Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

Visite a nova versão em pfvasconcellos.net

Para ser um craque, em qualquer atividade, além de conhecimentos técnicos e de qualidades emocionais, é preciso conhecer e fazer bem as coisas básicas, comuns e essenciais.
Aprender primeiro a regra e depois a exceção.

- Tostão (na FOLHA de ontem)

Paus pra Toda Obra

21 julho 2009

O Aristeu, do anúncio aí ao lado, é pau pra toda obra. Multitrampo, multimídia e cheio de amor pra dar. Não sei se o Aristeu sabe, mas TI é cheinha de aristeus. De gente voluntariosa que tá sempre pronta para todo e qualquer tipo de trampo. Nossos anúncios e currículos podem não ter o senso de organização (de arquitetura de informação) do Aristeu, mas costumam ser tão abrangentes quanto.

Gerentes ou coordenadores de projetos são sérios concorrentes do Aristeu. Anúncios de vagas para essa posição costumam pedir, dentre otras cositas: "X anos de experiência; certificação PMI; experiência comprovada em projetos de implantação do ERP [qq-nome-aqui]; desejável conhecimento das tecnologias [qq-nomes-aqui]; conhecimentos em metodologias PMI, ITIL e Cobit e conhecimentos em segurança da informação; atender a reuniões, acompanhar e gerenciar atividades, recursos, custos, redação de cronogramas e atas de reunião; experiência em atendimento ao cliente; experiência em programação VB8 - ASP; experiência em banco de dados Access, SQL Server, MY SQL..."

Exagero, mas não minto. Todos os dizeres acima foram surrupiados de anúncios reais publicados na Internet. E tamanho absurdo não é exclusividade dos coordenadores. (Aliás, a situação anda tão feia que talvez muitos que por aqui passeiam nem percebam o TAMANHO ABSURDO.) Há tempos pululam também anúncios de vagas para programadores que pedem: "experiência em VB; e também em: Delphi, Java, Javascript, Ajax, Powebuilder (haha)..." e completam o anúncio dizendo que "conhecimentos de Photoshop e CorelDraw serão considerados 'um plus a mais'". Pior é que tem gente que se candidata... Pior ainda é que isso tudo tá ficando tão comum...

Mas nosso querido Aristeu não tem com o que se preocupar: ele apresenta uma rara vantagem competitiva: é Honesto!

Foi o Feio quem me alertou: com exatos 34 (trinta e quatro!) anos de atraso, finalmente é lançado em PT-Br (português do Brasil) o clássico de Fred Brooks, "The Mythical Man-Month". Aliás, "O Mítico Homem-Mês". O lançamento é da Elsevier. Em março de 2006 lancei uma série de artigos para comemorar os 30 anos da obra. Acho que foi lá mesmo que eu disse que, apesar do atraso, a publicação em PT-Br ainda valia a pena. Então, parabéns Elsevier pela coragem.

Como a capa indica, trata-se da tradução da edição comemorativa de 20 anos, lançada em 1995 pela Addison-Wesley. Além do original de 1975, o livro apresenta uma série de artigos publicados posteriormente por Brooks, inclusive o também clássico "No Silver Bullet", de 1987.

Parece estranho ou surreal o fato de um livro sobre informática de 1975 permanecer atual, não? Bom, para quem não sabe, o livro trata especificamente de projetos de software. E se ele permanece atual, é porque não evoluímos tanto assim nessa saborosa área. Se você ainda não conhecia essa obra-prima, agora não tem mais desculpas.

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Assim como a Editora Atlas não tem desculpa por não publicar uma 5ª edição de "O Analista de Negócios e da Informação", de José Roberto Saviani. Permita-me explicar. Eu achava que meu atrasadíssimo livro seria o primeiro na língua de Camões sobre e para os Analistas de Negócios. Depois de 2 anos circulando com essa mentirinha, me alertaram sobre a existência do livro do Saviani. O fizeram através de nosso grupo de discussão. E foi uma correria só atrás do livro... em sebos! Sim, porque o livro está esgotado. Foram 4 edições, em 1992, 95, 96 e 98. Justo agora, que o tema está "na moda", a Atlas come bola.

Eu nunca tinha visto a teoria da "Cauda Longa" tão na prática. Nem "best seller" de sebo! O fato é que o livrinho se esgotou em várias lojas. Só consegui um porque a Suzandeise (IIBA-SP) me emprestou.

O livro é curto (100 páginas) e relativamente distante do meu enfoque. Mas é atual, simpático e honesto. Aliás, depois da busca pelo livro, o que alguns membros do grupo querem é conhecer o Saviani. Não conseguimos encontrá-lo. Será que alguém que por aqui passa teria alguma pista?

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Como o assunto é livro e "coisas estranhas", não poderia deixar de comentar a última piada DRM: a Amazon "queimou" cópias de "1984" e "Animal Farm" (ambos de George Orwell) que estariam indevidamente armazenados em Kindles. As cópias seriam ilegais (em território estadunidense), e a empresa se achou no direito de eliminá-las. Sem dó nem piedade...

Quem conhece os títulos, particularmente "1984" (Big Brother!) e viu a história da Amazon não sabe se a vida imitou a arte ou se a arte imitou a vida. Mas ficou com uma certeza: DRM é serviço de porco!



Como estava meio 'unplugged' em Sampa ontem, foi no Conta Corrente da Globo News que fiquei sabendo do novo plano da Google para conquistar o mundo: um sistema operacional. A primeira coisa que pensei foi "hmm, tem cheiro de vingança boba - resposta pouco pensada para o último ataque da MS ao mundo da busca, o Bing". Afinal, quem precisa de um novo SO?

Antes de escrever (muita) besteira, resolvi ler o anúncio oficial que a Google publicou na noite de anteontem (7/jul). Saca só o trechinho-chave:

Speed, simplicity and security are the key aspects of Google Chrome OS. We're designing the OS to be fast and lightweight, to start up and get you onto the web in a few seconds. The user interface is minimal to stay out of your way, and most of the user experience takes place on the web. And as we did for the Google Chrome browser, we are going back to the basics and completely redesigning the underlying security architecture of the OS so that users don't have to deal with viruses, malware and security updates. It should just work.


O negrito é meu. O tapa com luva de pele de antílope albino do centro-oeste neozelandês* é de Sundar Pichai, VP de gestão de produtos e de Linus Upson, diretor de engenharia, os autores do post. Ahã (limpando a garganta): Pichai deveria ser nome de quem escreve no Graffiti; Linus?!? Esse é mesmo o nome do cara???? Provocação pequena é perda de tempo e grana...

O Chrome OS é baseado no Linux. E promete um novo conceito de OS. Desconfio que será uma versão "despida" do OS que a Google utiliza internamente. Sim, acho que o Chrome OS já existe tem um tempão. Mas só agora a Google percebeu que precisa de um novo tentáculo em sua estratégia. Precisa mesmo?

Segundo pesquisas recentes, o Chrome não teria nem 2% de share na guerra dos browsers. Seu comunicado fala em 30 milhões de downloads e coisa e tal. É muito pouco. Surpreendentemente pouco, porque o Chrome é realmente muito superior ao IE e muito mais leve e rápido que o Firefox. Então a Google resolveu entrar ainda mais nos micros e mentes. A pergunta é: por quê?

Com certeza a resposta está no desmembramento de sua Missão: "Organizar todas as informações do mundo e facilitar o acesso a elas". Mais precisamente, está na segunda parte da declaração: "facilitar o acesso". Velocidade, simplicidade e segurança são os três requisitos derivados desta parte. Ok, mas o que ela ganha com isso? Essa é mais fácil: amplia muito o escopo de suas ofertas - de espaço publicitário e oportunidades de uso deste espaço.

Hora então de olhar para o outro lado, que dá título ao post: Quem precisa de um novo OS? Segundo a Google, todo mundo! Saca só:

We hear a lot from our users and their message is clear — computers need to get better. People want to get to their email instantly, without wasting time waiting for their computers to boot and browsers to start up. They want their computers to always run as fast as when they first bought them. They want their data to be accessible to them wherever they are and not have to worry about losing their computer or forgetting to back up files. Even more importantly, they don't want to spend hours configuring their computers to work with every new piece of hardware, or have to worry about constant software updates. And any time our users have a better computing experience, Google benefits as well by having happier users who are more likely to spend time on the Internet.


É claro que estão mirando os 90% e tantos de share do Windows. Difícil dizer se serão bem sucedidos. Mas o tiro acertará em cheio em outros lugares: Ubuntu, Novell, Fedora, Debian...

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* Será que esse bicho existe?

Segurei mas não aguentei: será que o Chrome OS terá alguma coisa de SOOS?

Para uma opinião menos "chutada" que a minha, não deixe de ler o post do Antonio Fonseca sobre o mesmo assunto.

Escrever é Chato?

07 julho 2009

Chico Buarque, na última FLIP, disse que sim. E gerou uma certa polêmica. No Painel do Leitor da Folha de São Paulo teve gente falando que os livros do Chico são chatos. Céus! O cara deve gostar de Paulo Coelho. Ou de Dan Brown, sei lá. Mas o papo aqui é outro: escrever é chato?


Só quando tudo o que você não quer fazer é escrever. Só quando escrever é só uma obrigação. Assim, lógico, o ato de escrever se torna a coisa mais chata do mundo.

Sempre gostei muito de escrever - apesar da nítida falta de domínio da principal ferramenta do escritor: a língua. Mas é por gostar de escrever, por ser teimoso e cara de pau, que tento manter 'n' blogs, twitters, grupos de discussão e afins. E por isso prometi um livro. Aqui começa o problema.

Já é famosa a "briga" de Chico com seus editores. Sempre há um prazo. E Chico é um perfeccionista. Se não existir um prazo, ele nunca terminará um livro. Um prazo, um compromisso, é sempre necessário. Mas o preço é caro: a obrigação, aquele deadline, pode tornar o processo de criação uma chatice.

Já escrevi 4 vezes o mesmo livro. Poucos puderam ver uma primeira versão. Os mesmos viram alguns capítulos da última versão. Ou seja, as outras duas versões foram parar no lixo! Mas, creia, esse processo todo é muito legal, até prazeroso. O problema é a eterna sensação de que muita coisa ainda pode ser melhorada. "Escrever é editar", disse Scott Berkun. Eu completaria: "e editar, e editar e editar ...". O problema está nas reticências. Até quando?

Como não tenho editor, trabalho sem prazo. Já caí na bobeira de colocar um. Três vezes! Agora desisti. Mas entendo que existe 1/2 dúzia de colegas ansiosos pelo meu "primogênito". E é essa pressão - as vezes tácita, de vez em quando explícita - que torna o processo um "pé no saco".

Culpa de quem promete prazos. E não os cumpre!