Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Decadence Sans Elegance

28 novembro 2007

Diz aí, o que aconteceria com uma Intel "da vida" se ela lançasse, 5 anos depois, um processador com a metade da performance do anterior?

Vamos mais longe: o que aconteceria com a Ferrari (na F1), se seu modelo 2007 tivesse a metade da performance do modelo 2001?

Pois é: testes (fidedignos!) garantem: o Vista, mesmo com o SP1, tem menos de 50% da performance do XP com SP3. Haha..

Num dos testes, enquanto o 'Berrante' se arrastou por 80 segundos, o XP precisou de 35". Todos foram executados num Dell XPS M1710 com um Core Duo de 2Ghz e 1Gb de RAM.

Pq a decadência se dá sem um mínimo de elegância? Pq quando confrontado com os números de adoção do Vista pelo mundo corporativo (13% em um ano), um VP da MS (aka porta-foz do Ballmer) me saiu com essa: "O mundo não está pronto para o Vista". Hahaha 10x!!

Diz aí: essa coisa tá pronta?

Não posso citar nomes. Mas posso contar pequenas histórias que comprovam uma tese batida: o andar de baixo imita o comportamento e a ética do andar de cima. Mesmo quando sabe que está "jogando sujo". Os dois causos abaixo envolvem "representantes" de gigantes transnacionais.

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Julho de 93 (pois é, sou jurássico). Numa empresa de médio porte do Sul de Minas abri uma concorrência para a aquisição de um novo servidor. Finalmente podíamos comprar o supra-sumo da tecnologia - a reserva de mercado tinha acabado. Eu precisava trocar uma máquina Digirede (baseada em Motorola 65030, com uns 128kb de RAM) por algo mais moderno e robusto. Processador RISC, megas de RAM e disco respeitável. Duas empresas, ambas de BH, entraram na concorrência. O empresa A me pediu uns US$ 15k. A empresa B, US$ 14k. A documentação da concorrência dizia bem: preço não era o fator fundamental. Buscávamos uma plataforma nova, aberta e extensível.

A opção A, tecnicamente falando, era muito superior. Descobri tempos depois que foi uma das primeiras instalações do processador PowerPC no Brasil. Para ser mais exato, a 7ª máquina. As outras 6 foram instaladas na Petrobras. Pensa bem, uma cooperativa de leite, no Sul de Minas (não, não é aquela envolvida em "soda cáustica"), numa cidadezinha de 15 mil habitantes, com uma máquina tão... nova! Mas... desviei o assunto.

Fiz a opção técnica e a justifiquei para a diretoria, que aprovou minha sugestão. Comuniquei as duas empresas concorrentes. Na manhã seguinte, a empresa B envia um fax para nosso diretor administrativo oferecendo sua máquina por US$10k. Mineiro que não sabe lidar com mineiro: sua empresa foi proibida de participar de qualquer nova licitação da cooperativa.

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Entre 2001 e 2002 desenvolvemos uma boa parceria com um freguês do Paraná. Era a 3ª vez que eles compravam um upgrade de um projeto nosso. Projeto que foi destacado pelo presidente daquela empresa como estratégico. Apareceu até na EXAME, da Abril. No mercado de serviços é assim: freguês só é freguês de verdade quando realiza a segunda compra. Estávamos na terceira transação: relacionamento consolidado. Frágil sempre é, mas a confiança mútua é nítida. Por isso o freguês nos chamou para um novo projeto. Muito maior, mais complexo e tão estratégico quanto o primeiro.

O freguês, ao contrário de muitos, tinha uma visão bem clara de sua plataforma tecnológica. Dada a criticidade e relevância do projeto, achei por bem comunicar o fornecedor daquela plataforma tecnológica. Esperava seu envolvimento técnico e, claro, comercial. O fornecedor destacou um colaborador de sua filial naquele estado para o primeiro atendimento.

Uma semana depois o freguês me liga: "Não entendi. O cara chegou aqui, entendeu o projeto por cima e disse que tinha um parceiro para indicar". Apunhalada pelas costas que o fornecedor nunca sequer admitiu. Mesmo em reuniões em sua matriz, em Sampa, a desculpa era sempre a mesma: "Não temos nada registrado em nosso 'histórico'". Céus... decidi então que era a última vez que me relacionava com aquela empresa. Não dá pra confiar em quem não tem ética e tem um estoque de óleo de peroba maior que a mega-jazida de Tupi.

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Escolhi duas entre dezenas de histórias que mostram, entre outras coisas, o quanto nosso mercado é sujo. E que a sujeira, o mau comportamento, é herdado do andar de cima. Engraçado é que, com o tempo, você ganha fama de bobo. A sujeira é muito disseminada, e tem tempos que você acha sim que é bobo. Seguirei bobalhão. E colecionando amores.

Ontem falei do OLPC e da "ética" WinTel (leia-se MS + Intel). Me avisaram d'um absurdo que está prestes a ocorrer na Nigéria (outra esquina do terceiro mundo). Versão resumida do causo:

O governo daquele país africano queria comprar 17 mil máquinas para a estudantada. No primeiro dos desvios de difícil explicação, optou pelo Classmate da Intel (em detrimento do XO da OLPC). Ok. Como negociavam hardware e software em separado, abriram e fecharam acordo com a Mandriva. O Mandriva Linux seria o sistema operacional das maquininhas. Tecnicamente, uma escolha bem feita. Pronto, podia tudo ter terminado assim. Mas, sabe-se lá pq, o governo nigeriano torrará grana com software de novo! E trocará o Mandriva pelo Windows!?!?

François Bancilhon, da Mandriva, escreveu uma carta aberta para Steve Ballmer. Saca só um trechinho:


Wow! I’m impressed, Steve! What have you done to these guys to make them change their mind like this? It’s quite clear to me, and it will be to everyone. How do you call what you just did Steve? There is various names for it, I’m sure you know them.

Of course, I will keep fighting this one and the next one, and the next one. You have the money, the power, and maybe we have a different sense of ethics you and I, but I still believe that hard work, good technology and ethics can win too.


O que ocorreu entre a escolha do Mandriva e a decisão de trocá-lo pelo Windows? Temo muito que o afastamento do governo brasileiro do projeto OLPC sofra d'algo parecido. Aliás, temo muito pelo futuro desse tipo de iniciativa. Tem muita grana em jogo. Tem 1 bilhão de "brinquedinhos" em jogo. E tem gente que joga com regras muito esquisitas, quando não escondidas. Pergunto: quem fiscaliza isso?

Último detalhe: repare neste outro artigo da ZDNet que o Brasil deixa de ganhar um dinheirinho com a decisão do governo nigeriano. Apareceu algo sobre na nossa "prensa"? Não vi...

Quando estudamos criatividade e inovação, uma das primeiras lições é: nunca julgue as idéias de "bate-pronto", de imediato. Trata-se de uma das 4 regrinhas fundamentais que delimitam uma sessão de "toró de parpite" (também conhecida por Brainstorming). Mas a regra vale para todos os momentos.

Pois bem, em 10/out/05 pintou por aqui o graffiare #175, destacando o mais hilário vencedor do prêmio IgNobel daquele ano, o incrível CLOCKY:

O Clocky é um simpático despertador que tem uma característica inédita: ele sai correndo. Isso mesmo, quando desperta, nada de tecla "soneca". Além de disparar o barulhão, ele sai correndo pelo quarto e pela casa. Ou seja, deve ser super eficaz para arrancar roncadores da cama. Mas, lá em 05, mereceu um IgNobel e um graffiare.

Pois bem, qual não foi minha surpresa quando vi o bichinho na penúltima página do guia de Tecnologia (jabá-driven) publicado pela Veja no último final de semana. Gostou? US$ 50 é o preço do simpático (ou irritante) corredor.

ou Uma Padoca de Periferia?

Há mais ou menos 1 mês o "bicho tá pegando" em alguns grupos de discussão, particularmente no CMM-BR e no UML-BR. Assuntos intercalados, debates acalorados: Universidades x Mercado, USP+Unicamp+outras x resto do mundo, Brasil x Índia+China, Dunga x resto do Brasil... O Dunga é sapo (em todos os sentidos possíveis), o resto é papo sério. Muito sério.

A última thread (em ambos os grupos) foi motivada por este artigo da Bites. É uma entrevista com Marco Bravo, diretor de software da IBM.br. Saca só o graffiare:


Como vamos disputar com alguém que cobra US$ 1 por hora de trabalho? Deveríamos considerar outras opções.


Ele não é o primeiro a falar que a concorrência com a Índia e a China, nos moldes atuais, é um caso perdido. Mas, pelo jeito, é o primeiro a ser ouvido. Ou levado a sério. Porque, até então, a norma era o velho espírito de galvãobuenismo, também conhecido por "me engana que eu gosto": Gostamos de inventar metas de exportação de software de US$ 2 bi quando realizamos só uns US$ 4 mi.

Segundo Marco Bravo, nossa saída é virar uma "boutique de tecnologia". Como eu gosto de dizer, ambição pequena é bobagem [1]. Uai, não soou incoerente com o que acabei de criticar no parágrafo anterior? Leia a observação [1] abaixo. Não mudamos praticamente nada. Torramos uma graninha reinventando rodas (MPS.br) e patrocinando algumas excursões. Nenhum dos movimentos (subsidiados ou não) mirou seriamente o salto de US$ 4 mi para US$ 2 bi.

A ambição proposta pelo Bravo é diferente: alterar radicalmente o perfil de nossas ofertas. A briga por preço está perdida. A briga por capacidade de atendimento (escala) está perdida. A briga criativa, não! Inovação é o nome do jogo. Todo mundo sabe. O problema é saber por onde começar. Pior, o problema tupiniquim parece ser *começar*.

Quem tem a cabeça muito fechada nunca começa nada.
Quem tem a cabeça muito aberta nunca termina nada.

- Scott Berkun (em "The Myths of Innovation")


Não começamos nada. Não inovamos. E, nas raras vezes que iniciamos algo, somos mais lentos que um cágado manco. Para não ficar só na retórica chata, alguns exemplos:
  • O Ginga é uma plataforma aberta. Nossa. Equipará todas as nossas TV's. Mais de 100 milhões de TV's nos próximos 4 anos. É o sistema operacional da nossa nova TV Digital. Mas a TV digital que chegará nas casas dos paulistanos no próximo 2/dez não oferecerá um mínimo de interatividade. Ou seja, o grande salto da TV digital (alardeado em várias inserções de 30" em todos os canais abertos) não será experimentado tão cedo.
  • Quer comparar? O GPhone (o SO para mecanismos móveis da Google) terá centenas de aplicações logo que chegar ao mercado. Nem é necessário dizer que as melhores repartirão a bagatela de US$ 10 milhões. A motivação não é só o prêmio: é a expectativa de levar uma bela fatia de um mercado "novo". Aqui em Pindorama vemos algo parecido? Preciso citar as diversas aplicações que nascem para o Facebook diariamente?
  • O OLPC, assunto d'outro post de hoje, também é uma plataforma aberta. Alguém aí viu alguma iniciativa para oferecer aplicações ou serviços em torno dela? Não... e alguns tapados ainda acham que é coisa para "ONG's"...
  • Aliás, será que a Google saberia nos dizer quantas empresas brasileiras se interessaram pelo GPhone? Quantas baixaram o kit? Garanto que conto nos dedos da mão.
  • Aliás II, será que o BNDES nos diria quantas empresas entraram no PROSOFT? Quantos empregos o programa gerou? Mais importante: quais inovações gerou ou pretende gerar?
  • Aliás III, será que ninguém sério (haha) vai propor que o BNDES institua premiações como aquela da Google? Tipo: cara (empresa), cada produto ou processo inovador significa R$ X mil de desconto no valor do empréstimo. Se for para a Educação ou para o Ginga, multiplique o desconto por 2. Pô, incentivos fazem bem! Se Esporte e Cultura merecem tanto, pq não inovação em TI?
  • But... BNDES não é Google. É um começo. Mas nossas empresas também precisam ser reinventadas. E, se tem um modelo a ser copiado, esse modelo é a Google.
Voltando para a retórica chata: 90% do nosso mercado é RH disfarçado de TI. É 'body-shop' bobinho, que se descabela por preço. Em ambas as pontas. Agrega pouquíssimo valor. É culpa só das empresas? Claro que não. É de todos nós, vendedores e compradores, entregadores e enroladores.

Como sair d'um desenho tão ruim, de padoca de periferia, para virar uma "Boutique de Tecnologia"? Hmm... dá pra chamar os universitários? Hem, daquelas BAITAS universidades que ensinam COBOL e nada de OO?!?! Hmm...

Se der vontade volto ao tema. Para desespero das 10 1/2 dúzias de leitores fiéis...

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  1. Numa das threads, o sempre certeiro Adail Retamal falou sobre grandes ambições, ou grandes objetivos. Foi mais ou menos assim: quando a diferença entre onde vc está e onde quer chegar é pequena, você acredita que suas capacidades atuais serão suficientes para que o objetivo seja atendido. Quando você coloca grandes metas - aumentando o gap ("buraco") entre onde vc está e onde quer chegar - há (ou deveria haver) uma mudança de paradigma. Você sabe que precisará de mais "munição". Que as competências atuais não bastam.

Pois é, reforço a questão da ZDNet: por onde anda o Ozzie?



Vish.. perguntei errado para o Google. Tô falando do outro Ozzie (com "ie"), o substituto do Tio Bill. Cadê ele?



O Wally tá fácil. Perguntei do Ray Ozzie, cadê ele? Quem encontrá-lo na paisagem acima ganha uma cópia do Windows "Casas Bahia". Usada! haha..

10 segundos...

Achou? Parabéns! Vendendo "algodão doce", né? Oras, não deixa de ser um tipo de "cloud", kkk. Porque, para o desalento do sumidaço Ozzie, em 2 anos e meio de MS foi tudo o que ele conseguiu: uma barraquinha de algodão doce, também conhecido por Live.

Um laranja dele disse que o mundo não quer o Office "nas nuvens" (clouds). Ou seja, o laranja-lima disse que a Google tá redondamente enganada em sua estratégia "Documents". Quem não tem papa na língua nem rabo amarrado lê d'outra maneira: "puxa mano, tá um trampo danado esse papo de fazer o Office funcionar na Web. Não tem nuvem que güente um elefantão pesado daqueles..."

"Ah, então fala aí que ninguém precisa de Office nas nuvens e tudo bem. Daqui uns 5 anos a gente muda o discurso".

A questão é: A Google vai esperar? Você vai esperar? Espera sentado. Saboreando o belo e efêmero algodão doce do Ozzie.

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Quem sabe não espera. O Sabeer Bhatia, que embolsou US$ 400 milhas vendendo o Hotmail para a MS, sabe (ufs, ridículo - o trocadilho). Ele tá lançando um Office "nas nuvens", todinho baseado em... Flash!!

Corajoso o cara. Mas, pelo jeito, mais ágil e eficaz que o Ozzie. E mais falante também:

Estamos bem perto do fim do mercado dos sistemas empacotados. Em 2010, as pessoas não vão mais comprar software. Taí uma bela ameaça para uma bela fatia do faturamento da MS.

*Ética* é assunto quente em Pindorama há uns 2 anos. Na boca de muitos e no dia-a-dia de poucos. Minha sensação é de que já é possível ter sono tranquilo mesmo quando a consciência pesa toneladas. Ou teríamos uma imensa população de insones.

Um dos problemas com a discussão sobre *ética* é a localização. Não raro, parece que a falta de ética é uma exclusividade (ou maldição) tupiniquim. Fazemos, particularmente nossa "prensa", vista grossa para os maus exemplos que vêm de cima. Agora não falo do andar de cima metafórico, mas de pessoas e entidades que moram no lado de cima da linha do Equador.

Quando Nicholas Negroponte lançou o OLPC (One Laptop per Child) foi automaticamente bombardeado por duas empresas que, na teoria, perderiam bastante com a idéia. Mr Bill e sua MS depreciavam o brinquedinho chamando-o de... "brinquedinho". Pra variar, não entenderam nada. Mas, claro, colocaram seus rolos compressores/opressores no campo de ataque. E começaram a oferecer um "pacotinho" (com Windows, Office e outros "brinquedinhos") por US$3 para o tal "mundo em desenvolvimento". A MS nunca havia pensado naquele nicho (e não me venham com o Windows "Casas Bahia", please! Estou falando de um nicho que não ganha US$ 1 por dia). Aliás, chamar esse nicho de "nicho" é quase uma falta de consideração. Falta de sensibilidade.



A outra empresa que se sentiu "prejudicada" pelo OLPC foi a Intel. Bateu pesado: e desenvolveu um material de marketing para comparar o XO (o laptop da OLPC) com seu Classmate. Caramba! Jogaram sujo, a exemplo da MS. Lançaram campanhas e artimanhas que CADE, PROCOM e OMC costumam chamar de "concorrência desleal" ou "abuso do poder econômico".

Quando a explícita falta de ética começou a respingar, ambas as empresas se apressaram e se "filiaram" ao OLPC. Seguiram comentendo "deslizes", como mostra esta matéria do Wall Street Journal do último dia 24/11. Alguém cobra-lhes *ética*? Que nada... rolo compressor econômico é isento.

Fica uma questão, bem colocada por Larry Dignam (ZDNet): MS e Intel estariam tão preocupadas com a educação de crianças do terceiro mundo se o OLPC não tivesse existido?

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Mas, apesar dos pesares (e sacanagens), o OLPC vai bem, obrigado. Nicholas acaba de divulgar a prorrogação da campanha "Compre um, doe um". Não atingirá a meta de 3 milhões de "brinquedinhos", mas pelo menos uns 200 mil deles devem ser entregues para crianças das esquinas do terceiro mundo até o final do ano.

O OLPC está distante de todas as suas metas. Distâncias comprometedoras, mas que não fizeram o projeto parar (ah, se fosse no Brasil). O GAP só pode ser reduzido com escala. E por que falta escala? Porque Negroponte foi traído por alguns parceiros de primeira hora, como o Governo Lula, por exemplo. O OLPC esperava que alguns países fizessem uma encomenda inicial de 1 milhão de laptops. Não rolou. E, aqui, ninguém explicou.

Pirataria Burra

23 novembro 2007

Minha terrinha, Varginha (que adora diminutivos e redutores), passa por uma fase bem "braba" ultimamente: Traficantezinho preso no rio; Porto Seco repleto de mãos molhadas; VEC classificando de raspão para a 2ª fase da terceirona; e um combate bem "retumbante" contra a pirataria.

Primeiro sumiram os camelôs repletos de CD's e DVD's "não-católicos". Esta semana foi a vez das lan-houses. Varginha vive de modinhas, e a última é "lan-house". A maioria não merece uma visita, não oferece o mínimo. Mas parece que todas receberam uma visitinha da polícia (ABES-like). Quase todas se finaram. Quase todas eram municiadas por cópias do Windows não aprovadas por Tio Bill. Duvido que alguma tenha grana para pagar a leve multa. Ou seja, Varginha deve perder 90% de suas "casas de rede".



Êta povo besta! 70% dos frequentadores dessas casas vão lá para ler emails, fofocar no Orkut ou "messenger" (sic), e navegar meio sem rumo. Pequena parte deles utiliza o Office (leia-se Word). Como o cara tem coragem de funcionar em público com cópias piratas? Deve pensar assim: "ah.. Vga é uma cidade pequena.. ninguém liga..". Meus caros, o braço da opressão é mais longo que a língua de suas lavadeiras!

Creio que poucos deles teriam grana para montar uma "lan-house" 100% correta (aliás, existe negócio 100% correto? No Brasil?!?). Torram R$ 12k em 10 micros. Não teriam coragem de torrar uns R$ 15k em software, né? R$ 15k porque as opções baratas não servem. Por exemplo, o Windows "Casas Bahia" (aka "Starter Edition") não roda em rede! Como montar uma "lan-house" com um SO que não entende redes? hehe.. A MS é míope que dói. Se tivesse um marketing verdadeiramente tropicalizado, teria detectado a "janela de oportunidade" e lançado um belo pacotão de licenças para micro-empresários. Mas é esperar demais da empresa do Tio Bill, né? Suas preocupações são outras. Não sei quais são, mas são outras.

Então, a melhor alternativa para "micro-lan-houses" é um pacotinho tipo Ubuntu. Garanto que atenderia aqueles 70%. Garanto que, configurando direitinho, o usuário saberia que não está usando o Windows. Aliás, a maioria ia gostar muito da experiência.

Mas quem tem muita pressa parece não ter muito tempo pra pensar. E pega atalhos como cópias piratas de WinXP. Que tristeza...

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Questão #1: Queria muito ver esse tipo de "batida" nas lan-houses de Sampa. Duvido que 20% delas esteja "100% correta". Mas em Sampa deve rolar outras coisas... Aliás, quanto maior o mecanismo de opressão, maior o número de corruptos. Matemática simples. Mas seguiremos fazendo a conta burra de quem não olha para a "esquerda".

Questão #2: Burra! Conta burra! Pirataria Burra?!?! Uai PV, existe Pirataria Inteligente? Oras, claro que sim. Por exemplo, se você for agora em meu perfil na Last.fm, verá que estou ouvindo "In Rainbows", do Radiohead. (Ainda) não paguei nada por ele. Não pagaria nada pelos 3 últimos CD's dos caras. Então, estou conhecendo. E, sinceramente, gostando. Parece que o Yorke esqueceu a mania de ser o cara mais esquisito do mundo. E voltou a fazer um pop-rock agradável. Muito brit-pop, mas agradável. Então devo mandar uns US$ 10 pros caras. Mas, lembrem-se, tudo começou com uma pirataria inteligente!

Há 3 anos, rolou aqui no Graffiti:

We pledge allegiance to the penguin, and the intellectual property regime for which he stands. One nation, under Linux, with free music and open source software for all. Welcome to Brazil!

...

Sooner or later some country would square off with the global IP empire. And Brazil was fertile ground for it.


Trechos de um longo e entusiasmado artigo da Wired. Rasga elogios ao nosso Ministro da Cultura, Gil, e ao trabalho desenvolvido por José Serra enquanto ministro da Saúde (a ameaça de quebra de patentes e redução dos custos com medicamentos para tratamento da AIDS).

Fiz a busca agora para registrar o (atrasado) Flashback de novembro e levei um susto ao ver o post. Não me lembrava dele.

3 anos depois: cadê a música e o software *Livres* para todos?

Ok. O artigo da Wired é daquela linha que Alex Steffen considera repleto de "wiredismos". Mas eu sempre fui fã da Wired por causa de seu explícito Otimismo. E o próprio Alex pega carona:

Brazil isn't engaged in a science project, it's declaring a revolution.


O futuro do país do futuro nunca foi tão brilhante. Líder no desenvolvimento de combustíveis ecologicamente corretos, descobre-se também um "magnata do petróleo". Mas a gente precisa deixar de ser um país monotemático. Ninguém aqui quer ser apenas o posto de gasolina do resto do mundo.

E o que o artigo da Wired sinalizava era, de certa forma, nosso segundo grito de Independência. Três anos depois, vemos boa parcela das massas colocando um pé na Vida Digital. Vende-se micros e notes como caipirinha na praia. 20 milhões de tupiniquins acessam a Internet.

Mas o modelito segue o mesmo, com muita pirataria e pouca educação. O Temporão ainda tem que brigar contra patentes de medicamentos. E o preço médio dos CD's é praticamente o mesmo. Assim como a fortuna que gastamos com royalties. Resumindo: minha impressão é de muito bla-bla-blá e nhen-nhen-nhém e pouquíssima ação.

Lembram-se do slogan acima? Não tem muito tempo, era assim que o SBT se apresentava. Caso típico de slogan que vira missão (da empresa) e que, no final das contas, distorce a visão. Ao publicar o slogan, o SBT assumia publicamente que não queria brigar contra a Globo. Não teve ambição, se acomodou, e agora vê o 2º lugar cair nas mãos do Bispo (da Record). O Bispo é mais ambicioso. Muito mais. E seus sacos de dinheiro devem garantir muito "crescimento sustentável". Que deuses nos livrem ou nos ajudem... mas o papo aqui deveria ser outro.

A MS anda dizendo que espera se consolidar no 2º lugar do mercado de publicidade online - entre 3 e 5 anos
. Dá pra acreditar numa MS assim, tão... humildezinha? Já pensou no Ballmer berrando: "quero o segundo lugar!!". Caramba... na hora eu mandava pr'ele dois consultores tupiniquins: O Silvio Santos, pra contar como é fácil perder o segundo lugar, e aquele personagem do Jô Soares que sempre dizia: "Você já viu vice virar nome de rua? Então... vice não é nada!".

O artigo da ZDNet, na cola de outro e outros, dá uma receita para a MS que há séculos pinta aqui no Graffiti: "Mano, compra logo o Yahoo!!". Não enrola e não tira os olhos do topo... vai que pinta um bispo de olho (gordo) nesse mercado também...

Take all the web usage and YouTube video data Google has been acquiring about us all, glue it to our data down at the credit bureau, tie it to our mobile phone number and our mobile activity, then use the resulting product as both an information service and a database for targeting ads and you have Super Google — the most valuable company on Earth and entirely based on metadata.

The only thing we won't be able to do is hide.

- Roberto X (comentando o GPhone).


Ok, tô atrasadaço no tema. Mas não podia ignorá-lo. O passo da Google, há tempos um sólido boato, vai mexer com a vida de muita gente. A ZDNet tentou antecipar "winners & losers". Colocou em sua coluna de incertezas a MS, Apple e os consumidores.

Céus... claro que MS e Apple perdem alguma coisa, assim como praticamente todas as operadoras de telefonia celular (por enquanto, só as estadunidenses). MS e Apple vêem seu modelo "fechado e amarradinho" ser confrontado com uma proposta de abertura e liberdade (e provável gratuidade). Meira, depois do Roberto X, chora o inevitável destino da Google: Monopólio. Só erra feio na comparação. A Google é a Embratel de ontem? Vish.. A Google vai onde vai, chegou onde chegou, por suas próprias pernas. Monopólio criado é diferente de monopólio imposto. Talvez seja tão ruim quanto, mas é diferente.

Sobre o Vácuo e os LIP's

12 novembro 2007

Ainda que meu dia tivesse 30 horas. Mesmo que o deslocamento Sampa - Varginha acontecesse com tecnologia extra-terrestre (em milésimos de segundos). Ainda que minha cabeça não estivesse tão abarrotada... Mesmo assim, o Graffiti seguiria abandonadaço no vácuo da grande rede.

Dá dó, mas não vejo solução. Só se eu contratar redatores, hehe...

E aí, alguém se habilita?


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Tem umas duas semanas que vi uma matéria legal sobre LIP - Location Independent Professional. Queria aproveitar a deixa para contar parte das minhas aventuras como semi-LIP (meia-boca é a tiazinha!). Como o tempo é curto, segue o resumo: no terceiro mundo é barra! Varginha, Bauru, Campinas... Sampa!! Só cidadão (dá-lhe Vga, em manchetes e no "SISTEMA" durante toda a semana que passou). Só cidadão (cidade grande!) e quase nenhum suporte para o cidadão digital. É um custo achar uma redinha wireless. As lan-houses são de 1/2 boca pra baixo. Aliás, acho que o único hot spot de Varginha é o meu porão. E não, aquela cambada do "SISTEMA" não está presa lá não.

Voltando ao tema: será que conexão (decente) com a rede não dá dinheiro? Será que pedir um pouco de atenção aos profissionais-ciganos (aka LIP's) é pedir demais? Lembram-se daquele papo sobre escritórios especiais? Pintaram aqui e aqui. Só no vácuo. Pq no mundo físico, nadica de nada... Ah cara, se eu tivesse um pouco mais de grana. E de tempo, é claro. Btw, 18hs!! Foi-se a segunda. Inté quarta!

OpenSocial: Muy Amigo

05 novembro 2007



O slide acima está um pouquinho desatualizado. Acrescente mais uma rede "de peso": o MySpace. Quando eu comentei o assunto aqui em 23/10, não tinha noção de que já estava nesse estágio. Até as API's já foram liberadas. O timing da Google é realmente impressionante. O time-to-market dispensa comentários.

Agora, chamo a atenção de novo para o slide acima. Para alguns nomes: LinkedIn, SalesForce, Plaxo e agora o MySpace. Lembre-se que o YouTube já é da Google. Então, falta quem? De peso, só Flickr, Delicious, Last.fm e Facebook.

O Facebook, naquela maravilhosa transação de 1,6% de suas ações para a MS, cedeu também exclusividade na exploração de publicidade. Ou seja, ficará lacrado nos muros de Redmond por um tempo. Mas, e o resto? Será que o Yahoo tem coragem de parar de reinventar a roda e entrar na dança do OpenSocial? Pelos próximos meses, não. Mas o fim do Yahoo tá escrito: ou vira MS, ou vira amiguinho da Google. No meio do caminho não se sustenta mais.

Não conheço o Philip "Shoes" Calçado pessoalmente. Trocamos pouquíssimas mensagens eletrônicas, via email e blogs. Sei que discordamos um tanto e concordamos outro tanto sobre processos para desenvolvimento de software. Ele garantiu que seguirá ativo em tudo que agita por aqui: grupos, blogs, discussões etc. Mesmo assim, não deixo de ficar triste com a notícia: ele tá indo embora do Brasil. É mais um *baita* talento que, de certa forma, perdemos.

Entendo e respeito a decisão. Philip é do Rio, e deve conviver diariamente com razões para não estar ali. Ele diz também que quer "abrir meus horizontes tanto culturais, morando na Oceania, quanto profissionais, trabalhando na ThoughtWorks". Respeito, mas não deixo de lamentar.

Se alguém tivesse coragem de mostrar estatísticas, veríamos que temos mais talentos "tecnológicos" do que "futebolísticos" ganhando sua vida fora de Pindorama. Chuto que são alguns milhares. Minha tristeza pode ser resumida no encerramento da coluna do Clóvis Rossi na Folha de ontem:

Se o melhor - e mais rico - futebol brasileiro está na Europa, fica difícil para o Brasil competir em outras áreas nas quais a sua expertise ou é embrionária ou nem existe.


É triste. Mas, de qq maneira, boa sorte Shoes! Pelo menos dá pra mostrar para o primeiro mundo que também somos muito bons com a cabeça.

graffiare #445

04 novembro 2007

A cena musical como a vejo hoje é pouco diferente de quando eu estava crescendo. Os percentuais são aproximadamente os mesmos: 95% de lixo e 5% puro. Contudo, os sistemas de marketing e distribuição estão no meio de uma enorme guinada, e por volta do final desta década creio ser improvável que qualquer uma das atuais gravadoras ainda esteja no negócio. Com todo respeito a todos os envolvidos, isso não seria uma grande perda. A música sempre vai achar um caminho até nós, com ou sem negócios, política, religião ou qualquer outra baboseira ligada a ela.

- Eric Clapton (em sua Autobiografia)

I'm Alive

02 novembro 2007

Mil Perdões. Há tempos o Graffiti não passava tanto tempo em branco. É que eu tava "em turnê", hehe. Levei o FAN (Formação de Analistas de Negócios - o workshop) para a UNESP de Bauru. A viagem foi uma VIAGEM. E o evento foi excepcional. Como eu já disse por aqui, é fantástico conversar com a estudantada. Desta vez foi especial pq foi uma estudantada que, aparentemente, fica "longe demais das capitais e dos capitai$".



Só aparentemente. Porque duas características os aproximam muito das capitais e do $. A primeira é que a turma é ligadíssima. Alguns falam sobre OpenUP e outras propostas ágeis para desenvolvimento de sistemas. Outros tantos conversam com desenvoltura sobre tecnologias e programação. Não sei pq meu "espanto". Em tempos de Internet, não tem informação quem não quer.

A outra particularidade daquela turma é mais relevante, fala muito sobre o interior de São Paulo: tive vários papos sobre novos negócios! Sim, alunos me procurando para validar ou só papear sobre planos de negócios. Cabe a comparação: normalmente muitos falam comigo sobre currículo, oportunidades de emprego, salário e referências. Lá em Bauru eu falei mais sobre novos empreendimentos do que empregos. Esse espírito parece marcar todo o interior de São Paulo. E eu queria muito aprender como importar um cadinho dele aqui para Minas.



Gosto de falar com a estudantada. Mas confesso que fiquei com medo: um evento de 7 horas cansa muito. Acho que tava fazendo uns 40° em Bauru. Mas a turma me aturou com o mesmo pique até o final do dia. As interações foram constantes durante todo o workshop. E, claro, as perguntas eram riquíssimas. Gente, eu quero repetir isso.

E acho que não vou esperar muito. Talvez role outra longa viagem ainda em 2007: São Carlos! Se o clima continuar assim, só vou considerar uma pequena alteração: vou de bermuda e camiseta, hehe..