas de seus negócios.

Campos e guias customizados: possibilita mudanças-chave em seu CRM em segundos.

Não há custos extras com a salesforce.com . O valor da licença de US$ 49 por usuário/mês inclui manutenção, upgrades, treinamento via web e suporte básico em português. Veja o comparativo entre as versões oferecidas pela Salesforce no documento em anexo.




Só tem um probleminha na 'proposta' acima. Colocar preços em dólar é falta de educação e respeito. Se querem vender em Pindorama, utilizem a moeda de Pindorama, oras!

E tem um problemão na 'proposta' acima. O termo CRM (de "Gestão do Relacionamento com Clientes") continua sendo inescrupulosamente violentado. As funcionalidades oferecidas pela Salesforce tocam unicamente os aspectos periféricos da verdadeira gestão do relacionamento com clientes. Aliás, como todo pacote que existe por aí. Risco: a má percepção (mentira) vira verdade. Risco positivo para a Salesforce: até as grandes empresas, compartilhando o mal entendido, tornam-se clientes potenciais. Fico imaginando os laboratórios farmacêuticos, distribuidores de bebidas e cigarros, vendedores de soluções CRM... ops.. hehe.