Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

Visite a nova versão em pfvasconcellos.net

Há poucos dias, em 2 artigos, Clóvis Rossi questionou e criticou uma "mania" moderna: o chororô virtual. Segundo o articulista da Folha, nos rebelamos contra safadezas e safados (Sarney, por exemplo) de maneira estéril. Nossa revolta registrada em blogs, twitters e afins não traria nenhum resultado prático. Disse que é só na rua que nos fazemos ouvir.

Aí veio aquilo que a penúltima Época chamou de "Irã 2.0": com a mídia tradicional impedida de trabalhar, iranianos revoltados contra o resultado da eleição mostraram tudo (ou quase tudo) que estava acontecendo por lá. Como? Utilizando exclusivamente recursos do mundo virtual.

Clóvis Rossi, um cara que admiro e sigo há tempos, deu o braço a torcer na última terça, 23/jun. Em "O Virtual e o Sangue (Real)" ele repara comentários anteriores. Encerra o artigo dizendo que

Hoje, pode-se até fechar fisicamente um país, mas virtualmente ele está aberto. Felizmente.


Na última sexta (26/jun), apesar da histeria "Michael Jackson", a mensagem que mais girou entre twitters tupiniquins foi um duro e simples "Fora Sarney". E tudo indica que o flashmob virtual ganhará um co-irmão real. Na próxima quarta (1º/jul), pelo menos 6 capitais verão manifestações pela saída do bigodudo. Na rua!

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Não é só o Clóvis, mas toda a mídia tradicional ainda não assimilou bem o significado das redes sociais virtuais e suas estranhas ferramentas. A Globo e seus tentáculos (SporTV, Globo News etc), por exemplo, adoram se limitar ao pior produto do mundo virtual: vídeos imbecis que não falam quase nada para quase ninguém. Ah, o "bola murcha" é engraçadinho e bem sacado? Sim, mas, e daí?

A Abril adora blogs de "faz de conta" e de falar sobre maravilhas modernas: apenas como notícias, nunca como fonte perene. A exemplo do Estadão, só que menos desastrada, a Abril ama detonar o conteúdo que brota na rede. Nem cria a expectativa de colaboração nem dá espaço para tal. Acredita eliminar ferrugens quando estrutura e reestrutura os braços virtuais de suas revistas. Não repara que o buraco é mais em cima.

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Até nosso presidente Lula terá um blog (também de mentirinha, pois não permitirá comentários e será parcialmente abastecido por jornalistas - não se sabe se diplomados ou não). Deve ser lançado em 30 dias.

Sexta (26/jun), no FISL em PoA, nosso comandante soltou a seguinte pérola quando foi comentar a importância dos blogs:

A imprensa não tem mais o poder que tinha. A informação já não é mais uma coisa seletiva, em que detentores podem dar golpe de estado.

Olha só, meu caro Clóvis! Será que agora nós podemos dar golpes de estado? Acho que sim. Se não agora, falta pouco. Muito pouco.

Calma... Não falo de golpes como aqueles do século passado (ou como o absurdo que acabam de cometer em Honduras). Falo apenas do mundo virtual viabilizando uma Democracia 2.0, tão necessária e urgente.

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E por falar em Democracia 2.0. No último sábado nos deixou Goffredo da Silva Telles. Claro, nossa brilhante mídia não lhe concedeu nem 0,01% do espaço que gastaram com Michael Jackson. Goffredo não era "pop", mas foi o cara que deu o primeiro passo para nossa volta para a democracia. Em 1977 ele leu, no Largo do São Francisco, a "Carta aos Brasileiros".

Ele já antecipava a necessidade de uma Democracia 2.0 em seus trabalhos de 1959 e 1963, "Lineamentos de uma Constituição Realista" e "Lineamentos de uma Democracia Autêntica", respectivamente. Há tempos ele já clamava pela participação direta do povo no processo legislativo. Nos deixou no pior momento do poder legislativo desde que os militares largaram o osso. Tristeza...

A Business Station, uma das empresas que estava utilizando indevidamente trechos do Programa FAN, já tomou providências e enviou sua resposta. Solicitei autorização para publicar na íntegra a resposta que recebi. Devidamente autorizado, segue:

Paulo Vasconcellos,

Realmente fui pego de surpresa pelas observações citadas por você.
Cometemos realmente os erros apontados, que infelizmente passou despercebido pela revisão da empresa que é nossa parceira para estes assuntos.
Já fizemos as correções necessárias e estamos abertos para aceitar sugestões e críticas a qualquer momento.
Agradeço desde já suas observações, e caso hajam outras, por favor, entre em contato diretamente comigo, neste email ou nos telefones abaixo.
Mais uma vez peço suas desculpas e se você puder citar em seu blog que assumimos os nossos erros, e que foram reparados, agradeceria imensamente.
Cordialmente,

Onivaldo Roncatti

Agradeço ao Onivaldo pela resposta e pelas providências tomadas.

O projeto Rendiconti foi um dos 8 selecionados, entre mais de 30, para participar do Start-up Lab que aconteceu ontem (23/jun), em Sampa. O evento foi (muito bem) organizado e promovido pela Artemisia e pelo The Hub. E sua proposta era bem simples: possibilitar a avaliação de projetos por 8 especialistas das mais diversas áreas. Cada participante teve 5 minutos para expor suas ideas, sem nenhum tipo de suporte (whiteboard, ppt etc), e mereceu 5 minutos de avaliação. Esse tipo de "blitzkrieg" (ataque relâmpago) tem o singelo pseudônimo "Pitch". Na verdade, a coisa aconteceu em 2 turnos: 2 salas com 4 avaliadores cada. O público pode se inscrever e, salvo grave erro de estimativa, havia cerca de 30 pessoas em cada sala. Via Twitter eu fui mostrando a temperatura da minha barriga... que tava gelada!


Recebi com antecedência um roteiro que mostrava o perfil de cada avaliador. Com o objetivo de não desviar minha apresentação para este ou aquele perfil/avaliador, optei por sumariamente ignorá-los. Funcionou... mas é uma estratégia de altíssimo risco. Quando vi a primeira bancada montada ali, a tremedeira aumentou consideravelmente. Saca só a lista de avaliadores: Kelly Michel (fundadora e presidente da Artemisia), Daniel Izzo (Vox Capital), Daniel Garcia Correa (SENAC - Núcleo de Empreendedorismo), Marcos Souza Aranha, Luis Eduardo Dias, Gilberto Alves Júnior (Amanaiê) e... Normann Kestenbaum, da Baumon. Sim, o autor de "Obrigado pela Informação que Você NÃO me deu!", livro que já recomendei por aqui e que consta da "bibliografia básica" para Analistas de Negócios. Sim... eu deveria ter me preparado melhor. Vivo superestimando minha capacidade de improviso. Mas, quer saber, eu consegui o que queria quando submeti o Rendiconti ao Start-up Lab. Tremendo, mas consegui.

Eu queria, na verdade precisava que o projeto ganhasse novos pontos de vista. Ele só é conhecido pela minha 1/6 dúzia de leitores e por parte dos participantes do FAN. Claro, além dos manos que tocam a Opção Artes Gráficas e alguns chegados. É pouco. Pouco para um projeto que pretende criar uma editora/livraria que seja aberta, livre, antenada e... bem sucedida. 10 minutos de pontos de vista novos são suficientes? Você não sabe quanto!

Temo ter irritado um pouco o Marcos Souza Aranha, quando revelei que meu principal objetivo ali era reforçar o modelo de negócios e obter apoio para começar a tratar dois fatores críticos: i) conseguir autores; e ii) elaborar o modelo financeiro do negócio. Marcos, em sua avaliação, disse que o que eu fiz não foi um "Pitch". E o Normann disse que eu havia transferido para eles uma responsabilidade que era minha. Rimos...

Na segunda bateria, no momento de falar sobre o "quanto" [1], abri para os novos avaliadores as críticas que havia recebido na avaliação anterior. Claro, eu queria críticas novas. E as recebi.

Resumindo todas:
  • Não devo ter problemas com a obtenção de escritores;
  • Mas tenho que pensar seriamente sobre distribuição;
  • Se o projeto nasceu porque não concordo com as regras atuais do mercado editorial, eu devo colocar as novas regras;
  • E, principalmente, devo estudar e elaborar o modelo do negócio.
Depois, em papos mais privados, outras dicas apareceram, inclusive de não-avaliadores. Mas veio de um avaliador uma inesperada: eu não teria demonstrado muita motivação com o projeto. Sorte que consegui explicar para ele que o Rendiconti é um "truco". Claro, tive que mostrar o metamodelo de negócios que adotei desde que iniciei carreira solo, o "Lucro + Troco + Truco"[2]. E a conclusão dele foi igualmente surpreendente: use o "troco" também como "truco"!

Agora é tempo de pensar e condensar tudo. Avaliar e reavaliar opções. E acelerar a implementação do projeto, quando devidamente amparado por um bom plano. O Start-up Lab me ajudou a desenhar os próximos passos. E devo agradecer aqui aos avaliadores e ao pessoal da Artemisia e do The Hub pela cara e rara oportunidade. Lhes devo uma!

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Notas:
  1. Montei a apresentação na sequência 6W's proposta por Dan Roam em "The Back of the Napkin". A saber: Who/What, How Much, Where, When, How e Why. Na primeira bateria eu intencionalmente pulei a "how much". Na segunda falei de US$ 400 bi que giram no mercado editorial mundial e dos R$ 3 bi que rolam por aqui. E disse que 1% desse mercadinho representaria um faturamento anual de R$ 30 milhões. Surtiu o efeito desejado.
  2. Já falei por aqui da tríade "Lucro + Troco + Truco", uma tropicalização do modelo que a Google utiliza com seus colaboradores (70-20-10). Chega a hora de falar um pouco mais sobre o metamodelo, agora que tenho exemplos práticos (em meu bolso). Logo disponibilizarei um post só sobre isso, ok?

Ok, todos já sabem, o FAN completou ontem 2 anos de vida. O que poucos sabem é que, em comemoração, ganhei um belíssimo presente de grego: alguns colegas me alertaram que o FAN está sendo "pirateado". Pois é, isso mesmo, eu fui pirateado!


Vejam aqui o meu programa original, publicado no finito. Agora, vejam que gracinha duas empresas fizeram:
Que coisa feia, hem queridas? Pior é que parecem empresas grandes. A Business Station fala em 15 anos de mercado. A Trainning tem 5 filiais, além da matriz em Sampa. E precisam copiar descaradamente o trabalho alheio?!?

E o problema não é só a cópia. A Business Station fala, em um press-release, que seu treinamento é baseado no BABoK 2.0. Então por que cargas d'água seu programa fala em "Modelagem de Negócios"? Será que eles sabem que o BABoK ignora sumariamente essa disciplina? Mais curioso é o título do tópico: "Entendendo o Negócio - Modelagem de Negócios". Plágio descarado, descuidado e mal executado. Mas ética não parece mesmo ser uma característica daquela empresa: ela estampa a logomarca do IIBA sem a devida autorização para tal.

A Trainning foi ainda mais longe na pirataria. Reparem que ela copia integralmente a estrutura do FAN original. E ainda diz que o treinamento é pré-req para a certificação CBAP?!? Caramba! Meu programa nunca teve tal intenção. E, saibam, ele não é pré-req para qualquer tipo de certificação, seja do IIBA ou outras. Engraçado é que é a primeira vez que vejo um "produto" pirata custar mais caro que o original! hehe...

De amigos e parceiros ouvi a mesma dica: tome providências legais! Aqui está o tal "telhado de vidro" do título. Não creio que advogados tenham uma resposta eficaz para esse tipo de desonestidade. E aqui no Graffiti eu vivo combatendo as atuais políticas de combate à pirataria. Eu seria incoerente demais se utilizasse tal saída. Então, prezadas Business Station e Trainning: fiquem tranquilas, vocês não serão processadas. Poderiam: vejam a licença utilizada no finito e em todo o material publicado do FAN. Diz ali que "alguns direitos são reservados". Vocês podem copiar a vontade. Mas não podem utilizar o material para ganhar din-din! Não sem minha autorização expressa.

Mas minha resposta é outra:
  1. Para a Business Station e Trainning:
    muitíssimo obrigado pela cópia e publicidade gratuita do programa. A gente sabe que só é copiado o que é bom, certo? Então, de certa forma, vocês me elogiam quando copiam meu programa.
  2. Aos interessados na Formação de Analistas de Negócios:
    Cuidado com as cópias e as falsas promessas de apoio ou obrigatoriedade para obtenção da certificação CBAP. O site do IIBA é um bom local para você obter informações oficiais sobre certificação e afins. Não posso facilitar pagamentos em 12 vezes, como alguns piratas. Mas se este é o seu problema, fale conosco. A gente sempre acha um jeito, certo?
  3. Aos interessados em oferecer o programa FAN em todo o Brasil:
    Olha só, os piratas me fizeram antecipar uma novidade: se você tem uma escola ou algo parecido, e tem interesse em oferecer o FAN para seus clientes, fale comigo! Nosso pacote envolve: i) Treinamento dos instrutores; ii) Material didático; iii) Livro (inédito!); iv) Apoio integral na divulgação e vendas!
    Mas, atenção, temos algumas exigências: a) Você deve estar estabelecido como empresa de treinamento; b) Ter no mínimo 2 anos de "praça"; c) Não se chamar "Business Station" ou "Trainning".
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FAN :: 2 Anos de Vida!

18 junho 2009

Há exatos 2 anos eu apresentava, aqui em Sampa, o primeiro evento FAN (Formação de Analistas de Negócios). Tempo Real Eventos, a organizadora, e eu não tínhamos a menor ideia de qual seria o resultado do evento. Para nossa surpresa tivemos lotação esgotada. O mesmo aconteceu nas três turmas seguintes. Confirmamos: havia sim uma grande demanda pelo tema. E pouquíssimas ofertas - nenhuma para turmas abertas. Não é todo dia que aparece oportunidade tão grande e promissora.


Uma das reclamações mais comuns que recebíamos via ficha de avaliação (sim, nós estudamos as avaliações!) foi a falta de exercícios. Na época o FAN era apenas um "palestrão" com 7 horas de duração. Lançamos então uma versão com o dobro da carga horária, com 1 dia para cada disciplina que deve ser dominada por um Analista de Negócios (AN): Modelagem de Negócios e Engenharia de Requisitos. Praticamente 50% do tempo é destinado para exercícios. É pouco, mas ajuda a reforçar conceitos e conhecer um pouco mais a utilidade de cada prática sugerida. O formato é tão bem sucedido que já vamos para a 14ª turma em Sampa.

A última evolução do programa foi o lançamento de uma versão "Mão na Massa". Um evento 100% prático que permite que os participantes simulem praticamente todo o ciclo de trabalho de um AN. É o único que tem um pré-req bem sério: só entra quem participou das oficinas tradicionais. A 2ª turma já está programada.

Em 2 anos, mais de 1.500 pessoas de todo o Brasil já participaram de algum evento FAN. Em 2009 resolvemos levar o programa para outras praças. BH o recebeu em maio. Porto Alegre terá sua primeira turma nos dias 10 e 11 de julho.

Além das turmas abertas, o FAN também é oferecido no formato "in company". Pequenas, médias e grandes empresas já levaram o FAN 'pra casa', o que envolveu o treinamento de mais de 400 profissionais. Por razões óbvias não vou revelar o nome das empresas, mas algumas colocam 50 pessoas na sala de aula!

O objetivo de todas elas, independente do porte, é sempre o mesmo: melhorar a qualidade de seus projetos e do atendimento aos usuários. É incomodamente tradicional em nossa área a existência de um imenso fosso entre usuários e o departamento de TI. Existem traumas, muitas reclamações e a chata percepção de que os problemas de comunicação entre áreas de negócio e TI são insolúveis. Os analistas de negócios representam nossa mais nova tentativa de eliminar ou reduzir consideravelmente essas questões de entendimento e atendimento.

Não se trata de uma profissão nova. As disciplinas que ela deve dominar também são tão antigas quanto as outras que formam aquilo que conhecemos como Engenharia de Software. Algumas das práticas que sugiro têm a minha idade (quase "enta"). E um dos livros que mais cito é de 1975 (The Mythical Man-Month)!

Mas, por estranho ou incrível que pareça (particularmente para gente não-TI), todo o resto é novo. As organizações começam a aceitar a necessidade de um profissional que seja especialista no entendimento do negócio (seus problemas e oportunidades) e de seus usuários.

Alguns já falaram que se trata de uma moda - outra "onda", coisa tão típica em nosso mercado. Pode até ser. Mas tem uma diferença: ao invés de legados indecifráveis e de altíssimo custo de propriedade; ao invés daquele inconfessável arrependimento; quando a "onda" passar, se é que ela vai passar, deixará boas marcas e lembranças.

Somos Todos Culpados

16 junho 2009

Agorinha mesmo o presidente do senado, Zé "O Eleito*" Sarney, discursou. Por mais de 30 minutos. Tagarelou e tagarelou, num monótono monólogo, mas não disse quase nada. Claro, soltou tradicionais besteiras sobre seus 50 ou 60 anos de vida pública. E disse que NINGUÉM pode julgá-lo. Pelo que sabemos, nem as urnas do Amapá. E por que eu tô trazendo esse papo chato para o Graffiti? Porque nosso ilustríssimo presidente do senado federal descobriu um culpado para a zona toda que é aquela "alta" casa: NÓS.

Segundo o Zé, o mundo todo vive "uma crise da democracia representativa". Em suas palavras, a MÍDIA ELETRÔNICA, além d'outras cositas, colaboram com tal crise. Traduzindo: nossa facilidade de comunicação coloca em cheque esse secular pilar das sociedades ocidentais: a democracia representativa.

Salvo grave engano, um dia o Bill Gates apareceu sugerindo a inutilidade de vereadores, deputados e senadores em tempos de Internet e suas redes sociais, facebooks, twitters, orkuts e afins. Concordo com ele. Uma pequena casa de "representantes", com a única finalidade de transcrever nossas decisões, é tudo o que uma sociedade moderna precisa. Mas não me iludo... Nunca verei algo do tipo.

Me espanta o fato de ser o segundo político em cargo relevante, em curtíssimo tempo, a atacar indiretamente a Internet. Isso sem contar aquele perigosíssimo projeto do Eduardo Azeredo. Não sou paranóico, mas a gente devia prestar mais atenção no que acontece lá no DF. Afinal, como disse o Zé, somos todos culpados. Ou seja: podemos todos pagar um preço bem caro por isso.

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*Creio que uma parcela bem representativa de minha 1/2 dúzia de leitores ainda não tinha nascido quando Lobão homenageou o Zé com a música "O Eleito", no longínquo 1988. Segue a letra do bom Lobo Mau e Bernardo Vilhena:

Ele é esperto e persistente
Acha que nasceu pra ser respeitado
Ele é incerto e reticente
Acha que nasceu pra ser venerado
O palácio é o refúgio mais que perfeito
Para os seus desejos mais que secretos
Lá ele se imagina o eleito
Sem nenhuma eleição por perto
Ele é o esperto, ele é o perfeito
Ele é o que dá certo, ele se acha o eleito
Seus ternos são bem cortados
Seus versos são mal escritos
Seus gestos são mal estudados
A sua pose é militarista
Ele se acha o intocável
Senhor de todas as cadeiras
Derruba tudo pra ficar estável
Ele não está aí para brincadeira
E o tempo passa quase parado
E eu aqui sem a menor paciência
Contando as horas como se fossem trocados
Como se fossem contas de uma penitência
E tudo parece estar errado
Mas nesse caso o erro deu certo
Foi o que ele disse ao pé do rádio
Com a honestidade pelo avesso

Estamos trabalhando em engenharia ou na indústria da moda?
Ivar Jacobson (no artigo "In need of a theory for software engineering")

O artigo é longo. Mas merece ser lido. Inclusive os comentários (que não são poucos). Num dos primeiros, Mr. Jacobson nos brinda com o seguinte:
Eclipse OPenUP has inspired by us introduced a precise practice concept. Problem is that this practice concept is designed to make process engineers happy, but not to make the developer community happy. It still has the flavor of old RUP. Although RUP includes many good ideas, it failed unfortunately dramatically in implementation.
...
I feel I have the right to critisize my own work. RUP was my baby so I have taken the responsibility to correct it in its basics.
É de chacoalhar bases... até porque nunca elas foram sólidas mesmo.

Quem é que geralmente acaba comandando tudo? O cara de vendas.

- Steve Jobs, citado em "A Cabeça de Steve Jobs"


O trecho acima foi surrupiado de um dos capítulos mais provocativos e controversos do livro "A Cabeça de Steve Jobs", o capítulo 6 - "Espírito Inventivo". Leander Kahney, o autor, pinta um Jobs romântico, que coloca a experiência do consumidor acima de tudo. Acima de tudo mesmo! Inclusive das vendas.

Para ilustrar o ponto, Leander mostra uma das poucas frases de Jobs que não aparecem acompanhadas de referência. Ou seja, o autor não mostra quando e onde Jobs falou. Mas Leander fala que Jobs falou (hehe) que os problemas da MS começam quando o cara de vendas (Ballmer) assume o lugar do programador (Gates): "...nessa hora o melhor pessoal de produtos já foi embora, ou então ninguém mais ouve o que eles dizem". Problema semelhante aconteceu na Apple, quando Sculley assumiu o posto de CEO e despachou Jobs. Mas esse é outro conto.

Diversas histórias apresentadas no livro provam que as intenções de Jobs não são balelas que ficam apenas naquele quadrinho "Nossa Missão", que geralmente é pendurado em paredes de corredores vazios. Por exemplo: os "vendedores" das lojas Apple não recebem comissão. Motivo? Ron Johnson, VP de Vendas, "queria os funcionários ligados ao coração dos clientes, e não aos seus bolsos". Eu não disse que tem um "q" romântico nesse papo todo? Romântico, mas sério!

E particularmente provocativo e controverso quando penso em nosso impávido e colossal mercado tupiniquim de TI. Até me fez lembrar de uma história bem legal. Saca só:

Aquela imensa empresa de serviços financeiros precisava de um sisteminha. Um "puxadinho" que envolvia troca de dados entre seu monumental mainframe e a tal "plataforma baixa". Abriu concorrência, publicou uma generosa RFP (solicitação de proposta) de 11 páginas e convidou uns 7 potenciais fornecedores para uma única reunião de "esclarecimentos".

Sala apertada, vinte e poucas pessoas, muitas dúvidas e alguma balbúrdia. Sem cafezinho. Reuniões assim são divertidas porque são do tipo "estoura boiada". Explico: os concorrentes ficam morrendo de medo de falar. Medo de falar besteira ou de revelar alguma estratégia "vencedora"? Fico com a primeira opção. Mas basta que uma se mostre corajosa para as outras perderem a timidez e encherem o outro lado com perguntas dos mais diversos tipos e níveis: da "beabá-bocoió" até aquela hilária mesmo, do tipo que ganharia concurso de piada.

Mas nem tudo é comédia. Há suspense também. Porque o cliente, pra variar, quer fazer uma compra com "preço fechado". Nada dá mais gelo na barriga da turma de TI do que este binômio: "preço fechado". Uma RFPzinha de 11 páginas, uma reuniãozinha de 33 minutos e... Shazam! "Quanto custa e quando vc me entrega?"

Mas este causo tinha um detalhezinho importante: o cliente não estava solicitando nada! Explico de novo: NADA do que o cliente pediu fazia sentido. Não havia um objetivo claro, nem um mísero caso de uso. Havia um tanto de definições e, principalmente, de restrições técnicas. Mas NENHUM requisito minimamente claro. Um dos concorrentes tentou avisar, ainda na reunião, que nada daquilo fazia sentido. Como não foi ouvido, deixou quieto. Sua briga, tão logo encerrada a reuniãozinha, foi outra: convencer o vendedor que o acompanhava que eles não apresentariam uma proposta. Sorte dele que o vendedor era gente fina e tava bem de grana (de outras comissões, outros projetos).

Quando comunicado, o cliente não entendeu bem: "como assim, vocês não vão mandar proposta?". O vendedor confirmou e explicou: "Sua solicitação não faz sentido".

Uma semana depois do prazo para a entrega das propostas, todos os 7 concorrentes foram chamados para uma nova reuniãozinha. Sim, os 7! Inclusive aquele "arrogante" que não apresentou uma proposta. Representantes orbitais do cliente começaram a reunião tentando identificar caras: "ah, foram vocês que não mandaram a proposta, né? Pois é, vocês estavam certos - nada do que pedimos fazia sentido!".

Estranho não foi o reconhecimento do erro, uma quinzena depois. Estranho foi o fato dos outros 6 concorrentes terem enviado uma proposta!

Acho que é um causo que ilustra bem o que o Jobs chama de empresa guiada pelo "Cara de Vendas".

Quando você passa horas e até dias dentro de ônibus e aviões não há nada melhor a fazer do que ler um bom livro. Ops.. Há sim. Puxar papo com a bela morena que senta ao seu lado. O problema é que belas morenas andam raras em aviões e ônibus... Pelo menos naqueles que pego. Restam os livros.

Depois de muito hesitar, comprei em Maringá "A Cabeça de Steve Jobs". Explico a hesitação: apesar das credenciais do autor, Leander Kahney, editor da Wired.com, o título me afastou um pouco. Conferi, é a tradução correta do nome original, "Inside Steve's Brain". Não tenho o menor interesse em mergulhar na indecifrável cabeça de Jobs. E não acredito que alguém tenha condições de transcrevê-la, seja em que meio for. Outro item do livro que espanta na primeira folheada são os checklists que encerram todos os capítulos. Coisinha "for dummies" ou para aquela turma que só lê os resumos. Mas, na falta de melhor alternativa e com a certeza de mais um vôo atrasado, fiquei com o livro.

Que sorte eu dei! Estava totalmente enganado sobre o livro - o título poderia ser bem melhor. Leander traça um belo histórico de Steve, da Apple, da Pixar e da NeXT. Inevitável que ele acabe tocando também MS, HP, Xerox, Dell e outras. Ou seja, está ali uma boa parte da história da nossa indústria, contada de forma simples, objetiva e... apaixonada. Sim, Leander não consegue disfarçar que após 12 anos cobrindo a Apple se tornou um fã daquela empresa. Mas não um fã bobo. Ele consegue descrever os fracassos daquela empresa, inclusive os erros do Jobs. De forma econômica e breve, mas consegue.

Quando um livro dispensa marca-textos é porque ele só pode ser lido de uma forma: de cabo a rabo, na sequência originalmente proposta pelo escritor. E, saiba, a sequência é estranha. Os capítulos são organizados em torno de características da "cabeça" de Steve Jobs: Foco, Despotismo, Perfeccionismo, Elitismo, Paixão, Espírito Inventivo... Estranha mas bem sacada, já que permite que o escritor conte histórias que ilustram bem facetas de Jobs e, principalmente, da Apple. É jóia poder conhecer um pouco mais sobre Jonathan Ive, Ron Johnson e Tim Cook - três caras fundamentais na história recente da Apple mas que aparecem muito pouco.

Devo escrever alguns posts e graffiares para destacar alguns pontos do livro. Mas a maior provocação eu já deixo aqui: você trabalha em TI? Dê o livro de presente para seu patrão. Você trabalha no varejo? Dê o livro de presente para seu patrão. Seu trampo é uma chatice só? Dê o livro de presente para seu patrão. Você é o patrão? Compre o livro! Não entendeu nada? Compre o livro!!!


Dia 14/jun de 2005: publiquei o seguinte post. É curto mas vou te poupar o clique. Conclui aquele postinho da seguinte maneira:

Oracle+Peoplesoft(JD Edwards), Siebel, SAP+MS, Datasul, Microsiga+(Logocenter+APSoft) que tanto falam em atacar o mercado PME (Pequenas e Médias Empresas) deveriam prestar mais atenção ao futuro bicho papão do mercado de ERPs+CRMs: o Compiere.


Agora, exatos 4 anos depois (!), a INFO do mês apresenta o artigo: "O ERP Agora é Open Source".

Além do Compiere, falam também do SugarCRM e do vTiger CRM. E citam as empresas tupiniquins que estão fazendo a roda rodar: Megawork (ES), Lâmpada Global Services (SP), TTCA (PR) e WBA (SP).

O processo é muito, muito mais lento do que imaginei. Mas nunca duvidei de nossa capacidade de aproveitar boas ideias (fazendo grana!).

Coisas que Não Entendo

09 junho 2009

São várias (as coisas que não entendo). Algumas menos que outras. Por exemplo, não consigo entender "As 100 Empresas + Ligadas do Brasil", lista publicada anualmente pelo INFO, um cadinho antes da listona de sua co-irmã, "As Melhores e Maiores" da EXAME. 


Não entendo porque:
  1. Os critérios não são muito claros;
  2. Os critérios são simplistas (investimento em TI, nº de computadores, nº de funcionários, reciclagem e tecnologias limpas); e
  3. A turma que elabora a lista nem se preocupa em mostrar a evolução das empresas em relação ao ano anterior.
Ou seja, parece coisinha de matar tempo; matar algumas curiosidades e matar de rir. Por exemplo, tem empresa que registra um investimento total de US$ 51 milhões em TI e tem apenas 50 funcionários! É das mais ligadas! E contradiz outra informação que vem na mesma pesquisa: 73% dos profissionais de TI são contratados diretamente, contra 27% de terceirizados. Tem gato em tuba que não resiste a uma lupa. 

Assim como tem informação que não resiste a 2,3 segundos de análise. Por exemplo: 34% das empresas afirmam ter blogs, mas apenas 22% têm "RSS". Dá pra entender?

Não, assim como não dá pra entender como empresas "ligadonas", como a Petrobras Distribuidora (22ª colocada na listinha da INFO), lance mão de recursos de terceiros e gratuitos para hospedar um blog. Tô falando do desesperado petrobrasfatosedados.wordpress.com, blog que a empresa lançou para "combater" a CPI (que, diga-se de passagem, não dará em nada). A empresa torra US$ 17 milhões em TI e não tem um servidorzinho 1/2boca para hospedar um blog?!?

Também não entendi o último gráfico da matéria. Trata de "plataformas de desenvolvimento mais utilizadas" e mostra Java (79%), .Net (67%), ASP.Net (63%) e C# (30%). Das duas, uma: ou a turma não sabe perguntar ou a turma não sabe responder. Resumo fácil: ninguém sabe do que está falando!

Se soubessem, e se fosse tudo verdade, o Brasil deveria figurar no topo da lista dos países mais "ligados e antenados" do mundo: afinal, 49% das nossas empresas já estão, de alguma forma, "na nuvem". Só se for no sentido figurado.

KM Vai de Táxi

06 junho 2009

Sempre andei de táxi - nunca dirigi. Deslocamentos em Sampa e outros lugares (exceto Vga)? Via metrozão (onde existe) e táxi. Já tem um tempinho que reparei num padrão mas resolvi testar antes de entregar aqui.

Lego taxi (Flickr user impala74 (cc: by-nc-sa))

É o seguinte: as empresas, particularmente as grandes, não têm noção de quanto conhecimento sobre elas anda de táxi. Sim, nas cabeças, falas e fofocas dos taxistas. Sou um falastrão e informalmente treinado em puxar e esticar papos (que interessam). E os taxistas adoram desfilar seus conhecimentos sobre aquela empresa que normalmente é vizinha ou cliente cativa do "ponto". Muita gente se assustaria com a quantidade e a qualidade da informação que os taxistas dominam.

É tudo muito estranho. Sempre tenho que assinar um NDA (acordo de confidencialidade) quando começo a atender um cliente. Da última vez perguntei ao simpático motorista se ele não estaria "quebrando" um NDA. "Hã? Quebrando o que, senhor? Olha, o carro acabou de sair da revisão...". Hahaha..

No beabá da KM (Gestão de Conhecimentos), tem uma classificação do tipo:
  • A Gente sabe que Sabe
  • A Gente sabe que Não Sabe
  • A Gente não sabe que Sabe
  • A Gente não sabe que Não Sabe
Pelo andar da carruagem (c/ taxímetro), vamos ter que inventar uma 5ª categoria: O que o taxista sabe! E como sabe. Não raro eles levam o CEO para o aeroporto, ou para casa. CEO mesmo - o chefão dos chefões! E muitos não ligam em compartilhar com os motoristas suas agruras e preocupações. Até estratégias!

Resta torcer para que minha "dedurada" aqui não gere movimentos de censura a um dos mecanismos de KM mais eficazes que já vi. Quase tão útil quanto as maquininhas de café.

Dica do Vitão (Tks! Bro), um artigo do Estadão/Link:

Hermeto Pascoal libera sua música para fluir ao vento, como pétalas

Nosso Beethoven do século XX não entende muito esse papo de bits, Internet e afins. Mas entende como poucos o significado da palavra LIVRE. Por exemplo, o título deste post é também o nome de um LP que ele lançou em 1973. Bão: Hermeto tá liberando toda a sua discografia (coisa de 34 obras). LIBERANDO, literalmente. Sem condições nem bafafá, através de seu site.

O Futuro das Editoras

03 junho 2009

O tema muito me interessa. Desde que decidi entrar nesse mercado (pela porta dos fundos). Quero crer que interesserá também minha 1/2 dúzia de leitores. 
As editoras começam a enfrentar agora o mesmo desafio que as grandes gravadoras encaram há quase 10 anos: a inevitável conversão de seus átomos em bits. Saca só: tiveram pelo menos uma década para se preparar e aprender com os erros dos outros. Pelo visto, desperdiçaram o tempo. A última edição da EXAME (3/jun) tem um artigo chamado "O Papel vai Sumir?". Legal, o texto fala sobre o Kindle da Amazon e as mudanças que batem nas portas das editoras. Conclui, de maneira acertada, que "o papel não vai tornar-se obsoleto". Até aí, tudo bem.
Mas quando começam a tratar do perigoso tema "pirataria", a coisa desanda. Foram ouvir o Sr Roberto Feith, presidente da editora Objetiva. Saca só:

Os prejuízos com a pirataria podem ser mais graves para a indústria editorial do que para a indústria de música. E existe outro ponto importante: os artistas podem viver de shows, mas os escritores não têm uma fonte alternativa de receita.


Lá vem terrorismo de novo. Tipo de artimanha usada para justificar as práticas mais draconianas (como rootkits e outros esquemas miraculosos de proteção de conteúdo etc etc).
Caríssimo Sr Roberto Feith:
  1. A maioria dos escritores que conheço, tanto de ficção quanto de não-ficção, tem sim outras fontes de receitas. São palestrantes, professores, gerentes, coordenadores de cursos, cientistas, roteiristas etc etc. Uma parte deles licencia seus trabalhos para o cinema, TV ou teatro. Ou seja, o que não falta é alternativa de receita para escritores.
  2. O senhor está num mercado que gira cerca de US$ 400 bi por ano no mundo todo (dados da própria EXAME). Qual é a fatia dos escritores?
  3. O medo da mudança (que, saiba, é inevitável) é o pior ponto de partida que Vs Sa e seus colegas podem adotar. Duvida? Então leia de novo a história da Apple, do iPod e do iTunes e do impacto deles no mercado da música. 
  4. Não entendeu ou não concordou? Tente então o mercado de pastelarias. Lá a pirataria não chega, ok?

Quando encerrei o post sobre bullshitagens (ou Embromações, em português bem claro) pensei em uma pequena série com exemplos bem nossos. Na hora lembrei d'uma coleção antiga da "Info Corporate", uma das maiores fontes semi-independentes de embromação que já vi em meus 23 anos de vida profissional. Mas, que pena, a coleção tá lá em Vga. Já estava esquecendo a ideia quando vi um emailzinho aqui... da Info Corporate! Salivei... E nem precisei vasculhar muito. Saca o prêmio - um artigo assinado pelo Gartner! Saca só as pérolas:

A arquitetura corporativa traz valor ao negócio?
O Gartner identificou cinco questões que vai ajudar os CIOs a assegurarem-se que sua iniciativa de arquitetura corporativa está no caminho para entregar valor ao negócio.


Na definição do Gartner, a arquitetura corporativa é o processo de traduzir a visão de negócios e a estratégia em mudanças corporativas efetivas. Um plano de arquitetura corporativa direcionado ao negócio irá ajudar a identificar a otimização de oportunidades e assegurar uma aproximação racional do investimento, balanceando as necessidades de hoje com as oportunidades de crescimento de amanhã.


"Os CIOs parece perceber intuitivamente o valor que a arquitetura corporativa traz, mas nós achamos que muitas empresas ainda continuam a lutar com isso."


Caraca... a Abril agora tá economizando até em tradutores e revisores? Mas, voltando ao tema Embromação. Os caras embromam ou não embromam direitinho?

Identificar a otimização de oportunidades? Assegurar uma aproximação racional do investimento? E a definição de Arquitetura Corporativa então... Sério: não sei se alguém sério ainda lê esse tipo de coisa.

Notas:
  1. Eu não sou (muito) sério. Mas só li o artigo em questão por sacanagem mesmo.
  2. Por que há tempos avisei que a Info Corporate não pode ser séria


Deu na Info: "Nerds americanos têm aula de comunicação". Resta torcer para que não seja com idiotas.

Uma multidão de Nerds falando como Idiotas seria um claro sinal de que o fim do mundo tá próximo...

Furei de novo minha lista de leituras. Tem poucos dias que o Marco "Boo Box" Gomes informou via Twitter* que havia 'vendido' uns 10 volumes de "Por que as Pessoas de Negócios falam como Idiotas". Nem busquei a origem do papo - minha curiosidade já estava devidamente ativada. Explico: por alguma razão (preconceito) qualquer, não esperava ver um título assim recomendado pelo Marco. Um livro de "negócio" que fale para ele muito me interessa.


Entre ontem (incríveis 6 horas no trajeto Vga-Sampa, que tem só 319km) e hoje eu "engoli" o livro. Leitura pesada mas muito agradável. E hilária em muitos momentos - coisa de arrancar boas gargalhadas. Mas é pesada sim, na forma como destrói idiotas. Me vi ali, em diversos momentos. Aliás, revi um monte de idiotas perfeitamente retratados no livro. 

Brian Fugere, Chelsea Hardaway & Jon Warshawsky, os autores, organizaram seus desabafos e dicas em 4 grupos de armadilhas:
  • da Obscuridade: os jargões, siglas e outros enigmas que despejamos diariamente em nossos papos e documentos - particularmente quando precisamos disfaçar nosso não domínio em determinado assunto;
  • do Anonimato: sobre empresas que, ao mesmo tempo em que tentam parecer únicas, insistem em capar e padronizar seus "talentos";
  • da Venda Agressiva: sobre a falta de educação e de bom senso de alguns "vendedores". Do excesso de "Eu", e coisas do tipo;
  • do Tédio: trabalho não é diversão. Mas também não precisa ser algo sem graça e sem cor.
O livro já entrou naquela parte da estante que se chama "Obrigatórios para Todo Mundo". Pense num "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas" versão 2.0, criado para pessoas do século XXI. Calma! Me permita concluir: "Idiotas" ajuda a desconstruir o mundo de falsidade que "Como Fazer Amigos..." ajudou a criar.

Se você não é um Urtigão e saber se comunicar em uma empresa é uma das habilidades que exigem de ti, tenho outra sugestão: "Obrigado pela Informação que Você NÃO me deu!", de Normann Kestenbaum. É menos desconstrutor e mais prático que o anterior. Na realidade, um complemento perfeito para "Idiotas". 

Normann fala sobre a necessidade de objetividade e simplicidade em nossas comunicações. Que hoje em dia ninguém mais tem tempo (nem saco) para documentos com centenas de páginas e muito menos para apresentações com dezenas de slides. 

Você consegue vender um projeto com, digamos, 6 slides? E que tal um documento de visão ou proposta técncia com apenas 10 páginas? 10 páginas e nada de encheção de linguiça, nada de embromação. Que sonho...

O problema é que muita gente vai morrer de fome se não conseguir embromar mais ninguém...

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* Siga-o! Muito ativo, tem o que falar.

Pensando alto: qual a maior embromação do ano? Podia ter um prêmio assim, né? Já tenho meu candidato: "TUDO quanto é tipo de software para TODO mundo. Soluções para ALAVANCAR a gestão da sua empresa".