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Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Do jeito que o Chefe gosta

Acabara de voltar de um período de aprendizado e deslumbramento no quartel general estadunidense. Adrenalina no 'último', não via a hora de começar a mostrar serviço. Monopolizava as reuniões contando histórias e lições aprendidas durante seu breve exílio. Gostava de repetir por 3 ou 4 vezes um mesmo 'ensinamento'. Que sempre se encerrava da mesma forma:

- É assim que se faz lá. É assim que o [nome_do_dono] gosta que seja feito!!

Sua voz grave e a forma nada sutil como ela concluia uma 'ordem' não dava margem para nenhum tipo de discussão. Ela abria a reunião, conduzia a reunião, encerrava a reunião. Era um grande monólogo. Mas, estranhamente, todos saíam delas com o espírito renovado. Com a adrenalina no 'último'.

Já se sentia devidamente adaptada mesmo quando não conseguia se lembrar do nome de metade dos colegas que participavam da reunião. Não lembrava nome, cargo, função. Descobria quando lhe era conveniente. Um mês se fora - era hora de tirar da manga seu grande plano.

Como se gerencia uma carteira de produtos quando eles são totalmente produzidos em outro lugar? Quando não se tem autonomia nenhuma para direcionar (minimamente) o desenvolvimento de um produto? Em solo tupiniquim só tem um jeito: tropicalizando-a! Mas como se 'tropicaliza' um produto de uso genérico, que não tem nada a ver com legislações e cultura locais?

Astuta, elaborou a resposta ainda durante o vôo que a trouxe de volta: vamos Traduzir tudo!

Na reunião de apresentação do grande plano havia 6 pessoas, além dela. 3 caras de sono. 2 caras de "não entendi nada". Uma cara de "vai dar merda". Mesmo assim, imperou o silêncio. Como sempre, 'seja feita a sua vontade'. As justificativas para o plano eram simples:

- Vivemos num país atrasado. Os poucos programadores daqui não sabem ler, escrever ou falar inglês. Mas temos que popularizar nossos produtos para desenvolvedores. Se a barreira é o inglês, vamos eliminá-lo!

No velho estilo do empreendorismo endinheirado e caótico, o projeto de tradução teve início: "No pacotinho para não-programadores a gente traduz tudo! É, inclusive a linguagem - os comandos, métodos e propriedades. TUDO!". "Ah, na nossa liguagem-chefe a gente começa pelo manual. Vai dar tão certo que, ano que vem, traduzimos o resto."

O plano parecia infalível. Em pouco tempo, milhões de analfabetos globais se converteriam em novos desenvolvedores de sistemas!

Mas ninguém entendeu direito quando milhares de documentos pararam de funcionar na versão 'tropicalizada' daquela ferramentinha que já era tão popular. Terror nos planilhódromos semi-formais que então eram o 'must' em pequenas, médias, grandes e incomensuráveis empresas aqui instaladas. Ops...

Mas o problema maior surgiu no outro front, naqueles pesados manuais que pela primeira vez eram liberados em língua portuguesa. Um capítulo se propunha a ensinar como se desenvolvia aplicações para a arquitetura "Consumidor/Fornecedor". Ouviu-se numa sala de aula:

- Uai! Mudaram até o nome da coisa? "Client/Server" é propriedade intelectual de alguém?

Não deu pra fingir por muito tempo que se tratava de uma pequena 'adaptação'. É que em outro trecho o manual se propunha a discutir questões sobre o "Motorista de Impressora"!?!?



Nem deu tempo da cara ficar vermelha. "Esqueçam as traduções. É que eu tenho another wonderful plan..."

"É assim que se faz lá! É assim que nosso chefe gosta que seja feito!!"

1 response to "A-lô-Hi Tech #003"

  1. E de "grande plano infalível" em "grande plano infalível" vamos tocando o bonde...rs!!!

    Nelson Biagio Junior

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