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Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
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Quase tudo já foi falado sobre a pseudo-aposentadoria do Bill Gates. Nesta semana a imbatível Veja alçou-o ao posto de "santo". A concorrência tá difícil. Mas tem um ponto que quase ninguém tocou. Aliás, só vi o Roberto X:

"Microsoft has spent five years and $5 billion NOT shipping Windows Vista. This reflects a company deliberately built in the image of its founder, Bill Gates -- a single-tasking, technically obsolete executive with no checks or balances whatsoever who fills the back seat of his car with fast food wrappers. So Bill has to go, because as an icon, he's great, but as a manager, he sucks."

Robert Cringely chega a falar que a substituição de Bill por alguns de seus clones deixaria a MS na mesma 'bagunça desorientada'. Mas quem são os clones do Bill? A MS tá cheia deles. Mas a maioria se concentra em outro lugar: na rede de parceiros oficiais da MS.

Todo ícone é facilmente clonado. Vide quantos moleques mal-orientados vivem tentando equilibrar uma bola na nuca, copiando o Ronaldinho G. Muita gente vive de clonar um ídolo: imitando o estilo, trejeitos e tics; tocando 'covers'; invejando o sucesso da celebridade original. Isso é quase tão antigo quanto andar pra frente e, na maioria das vezes, se não traz benefício nenhum pra ninguém, pelo menos não faz mal algum também. Mas no universo MS os efeitos das clonagens são sentidos há muito tempo. E não são bons.

BillG foi o primeiro nerd-pop-star da nossa história. Ele mostrou (meio sem querer) para seus contemporâneos que um técnico podia ser cool, sexy e, principalmente, um homem de negócios. Bem sucedido, diga-se de passagem.

De repente aqueles caras com óculos 'fundo de garrafa' e 'socialmente incompatíveis' (*) ganharam um ídolo. Um modelo. Uma parte deles, inclusive aqui em Pindorama, buscou a aproximação. A iluminação. Alguns viraram microservs (funcionários). Outros se converteram em Certified Partners. Não foram poucos os que trilharam ambos os caminhos.

Mas, como disse o Roberto X, o BillG é um péssimo administrador. Dizem as más línguas que o único indicador utilizado em suas reuniões é o 'F-word index'. Explico: quanto menos o BillG utilizasse a palavra 'fuck', melhor a reunião. Melhor a proposta analisada por ele. Lendas, lendas.

O fato é que muitos 'técnicos' clonaram o estilo. Copiaram o modelito nerd-novo-rico e viajaram na mayonaise psicodélica do mercado de TI. Enquanto era moda (e existia jabá angelical jorrando de fontes luminosas**) a coisa toda era muito divertida. Particularmente aqui no Brasil.

Na segunda metade da última década os clones tocaram brevemente o pico do sucesso. Grandes contas, grandes projetos. O surgimento da Internet comercial, da tal 'exuberância irracional', fez até com que alguns clones virassem celebridades. Saíram da área nobre das revistas 'especializadas' direto para Veja$ e afin$**. Alguns chegaram até a se distanciar um pouquinho da matriz, da MS.

Mesmo assim, todos mantinham a mesma linha de trabalho. Compartilhavam os mesmos princípios e erros. Excelentes técnicos travestidos de administradores, promovendo seus melhores técnicos para cargos gerenciais. Eram mini-microsofts em tudo. Até na forma religiosa com a qual defendiam os produtos paridos em Redmond. Engraçado é que tal fidelidade quase nunca mereceu reciprocidade. Bastava um problema, um projeto em crise, para as relações entre a MS e seu 'amante' estremecerem. Álibis para traições escancaradas.

Como já comentei aqui há muito tempo, a relação da MS com seus parceiros sempre foi bastante peculiar. Passional. Parcial. Mas a perspectiva histórica nos permite cogitar que, no fundo no fundo, a MS só teve 2 paixões de verdade: Great Plains e Groove. Não por acaso, ambas viraram 'braços' da própria MS. Isso sem falar na Avanade, que já nasceu propriedade da MS. No Brasil a MS nunca cogitou a digestão de um bom parceiro. Pelo menos não publicamente. Mas soube parir alguns e engordar outros.

Mas agora parece que, aos poucos, BillG vai saindo de 'moda'. E o vácuo que ele deixa cria desorientações de todo tipo. O ecossistema de parceiros, que em solo tupiniquim alcança sua 3ª geração, tem um horizonte novo e nublado pela frente. Até pq desconfia-se que Ray Ozzie, principal substituto (não clonado) de BillG, tenha uma visão bem diferente de mercado e oportunidades. Tanto que ele conseguiu irritar bastante os parceiros presentes no último TechEd.

Se eu fosse bidu, guru ou cafu eu já tava falido. Até pq repetiria agora os mesmíssimos palpites que dei há 8 anos:

  • Acoplamento fraco (reduza o grau de dependência da MS);
  • Diversificação (tenha outros bons parceiros);
  • Diversificação (tenha 'produtos', serviços 'empacotados'... enfim: qq coisa que te liberte da maldição do homem/hora);
  • É melhor ser (ter) um técnico sênior do que um gerente júnior;
  • Conhece tuas (melhores) contas assim como conhece a ti mesmo (vish!).
Clone órfão só existe em novela. E como o maior patrimônio da MS em solo tupiniquim é sua rede de parceiros, a neblina no horizonte não deveria assustar. Muito pelo contrário.




* Só brinquei com os estereótipos pq detesto estereótipos. Uso óculos com orgulho e muitos me acham um 'bicho do mato'. Aliás, com certa razão, hehe. Portanto, baixem as armas.

** Não é a primeira vez que falo de babas e jabás angelicais. Explico: num momento meio triste de nossa história pintaram os tais 'anjos'. Em outro contexto são conhecidos também como 'laranjas'. Gente que representa amigos ocultos. Gente que tem amigos bem visíveis e influentes, particularmente em alguns veículos de comunicação. E, principalmente, gente que tem algum $ (próprio ou não) e joga (assim como jogamos dados), tentando fazer alguns $$$. Não seria nada de errado (ou ilegal) se boa parte deles não inventasse tanta mentira. Sorte nossa que mentira tem perna curtinha curtinha.



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