Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

Visite a nova versão em pfvasconcellos.net

Pois é, cá estou novamente brincando de bidu. Meus tiros configuram mais uma lista de desejos do que "previsões" propriamente ditas. Portanto, se acerto ou erro, não faz muita diferença. Acertei, por exemplo, que a Sun não chegaria como empresa independente no final de 2009. Chutei Cisco como a 'comedora' - deu a óbvia e gulosa Oracle. Deve ter gente lá cantarolando um pré-histórico não-sucesso do Genesis, "In the Cage", que fala: "I got SUNshine at my stomach". Haja estomazil! Mas, como sempre, é o lado mais fraco da corda que arrebenta. Que o digam os usuários e fãs do MySQL.

Mas, como a titia Marília Gabriela me lembra quase diariamente, errei tremendamente ao desejar o passamento (sem choro nem vela) de todas as grandes empresas tupiniquins de TI. Elas estão aí, firmes (como prego n'angu) e fortes (como certeza de palmeirenses). E corretíssimas! Não no sentido que nos leva ao DF, obviamente. Estão corretas em suas ofertas - naquela carteira (de produtos) que eu desejei ver num aterro sanitário. Basta ver a lista dos 100 principais CIO's de Pindorama e seus principais "desafios" para 2010. O critério do ranking, segundo a Computerworld, são os "projetos e desafios". Veja os tais projetos e desafios. Avalie a frequência das letrinhas ERP e similares e tire suas próprias conclusões.

Esqueçamos os 20 anos de atraso. Interessam aqui os próximos 10 meses e os próximos 10 anos. Sem ordem ou critério de seleção objetivo como um Caetano. E farei a lista como entradas num microblog que não merecerão - pelo menos não de minha parte - sobrevida no Twitter. Saca só:

  • O CADE só aceitará na boa a fusão Casas Bahia + Pão de Açúcar se os franceses do Carrefour decidirem o que vão fazer da vida.
  • Wal-Mart tem a solução na ponta da caneta.
  • Dona Luiza seguirá procurando sua Lagoa Azul, já que o Oceano não está para peixe (pequeno).
  • (Taí: por que não Brooke Shields de garota propaganda? )
  • A B2W (leia-se Americanas, Submarino e Shoptime) ainda não tem com o que se preocupar. Ao contrário do Bradesco.
  • A B2W só se sentirá ameaçada quando a Amazon e equivalentes estrangeiras resolverem que Pindorama é praça de verdade. Coisa de 2 anos.
  • Ou quando Pão de Açúcar + Casas Bahia aprenderem a vender e atender pela web. Coisa de 4 anos. 
  • Acontece que no país da piada velha, onde varejista oferece micrinho de 800 contos em 24 parcelas de R$ 99,99 com Win Vista Starter Edition (aka Win 4 $less people), tudo é possível.
  • Até uma estatal que garanta banda larga do Oiapoque ao Chuí. 
  • Caminho mais curto seria a reestatização da Embratel. Caminho mais inteligente seria uma privatização menos indecente. 
  • Caminho mais eficaz seria uma revisão do marco regulatório e de todos os contratos dos provedores de serviços de telecomunicações. 
  • Mas, pelo andar das carruagens brasilienses, teremos mesmo uma nova estatal.
Já que falo de (des)governos...
  • O próximo também tentará promover uma "Reforma Tributária". Governadores mais fracos e / ou aprisionados tendem a aceitar a manutenção da falsa federação.
  • Aliás, cabe dizer que o próximo governo será apenas transitório. Rito de passagem para papo mais sério e polarizado que só acontecerá em 2014.
  • A instabilidade acontecerá apesar do crescimento médio do PIB de 5% ao ano.
  • O bolo crescerá bem, naturalmente (e com polvilho barato). É sua divisão que forçará uma polarização.
TI Tupiniquim:
  • A inevitável seca de alguns mercados obrigará o desenho de soluções pouco ortodoxas. As grandes serão as primeiras a buscar novos mercados.
  • Metade delas será 'vaga lembrança' na Olimpíada de 2016.
  • Metade da metade não será mais tupiniquim.
  • Apesar da taxa extra para remessas de lucros e de receitas com royalties que o próximo governo vai criar. Ou exatamente por causa disso.
  • A falácia do déficit de 200k profissionais / ano finalmente será desnudada. 
  • Independente disso, a partir de 2012 ficará mais visível a falta de profissionais. Campanhas tentarão atrair a molecada, mas o estrago de 5-10 anos já estará feito.
  • Instituições de ensino que entregam profissionais fraquíssimos (sem noções básicas de OO, por exemplo) começarão a ser processadas por ex-alunos que têm seus currículos sistematicamente recusados.
  • Desenvolvedores e engenheiros chineses, chilenos, argentinos e até indianos serão relativamente comuns em empresas de todo tipo e porte.
  • Empresas chinesas e indianas serão relativamente comuns em concorrências e licitações de todo tipo e porte.
  • Voltando aos profissionais, para encerrar o tópico: uma mesma função pagará salários entre R$ 1200 e R$ 6200. A distorção só fará aumentar. Culpa das escolas e empresas que compartilham um mesmo lema: "Os enganamos e vocês gostam!"
  • Os poucos realmente bons não precisarão brigar pelos salários mais altos. Na realidade, as poucas empresas realmente boas brigarão por eles. 
 TI Global:
  • Novo soluço de crise no mundo desenvolvido. Menos acachapante que o último, mas mortal para alguns ramos de atividade.
  • Fronteira entre conteúdo e meio cairá como um muro de Berlin. Megafusões serão a primeira resposta. E Jobs vai se aposentar gargalhando.
  • Dell, Acer, Lenovo e HP. Escolha duas.
  • A Oracle comprará a SAP antes de ser obrigada, pela União Européia, a se desmembrar em 4 empresas independentes.
  • Uma delas se transformará na coqueluche da década, especializada no tratamento e revitalização de ativos de software e sistemas legados.
  • Será aquela onde Larry não terá depositado um mísero cent.
  • Será aquela que concorrerá diretamente com a IBM. 
  • Ballmer se aposentará sem deixar saudades. Nem nos funcionários, muito menos nos acionistas.
  • Cairá por teimar em áreas que sempre deram prejú. E por deixar suas vacas sagradas pastarem no brejo. 
  • Será possível que a Adobe seguirá livre, leve e solta nos próximos 10 anos?!? Já prometi no ano passado, não falo mais sobre ela...
  • Aliás, não deveria ter falado sobre o Ballmer também. Mas não resisto... E agora a chance de erro é zero! 
  • O Google ChromeOS não terá 8% de 'share' até 2012. Se a empresa for teimosa o suficiente, vai saborear 28% de 'share' em 2016.
  • Somados ChromeOS e Android, significará dizer que a Google comandará o acesso a Internet de mais da metade da população economicamente ativa do planeta. 
  • Incomodará tanto e gastará tanto tempo tentando provar que "não é má" que esbarrará no limite das viabilidades técnica e econômica. Por vontade própria, abrirá mão de alguns negócios.
Brinquedinhos:
  • Tablets serão o Netbook dos anos 2010 ~ 2011. 
  • E a Apple só não jogará o Kindle para escanteio porque falhará na hora de licenciar conteúdo.
  • Não fará muita diferença, já que seu Tablet mira uma imensidão de outros usos.
  • Uma imensidão que, medida, bate nos 7 dígitos. E não estou falando de money. Estou falando de mini (até US$5), micro (até $100) e macro-aplicações.
  • Duas grandes lojas (e plataformas de desenvolvimento) concentrarão corações e mentes: AppStore da Apple e a "lojinha" do Android / ChromeOS.
  • Vários desenvolvedores, em todo o mundo, trocarão suas carreiras pela renda das 'lojinhas'. Desenvolverão mini e micro aplicações. Os melhores embolsarão mais de US$150k / ano.
  • Até 2014 alguém tentará levar o mesmo modelo para o mundo dos videogames. Não deve ser Sony, MS ou Nintendo.
Assuntos aleatórios:
  • O Timão ganhará a Libertadores. (Pelo menos uma nos próximos 10 anos...)
  • O site que venderá ingressos para os próximos shows do U2 no Brasil vai cair.
  • O U2 lançará uma nova coletânea (The Best of 2000 - 2010).
  • O Brasil perderá dois reis, um sete de copas e um ás de espadas.
  • Perderá também a Copa de 2010. Para uma seleção que subirá no topo pódio pela primeira vez.
  • Perderá 2010 para ganhar em 2014. Dunga, exilado, não comemorará.
  • Ah... o mundo não vai acabar em 2012.
  • Aliás, agora que Copa e Jogos Olímpicos são nossos, seria o cúmulo da piada de mau gosto o fim do mundo em 2012, né? 
  • Ou não... 

Graffiare #475

16 dezembro 2009

Cada vez mais, as pessoas não se preocupam em ter amigos, ser amadas e ter bons relacionamentos pessoais. Querem ser admiradas, bajuladas e ter ótimas relações profissionais. Só pensam na carreira e no sucesso.

A troca maquiavélica de favores é caminho para a corrupção, outra praga nacional. O corrupto se relaciona muito bem com outro corrupto. Adoram trocar panetones.

O corrupto costuma ser tão social, tão gentil, que até parece ser sério. Para diminuir bastante a corrupção, não bastam duras leis. É necessário também diminuir a promiscuidade social.



- Tostão, na Folha do último domingo, 13/dez/09.

O Custo "São Paulo"

08 dezembro 2009

Há tempos convivemos com o termo "Custo Brasil". Ele sempre foi usado para justificar a falta de investimentos ou o preço abusivo de alguns produtinhos. Também era utilizado de maneira simplista e arriscada para sugerir uma drástica redução da carga tributária. Grande parte dos proponentes nunca se preocupou em explicar como teríamos mais e melhores professores, policiais e infraestrutura etc etc. Importa, para eles, dividir menos e ganhar mais. Viajei...

Eu quero falar mesmo é do Custo São Paulo. Pelo Twitter, neste exato momento, vejo o depoimento de vários colegas falando de caos, apagão, vias alagadas... o inferno de quase sempre. Os problemas de todo período de chuvas, neste ano piorados pela volúpia "obreira" do (des)governo de SP.

Muitas empresas, particularmente do mundinho de TI, são irritantemente guiadas exclusivamente pelo 'cara do financeiro'. Aquisições e contratações parecem ter um único guia: o preço.

Pois bem, tá na hora dessa turma considerar o custo de se viver e trabalhar em São Paulo. Abre aí uma planilhinha excel e começa a contar toda a grana que vai para o ralo porque:

  • Os colaboradores gastam horas no trânsito;
  • Colaboradores não conseguem chegar no trabalho;
  • Colaboradores fazem hora extra para compensar atrasos;
  • Colaboradores rendem pouco porque estão preocupados com os efeitos da chuva;
  • Colaboradores estão infelizes.
Parece coisa subjetiva mas não é não. Se for o caso, se você não consegue medir produtividade, então considere apenas os 3 primeiros itens da lista. Mas faça a conta!

Garanto que concluirão que São Paulo não vale a pena. Colocando de outra forma: São Paulo se tornou cronicamente inviável.

Trampo remoto e mudança para o interior são as duas principais alternativas. Deveriam ser consideradas por todo mundo. Ou alguém aí acredita que aquela obra (de R$ 1,3 bi!) na marginal adiantará alguma coisa?

Papo fantástico rola neste momento no "Linha de Passe" da ESPN Brasil. Papos fantásticos o título do Mengo tá motivando. Tese do quase sempre certeiro Trajano: o Mengo foi campeão porque seus jogadores são mais felizes. E são mais felizes porque têm mais liberdade.

A liberdade que o Adriano mereceu. O comportamento humilde e sereno do Andrade. O tratamento dado ao Pet. São várias as "provas" da liberdade que gerou a felicidade do Mengo. Felicidade retribuída na forma de felicidade para a maior torcida do Brasil.

Juca Kfouri e PVC ajudaram a lembrar outros momentos do futebol onde a felicidade (produto da liberdade) rendeu frutos ou, melhor dizendo, troféus. Romário no Barcelona e na Copa de 94; a Democracia Corinthiana; O Botafogo mágico de Nilton Santos e Garrincha etc.

Trago o papo para nosso mundinho (raramente feliz). Dias atrás folheei um livro dedicado a CIO's. No capítulo sobre Desenvolvimento o autor resumiu assim suas dicas: Contrate bons programadores e trabalhe para mantê-los felizes. Não vou me lembrar agora do título ou do autor (o livro é fraquinho). Mas a dica acima vale muito.

E o que vemos por aí, como práticas default de nosso mercadinho? Programadores engravatados em pleno verão de 32°C de média em Sampa; Profissionais aprisionados por horários fixos de entrada e variáveis na saída (comumente estendidos e transferidos para um banco de horas que raramente será convertido em grana); Estilão "comando & controle" na condução de projetos de desenvolvimento; Esquemas draconianos que impedem que profissionais do conhecimento possam utilizar a Internet; Projetos malucos e atividades caducas que só fazem sentido no Pinel ou em filmes do Buñuel; Planos de longo prazo e promessas tão críveis quanto aqueles de nossos amados políticos...

Eu poderia ficar aqui por horas listando coisinhas que contribuem para a infelicidade de muitos de nossos colegas. Mas você já entendeu meu ponto. Periga até ter se lembrado, como eu, do refrão d'um som do Fagner (quem?): "Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz ..."

Olha, até que dá. Desde que você não seja palmeirense nem tenha medo de mandar seu empregador ir na esquina ver se te encontra lá. Diga para ele que, caso não o encontre, aproveite o passeio e cate latas.

Tristes Ricos Trópicos

03 dezembro 2009

Sei lá quem disse que é "triste o país que precisa de heróis". Pior é aquele que pretende educar com leis e mais leis, proibições e mais proibições. Não percebe que assim reconhece a total incapacidade de seu povo de aprender, entender e respeitar.

É curioso que exatamente neste ponto da história, em que Pindorama é celebrada pelos quatro cantos do mundo como uma Nação vibrante e atraente, internamente nossos políticos disparam uma série de travas e mordaças e afins.

Um colunista da Folha (provavelmente o Marcelo Coelho) já havia reconhecido o padrão: não tem muito tempo, o "povo" gostava de políticos que mostravam obras. Hoje parece que o "povo" tá adorando políticos que promovem leis que reduzem nossos espaços e direitos. Vide a alta aceitação das recentes leis "higienistas-facistas" do (des)governo de SP.

Percebe o tal "povo" o perigoso antecedente que abre? Claro que não. Ainda não.

Por isso o Senador Valdir Raupp (PMDB-RO) se sente no direito de criar uma lei que nos tira o direito de escolher o videogame para uso próprio ou de nossos filhos e sobrinhos. No meu mundo, meus caros, isso só tem um nome: CENSURA.

Mas parece que muitos pais e responsáveis estão adorando isso tudo: a radical terceirização da educação de seus filhos. Devem saber o que estão criando.

Precisa dizer que esse tipo de coisa nunca funciona? Precisa dizer que isso aí só faz criar um mercado negro? Claro que não, estamos carecas de saber.

Sinceramente, começo a achar perigoso demais o fato do nosso crescimento econômico não significar um crescimento como sociedade. Sei que sempre há um descompasso, mas estamos exagerando. Só espero que não estejam testando nosso limite. Porque até a mansidão bovina, que tanto nos caracteriza, deve ter um limite.

Fábrica de Estressados

30 novembro 2009

TI sempre foi uma fábrica de estressados. Seja em operações ou em projetos, a norma é sempre ver profissionais sobrecarregados, trabalhando no limite físico (e de prazos). E é muito estranho que um vergonhoso histórico de acidentes, bugs e fracassos não resulte em revisões na maneira como equipes são dimensionadas e estruturadas.




As organizações, sempre orientadas por um único fator: Custo, seguirão com a esperança de que é possível obter mais com menos (profissionais). Míopes, seguirão ignorando que acidentes, bugs e fracassos, no final das contas, custam muito mais que uma equipe um pouco maior (e melhor).

Portanto, o que estranho mais é o fato dos profissionais da área seguirem se sujeitando a práticas que vão do absurdo ao draconiano com escalas em soluções hilárias. Estranho porque, na média, estamos falando de profissionais com bom nível cultural e relativamente exigentes. São exigentes, por exemplo, em relação a flexibilização de horários de trabalho, ambiente etc. Por que, então, aceitam de cara boa responsabilidades cada vez maiores?

Há quem diga que esse espírito voluntarioso é fruto dos desafios - "nós adoramos desafios!". Outros dirão que é falta de opção: seria pegar o trampo ou ficar desempregado. Perdão, mas acho isso tudo uma imensa besteira. Existem desafios e Desafios. Mas nenhum justifica 100hs de trabalhos adicionais por mês. E quem tem medo de perder o emprego normalmente é o primeiro na fila do seguro-desemprego.

.:.

Pra variar, desenvolvi o texto ignorando por completo o tema que o motivou. Seguinte: na Info do mês tem um artigo chamado "A Mutação do Webmaster". Citam Guilherme Ranoya, professor da FIAP:

As empresas exigem cada vez mais de uma única pessoa. Muitos estão exaustos ou assustados com o esforço que têm de realizar para acompanhar as mudanças.

Em outro trecho, um brinde da Info: "o webmaster não precisa ter diploma, mas deve conhecer pelo menos três linguagens de programação e estar familiarizado com métodos como Ajax ou ferramentas como o Flash, programar, modelar e realizar operações de banco de dados. Deve saber configurar servidores, com suas devidas extensões para programação em PHP, Ruby on Rails e Java, entre outras. Tem de configurar máquinas virtuais para montar servidores de teste, desenvolvimento e produção, configurar redes e servidores de email e gerenciar suas políticas e usuários".

Kkk... faltou pedir para ele lavar, passar e fazer um cafezinho! Pô, será que não percebem o tamanho do absurdo? Ok, eu já tinha falado sobre isso em julho. Mas acho que seguirei falando. No mínimo para ganhar mais dois ou três amigos que saibam dizer: "Não, obrigado".

Nós, bravos tupiniquins, temos a triste mania de ignorar debates quando ainda temos chance de participar; e de chorar depois, reclamando de tudo e todos.

É certo que a maioria nem sabe que alguns debates acontecem. Nossa grande mídia faz questão de não divulgá-los ou tratá-los como notas de rodapé. Sabe-se ou desconfia-se bem de suas razões.

Bão, exatamente neste momento rolam duas "consultas" que podem mexer muito com nossas vidas, a virtual e também a real. A primeira e mais impactante trata do Marco Civil da Internet (leia-se: Nossos Deveres e Nossos Direitos na Grande Rede). É sério, não acha? Se sim, saiba mais no link abaixo (o prazo para o chororô preventivo se encerra no próximo dia 17/dez):

http://culturadigital.br/marcocivil/

A outra não é bem uma consulta pública, mas merece igual atenção. Trata-se da proposta do MinC (Ministério da Cultura) para alteração da lei de Direitos Autorais. Um resumo também pode ser conferido no site Cultura Digital.

É nítida a intenção de flexibilização da lei. O fair use é ampliado e formalizado de diversas maneiras. Chama a atenção algumas sugestões que, em minha opinião, são de difícil implementação. Por exemplo: a taxação de cópias (citam o termo xerox no resumo). Coisas assim, impossíveis de serem fiscalizadas, costumam gerar mais barulho do que resultados. Mas, no geral, as propostas são boas e coerentes com o mundo atual.

Há um detalhezinho meio perdido ali que vai mexer com muitos apresentadores (falsos jornalistas) e emissoras de rádio e TV: a proibição do Jabá! Agora eu quero ver como que artistas de 5ª categoria ganharão visibilidade.

O Preço do Windows

29 outubro 2009

Lá no início do mês eu palpitei sobre a estratégia de preços da MS para seu novo Windows. Roberto X - que andava sumido daqui - achou uma explicação bem melhor que a minha. Afinal, o Win7 (e 7 é conta de mentiroso, nunca se esqueça!), é caro lá na América de cima também. O engraçado é que o que mereceu um certo esforço do esforçado Roberto X é escancarado como a coisa mais normal do mundo aqui em Pindorama.

Trocando em miúdos: cada nova geração do Windows sempre gerou um ciclo "virtuoso" de atualização de máquinas. O SO de Redmond sempre exigia mais e mais recursos de hardware, especialmente CPU e memória.  Netbooks, o lixo chamado Vista e crises financeiras, não necessariamente nesta ordem, mudaram o jogo. E o Win7 simplesmente não pode exigir mais recursos, por mais baratos que eles estejam. No entanto, por razões que Ballmer e sua turma não vão explicitar nunca, a MS ainda se sente obrigada a gerar demanda por novas máquinas a cada atualização do Windows. Eles não podem falar, mas é uma questão de compensação. Fabricantes de hardware divulgam que "recomendam o Win qq coisa" e entucham o SO em suas máquinas novas. A MS dá um jeito deles venderem mais máquinas. O ciclo é o mesmo desde o início dos tempos.

Agora o Win7, por uma questão de sobrevivência, não pode exigir mais máquina. Qual é então a fantástica estratégia da MS? Encarecer (no primeiro mundo) ou simplesmente não vender (no resto do mundo) o upgrade. Só isso! Roberto X percebeu a lógica por lá. Aqui ela foi escancarada por Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor-geral da MS Brasil (na Folha de ontem):

Barbosa afirma que a forma mais comum e econômica de ter o Windows é por meio da compra de um computador novo.

Eu sigo me perguntando: pra que serve a MS Brasil? Será que ninguém ali teve coragem de avisar para Redmond que milhões de máquinas foram vendidas nos últimos 2-3 anos? Será que ninguém ali percebeu que 95% dessa turma não terá motivo algum para comprar uma máquina nova (mesmo que em 17 parcelas sem juros nas Casas Bahia)?

Se eu me importasse e fosse importante em Redmond faria uma única sugestão: fecha a subsidiária tupiniquim e converte a economia gerada em descontos para a patuléia. Antes disso, faça a assessoria de imprensa divulgar que textos como o da Folha de ontem funcionam como um tiro de bazuca no dedão do pé. Afinal, afirmar que "em geral, o novo sistema se comporta tão estável e rapidamente quanto o XP" é um péssimo argumento de vendas.

Fred Brooks no Brasil

16 outubro 2009

Minha caixa postal amanheceu repleta de mensagens de amigos avisando: Brooks estará no Brasil na próxima quarta-feira, 21/out! A preocupação dos colegas tem uma única explicação: eles sabem que sou fanzaço do cara. Não só de sua obra prima, "O Mítico Homem-Mês" (lançada originalmente em 1975 e finalmente disponibilizada em PT-br), mas também de seus artigos que seguiram, particularmente "No Silver Bullet" (1987. Este e outros artigos aparecem na edição do livro lançada pela Elsevier-Campus).

Seguem os convites:





Se você quiser entender um pouquinho mais a importância do cara, veja a série de artigos que publiquei no finito em 2006. Se gostar, não deixe de comprar o livro. Se comprar o livro, lembre-se de uma provocação do Brooks:

Eles falam que o livro é a Bíblia da Engenharia de Software… é por isso que todo mundo o lê mas ninguém o usa!

A gente se vê num dos dois eventos acima. Inté!

Dias de Ação e Reflexão

15 outubro 2009

15 de outubro, Blog Action Day. O email lembrete enviado pelos organizadores oferece uma lista de sugestões para quem quer falar (agir) e tá sem inspiração. Falta de inspiração é realmente um problemão. Mas como não se inspirar com tema tão quente? É só falar sobre o meio ambiente, certo? Pena que muitos recebam isso como a prova de redação do vestibular.

A grande mídia ignora o movimento, mas está repleta de munição para um Dia de Ação. Em 2 "em cima da hora" de hoje, 2 temas mereceram os tradicionais 30 ou 60 segundos:

  • Cientistas ingleses afirmam que a partir de 2020 não haverá gelo no ártico durante os verões;
  • O IMAZON registrou o desmatamento de 300+km2 de área protegida na Amazônia.
Todo dia vemos notícias assim. Ficaram tão tradicionais que, tudo indica, não damos mais importância. Com exceção de pequenos grupos - como o Greenpeace - nada ou ninguém mais na sociedade manifesta 10 segundos de preocupação ou revolta. "São coisas tão distantes e grandes que não vejo como ajudar", ou "E o kico?". 

Ação sem reflexão é inútil. Reflexão sem ação idem. Esta coisinha aqui, lida por duas meia-dúzias de amigos, pode não ter valor nenhum. Mas registrará minhas reflexões:
  1. Sempre que o assunto 'meio ambiente' ou 'aquecimento global' surgir, vou imediatamente me lembrar de alguma criança. Pode ser o Gabriel (1+ mês), o Bruno (11 anos) ou o Mateus (15+ anos). E pensar em tudo que eles não verão ou tudo o que eles sofrerão se seguirmos tratando nosso mundo como uma grande lixeira;
  2. Água, mais que as bebidas alcoólicas, eu usarei com moderação. Devo tratá-la como eu trataria um belo whisky 21 anos;
  3. Ação - Reação; Débito - Crédito - o mundo é uma imensa cadeia de partidas dobradas. Devo compensar cada coisa que tiro direta ou indiretamente da Terra. Até o ar! O que compensa alguns Marlboros diários? O que compensa 8 horas do micro ligado? O que compensa um evento de 14 horas? O que compensa 50 apostilas de 200 páginas? Devo, não nego, e tenho que começar a pagar imediatamente!
  4. Não policiarei nem aceitarei policiamento. Não pretendo influenciar ninguém. Mas vou me inspirar em gente responsável;
  5. E vou boicotar ações e locais (como a Reserva de Salto Morato) que não entendem que o Homem é parte indissociável do meio ambiente, que ignoram que a preservação da cultura e costumes é tão crucial quanto a preservação da natureza;
  6. Aliás, como  a única motivação para a degradação é grana, só tenho uma arma realmente eficaz: o Boicote. Evitarei a todo custo, ciente da alta complexidade, realizar transações com empresas irresponsáveis. Sei que é mais fácil identificar organizações responsáveis. Elas sempre terão preferência, mesmo que seus produtos ou serviços sejam mais caros;
  7. TBD ...

Deve ser Culpa do Lula

08 outubro 2009

Afinal, quem manda ele ficar gritando para o mundo que Pindorama é um novo país: ricaço; com petróleo jorrando acima do queixo; 5ª maior economia do mundo daqui alguns anos; enfim, um espetáculo em termos de crescimento. Quem mandou ele trazer a Copa e a Olimpíada?

Deu nisso: o Win7 por aqui será um dos mais caros do mundo! É o que nos informa a INFO do mês. Para se ter uma ideia, a atualização do Vista Business para o Win7 Pro custará R$ 629!? Deve ser culpa do Lula.

E assim vamos subsidiar o Win para os estadunidenses, que ficaram pobres, pobres, pobres de marré, marré, marré. Além de pagar menos, eles terão um tal de Win Family Pack: 3 licenças do Home Premium pela bagatela de R$ 271. Famílias tupiniquins, podres de ricas, não merecerão o mesmo mimo. Só pode ser culpa do Lula.

.:.

Por favor, não me venha com o papo de custo Brasil e carga tributária, ok? A menos que queira uma espinafrada pública e mal educada. Pela atualização para o Snow Leopard a Apple está cobrando apenas R$ 79. A política de preços da MS, particularmente para nações "em desenvolvimento", segue tão lógica quanto a cabeça do Ballmer.

Bão, no meu bolso eles não mexem mais. Azar de quem segue prisioneiro de Redmond. Para vocês, um pequeno alerta: apesar dos diversos ganhos de performance demonstrados pelo Win7 (numa covarde comparação com a tartaruga chamada Vista), ele consegue ter um boot ainda mais lento que o Vista!?!

Ai ai... tava com saudades das maravilhas da MS, mon amour. Eterno amour.

graffiare #474

28 setembro 2009

Sempre me pergunto por que a esquerda brasileira quer subsidiar os mais ricos na universidade. É um contrasenso. Olhe o que aconteceria caso os estudantes de renda mais alta pagassem algo como 1000 dólares por ano às instituições públicas em que estudam. Logo de saída, o orçamento delas aumentaria na casa dos 15%. Com esse dinheiro, daria para atrair professores do mais alto nível. Quem sabe até um prêmio Nobel. O Brasil precisa, afinal, começar a se nivelar por cima.

Martin Carnoy, na Veja da Semana

Deu na Veja da semana: precisamos que um professor estadunidense, Sr Martin Carnoy, pise em Pindorama e assista aulas de professores tupiniquins para dizer basicamente o seguinte: "Tá tudo errado!"

Os professores devem ser treinados para ensinar - e não para difundir teorias genéricas.

Nossos professores trabalham como se estivessem no século XIX. Aliás, Nicholas Negroponte já havia falado sobre isso em "A Vida Digital". E não se referia aos professores brasileiros não. Mas aqui a coisa é desesperadora mesmo. Alunos passam uma vida inteira tendo aulas de ciências, mas muitos nunca viram um laboratório. Temos muitos trabalhos em grupo, muita coisa a copiar das lousas, indisciplina demais e bons professores de menos. Carnoy estima que 30% do tempo das aulas seja simplesmente desperdiçado.

E não se trata de uma particularidade das escolas públicas. O problema é geral e irrestrito.

Os exames internacionais da OCDE mostram isso com clareza. Os alunos brasileiros que aparecem entre os 10% melhores são, afinal, menos preparados do que alguns dos piores estudantes da Finlândia.

Conheço pais que gastam pequenas fortunas anuais com a escola dos filhos. Passa da hora de dedicar algo além da grana.

Blog Action Day

24 setembro 2009

Take Action

While Blog Action Day is primarily about raising awareness and changing the conversation across the blogosphere, we are always asked about the ways people can get involved beyond blogging.

We are currently compiling a list of the most interesting and powerful ways to get involved in climate change movement, which we'll be releasing soon. In the meantime, we’ve provided a sampling of some of these opportunities below.

If you have any suggestions, please email us.

  1. Sign up with 350.org to take part in the offline International Day of Climate Action: www.350.org

  2. Join the fight for climate justice and help build the biggest human clock of all time to represent the urgency of the climate crisis:www.timeforclimatejustice.org

  3. Put yourself on the Vote Earth map and upload your photos, pictures and weblinks to show the world future you want to see:www.earthhour.org/home

  4. Get informed by visiting the 100 Places to Remember Before they Disappear online exhibit: www.100places.com

Inchado, Imenso e Assustador

23 setembro 2009

Foi assim, de maneira nada sutil, que Linus Torvalds qualificou seu filho único, o Linux. Filhote que no último dia 26/ago atingiu a maioridade, fez 18 anos. Deve ser muito triste para um criador reconhecer que sua obra prima sofre d'um tipo de 'obesidade mórbida'.


Mas já tem uns 5 ou 6 anos que esse destino começou a ser traçado. Na luta por fazer vingar um "Desktop Linux", grande parte da comunidade mirou equivocadamente uma única referência: o Windows. Exemplo ruim gera comportamento ruim.

Linus não falou, mas bem que ele poderia ter apontado o dedo para Ubuntu (Canonical), SUSE (Novell) e outras dezenas de distros que fizeram de tudo, menos um trabalho realmente criativo.

Há anos sou um usuário relativamente satisfeito do Ubuntu (no laptop) e Kubuntu (no desktop). Muito mais satisfeito do que era com XP e Vista. Mas a questão não é essa.

O mundo mudou faz um tempão e nada mais justifica sistemas operacionais mastodônticos. O Windows nunca deveria servir de referência porque ele sofre de um mal aparentemente incurável: a obrigação de manter compatibilidade retroativa até com seus bisavós (Win 3.1 e afins).

A questão é também filosófica: a MS segue apostando várias fichas em desktops e laptops rechonchudos, apesar do mundo apontar para a nuvem e dizer: "Que beleza!".

O Linux nasceu para ser pequeno e performático. Estes eram dois de seus principais requisitos. Em algum momento eles foram esquecidos pela comunidade. O que fazer agora?

Acho que Linus deu um grito de alerta. Ele deveria ser ouvido. Há uma nova e boa referência vindo por aí, o sistema operacional da Google. Todo mundo que tem uma distribuição Linux deveria prestar bastante atenção nele. Não tenho dúvidas de que ele vai chacoalhar bem o mercado.

Outro item em minha "lista de desejos" é a drástica redução no número de distros. Fusões & aquisições, além de simples sumiços, serão festejados. Quero acreditar que ainda não é tarde demais.

graffiare #473

15 setembro 2009

The people who make desktop software are making themselves obsolete. When you start developing on the web, your default is to be smart, to interact and to be open (with other software and with your users). Desktop software (like Word) is insanely unaware of what I do, why I do it and who I do it with. Right now, the desktop folks have the momentum of the incumbent. Not for long. Time to hurry.

- Seth Godin, em "The End of Dumb Software"

Telhado de Acrílico Barato

10 setembro 2009

Saca só um trechinho surrupiado da última Super Interessante, do artigo "O Futuro (e o fim?) do Livro":

Digamos que você está lendo esta SUPER enquanto descansa numa paradisíaca praia do Nordeste. Você se interessou pela entrevista com Don Ariely e resolveu comprar o livro Previsivelmente Irracional, de autoria dele. Basta tirar o Kindle da mochila, navegar com ele pelo site da Amazon e fazer a compra na hora. Em coisa de um minuto, você terá o livro inteiro disponível no aparelho. Não é feitiçaria, é tecnologia...

Já reparou como a Editora Abril analisa o mundo como se não fizesse parte dele? O artigo em questão, em tom alarmista, fala sobre o impacto da tecnologia no mundo dos livros. Oras... pq eu não estaria lendo a SUPER (!) no próprio Kindle? Pq os átomos da Abril estariam isentos dos impactos da tecnologia? Parece bobeira, mas são coisinhas assim que derrubam impérios do século passado.

Quem Não Chora não Mama

04 setembro 2009

E hoje o Gabriel, meu sobrinho recém-nascido, nos deu um pequeno susto. Não chorou. Mara, mamãe de primeira viagem, não sabia que o bebê, chorando ou não, deve mamar de 3 em 3 horas. Depois o Gabriel, com cara de bravo, se recusou a mamar por umas 8 horas! Teve que enfrentar, com menos de 24 horas de vida, um copo. Só não fiquei sabendo se era americano... Ê família!


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Mas não era sobre isso que eu queria falar. Acontece que, depois de colocar o título, reparei a coincidência.

Mas preciso registrar, com o devido destaque, que a empresa Trainning alterou o programa do seu curso "Analistas de Negócios de TI". Segue o link:


A alteração aconteceu bem antes do prazo prometido, que era dia 8/set.

Não tenho mais nada a dizer que não seja um: Muito Obrigado!


Tem gente que ainda não sabe o que é a Internet, não é mesmo? Por exemplo: como um profissional razoavelmente sério pode ostentar em um site de relacionamentos qualquer que 'odeia acordar cedo' ou 'detesta seu chefe'?


Como uma pessoa minimamente dotada de neurônios pode acreditar que "ô benzinho, as fotos são só pra mim - vai, vira de lado..."?

Como pode um sujeito ainda acreditar naquelas mensagens do tipo "clique aqui para atualizar seus dados" ou "veja nossas fotos no motel"?

Quão beócio, esbodegado e liliputiano* precisa ser um meliante para copiar alguma coisa e, sem mexer numa vírgula, expô-la na vitrine da Internet como se fosse sua?

Ora veja, dirão os sábios, estulto e detranquê é quem se deixa copiar. Catecúmeno casmurro, tu nasceu ontem, foi?

A Internet nasceu ontem. Práticas que eram tão comuns até bem pouco tempo atrás, em mesas de bar, quartos semi-iluminados e micros desplugados, hoje são "acidentes aguardando seu acontecimento", como "cacos de vidro na areia da praia"**.

Mas nada justifica tantas cabecinhas e cabeçudos, né?

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* Ferramenta obrigatória em dias de fúria: "Dicionário Brasileiro de Insultos", de Altair J. Aranha (Ateliê Editorial, 2002). Ou você achou mesmo que eu iria explicar o significado de cada palavrinha?

** Frases indevidamente surrupiadas e traduzidas de "Who's Gonna Ride Your Wild Horses", fantástica música do U2 lançada em "Achtung Baby" (1991).

Btw, bom lema para o tema em questão (sic-hehe):

Achtung Baby!!

Porque, como já dizia o mineiro Poeta Drummond, "debaixo desse angu tem carne".


- Como vou saber que não foi você quem copiou nosso programa?


- Já pedi que nosso departamento jurídico verificasse a possibilidade de processá-lo pelo que você tem escrito na internet sobre a nossa empresa.

- Por acaso você registrou termos como "entendendo o negócio"?

- E quem disse que não podemos ter um programa parecido com o seu?

- A MS lança um treinamento e no dia seguinte tem uma dezena de similares no mercado.

- Se você escrever isso eu vou te processar.

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Pois é, sou mesmo um bandido. Há três anos desenvolvo um programa que custa horas e muito dinheiro. Parentes e amigos mais próximos sabem quanto isso custa. Duas mil testemunhas já foram treinadas neste programa. Um programa que, lá quando nasceu, foi apresentado na UFSCar, UFLA, UNESP e outros estabelecimentos de ensino. Um programa cuja maturação é documentada de forma pública, em um blog. Um programa que já foi contratado por algumas das maiores empresas do Brasil.

Não importa... sou mesmo um bandido. Meio excêntrico porque "quero aparecer".

Por essas e outras, cedo ou tarde, jogo tudo pro ar e vou plantar bananeiras. Só pra ver se, de cabeça pra baixo, o mundo fica menos invertido.

Toda vez que algum serviço da Google apresenta problemas aparece um monte de gente questionando a "computação na nuvem". Um usuário, na página de suporte do GMail, usou o termo "irritante" para tratar da indisponibilidade do serviço que aconteceu ontem. E chega a sugerir que todos pensem bem antes de usar os serviços daquela empresa, em modalidade gratuita ou paga.


Também fui afetado. E fiquei bem mais de 2 horas sem acesso ao meu email. É "irritante"? Sim, mas calma lá...

Alguém aí tem a ilusão de um dia ter um serviço "em nuvem" que tenha 100% de disponibilidade?

Pare e pense em todas as variáveis envolvidas: seu provedor de acesso; zilhões de cabos; interferências; centenas de milhares de servidores; milhares de desenvolvedores; energia elétrica! e um tantão de etc.

Sinceramente, acho os serviços da Google estáveis pra caramba. Muito além de minhas expectativas. E olha que utilizo vários: o Blogger aqui, Docs, GMail (para todas as minhas contas), busca... Chute: todos apresentam uma disponibilidade acima de 99,95%. Número absurdo! Muito maior do que eu vejo em várias empresas e seus sistemas "terrestres" (bom antônimo para "nuvem", concorda?).

Cara, se você se "irrita" com uma ou duas horinhas de liberdade (sem email, twitter e afins), então esse mundo não é pra ti. Você vai morrer cedo! Quer 100% de disponibilidade? Então vai fabricar cubos de gelo na Antártica! Mas corre... pq dizem que até ela vai derreter...

fromAdministrativo Trainning
topfvasconcellos@gmail.com
ccJacqueline Paolucci
dateMon, Jun 22, 2009 at 6:47 PM
subjectRES: Cópia Indevida do Treinamento FAN
mailed-bytrainning.com.br
hide details Jun 22

Caro Paulo,

Estou repassando urgência o setor responsável para avaliação e se condizente as devidas providencias. Peço apenas que tenha ponderação nas suas declarações, visto que o assunto será tratado com a devida importância e velocidade. Nossa empresa é referencia em treinamento no Brasil e sempre agimos dentro da ética.

Será analisado de imediato seu questionamento.

Obrigada.

Jacqueline Paolucci

Administrativo

adm@trainning.com.br

www.trainning.com.br

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Sacô a data do email acima? Pois é, a Srta pediu "ponderação" em minhas palavras porque o assunto seria tratado com a devida importância e urgência. Como não cumpriu sua promessa, posso deixar a ponderação de lado, certo?

Essa empresinha segue comercializando um treinamento que é uma cópia descarada do FAN: http://www.trainning.com.br/ant.html?gclid=CLmKuIGH0pwCFZla2godbQO8JQ

E diz que é ética? Que ética é essa? Aprendida com nossos políticos?

Ágil? Desde o dia 22/jun não tenho uma resposta deles!

Referência no Brasil? De quê? Sobre como ganhar dinheiro com o trabalho de outros?

Bão, enquanto eu não tiver uma resposta - que não pode ser outra que não a interrupção da venda do treinamento em questão - bombardearei diariamente essa empresinha safada.

Enquanto isso, meu caro leitor, não se esqueça que o FAN, o programa para Formação de Analistas de Negócios, é um só. E tem duas datas programadas para São Paulo:
Se é tão fácil ficar com o original, pq vc compraria uma cópia vagabunda?

100 - 1

01 setembro 2009

Perdão. Off-topic. Faço isso em ocasiões especiais.





Hoje é um dia especial. Pelo menos, para uns 30 milhões de brasileiros. O Sport Club Corinthians Paulista está complentando 99 anos de vida. Não conheço outra agremiação, de qualquer lugar do mundo, que mereça a seguinte dúvida: é um time com uma torcida ou é uma torcida que tem um time? O Timão é sua torcida. E, para o bem ou para o mal, é do Brasil a torcida mais brasileira. Maloqueira? Sim. Banguela? Dente sim, dente não. Sofredora? Campeonato sim, campeonato não. Brasileira? Brasileiramente linda (sorry Belchior).

No caso deste sofredor que vos escreve, uma torcida acidental e improvável. Meu velho era flamenguista doente. Todos os meus irmãos o seguiram. Mas meu velho já havia traído seu pai, botafoguense d'outras épocas (menos choronas). E teve que testemunhar minha vira-casaca no momento mais improvável: o Mengão era o melhor do mundo em 1981. Tinha um time que eu aprendi a respeitar e escalar decor (Raul, Leandro, Marinho, Mozer, Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico). Mas alguma coisa aconteceu no meu coração...

O Timão tinha terminado o 1º turno do Paulista na lanterninha. Contra todos os prognósticos, venceu o 2º turno. Mas perdeu a final. Sei lá quanto disso é memória real ou memória romantizada. Mas me lembro perfeitamente da torcida fazer uma festança: comemorando o vice-campeonato?!? Aquilo mexeu comigo. Ou seja, não foi o time que me atraiu... foi a torcida!

Logo depois vi um time que também era muito diferente. Tinha um Doutor no meio-campo. Um cabeludão roqueiro no ataque. Um bigodudo baixinho com a camisa 10. Um lateral esquerdo inteligentíssimo e bom de bola. Um maluco de cabeleira esquisita que era pura raça. Aos 11 ~ 12 anos de idade, aprendi o que era democracia com meu time. Sim, o Timão já era "meu time". E me recebeu com um título no ano de minha maior decepção futebolística: 1982.

De lá pra cá, para cada tristeza, centenas de berros de "gool". Mais de uma dezena de títulos. E centenas de tardes e noites de uma alegria que pode até parecer comum entre todos os amantes do futebol. Mas, tenho certeza, é saboreada de forma diferente pelos corinthianos. Ela é mais saborosa pra gente que teve que aprender a saborear momentos sofridos. Mas isso não se explica. Se sente.

Parabéns Timão!

finito 100k

20 agosto 2009

É bem provável que enquanto eu estiver em trânsito para Sampa, entre hoje e amanhã, o finito atinja a marca de 100.000 page views. O Statcounter fala de algo em torno de 50 mil visitantes únicos. Eu sei, são números ridículos quando comparados com qualquer coisa abertona ou engraçadinha da Web. Mas são significativos para um site / blog que é dirigido para um público muito específico e que se caracteriza por longos e "chatos" artigos. Esse público fica bem dimensionado em outro dado do Statcounter: 12 mil visitantes retornaram!


Durante muito tempo o Graffiti aqui batia de longe a audiência do finito. Além de ser atualizado com mais frequência, ele contava com amigos que não poupavam links para cá. A coisa se inverteu depois que meu trabalho para a formação de Analistas de Negócios ganhou um público até então inesperado. Para se ter uma ideia, exatamente 1 ano atrás o placar era de 53k para o Graffiti contra 47k page views para o finito. Hoje o score marca 99,9k contra 69k a favor do finito.

São dados que merecem um mergulho - um estudo. A questão é achar tempo pra isso...

Para ser um craque, em qualquer atividade, além de conhecimentos técnicos e de qualidades emocionais, é preciso conhecer e fazer bem as coisas básicas, comuns e essenciais.
Aprender primeiro a regra e depois a exceção.

- Tostão (na FOLHA de ontem)

Paus pra Toda Obra

21 julho 2009

O Aristeu, do anúncio aí ao lado, é pau pra toda obra. Multitrampo, multimídia e cheio de amor pra dar. Não sei se o Aristeu sabe, mas TI é cheinha de aristeus. De gente voluntariosa que tá sempre pronta para todo e qualquer tipo de trampo. Nossos anúncios e currículos podem não ter o senso de organização (de arquitetura de informação) do Aristeu, mas costumam ser tão abrangentes quanto.

Gerentes ou coordenadores de projetos são sérios concorrentes do Aristeu. Anúncios de vagas para essa posição costumam pedir, dentre otras cositas: "X anos de experiência; certificação PMI; experiência comprovada em projetos de implantação do ERP [qq-nome-aqui]; desejável conhecimento das tecnologias [qq-nomes-aqui]; conhecimentos em metodologias PMI, ITIL e Cobit e conhecimentos em segurança da informação; atender a reuniões, acompanhar e gerenciar atividades, recursos, custos, redação de cronogramas e atas de reunião; experiência em atendimento ao cliente; experiência em programação VB8 - ASP; experiência em banco de dados Access, SQL Server, MY SQL..."

Exagero, mas não minto. Todos os dizeres acima foram surrupiados de anúncios reais publicados na Internet. E tamanho absurdo não é exclusividade dos coordenadores. (Aliás, a situação anda tão feia que talvez muitos que por aqui passeiam nem percebam o TAMANHO ABSURDO.) Há tempos pululam também anúncios de vagas para programadores que pedem: "experiência em VB; e também em: Delphi, Java, Javascript, Ajax, Powebuilder (haha)..." e completam o anúncio dizendo que "conhecimentos de Photoshop e CorelDraw serão considerados 'um plus a mais'". Pior é que tem gente que se candidata... Pior ainda é que isso tudo tá ficando tão comum...

Mas nosso querido Aristeu não tem com o que se preocupar: ele apresenta uma rara vantagem competitiva: é Honesto!

Foi o Feio quem me alertou: com exatos 34 (trinta e quatro!) anos de atraso, finalmente é lançado em PT-Br (português do Brasil) o clássico de Fred Brooks, "The Mythical Man-Month". Aliás, "O Mítico Homem-Mês". O lançamento é da Elsevier. Em março de 2006 lancei uma série de artigos para comemorar os 30 anos da obra. Acho que foi lá mesmo que eu disse que, apesar do atraso, a publicação em PT-Br ainda valia a pena. Então, parabéns Elsevier pela coragem.

Como a capa indica, trata-se da tradução da edição comemorativa de 20 anos, lançada em 1995 pela Addison-Wesley. Além do original de 1975, o livro apresenta uma série de artigos publicados posteriormente por Brooks, inclusive o também clássico "No Silver Bullet", de 1987.

Parece estranho ou surreal o fato de um livro sobre informática de 1975 permanecer atual, não? Bom, para quem não sabe, o livro trata especificamente de projetos de software. E se ele permanece atual, é porque não evoluímos tanto assim nessa saborosa área. Se você ainda não conhecia essa obra-prima, agora não tem mais desculpas.

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Assim como a Editora Atlas não tem desculpa por não publicar uma 5ª edição de "O Analista de Negócios e da Informação", de José Roberto Saviani. Permita-me explicar. Eu achava que meu atrasadíssimo livro seria o primeiro na língua de Camões sobre e para os Analistas de Negócios. Depois de 2 anos circulando com essa mentirinha, me alertaram sobre a existência do livro do Saviani. O fizeram através de nosso grupo de discussão. E foi uma correria só atrás do livro... em sebos! Sim, porque o livro está esgotado. Foram 4 edições, em 1992, 95, 96 e 98. Justo agora, que o tema está "na moda", a Atlas come bola.

Eu nunca tinha visto a teoria da "Cauda Longa" tão na prática. Nem "best seller" de sebo! O fato é que o livrinho se esgotou em várias lojas. Só consegui um porque a Suzandeise (IIBA-SP) me emprestou.

O livro é curto (100 páginas) e relativamente distante do meu enfoque. Mas é atual, simpático e honesto. Aliás, depois da busca pelo livro, o que alguns membros do grupo querem é conhecer o Saviani. Não conseguimos encontrá-lo. Será que alguém que por aqui passa teria alguma pista?

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Como o assunto é livro e "coisas estranhas", não poderia deixar de comentar a última piada DRM: a Amazon "queimou" cópias de "1984" e "Animal Farm" (ambos de George Orwell) que estariam indevidamente armazenados em Kindles. As cópias seriam ilegais (em território estadunidense), e a empresa se achou no direito de eliminá-las. Sem dó nem piedade...

Quem conhece os títulos, particularmente "1984" (Big Brother!) e viu a história da Amazon não sabe se a vida imitou a arte ou se a arte imitou a vida. Mas ficou com uma certeza: DRM é serviço de porco!



Como estava meio 'unplugged' em Sampa ontem, foi no Conta Corrente da Globo News que fiquei sabendo do novo plano da Google para conquistar o mundo: um sistema operacional. A primeira coisa que pensei foi "hmm, tem cheiro de vingança boba - resposta pouco pensada para o último ataque da MS ao mundo da busca, o Bing". Afinal, quem precisa de um novo SO?

Antes de escrever (muita) besteira, resolvi ler o anúncio oficial que a Google publicou na noite de anteontem (7/jul). Saca só o trechinho-chave:

Speed, simplicity and security are the key aspects of Google Chrome OS. We're designing the OS to be fast and lightweight, to start up and get you onto the web in a few seconds. The user interface is minimal to stay out of your way, and most of the user experience takes place on the web. And as we did for the Google Chrome browser, we are going back to the basics and completely redesigning the underlying security architecture of the OS so that users don't have to deal with viruses, malware and security updates. It should just work.


O negrito é meu. O tapa com luva de pele de antílope albino do centro-oeste neozelandês* é de Sundar Pichai, VP de gestão de produtos e de Linus Upson, diretor de engenharia, os autores do post. Ahã (limpando a garganta): Pichai deveria ser nome de quem escreve no Graffiti; Linus?!? Esse é mesmo o nome do cara???? Provocação pequena é perda de tempo e grana...

O Chrome OS é baseado no Linux. E promete um novo conceito de OS. Desconfio que será uma versão "despida" do OS que a Google utiliza internamente. Sim, acho que o Chrome OS já existe tem um tempão. Mas só agora a Google percebeu que precisa de um novo tentáculo em sua estratégia. Precisa mesmo?

Segundo pesquisas recentes, o Chrome não teria nem 2% de share na guerra dos browsers. Seu comunicado fala em 30 milhões de downloads e coisa e tal. É muito pouco. Surpreendentemente pouco, porque o Chrome é realmente muito superior ao IE e muito mais leve e rápido que o Firefox. Então a Google resolveu entrar ainda mais nos micros e mentes. A pergunta é: por quê?

Com certeza a resposta está no desmembramento de sua Missão: "Organizar todas as informações do mundo e facilitar o acesso a elas". Mais precisamente, está na segunda parte da declaração: "facilitar o acesso". Velocidade, simplicidade e segurança são os três requisitos derivados desta parte. Ok, mas o que ela ganha com isso? Essa é mais fácil: amplia muito o escopo de suas ofertas - de espaço publicitário e oportunidades de uso deste espaço.

Hora então de olhar para o outro lado, que dá título ao post: Quem precisa de um novo OS? Segundo a Google, todo mundo! Saca só:

We hear a lot from our users and their message is clear — computers need to get better. People want to get to their email instantly, without wasting time waiting for their computers to boot and browsers to start up. They want their computers to always run as fast as when they first bought them. They want their data to be accessible to them wherever they are and not have to worry about losing their computer or forgetting to back up files. Even more importantly, they don't want to spend hours configuring their computers to work with every new piece of hardware, or have to worry about constant software updates. And any time our users have a better computing experience, Google benefits as well by having happier users who are more likely to spend time on the Internet.


É claro que estão mirando os 90% e tantos de share do Windows. Difícil dizer se serão bem sucedidos. Mas o tiro acertará em cheio em outros lugares: Ubuntu, Novell, Fedora, Debian...

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* Será que esse bicho existe?

Segurei mas não aguentei: será que o Chrome OS terá alguma coisa de SOOS?

Para uma opinião menos "chutada" que a minha, não deixe de ler o post do Antonio Fonseca sobre o mesmo assunto.

Escrever é Chato?

07 julho 2009

Chico Buarque, na última FLIP, disse que sim. E gerou uma certa polêmica. No Painel do Leitor da Folha de São Paulo teve gente falando que os livros do Chico são chatos. Céus! O cara deve gostar de Paulo Coelho. Ou de Dan Brown, sei lá. Mas o papo aqui é outro: escrever é chato?


Só quando tudo o que você não quer fazer é escrever. Só quando escrever é só uma obrigação. Assim, lógico, o ato de escrever se torna a coisa mais chata do mundo.

Sempre gostei muito de escrever - apesar da nítida falta de domínio da principal ferramenta do escritor: a língua. Mas é por gostar de escrever, por ser teimoso e cara de pau, que tento manter 'n' blogs, twitters, grupos de discussão e afins. E por isso prometi um livro. Aqui começa o problema.

Já é famosa a "briga" de Chico com seus editores. Sempre há um prazo. E Chico é um perfeccionista. Se não existir um prazo, ele nunca terminará um livro. Um prazo, um compromisso, é sempre necessário. Mas o preço é caro: a obrigação, aquele deadline, pode tornar o processo de criação uma chatice.

Já escrevi 4 vezes o mesmo livro. Poucos puderam ver uma primeira versão. Os mesmos viram alguns capítulos da última versão. Ou seja, as outras duas versões foram parar no lixo! Mas, creia, esse processo todo é muito legal, até prazeroso. O problema é a eterna sensação de que muita coisa ainda pode ser melhorada. "Escrever é editar", disse Scott Berkun. Eu completaria: "e editar, e editar e editar ...". O problema está nas reticências. Até quando?

Como não tenho editor, trabalho sem prazo. Já caí na bobeira de colocar um. Três vezes! Agora desisti. Mas entendo que existe 1/2 dúzia de colegas ansiosos pelo meu "primogênito". E é essa pressão - as vezes tácita, de vez em quando explícita - que torna o processo um "pé no saco".

Culpa de quem promete prazos. E não os cumpre!

Há poucos dias, em 2 artigos, Clóvis Rossi questionou e criticou uma "mania" moderna: o chororô virtual. Segundo o articulista da Folha, nos rebelamos contra safadezas e safados (Sarney, por exemplo) de maneira estéril. Nossa revolta registrada em blogs, twitters e afins não traria nenhum resultado prático. Disse que é só na rua que nos fazemos ouvir.

Aí veio aquilo que a penúltima Época chamou de "Irã 2.0": com a mídia tradicional impedida de trabalhar, iranianos revoltados contra o resultado da eleição mostraram tudo (ou quase tudo) que estava acontecendo por lá. Como? Utilizando exclusivamente recursos do mundo virtual.

Clóvis Rossi, um cara que admiro e sigo há tempos, deu o braço a torcer na última terça, 23/jun. Em "O Virtual e o Sangue (Real)" ele repara comentários anteriores. Encerra o artigo dizendo que

Hoje, pode-se até fechar fisicamente um país, mas virtualmente ele está aberto. Felizmente.


Na última sexta (26/jun), apesar da histeria "Michael Jackson", a mensagem que mais girou entre twitters tupiniquins foi um duro e simples "Fora Sarney". E tudo indica que o flashmob virtual ganhará um co-irmão real. Na próxima quarta (1º/jul), pelo menos 6 capitais verão manifestações pela saída do bigodudo. Na rua!

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Não é só o Clóvis, mas toda a mídia tradicional ainda não assimilou bem o significado das redes sociais virtuais e suas estranhas ferramentas. A Globo e seus tentáculos (SporTV, Globo News etc), por exemplo, adoram se limitar ao pior produto do mundo virtual: vídeos imbecis que não falam quase nada para quase ninguém. Ah, o "bola murcha" é engraçadinho e bem sacado? Sim, mas, e daí?

A Abril adora blogs de "faz de conta" e de falar sobre maravilhas modernas: apenas como notícias, nunca como fonte perene. A exemplo do Estadão, só que menos desastrada, a Abril ama detonar o conteúdo que brota na rede. Nem cria a expectativa de colaboração nem dá espaço para tal. Acredita eliminar ferrugens quando estrutura e reestrutura os braços virtuais de suas revistas. Não repara que o buraco é mais em cima.

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Até nosso presidente Lula terá um blog (também de mentirinha, pois não permitirá comentários e será parcialmente abastecido por jornalistas - não se sabe se diplomados ou não). Deve ser lançado em 30 dias.

Sexta (26/jun), no FISL em PoA, nosso comandante soltou a seguinte pérola quando foi comentar a importância dos blogs:

A imprensa não tem mais o poder que tinha. A informação já não é mais uma coisa seletiva, em que detentores podem dar golpe de estado.

Olha só, meu caro Clóvis! Será que agora nós podemos dar golpes de estado? Acho que sim. Se não agora, falta pouco. Muito pouco.

Calma... Não falo de golpes como aqueles do século passado (ou como o absurdo que acabam de cometer em Honduras). Falo apenas do mundo virtual viabilizando uma Democracia 2.0, tão necessária e urgente.

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E por falar em Democracia 2.0. No último sábado nos deixou Goffredo da Silva Telles. Claro, nossa brilhante mídia não lhe concedeu nem 0,01% do espaço que gastaram com Michael Jackson. Goffredo não era "pop", mas foi o cara que deu o primeiro passo para nossa volta para a democracia. Em 1977 ele leu, no Largo do São Francisco, a "Carta aos Brasileiros".

Ele já antecipava a necessidade de uma Democracia 2.0 em seus trabalhos de 1959 e 1963, "Lineamentos de uma Constituição Realista" e "Lineamentos de uma Democracia Autêntica", respectivamente. Há tempos ele já clamava pela participação direta do povo no processo legislativo. Nos deixou no pior momento do poder legislativo desde que os militares largaram o osso. Tristeza...

A Business Station, uma das empresas que estava utilizando indevidamente trechos do Programa FAN, já tomou providências e enviou sua resposta. Solicitei autorização para publicar na íntegra a resposta que recebi. Devidamente autorizado, segue:

Paulo Vasconcellos,

Realmente fui pego de surpresa pelas observações citadas por você.
Cometemos realmente os erros apontados, que infelizmente passou despercebido pela revisão da empresa que é nossa parceira para estes assuntos.
Já fizemos as correções necessárias e estamos abertos para aceitar sugestões e críticas a qualquer momento.
Agradeço desde já suas observações, e caso hajam outras, por favor, entre em contato diretamente comigo, neste email ou nos telefones abaixo.
Mais uma vez peço suas desculpas e se você puder citar em seu blog que assumimos os nossos erros, e que foram reparados, agradeceria imensamente.
Cordialmente,

Onivaldo Roncatti

Agradeço ao Onivaldo pela resposta e pelas providências tomadas.

O projeto Rendiconti foi um dos 8 selecionados, entre mais de 30, para participar do Start-up Lab que aconteceu ontem (23/jun), em Sampa. O evento foi (muito bem) organizado e promovido pela Artemisia e pelo The Hub. E sua proposta era bem simples: possibilitar a avaliação de projetos por 8 especialistas das mais diversas áreas. Cada participante teve 5 minutos para expor suas ideas, sem nenhum tipo de suporte (whiteboard, ppt etc), e mereceu 5 minutos de avaliação. Esse tipo de "blitzkrieg" (ataque relâmpago) tem o singelo pseudônimo "Pitch". Na verdade, a coisa aconteceu em 2 turnos: 2 salas com 4 avaliadores cada. O público pode se inscrever e, salvo grave erro de estimativa, havia cerca de 30 pessoas em cada sala. Via Twitter eu fui mostrando a temperatura da minha barriga... que tava gelada!


Recebi com antecedência um roteiro que mostrava o perfil de cada avaliador. Com o objetivo de não desviar minha apresentação para este ou aquele perfil/avaliador, optei por sumariamente ignorá-los. Funcionou... mas é uma estratégia de altíssimo risco. Quando vi a primeira bancada montada ali, a tremedeira aumentou consideravelmente. Saca só a lista de avaliadores: Kelly Michel (fundadora e presidente da Artemisia), Daniel Izzo (Vox Capital), Daniel Garcia Correa (SENAC - Núcleo de Empreendedorismo), Marcos Souza Aranha, Luis Eduardo Dias, Gilberto Alves Júnior (Amanaiê) e... Normann Kestenbaum, da Baumon. Sim, o autor de "Obrigado pela Informação que Você NÃO me deu!", livro que já recomendei por aqui e que consta da "bibliografia básica" para Analistas de Negócios. Sim... eu deveria ter me preparado melhor. Vivo superestimando minha capacidade de improviso. Mas, quer saber, eu consegui o que queria quando submeti o Rendiconti ao Start-up Lab. Tremendo, mas consegui.

Eu queria, na verdade precisava que o projeto ganhasse novos pontos de vista. Ele só é conhecido pela minha 1/6 dúzia de leitores e por parte dos participantes do FAN. Claro, além dos manos que tocam a Opção Artes Gráficas e alguns chegados. É pouco. Pouco para um projeto que pretende criar uma editora/livraria que seja aberta, livre, antenada e... bem sucedida. 10 minutos de pontos de vista novos são suficientes? Você não sabe quanto!

Temo ter irritado um pouco o Marcos Souza Aranha, quando revelei que meu principal objetivo ali era reforçar o modelo de negócios e obter apoio para começar a tratar dois fatores críticos: i) conseguir autores; e ii) elaborar o modelo financeiro do negócio. Marcos, em sua avaliação, disse que o que eu fiz não foi um "Pitch". E o Normann disse que eu havia transferido para eles uma responsabilidade que era minha. Rimos...

Na segunda bateria, no momento de falar sobre o "quanto" [1], abri para os novos avaliadores as críticas que havia recebido na avaliação anterior. Claro, eu queria críticas novas. E as recebi.

Resumindo todas:
  • Não devo ter problemas com a obtenção de escritores;
  • Mas tenho que pensar seriamente sobre distribuição;
  • Se o projeto nasceu porque não concordo com as regras atuais do mercado editorial, eu devo colocar as novas regras;
  • E, principalmente, devo estudar e elaborar o modelo do negócio.
Depois, em papos mais privados, outras dicas apareceram, inclusive de não-avaliadores. Mas veio de um avaliador uma inesperada: eu não teria demonstrado muita motivação com o projeto. Sorte que consegui explicar para ele que o Rendiconti é um "truco". Claro, tive que mostrar o metamodelo de negócios que adotei desde que iniciei carreira solo, o "Lucro + Troco + Truco"[2]. E a conclusão dele foi igualmente surpreendente: use o "troco" também como "truco"!

Agora é tempo de pensar e condensar tudo. Avaliar e reavaliar opções. E acelerar a implementação do projeto, quando devidamente amparado por um bom plano. O Start-up Lab me ajudou a desenhar os próximos passos. E devo agradecer aqui aos avaliadores e ao pessoal da Artemisia e do The Hub pela cara e rara oportunidade. Lhes devo uma!

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Notas:
  1. Montei a apresentação na sequência 6W's proposta por Dan Roam em "The Back of the Napkin". A saber: Who/What, How Much, Where, When, How e Why. Na primeira bateria eu intencionalmente pulei a "how much". Na segunda falei de US$ 400 bi que giram no mercado editorial mundial e dos R$ 3 bi que rolam por aqui. E disse que 1% desse mercadinho representaria um faturamento anual de R$ 30 milhões. Surtiu o efeito desejado.
  2. Já falei por aqui da tríade "Lucro + Troco + Truco", uma tropicalização do modelo que a Google utiliza com seus colaboradores (70-20-10). Chega a hora de falar um pouco mais sobre o metamodelo, agora que tenho exemplos práticos (em meu bolso). Logo disponibilizarei um post só sobre isso, ok?

Ok, todos já sabem, o FAN completou ontem 2 anos de vida. O que poucos sabem é que, em comemoração, ganhei um belíssimo presente de grego: alguns colegas me alertaram que o FAN está sendo "pirateado". Pois é, isso mesmo, eu fui pirateado!


Vejam aqui o meu programa original, publicado no finito. Agora, vejam que gracinha duas empresas fizeram:
Que coisa feia, hem queridas? Pior é que parecem empresas grandes. A Business Station fala em 15 anos de mercado. A Trainning tem 5 filiais, além da matriz em Sampa. E precisam copiar descaradamente o trabalho alheio?!?

E o problema não é só a cópia. A Business Station fala, em um press-release, que seu treinamento é baseado no BABoK 2.0. Então por que cargas d'água seu programa fala em "Modelagem de Negócios"? Será que eles sabem que o BABoK ignora sumariamente essa disciplina? Mais curioso é o título do tópico: "Entendendo o Negócio - Modelagem de Negócios". Plágio descarado, descuidado e mal executado. Mas ética não parece mesmo ser uma característica daquela empresa: ela estampa a logomarca do IIBA sem a devida autorização para tal.

A Trainning foi ainda mais longe na pirataria. Reparem que ela copia integralmente a estrutura do FAN original. E ainda diz que o treinamento é pré-req para a certificação CBAP?!? Caramba! Meu programa nunca teve tal intenção. E, saibam, ele não é pré-req para qualquer tipo de certificação, seja do IIBA ou outras. Engraçado é que é a primeira vez que vejo um "produto" pirata custar mais caro que o original! hehe...

De amigos e parceiros ouvi a mesma dica: tome providências legais! Aqui está o tal "telhado de vidro" do título. Não creio que advogados tenham uma resposta eficaz para esse tipo de desonestidade. E aqui no Graffiti eu vivo combatendo as atuais políticas de combate à pirataria. Eu seria incoerente demais se utilizasse tal saída. Então, prezadas Business Station e Trainning: fiquem tranquilas, vocês não serão processadas. Poderiam: vejam a licença utilizada no finito e em todo o material publicado do FAN. Diz ali que "alguns direitos são reservados". Vocês podem copiar a vontade. Mas não podem utilizar o material para ganhar din-din! Não sem minha autorização expressa.

Mas minha resposta é outra:
  1. Para a Business Station e Trainning:
    muitíssimo obrigado pela cópia e publicidade gratuita do programa. A gente sabe que só é copiado o que é bom, certo? Então, de certa forma, vocês me elogiam quando copiam meu programa.
  2. Aos interessados na Formação de Analistas de Negócios:
    Cuidado com as cópias e as falsas promessas de apoio ou obrigatoriedade para obtenção da certificação CBAP. O site do IIBA é um bom local para você obter informações oficiais sobre certificação e afins. Não posso facilitar pagamentos em 12 vezes, como alguns piratas. Mas se este é o seu problema, fale conosco. A gente sempre acha um jeito, certo?
  3. Aos interessados em oferecer o programa FAN em todo o Brasil:
    Olha só, os piratas me fizeram antecipar uma novidade: se você tem uma escola ou algo parecido, e tem interesse em oferecer o FAN para seus clientes, fale comigo! Nosso pacote envolve: i) Treinamento dos instrutores; ii) Material didático; iii) Livro (inédito!); iv) Apoio integral na divulgação e vendas!
    Mas, atenção, temos algumas exigências: a) Você deve estar estabelecido como empresa de treinamento; b) Ter no mínimo 2 anos de "praça"; c) Não se chamar "Business Station" ou "Trainning".
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FAN :: 2 Anos de Vida!

18 junho 2009

Há exatos 2 anos eu apresentava, aqui em Sampa, o primeiro evento FAN (Formação de Analistas de Negócios). Tempo Real Eventos, a organizadora, e eu não tínhamos a menor ideia de qual seria o resultado do evento. Para nossa surpresa tivemos lotação esgotada. O mesmo aconteceu nas três turmas seguintes. Confirmamos: havia sim uma grande demanda pelo tema. E pouquíssimas ofertas - nenhuma para turmas abertas. Não é todo dia que aparece oportunidade tão grande e promissora.


Uma das reclamações mais comuns que recebíamos via ficha de avaliação (sim, nós estudamos as avaliações!) foi a falta de exercícios. Na época o FAN era apenas um "palestrão" com 7 horas de duração. Lançamos então uma versão com o dobro da carga horária, com 1 dia para cada disciplina que deve ser dominada por um Analista de Negócios (AN): Modelagem de Negócios e Engenharia de Requisitos. Praticamente 50% do tempo é destinado para exercícios. É pouco, mas ajuda a reforçar conceitos e conhecer um pouco mais a utilidade de cada prática sugerida. O formato é tão bem sucedido que já vamos para a 14ª turma em Sampa.

A última evolução do programa foi o lançamento de uma versão "Mão na Massa". Um evento 100% prático que permite que os participantes simulem praticamente todo o ciclo de trabalho de um AN. É o único que tem um pré-req bem sério: só entra quem participou das oficinas tradicionais. A 2ª turma já está programada.

Em 2 anos, mais de 1.500 pessoas de todo o Brasil já participaram de algum evento FAN. Em 2009 resolvemos levar o programa para outras praças. BH o recebeu em maio. Porto Alegre terá sua primeira turma nos dias 10 e 11 de julho.

Além das turmas abertas, o FAN também é oferecido no formato "in company". Pequenas, médias e grandes empresas já levaram o FAN 'pra casa', o que envolveu o treinamento de mais de 400 profissionais. Por razões óbvias não vou revelar o nome das empresas, mas algumas colocam 50 pessoas na sala de aula!

O objetivo de todas elas, independente do porte, é sempre o mesmo: melhorar a qualidade de seus projetos e do atendimento aos usuários. É incomodamente tradicional em nossa área a existência de um imenso fosso entre usuários e o departamento de TI. Existem traumas, muitas reclamações e a chata percepção de que os problemas de comunicação entre áreas de negócio e TI são insolúveis. Os analistas de negócios representam nossa mais nova tentativa de eliminar ou reduzir consideravelmente essas questões de entendimento e atendimento.

Não se trata de uma profissão nova. As disciplinas que ela deve dominar também são tão antigas quanto as outras que formam aquilo que conhecemos como Engenharia de Software. Algumas das práticas que sugiro têm a minha idade (quase "enta"). E um dos livros que mais cito é de 1975 (The Mythical Man-Month)!

Mas, por estranho ou incrível que pareça (particularmente para gente não-TI), todo o resto é novo. As organizações começam a aceitar a necessidade de um profissional que seja especialista no entendimento do negócio (seus problemas e oportunidades) e de seus usuários.

Alguns já falaram que se trata de uma moda - outra "onda", coisa tão típica em nosso mercado. Pode até ser. Mas tem uma diferença: ao invés de legados indecifráveis e de altíssimo custo de propriedade; ao invés daquele inconfessável arrependimento; quando a "onda" passar, se é que ela vai passar, deixará boas marcas e lembranças.