Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

Visite a nova versão em pfvasconcellos.net

É fato raro: o Jobs contou um dos segredinhos do sucesso da Apple. Pouca gente entende, pq faz tempo que esse tipo de 'mantra' é gritado aos quatro ventos e quase nada de novo acontece. No discurso fica bonitinho dizer que, sendo uma empresa de serviços, "nosso principal ativo são as pessoas". E na prática? Terceirizam o RH. Empurram a batata quente. Esquecem o seu 'core business'. Contratam PJ's e brigam pela manutenção da tal Emenda 3. Tsc, tsc..

Mas existe o outro lado. Sim, aqui em Pindorama. Vou mostrar dois exemplos fantásticos que mostram como empresas MODERNAS contratam. Saca só:

Exemplo 1

A idéia nesta equipe é um grupo pequeno e coeso de profissionais com grande conhecimento em tecnologia e desenvolvimento de sistemas. O trabalho exige um conhecimento acima do feijão-com-arroz que estamos acostumados a ver no mercado, e este tipo de profissional é difícil de ser encontrado.

Por isso estou colocando este post aqui, acho que quem se dá ao trabalho de ler este blog ao invés de um site de notícias ou tutorial sobre a última ferramenta da moda tem o perfil que estamos buscando. Este é possivelmente o maior anúncio de oportunidade de emprego que você já viu.

Temos uma vaga para o Rio de Janeiro. Nesta equipe, os profissionais são responsáveis por levantar requisitos técnicos, determinar arquiteturas e implementar sistemas de alto desempenho, com literalmente milhões de acessos em horários de pico (e milhares nos horários normais). Não existe a divisão entre analista/projetista/programador/arquiteto, esta equipe trabalha de maneira ágil com profissionais capacitados em todas estas áreas. A equipe utiliza metodologias ágeis no desenvolvimento: foco nas pessoas e não em especificações técnicas de trezentas páginas.

Basicamente a pessoa em questão precisa ser altamente proficiente em Java, pois é linguagem mais utilizada pela equipe. Acontece que não é a única, então conhecimento em outras linguagens é muito apreciado. C#, Ruby, PERL, Python, C++ ou Common Lisp são ótimos atrativos extras, mas não requeridos, apenas desejáveis.

Se você lê este blog então imagina que conhecimento Orientação a Objetos é essencial, não? Sim, você está certo. Conhecimento profundo do básico de OO: classes, herança e polimorfismo é o mínimo esperado. Conhecimento em Domain-Driven Design, métricas e Padrões (de Projeto e Arquiteturais) são vantagens.
...
Acho que a principal vantagem que alguém com o perfil que procuramos verá é trabalhar com liberdade para criar, numa equipe de alto nível, utilizando metodologias ágeis e tecnologias de ponta (onde mais você iria usar memcached, rest, selenium…?). O horário é bem flexível também, e você não tem que trabalhar vestido de pinguim.

A posição é como CLT de uma das maiores empresas do mundo no seu segmento, com os benefícios (e impostos, não se iluda) esperados nesta posição. É um lugar para fazer carreira ou pelo menos para ficar um boooom tempo e não simplesmente participar de um único projeto.


Exemplo 2

We have just hired Monoman (aka Rafael Teixeira). He’s a mono evangelist and has contributed to many efforts there. Hopefully he would be able to improve Castle experience on mono-land.

But we need to hire another mighty developer. So if you’re in Brazil, and willing to move to São Paulo (enjoying the thrilling experience of getting mugged every now and then), then why not apply with us?

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Sim, são anúncios de emprego. Divulgados em blogs. Com certeza as duas vagas já foram preenchidas. Mas quem ficou curioso pode ver e começar a acompanhar o trabalho de duas empresas bem diferentes:

Exemplo 1: Fragmental
Exemplo 2: Castle Stronghold

Como eu previ aqui, o debate de ontem (entre Jobs e Gates) foi tudo, menos um debate. Uma reuniãozinha informal de compadres. Tão sem sal que o G1 destacou uma besteirinha: o Gates é 10x mais rico que o Jobs...

Mais útil e divertida foi a entrevista individual do Jobs. Tá na íntegra no Engadget.

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Para compor um graffiare disfarçado (com um dos melhores momentos da entrevista do Jobs) preciso antes mostrar uma notícia de Pindorama. Deu na Info Online: "Contratar em TI é difícil, diz pesquisa". Quase 1 em cada 3 empresas enfrenta muitas dificuldades, diz a pesquisa realizada pelo CGI.br (comitê gestor da internet no Brasil). Saca só o que diz o Jobs sobre contratações:

Pergunta: Eu li que você ainda pega o telefone e contrata pessoas...

Jobs: Nosso negócio, tudo que somos são nossas idéias, tudo que somos são as nossas pessoas. É isso que nos faz vir trabalhar todo dia. Eu sempre achei e hoje tenho ainda mais certeza de que contratações são o coração e a alma do que fazemos.



Ok. Cool. Parece que todo mundo adorou o brinquedinho. Mas ele nos deixa muito mais próximos de 'Minority Report' do que de '2001'.

graffiare #422

30 maio 2007

Maybe the reason it seems that price is all your customers care about is...

... that you haven't given them anything else to care about.

- Seth Godin

Nossa área é única na geração de oportunidades de negócios. Além de todas as lacunas e da infinita maleabilidade dos meios que utilizamos, há um provocador de inovações bastante curioso: os bugs e desenhos ruins ou incompletos. Mercados inteiros podem ser criados em torno de erros que, em outras áreas, costuma dar em 'recall'.

O Wii da Nintendo tem um controle 'revolucionário'. O jogador deve apontá-lo e girá-lo, ao contrário dos joysticks tradicionais que devem ficar paradinhos. Bem, toda versão 1.0 de algo 'revolucionário' costuma dar muito 'pau'. No caso do controle do Wii, o problema é hilário: ele sai voando das mãos dos gamers; vira e mexe ele acerta o aparelho de TV. Prejú dos grandes. Imagina aquele LCD 42" totalmente trincado...

Mas agora os problemas acabaram! Uma tabajara-xing-ling lançou o Wii-tv-ultra-protector:



Pior é que é verdade. Economia moderna é isso aí: design mal feito gera inovação e empregos!

Para "comemorar" os 10 anos da publicação de "The Cathedral and the Bazaar", artigo clássico de Eric S. Raymond sobre o universo e a lógica do Software Livre, Nicholas "IT Doesn't Matter" Carr escreveu uma longa peça na Strategy+Business (publicação da Booz Allen Hamilton). Ensaio-provocação que recebeu o título "A Ignorância das Massas". Polêmica é o combustível do (pic)Nick. Que é um tipo de Mainardi, só com que boas intenções. Boas provocações.

O artigo é longo mas merece uma lida. Vou destacar apenas um ponto no qual, por incrível que pareça, concordo (parcialmente) com o Nick: o mundo do Software Livre carece de inovações. Bate com o que "pedi" por aqui há pouco tempo (particularmente para o Ubuntu): vamos inovar, principalmente na forma como usamos o micro. Idéias não faltam!

Ah, lógico, o Nick não acredita no potencial do bazar para gerar inovações. E grita: "Keep the bazaar out of the cathedral". Ele sabe que, se falasse o contrário, teria menos audiência, hehe..

Mais um post cinematográfico. "It's Alive" é um terrível filme de horror 'B' de 1974. Como seus iguais, mereceu seqüências (duas!). Quase perdeu no processo de seleção para o título deste post para um filme que nunca existiu: "A Volta dos Que Não Foram". Em terceiro lugar, ficaram empatados todos os filmes com o monstro de Frankstein.

Céus... tanta preliminar para uma pequena gozação: dois grupos de órfãos não querem deixar o Longhorn morrer de jeito nenhum. Instatisfeitos com o reset aplicado pela MS há 3 anos, resolveram por conta própria seguir com o desenvolvimento daquele que seria o maior SO da história da empresa do Bill.

Nos tempos pré-Vista, aquele SO era chamado aqui no Graffiti de Berrante. No popular, era o Chifrudo! Na onda de nomes não-globais, o Longhorn merece destaque. Assim como merecem destaque as partes que a MS tosou para garantir o cumprimento do cronograma.

O primeiro a ressuscitar o monstrinho foi o JoeJoe. Não confundir com nossa querida Jo Jo Gunne, que comentou o surgimento de outro grupo com as mesmas intenções: o AeroXP. Mary Jo Jo encerra seu post perguntando basicamente o seguinte: será que a MS vai deixar?

Eu não creio. Mas seria bem divertido. Principalmente se a turma (de voluntários quase sem recursos) conseguir entregar o que a MS não conseguiu (depois de consumir mais de US$ 9 bilhões).

Não concordo com eles. Não acredito neles - na forma como eles são apresentados e 'vendidos'. Mas tem gente que acha que se trata do supra-sumo das organizações modernas. E aí, o que você acha?

Tá rolando um pequeno debate legal lá no finito.

If you look at what you regard as the traditional professions--doctors, teachers, lawyers--their professional bodies can fire people, can investigate complaints, can impose penalties, and the ultimate sanction is to remove them from the profession, so you can't practice any more. It would be good, if we want to be respected as a profession, for there to be some method of ensuring the industry as a whole maintains professional standards, otherwise it just seems to be hollow words.

It's quite a hard challenge for what's a pretty junior industry really. We're still learning as we go.

- Jerry Fishenden (da MS UK, na ZDNet).

Prefácio

Todo mundo que dá dicas para blogs sempre repete a mesma "lei": os títulos devem indicar claramente o que vem depois!! Haha.. é a "regra" que eu mais gosto de quebrar. Aposto na curiosidade natural dos seres humanos...

Btw, "The Hand that Rocks the Cradle" é mais um filminho daquela tendência da máxima paranóia estadunidense. Ai que saudades dos tempos em que o culpado era o mordomo. Com a tendência (que começou no final dos anos 80), maridos, amantes, sogras, vizinhos... Todo mundo virou bandido em potencial. No filme em questão o perigo é a babá, que é interpretada pela bela, esforçada e sumida Rebecca De Mornay.

Pois bem, a coluna do Roberto X de hoje lembra um pouco os roteiros dos "thrillers paranóicos" de Hollywood. Ele está falando do Google:


The Final Days of Google

Ontem, num longo post, eu falei que o Tom Stewart disse (!) que as máquinas de café e refrigerante são as melhores invenções para promover o gerenciamento e, particularmente, a troca de conhecimentos. Para o Roberto X, serão essas mesmas maquininhas que gerarão a empresa que decretará os últimos dias da Google! Detalhe: essas máquinas malignas estão no campus da Google!! Mais dramático, impossível.

Resumindo o script do Roberto X: com aquela história de "dar" 20% do tempo dos funcionários para eles fazerem o que quiserem, a Google estaria criando monstrinhos. Ela não tem condições de incorporar e servir de babá para todos os projetos que nascem. Nas contas do Roberto X, apenas 10% deles têm alguma chance de ver a luz do sol. Os outros seriam sumariamente ignorados. Acontece, diz o articulista, que entre os 90% de "excluídos" pode ter coisa muito boa. Inclusive uma idéia que, literalmente, detone a Google.

Como os caras (os hiper-super-programadores da Google) se encontram direto, nas maquininhas e nos almoços (que lá são grátis), a chance de um motim ou conspiração seria grande. Faz sentido, mas não creio que o risco seja assim tão grande.

Por enquanto, tudo indica que o processo da Google ainda escala. Ou seja, os caras realmente conseguem avaliar todas as idéias e projetos que brotam nas "horas vagas" de seus funcionários. Mais: a Google compra (alguns falam que por cerca de US$ 10 milhões) as melhores idéias.

Outro problema com o script do Roberto X: ele fala em 4.000 idéias por ano! Acho que este número está grande demais. 400 talvez seja um número mais razoável. Mas, de qualquer maneira, a chance da Google estar servindo de babá para seu Brutus é factível.

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A MS correu o mesmo risco. Antes do estouro da bolha ela viveu um incrível "brain drain". Várias cabeças pediram demissão para correr atrás do pode de ouro que estava no final do arco-íris da "nova economia". Não sei se isso prova alguma coisa, mas não conheço uma única empresinha que tenha feito algo relevante. Muitos desses "cérebros" devem estar com um CV pendurado no backlog do RH da MS...

O problema é que nossa área detesta esse papo de "filho pródigo".

Não, ela não tá ameaçando o Mundo Livre. A encrenca com a Apple é mais embaixo. Literalmente. Ela encrencou com o iGasm, o criativo produtinho que aparece aí do lado. Sacou não? Vamos lá (loirinha): você pluga o iGasm num iPod e a outra ponta na... É, pois é. Lá mesmo. O brinquedinho vibra de acordo com a música. Não é um barato? Vai deixar muito nego "bão de cama" na lanterna, ou na mão...

Fãs do Roberto "Censor" Carlos vão morrer de tédio. Fãs do Caetano vão pensar que o aparelhinho tá estragado. Fãs do Carlinhos Brown vão entender porque ele virou genro do Chico. Por falar nele.. deixa pra lá.

O Roberto X fez uma piadinha mais engraçada: "Metallica não é indicado. Você corre o risco de ficar doidamente eufórica - e de gritar 'Lars Ulrich é deus!!" hehehe..

Pô Apple, "são dez horas e o samba tá quente / deixa a menina contente / deixa a menina sambar em paz".

A tirinha do Garfield de hoje me fez lembrar de um antigo projeto. Lá se vão 7 anos. Éramos uma dúzia, largados (alocados) num freguês. Não largados como "recursos cocoon*", como dizia um colega. Pelo menos este projeto tinha um prazo. E esse foi, por um bom tempo, um de seus grandes problemas: o projeto tinha um prazo! hehe.. (Traduzindo: multa em caso de atraso). Pouca coragem é bobagem.

Participei da fase inicial do projeto. Depois me afastei. O cordão umbilical mal cortado obrigou um retorno. Na primeira crise. Ou, melhor dizendo, na primeira vez que percebemos que havia uma crise. Crise interna e crise no relacionamento com o freguês. Eu, até então um tipo de "garoto enxaqueca", fui obrigado a me converter num "garoto lexotan". Faz parte. E até que deu certo.

Deu certo porque o time era muito bom. Processo e tecnologia eram... hmm... sofríveis (para não usar um termo de baixo calão). Configuração ruim (1 x 2). As chances de sucesso são pequenas. Mas, como eu disse, o time era muito bom. E criou uma prática que, de certa forma, compensou a falta de um processo. A prática "heavyload".

De quatro a seis vezes por dia, o time ou parte dele se reunia na "área do café". Era distante apenas uns 20 metros da "área de trabalho". Mas, psicologicamente, criava uma distância saudável. O time estava trabalhando sob uma pressão incrível. Que vinha de todos os lados. Então 80% do papo que rolava era bullshitagem genérica. Kool-aid-bullshitagem. Acompanhada de grandes doses de "heavyload". Explicando: tinha lá no freguês uma jurássica máquina de café. Umas quatro alavancas, cada uma com um ingrediente diferente (café, chocolate, leite em pó e sei lá mais o q). O "heavyload" consistia em doses (de médias a colossais) de cada um dos ingredientes. Receitinha pra fazer sucesso em qq franstarbuck da Paulista. Ainda mais nesses dias gelados. Os olhos de alguns ficavam como aqueles do Jon e do Garfield, hehe..

Descompressão vitaminada com energético? Equilíbrio. Duas ou três seqüências de gargalhadas. Três ou quatro dicas culturais. Se a porção feminina (2 dos 12) do time estivesse ausente, pintavam comentários sobre a playboy do mês, por exemplo. Durava de 10 a 30 minutos, dependendo do dia. E pronto: o time voltava com outro espírito para a "área de trabalho".

E os 20% do papo? Bom, eram utilizados (espontaneamente) para resolver problemas com o projeto. Até táticas e estratégias pintavam, sem problemas. O papo só não fluía quando o freguês ou algum alienígena circulava por ali. Hoje tem muita teoria (acompanhada de muita prosa-ruim) sobre times auto-gerenciáveis. A gente aprendeu na prática. Sem querer.

Mas o "heavyload" não nos isentava das reuniões formais. Tinha pelo menos uma por semana (só do time). E outras duas ou mais com o freguês, também semanais.

Conclusões, Divagações e Créditos Finais

A prática "heavyload" existe em todo lugar. Já a repliquei com 'n' variações. Do "café carioquinha" (invenção quase tão sem noção quanto o café descafeinado) até o "heavyload" versão offner (mais gostoso e num local bem mais aconchegante). Tom Stewart, autor do livro "Capital Intelectual", já disse que os melhores equipamentos já criados para a gestão de conhecimentos são as máquinas de café e de refrigerantes. É verdade. E não tem sharepoint que dê jeito nisso. Ainda bem.

Um time bão compensa processos e tecnologias ruins. Não discuto. Mas tem gente usando isso de forma errada.

"Time auto-gerenciável" é uma forma de dizer que cada membro da equipe sabe o que fazer e ajuda (espontaneamente) aqueles que não sabem direito o que deve ser feito. Tem muita gente interpretando isso de forma errada.

Em momentos de crise, ainda não inventaram melhor remédio do que a franqueza. Quem "enche linguiça" no meio de uma crise só tá adiando o desastre.

Em tempos de crise, a única informação útil vem de quem está no centro da crise. Mas um retrato fiel só é possível se todos os envolvidos apresentam suas versões. Para quem? Oras, para todos os outros.

Fred Brooks** disse há mais de 30 anos que "jogar mais gente num projeto atrasado é a mesma coisa que tentar apagar incêndio com gasolina". No caso acima, em determinado momento, o time teve 14 integrantes. Aconteceu na mesma época em que eles estavam trabalhando 2 horas a mais por dia. A única coisa que conseguiram: aumentar a insatisfação e reduzir a produtividade e o nível de qualidade. No ápice da crise o time foi reduzido e as horas extras foram abolidas. Sem demagogia. Produtividade na nossa área, particularmente em desenvolvimento de sistemas, é bem diferente daquela estudada por Taylor e Ford.

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Posso estar cometendo uma grave injustiça. Mas tenho quase certeza de que quem criou o termo "heavyload" foi o grande e sumido Carlos Caseli.

* "Recurso cocoon", tenho certeza, ouvi do grande e desaparecido Zé Antônio. Quem assistiu ao filme dos anos 80 vai entender a piadinha.

** A lei de Brooks apareceu pela primeira vez em "The Mythical Man-Month", de 1975.

Sergolene X Sarkozy? Fichinha.
Alquimista X Companheiro? Sopa.
Timão X Santos? Barbada.
Vista X Ubuntu? Marmelada.
UOL X Globo? Goiabada.
Ballmer X Google? Cadeirada.
Justiça X Legislativo? (não será) Cadeiada.

O debate do ano, que segundo o Wall Street Journal, fará história, está marcado para a próxima quarta-feira (30/mai):



Jobs x Gates. Que que pode sair desse encontro? Eles compartilham algumas opiniões ("DRM!"; depois "Xô DRM!"; "Eu te processo!"; depois "Perdem processos"; depois "vamos maneirar com esse papo de patentes!"; dentre outras). Mas o que mais se destaca são suas diferenças (iPod X Zune; iPhone x ?; MacOS X Vista; ...). Acho que ambos vão aproveitar para dar algumas alfinetadas. Mas não creio que seja algo que "entre para a história" não. Há 20 anos, talvez. Hoje não.

graffiare #420

23 maio 2007

“O primeiro dólar que eu investiria na estratégia de marketing da minha empresa hoje seria em uma ferramenta de busca pela web”.

- Brian Fetherstonhaugh (CEO mundial da OgilvyOne, na Info Online)

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Não tem nada a ver, mas o graffiare é duplo. Outra notícia:




Assim como o João diz que não precisa d'uma Ferrari.
E a Maria diz que não precisa comprar aquela Brastemp.
E o Timão não precisa do Ronaldinho Fenômeno.
E eu não preciso comprar aquele notebook de 20k.

Mas que eles nos deixariam mais bonitos no pedaço... ah deixariam!

É o que está dizendo o Adrian Kingsley-Hughes (que logo logo vai merecer um apelido), da ZDNet. Uma de suas grandes preocupações (devidamente tropicalizadas): "Noooossa, mas o Ubuntu da Dell não vai tocar MP3, MPEG, WMA, Quicktime..."

Tsc, tsc. Como um paciente leitor do Adrian lembrou, bastam 3 cliques no Ubuntu (7.04 - Feisty Fawn), para que você instale codecs "proprietários". O mesmo vale para drivers não abertos, como os da NVidia, por exemplo. Ou seja, o Adrian não sabe do que está falando. Ou tá fazendo muita força contra. É o que parece, quando sugere que as maquininhas tenham um estranho tipo de backup: instalação automática do Vista?!?! hehe... Como o Carrol(chinha), o Adrian deve tá querendo entrar na folha de pagtos de uma empresa de Redmond. Vai levar um belo apelido, de lambuja.

Agora uma breve explicação sobre a atitude da Dell: ela não é boba nem nada. Com tanta bobagem em torno de patentes e copyrights, lógico que ela não vai "colocar o dela na reta". Mesmo que os riscos pareçam insignificantes. Dependendo do estrago, ela sabe que pode atrair muitos "sentimentos ruins". É só por isso que MP3 e outros formatinhos e drivers não serão distribuídos no pacote padrão. Como, aliás, não o são no pacote padrão do Ubuntu.

De toda a história, só resta uma questão que pode detonar a iniciativa da Dell: o preço.

As questões técnicas estão muito bem resolvidas. Aliás, o Ubuntu 7.04 merece uma série de posts só para ele. Quanta estabilidade! Que performance animal!! E o tanto que fica chique e charmoso com o Beryl!!! Acho que não gostava tanto assim de um SO desde os tempos do OS/2... ou do CP/M...

É o que diz Mark Shuttleworth, criador do Ubuntu, em seu blog. E explica: "A cada novo lançamento de software, a Microsoft se arrisca a pisar nessas minas terrestres, que são as patentes. Cada uma delas representa um potencial processo". Bill já tinha falado sobre isso há muito tempo. Por isso a coisa toda parece uma guerra fria mesmo. Independente do lado que lance o primeiro míssil (segundo Mark, é mais provável que eles saiam de pequenas empresas 'inventivas'), todos perderão.

É por isso que Mark, algumas boas cabeças da Europa, e também os extremistas do Universo do Software Livre se unem para brigar pela única solução possível: o fim das patentes de software. Queria muito que o tio Bill entrasse nesta briga também, antes de se aposentar. Ele sabe que, no final das contas, só tem a perder com essa história de patentes.



Sigo acreditando que a iniciativa da Dell será um marco importante na história do Software Livre e do Linux em particular. Pelo esforço que a Dell está dedicando, não restam dúvidas de que ela realmente acredita na viabilidade deste mercado que ela 'redescobre'. Já merece destaque um dos primeiros efeitos colaterais: fabricantes de periféricos estão sendo 'convidados' pela Dell para desenvolver ou melhorar os drivers open source.

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Adrian Kingsley-Hughes, da ZDNet, lista hoje 5 coisinhas "cruciais" que a comunidade Linux não entenderia sobre os "usuários médios". Meus pitacos (em cima da listinha do Adrian):
  1. No geral, os usuários não estão assim tão insatisfeitos com o Windows: realmente. Mas existe alguma pesquisa que diga o nível de insatisfação? Usuários corporativos não têm alternativas: usam o que a empresa fornece. Os usuários caseiros "médios" conhecem (ou podem adquirir) alternativas? Dedico os parênteses para a Apple. E acho que a iniciativa da Dell começa a mexer um pouco nesta questão.

  2. Muitas Distribuições: ou seja, muitas opções. Concordo, elas criam uma certa confusão. O que precisa ser entendido é que elas são necessárias. É mais fácil extrair qualidade de uma grande quantidade. Outra conseqüência positiva da amplitude de ofertas: Concorrência! Boas idéias brotam de vários lugares. Pelo espírito da comunidade, elas são compartilhadas, copiadas, melhoradas. Inovação boa e relativamente barata. Para o usuário médio não existirão mais do que 3 ou 4 alternativas. É questão de maturidade. E o Ubuntu larga com considerável vantagem.

  3. As Pessoas querem garantia de que software e hardware trabalharão bem em conjunto: será que o Adrian acha mesmo que a Comunidade Linux não sabe disso? Será que ele percebe a má vontade de grande parte dos fornecedores de hardware? Bom, de qualquer maneira, o casal Dell+Ubuntu começa a colocar um ponto final nesta questão.

  4. Linhas de Comando - o terrível Terminal: tenho mais de 6 meses de Kubuntu. Vez ou outra, guiado por dicas encontradas em fóruns de discussão, optei pela linha de comandos. Ciente de que, na maioria das vezes, existia uma opção "gráfica". Um usuário médio, tenho certeza, nunca precisará do temido terminal. Faltam melhores livros (que ignorem as linhas de comando) e usuários "helpers" que entendam que essa é realmente uma questão que afasta usuários "médios".

  5. O Linux é muito "geeky": pois é, e nunca deixará de ser. Cada produto tem, de certa forma, a cara do dono, não? Isso deixa de ser problema quando surgem opções como o Ubuntu. Uma opção que não condena outras distros, voltadas para os usuários "acima da média".

Lista meio bobinha, mas ajuda na discussão. O maior problema é que o Adrian não cita aquela que é, IMHO, a principal questão a ser debatida na comunidade: revolucionar a forma como usamos os computadores. Parar de copiar o 'look & feel' de Wins e Macs, e propor novas formas de manuseio. Que sejam incrivelmente mais fáceis e naturais. Seria um estouro.

Post de Mau Gosto

21 maio 2007

Em tempos de globalização, as empresas têm que tomar um cuidado danado com nomes e marcas. O que é bonitinho no Japão pode ser um baita palavrão em Timbuktu, por exemplo. Me lembro que a Xuxa Inc. teve sérios problemas no Chile. Ou seria no Peru? Não importa.

Tava lendo agora um post da Mary 'Jo Jo Gunner' Foley que mostra um pequeno deslize da derrapante MS: "Microsoft Pika: Media center remoting comes to devices". Comentaristas parciais como este que vos escreve não perdoam. Mesmo cientes de que os letrados vão falar "paika"... bem bonitinho.

Pika?!? Me fez lembrar d'um jurássico comandinho do Unix: o CU. E de uma bela consultora ministrando um curso para um bando de machos sem graça. Que não perdiam a chance de perguntar: "e agora fessora, que comando a gente 'dá'?". Tsc, tsc... bem que eu avisei que se tratava d'um post de mau gosto.

Como será sem graça a primeira perguntinha que vou receber: "E se portarem o Pika para o Kubuntu?". Virá das mesmas pessoas que questionaram se vale a pena "colocar o Google no seu Blog". Céus... até parece que tô com tempo. Perdão.

Tem nada a ver com o Graffiti, mas tem tudo a ver com a gente. Mais um escândalo. Mais um monte de gente 'importante' pulando direto das colunas sociais para as páginas policiais. Mais um monte de grana nossa pulando direto das obras sociais para palácios e carros colossais. É incrível como 180 milhões de pessoas são sistematicamente tratadas como palhaços - bobinhos comentando o milésimo gol numa mansidão bovina acentuada pela tradicional preguiça da segunda-feira. 180 milhões de palhaços assistindo as mesmas vagas desculpas esfarrapadas.

Na fita: "Vou te dar 25% porque você tá no meu esquema - você é meu amigo"
Advogado do cara flagrado na fita: "Não tem nada de corrupção nisso"

Vou surrupiar a sugestão que Dalvo José Rossi, de BH, mandou para a seção de cartas da Folha de São Paulo (edição de ontem, 20/mai):

Urge que algumas das entidades da sociedade civil iniciem campanha por um projeto de lei do qual conste basicamente o seguinte:
  1. O roubo do dinheiro público é crime hediondo, inafiançável e imprescritível;
  2. O dinheiro roubado deverá ser integralmente devolvido aos cofres públicos;
  3. As penas serão definidas na Justiça criminal, pois roubo de dinheiro público significa morte em hospitais, morte a médio e longo prazos por falta de saneamento básico e de educação pública com qualidade;
  4. O condenando não terá direito à progressão ou a qualquer indulto.


Eu só colocaria mais uma coisinha na lista do Dalvo: ninguém envolvido em crime de corrupção pode ter direito a foro privilegiado. Muito pelo contrário: se o cara é juiz, advogado, deputado ou governador, as restrições devem ser ainda piores. Cela especial? Só se for em um presídio de segurança máxima.

Enquanto os 180 milhões de mansos não se rebelarem (civilizadamente) contra essa zona, não adiantará nada falar de melhor educação, saúde... Se queremos reduzir impostos, o melhor começo é a erradicação do mais injusto dos impostos: a Corrupção. Se você acabou de colocar um deputado e um senador lá em Brasília, peça para ele retribuir seu voto só com isso: uma lei que interprete a corrupção como ela realmente é: um Crime Hediondo.

Quem tinha o XBox com firmware politicamente incorreto (aka Pirata) e tentou baixar a nova versão do jogo Halo foi sumariamente banido do XBox Live. Detalhes no Sykey.net.

Na mensagem que chega ao usuário 'indesejado' lê-se:


Este console foi banido por não respeitar os Termos de Uso. Para proteger o XBox Live e seus membros, a Microsoft não fornece detalhes sobre o banimento de consoles. Não há recursos para a violação dos Termos de uso.


Aqui tem uma foto com a mensagem acima (em inglês). A MS tá certíssima. Se o cara não respeita os termos de uso e apela para soluções de fundo de quintal para 'destravar' seu console, porque ele teria direito aos mesmos benefícios dos usuários bonzinhos?

Agora o outro lado da moeda: 99% dos consoles brasileiros (Playstation da Sony incluso) usam recursos ilegais. A grande maioria é simplesmente ilegal (chegam como contrabando). Desconheço estatísticas do mercado, mas acredito que existam centenas de milhares de consoles das últimas gerações (PS2, PS3 e XBox 360) em residências (e lan-houses) tupiniquins. Mercado considerável, não?

Vamos lembrar outra coisinha: todo console gera prejuízo para seus fabricantes. Eles são vendidos abaixo do preço do custo. O lucro vem de outro lugar: dos SERVIÇOS. Primeiro dos games offline (DVD's) e agora, cada vez mais, dos serviços online. E o que acontece se você impede que milhares de consoles aproveitem seu melhor potencial (que são os jogos online)?

Minha aposta: não vai demorar muito para nascer um grande serviço paralelo, um "XBox Live Free". Muito provavelmente bancado por publicidade. Simples assim. E ninguém poderá falar que é ilegal.

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Agora o tema que sugeri no título: será que a MS teria coragem de adotar a mesma postura com o WGA (Windows Genuine Advantage)? Coisa muito parecida ela já vez com o Vista (cortando inclusive o acesso à Internet).

Não duvido. Mas... e o quico? Meu Kubuntu é isento...

Deu no G1: "Espanha trava guerra política no Second Life". Foi guerra de verdade, na mentirinha da segunda vida. Rolou invasão de sede de partido com sub-metralhadoras, bombas e coisas do tipo.

Na hora me lembrei do "Rocky IV", aquela patriotada bobinha. Solução tão legal quanto inverossímil: EUA e URSS resolvendo suas diferenças numa luta de boxe. Dois rostos e duas barrigas surradas em troca de milhões de vidas poupadas... The Old Hellmann's Traveller...

As diferenças políticas na Espanha são coisa séria. Nada a ver com nossa volúpia zoneada. Não seria legal se a parte violenta da briga política deles ficasse limitada ao Second Life? No parlamento ou nas ruas eles discutem. Quando a coisa esquentasse, iriam todos para uma lan house e começariam uma série de ataques violentos. Todos saboreando um bom vinho. Depois iriam todos para casa, ou para um restaurante (real) com uma bela paella (da 1ª vida).

Eu sei, é bobagem. Mas se a gente pudesse usar a 2ª vida para realizar todos os gostos e desejos que são ilegais ou imorais na 1ª vida, ela (a Second Life) faria mais sentido, não?

O negócio tava indo mal e os clientes estavam correndo da gente. Não tínhamos muitas alternativas. Aí uma empresa nos 'convidou' a processar alguns beneficiários de Software Livre. Nós recusamos. Poderíamos processar alguns de nossos fregueses. Seria um suicídio.

- Jonathan Schwartz (CEO da Sun, em seu blog).

Quando o assunto é "patente", pinta tanta idiotice que, além de ficar dizendo "e o quico?", dá uma vontade danada de rir. Há pouco tempo mostrei aqui uma patente requerida pelo McDonalds. Queriam proteger um ativo intelectual valiosíssimo: a forma como eles colocam o hamburguer na chapa!

Mas agora a coisa esquentou: pra valer! Alguém nos EUA patenteou a Yoga!?! Os indianos dominam a "ciência" há mais de 5 mil anos. Agora correm o risco de ter de pagar "royalties" toda hora que quiserem dar uma "meditadinha"... hehe...

Tô ficando preocupado. Será que patentearam nosso pão de queijo e bolo de fubá? E o uso do botão direito do mouse? E o quico?

E o quico?

16 maio 2007

Pois é. A camiseta tá até com cheiro de "guardada". Não pretendia usá-la novamente. But...

Bom, não pretendo gastar muito do meu (e do SEU) tempo com isso. Mas algumas coisinhas precisam ficar registradas aqui:

  • Afinal, MS e Novell detalharam ou não as tais patentes 'feridas' pelo Linux? MS dizia que não. Agora diz que sim. A Novell segue insistindo que o Linux não fere nenhuma patente da MS.
  • A Novell vai romper o acordo com a MS ou vai esperar para ver se terá o mesmo fim da SCO?
  • Qual é, no final das contas, o "business driver" que nos trouxe para a situação atual? Se o Vista já vendeu uns 40 milhões de cópias, como o Bill disse, qual o problema da MS?
  • Quem tem coragem de colocar CLIENTES no banco dos réus?
  • Quem tem coragem de fazer acusações sem mostrar nenhuma prova?
  • E por que a gente tá perdendo tanto tempo com isso? tsc, tsc...
"Limpar a área" é deixar de comentar bullshitagens que, ao que tudo indica, servem só de 'balão de ensaio' para idéias estúpidas. Resposta default de agora em diante: e o quico?

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Dana Gardner (na ZDNet): Microsoft: um escritório de advocacia que pensa ser uma empresa de software!

Na mosca! E o quico?

Não é piada. O CrunchGear realmente publicou um guia - tipo "Pirataria for Dummies". O mais engraçado é que o guia é sério, ou seja, ele realmente ensina a piratear filmes, músicas e software. Vince Veneziani (autor do artigo) e John Biggs (editor) são muito corajosos. Ou loucos. Ou então o CrunchGear tava precisando d'alguma publicidade gratuita.

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E por falar em pirataria, pintou outra daquelas pesquisas maravilhosas: 35% das empresas usam software pirata. Ignoram a América Latina. Falam que a China é o paraíso do Capitão Gancho: só 18% das empresas utilizariam cópias legais. Wow! Quer saber quais são elas? MS, IBM, Oracle e todas as outras multis instaladas por lá. Hehe.. Empresa 100% comuna não reconhece propriedade privada. É contra a lei deles... Acho que tô brincando. Mas pode ser sério.

Como é séria a miopia dessas pesquisas. De novo: o que é pior? 82% de pirataria na China ou 22% nos EUA? Qual é mais "cara-de-pau" e mais custosa? Pensa bem: 1 em cada 5 empresas estadunidenses utiliza software pirata! E tem gente preocupada com patentes "submarinas" e em "limpar a área"? tsc, tsc...

graffiare #418

14 maio 2007

Depois de anos usando e abusando d'uma questionável estratégia FUD, a MS finalmente mostra suas armas: o [Linux] universo do Software Livre teria se apropriado - indevidamente - de 235 patentes. 42 das infrações estariam no próprio kernel do Linux?!?

Segundo o artigo da Fortune, a MS estaria pronta para começar o "Armaggedon". O início do fim está bem identificado: o acordo MS + Novell. O universo do Software Livre contra-atacou com uma versão do GPL que "proíbe" esse tipo de "carta de alforria". Para a MS não teria sobrado outra alternativa que não seja a guerra... em tribunais.

Quem ganha com isso? Ninguém! (Ops.. alguns advogados, com certeza ganharão muitos $$$).

O artigo lembra que mais da metade das empresas listadas na Fortune 500 utilizam Linux. Será que a MS repetirá os passos de seu "laranja", a SCO? Seria arriscado demais. Estúpido demais.

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Quando a gente é obrigado a entrar no chato e escorregadio terreno "jurídico", a melhor fonte de informações é o Groklaw. Comentando o artigo da Fortune, o blog legal acaba nos dando esperança de que nada acontecerá. Alguns trechinhos (devidamente tropicalizados):
  • A MS deu um tiro no pé quando assinou um acordo com a Novell. Assinou sem ler a GPL. Ela se tornou um distribuidor do SuSE. Como tal, não pode reclamar "patentes". Tsc, tsc...
  • A MS não mostra as patentes que reclama. Nem mostrará. Medo de passar vergonha.
  • A MS vai processar o Pentágono?
A grana gasta com advogados pagaria um belo time de desenvolvedores...

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Update (21h50): Mas, apesar de tudo, parece que a MS (mon amour) ama Software Livre. Bom, tem gente que acha. E lista 7 (!) razões para um amor profundo, verdadeiro e fiel.

Update 2 (16/mai): Tinha falado em Linux onde deveria ter escrito apenas Software Livre. Deslize que compromete e informa mal. Perdão.

Deu na Época Negócios: "84% dos executivos estão infelizes no trabalho". Em determinado ponto da matéria dá vontade de perguntar se os caras conhecem um botãozinho chamado "off". Covardia. Mas o número assusta. Aí deu ontem no Fantástico: "70% dos funcionários estão infelizes". 30% deles estariam "muito insatisfeitos" - chegariam a pedir demissão mesmo sem uma recolocação assegurada. 70%!

Se pegarmos alguns setores ou empresas veremos que mais da metade dos consumidores está "muito insatisfeita". Que modelo é esse que consegue agradar, no máximo, 20%-30% de todos os envolvidos? E, mesmo assim, a satisfação nunca é plena. Que modelo é esse?

Pela 3ª ou 4ª vez vou dar a mesma resposta. Não é completa, particularmente nas soluções, mas indica um bom caminho.

SOOS :: Índice

11 maio 2007

Foto da Tanakawho.


  1. Estopim: O SO do Século XXI
  2. Faísca, Fumaça e Fogaréu
  3. Definindo o SOOS
  4. SOOS :: Conexão
  5. SOOS :: Arquitetura, Serviços e Grana
  6. SOOS :: Caras, Bocas e Ouvidos

Continuação de "SOOS :: Arquitetura, Serviços e Grana", que é parte da série "Fumaça, Fogo e Fogaréu".

Em 18/jan eu pedi uma semana para encerrar esta série. Estiquei um pouco a saborosa pesquisa (sci-fi na véia veia) e a história quase caiu no esquecimento. Quando estava quase terminando a faxina radical em minhas gavetas, apareceu o pobre SOOS, com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança. Lógico que eu preciso tentar dar um final digno para a séria série. Tentarei hoje, comemorando os 3 anos de vida do
Graffiti.

Criativa foto de Steve Jurvetson.

Todas as outras partes desta série falaram mais da arquitetura, dos fundamentos do SO do século XXI. Ficou para agora, o último capítulo, a única porção do SOOS que interagirá diretamente com a gente. E as mudanças, em relação ao cenário atual, devem ou deveriam ser drásticas.

Há quanto tempo estamos limitados ao teclado e ao mouse? Mais de vinte anos*! Vinte anos, no mundo da tecnologia, é uma vida inteira. Vimos nascer os processadores de 32 e 64 bits. Os monitores ficaram fininhos e ecologicamente corretos. Os celulares ficarão mínimos em tamanho e bonitinhos. A Web apareceu para mudar tudo. Mas seguimos limitados ao teclado e ao mouse.

Eu sei, a IBM (com o ViaVoice) e mais recentemente a MS fizeram alguns avanços no campo do reconhecimento de voz. Mas é muito pouco. Já era para a gente estar conversando com nossas máquinas há muito tempo. Eu disse *conversando*, e não apenas falando. Ou seja, não basta que as máquinas ouçam. Faz todo o sentido que elas respondam da mesma forma. Seria o mesmo protocolo e a mesma língua, certo?

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Em 1968, há quase 40 anos, nós conhecemos o HAL 9000. Ele era o protagonista (?) de "2001", uma das obras-primas do Kubrick. Tão significativo que Arthur C. Clarke esperou o filme ficar pronto para encerrar seu livro. HAL conversava com seus usuários. E enxergava tudo que ocorria em seu ambiente (no caso, uma nave espacial). Vamos desconsiderar o lado mau (persistente?) do HAL. O fato é que a interação com ele é muito natural.

HAL ganhou uma espécie de 'irmã' no filme "Alien", de Ridley Scott. Estamos em 1978. A interface era muito semelhante. E seus usuários a chamavam de "Mãe". Estranho, mas depois disso, de certa forma, os computadores perderam um pouco de inteligência e de charme. Em 1982, em "Blade Runner" do mesmo Ridley, um computadorzinho especialista limita-se a ouvir os comandos de Harrison Ford. É especializado em análise de imagens. Um tipo de scanner vitaminado. E a história se passa em 2019.

Sci-fi fica em baixa por uns tempos. Saltamos diretamente para 1999, para "The Matrix". Fica difícil falar sobre interação aqui. Afinal, Matrix é um universo todo. E as poucas interfaces que aparecem são meramente decorativas. Ou alguém acredita na usabilidade / legibilidade daqueles caracteres de fósforo verde que despencam na tela? Como dica cultural, fica o seguinte: uma das melhores coisas de Matrix é "Animatrix". "O Recorde Mundial" e "Uma História de Detetive", dois de seus 'programas', contribuem mais para a saga do que qualquer uma das duas seqüências que foram filmadas.

Finalmente chegamos em 2002, ano do lançamento de "Minority Report", de Steven Spielberg. De todos, foi o único que envolveu cientistas de verdade. Spielberg promoveu uma gigantesca sessão de "toró de parpite" (aka Brainstorming) com vários especialistas para tentar projetar como seria o mundo em 2054. Os jornais recebem notícias em tempo real. As vitrines conversam com clientes em potencial. A metrópole se transforma num imenso Big Brother: todo mundo é vigiado e rastreado. Mas, na hora de manipular um micro, Tom Cruise parece estar fazendo algum tipo de malabarismo!?! Com o auxílio de umas feias luvas, ele arrasta janelas, minimiza-as, dá zoom. Será o nosso futuro tão horripilante? Será que os especialistas em usabilidade que ele chamou são os projetistas do Aero 3.0? (hehe.. brincadeirinha...)

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Como fiz em todas as partes desta série, vou surrupiar alguns trechos de "A Vida Digital", livro que Nicholas "XO-1" Negroponte lançou em 1995:

Trinta anos atrás, usar um computador, assim como dirigir um módulo lunar, era coisa para poucos versados na parafernália necessária para pilotar essas máquinas, às vezes com o auxílio de linguagens primitivas ou linguagem nenhuma (apenas interruptores e luzes piscando). Na minha opinião, havia um esforço subconsciente de manutenção do mistério, como o monopólio dos monges ou algum bizarro rito religioso da Idade das Trevas.
Estamos pagando por isso até hoje.

...

As futuras interfaces homem-computador serão baseadas na delegação de tarefas, e não no vernáculo da manipulação direta - menus que descem, pipocam, cliques - e do comando por mouse. A 'facilidade de uso' tem constituído uma meta tão obrigatória que, às vezes, nos esquecemos de que muitas pessoas simplesmente não querem usar a máquina: querem que ela desempenhe uma tarefa.
Não tenho dúvidas, o SOOS será o primeiro a romper com a idade das trevas-dos-cliques-menus-e-travas. Ainda que um teclado e um mouse estejam disponíveis para quem quiser usar. O próprio Negroponte diz, "não há solução 'melhor' no desenho de interfaces". Ou seja, o SOOS será multi-caras e multi-modos.

Quando estou deitado na rede, folheando a Wired, não quero clicar num controle remoto para o Amarok (ou iPod) mudar de Beth Orton para Aimee Mann. Deveria bastar uma breve *ordem*. Falada. Se não tiver entendido, o SOOS pergunta: "Aimee Mann ou Pearl Jam?". Sacana... "Então toca 'Black' e depois vai direto para 'The Forgotten Arm', ok?"

Ninguém mais se lembra, mas o SOOS não seria uma exclusividade dos computadores. TVs, celulares, media players, liquidificadores**, automóveis... O SOOS - que não é um monopólio e sim uma plataforma comum e ABERTA - estaria em tudo.

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Há poucos dias eu comentei que só faltam duas coisinhas para o Ubuntu (ou qualquer distro Linux decente) cair no gosto das massas: distribuição e uma revolução em termos de usabilidade. O primeiro desafio começou a ser vencido, com o acordo assinado com a Dell. Era o mais fácil.

Chegou a hora de desafiar a mesmice dos cliques e menus (que pipocam). Aero, Exposè, Beryl e Compiz são bonitinhos, mas não têm nada a ver com os verdadeiros desafios. Que nossos novos cientistas saibam ignorar as bobeirinhas de "Minority Report" e "Matrix", e consigam nos dar um HAL 'do bem'.

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* O primeiro mouse foi patenteado pela Xerox no dia 17/nov/1970!! Sua primeira versão comercial foi lançada em 1981. Mas foi Steve Jobs, com o primeiro Mac, que popularizou o brinquedinho.

** Liquidificadores sempre aparecem em meus exemplos. É que Varginha é o maior fabricante mundial. Não tem nem pra China! Só que eles ainda não saem de fábrica com o SOOS... tsc, tsc...

De Luís Nassif, em sua coluna na Folha de 17/Abr/2004:

Muitos tratam o software livre e/ou aberto como uma utopia. Trata-se de um sistema no qual os algoritmos (a lógica do sistema) é aberto, em vez de ser escondido, como no caso dos softwares proprietários. As comunidades do setor ajudam a fortalecer essa imagem porque, em geral, a parte mais visível é a mais barulhenta e juvenil.

Quando se penetra mais fundo nesse universo, porém, o que se vê é um modelo de atuação já testado, com enorme potencial para a geração de conhecimento e de aplicativos.

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Pois é, hoje o Graffiti tá completando 3 anos de vida! É meu blog mais velhinho. E o texto acima foi publicado logo na sua primeira semana de vida. Como diria o Tio Bill: "Blog que nasce torto, morre torto".

A Red Hat ajudou no desenvolvimento do OLPC (One Laptop per Child), também conhecido como XO-1. Pensou um pouquinho e reparou que o brinquedinho, devidamente trabalhado, poderia se converter numa boa alternativa para empresas. Fez brotar então o seu Global Desktop. Strange bedfellow de 1ª hora: Intel! (Chateadinha com o fato do Vista rodar melhor em AMD's?)

Lógico que a Red Hat corre atrás de "diferenciação". O Ubuntu, e todo o barulho que ele faz, estão incomodando bastante. Aliás, sua derivação para o mundo da Educação, o Edubuntu, configura-se uma boa alternativa ao XO-1. Uma vantagem nítida: ele roda em máquinas velhas, com 128Mb de RAM, por exemplo. Ou seja: um governo esperto (e inteligente) lança uma campanha para receber doações de micros que estão sendo abandonados por pessoas físicas e jurídicas. Micro velho = lixo ruim. Dando um 'tapa' neles (uma limpezinha e uns apertos em conectores), e instalando o Edubuntu, o governo pode equipar diversas escolas. Mata um monte de coelho com apenas uma iniciativa. E não precisa pagar os US$ 100 e poucos do XO-1. Lógico, não vai ter micro pra todo mundo. Aí entraria o XO-1. Aliás, eu faria a seguinte divisão: XO-1 para crianças entre 5 e 10 anos de idade. Edubuntu para todos os outros. E Windows de 3 contos para todas as crianças dos EUA. Tio Bill poderia começar pelas escolas de New Orleans. Tks Tio Bill, mas o 3º mundo não vai mandar mais US$ 15 bilhões para a sua conta. (Explico: ele tá falando em "vender" 5 bilhões de "licenças" do Windows de 3 contos. É tão bem intencionado que dá dó...)



Voltando para os 'roadmaps' cruzados. A Red Hat também atacou a Novell: vai colocar seu Linux nos mainframes da IBM! Porque será que a IBM não gosta mais da Novell-SuSE? Será que o acordo MS-Novell tem algo a ver com isso?

Pra encerrar com o Chapeuzinho Vermelho: o Red Hat Exchange é uma idéia muito legal. Promissora.

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E pensar que tinha gente que falava que o Linux era ruim para o capitalismo, que ele acabaria com "concorrências". Que era coisa de "comunistas modernos"... tsc, tsc. Moderna é a LÓGICA!

E a foto é da minha mais assídua colaboradora, a Tanakawho. Se ela soubesse. E se um dia eu conseguisse retribuir sua generosidade. Ela tem fotos impressionantes no Flickr (3565 hoje), todas liberadas sob licença Creative Commons (by). Pede só 'by' (atribuição)!

Golpe do Baú

10 maio 2007

Casório é o destino natural de todos os organismos vivos. Alguns são modestos. Outros são polígamos. Mas tudo é casamento. No mundo capitalista, juntar trapinhos também é uma tendência natural. Tão forte que faz com que a diversão de muitos (me incluo aqui) seja projetar fusões & aquisições. Talvez seja mania de gente do interior. As maricotas daqui ficam tentando adivinhar quem vai casar com quem. Enquanto os josés limitam-se a comentar quem come quem.

Lidando com uma sacanagem diferente, já falei que a MS paparia a Adobe. Ou a Apple paparia a Adobe. Que a Sony vive louca para papar alguém, mas anda com problemas de disfunção. A fofoca mais quente dos últimos dias era uma possível tara da MS pelo Yahoo. Nos últimos anos, o Don Juan do mercado foi a Oracle. Resumindo: nosso mercado é uma suruba. (No bom sentido... capitalista).

Eis que um tal 9to5Mac cogita um casamento de deixar a Cicarelli de queixo caído: Apple e Sun? É tão improvável, estranho mesmo, que pode até se tornar realidade. O namorico passou da fase dos beijinhos: a Sun está levando Java EE, OpenOffice e até o ZFS de presente. Valem mais que qualquer caixinha de bombom ou buquê de rosas vermelhas.

Mas as más línguas não perdoam: é golpe do baú!



A cultura nerd tem muita coisa de gosto duvidoso. No caso acima, não tenho dúvida nenhuma: que beleza! (fui irônico como o Milton Leite, ok?). Sacô não? São alianças de casamento... com plugs RS-232!?!?!

Só falta o casal, ao invés do tradicional beijo, plugar os anéis e soltar: "Super-gênios, ativar!!"

Free Me

09 maio 2007

Escolheu o Ubuntu para equipar seus desktops? Linda, maravilhosa, astuta Dell!

Pega carona na "parceria" MS-Novell?!?! Que que deu na Dell?

Tucanô. Só que vida em cima de muro é curta.
Que o digam Sun, Geraldo, SCO, Novell, Humpty Dumpty...

I think I hear something... Oh just the sound of a few hundred thousand Yahoo users changing their home page.

- John (comentando um certo boato no blog do John "A Busca" Battelle")


O casamento MS+Yahoo já pintou aqui no Graffiti tantas vezes. Mas passei batido na boataria que rolou na última sexta. Não fiz isso, nem isso.

Acho que a gente perdeu um pouco a noção do valor da grana. Como você se prepara para gastar R$ 500? E R$ 5 mil? E R$ 50 mil? E R$ 5? Muda, não muda?

Gente, o Post falou em CINQUENTA BILHÕES DE DÓLARES! A aquisição do YouTube pela Google (US$ 1,5 bi) não é nada perto disso. Por que o processo seria o mesmo? A única coisa que vem na minha cabeça é o caso AOL+Time Warner, que tem mais de 7 anos.



Seguinte: MS e Yahoo ainda serão uma coisa só. IMHO, será inevitável. Só que não será uma fusão tradicional. Mesmo que a MS (ainda) não tenha um Louis Jobs ou um Steve Gerstner, o fato é que a fusão será criativa. Tem de ser, senão não sairá. Nem a MS pode simplesmente torrar US$ 50 bi. Ainda mais por uma empresa que só apresenta resultados ruins nos últimos tempos. Sua ação só subiu um pouquinho agora. Pq? Oras... por causa dos boatos!

Vamos falar um pouco sobre criatividade e engenharia financeira: como o Jobs papou o controle da Disney? Alguém ouviu falar em fusões e aquisições? Rolou boatarias e afins? Não.

Se Gates e Ballmer não estivessem mais na MS (com o freio na mão)... a unidade Live já seria uma outra empresa. Sócia do Yahoo.

Dos milhões de entraves que existem para uma fusão tradicional, tem UM que é fundamental: a MS tá grande demais. Inchada demais. Se o Mini-MS segue vivo (e bem escondido), é porque o que ele diz faz sentido ("A MS tá inchada demais", é sua principal mensagem). Advinha o que ele pensa sobre a MS incorporar 11.700 funcionários novos (o plantel do Yahoo)...

Limpando Gavetas

08 maio 2007

Meus dois últimos posts - aquela lengalenga sobre seguros e o InsHub - trataram de tirar um considerável peso da minha gaveta (consciência). É que precisei abrir espaço para outros projetos. Um deles, que faz parte da minha programação-estratégia para o finito, acaba de se tornar público.

No próximo dia 19/jun acontecerá o primeiro workshop "Formação para Analistas de Negócios". Organizado pela Tempo Real Eventos, acontecerá em Sampa e tem 50 vagas. No finito eu falo um pouco mais sobre o evento. Aqui resta dizer que o evento terá um significado MUITO especial para este que vos escreve: será a primeira aparição pública de meu primeiro livro. Vocês conseguem imaginar o frio que dá na barriga?

Mas agora tenho que executar um Sprint (a la Scrum) de 30 dias. Espero não ter tempo para me preocupar com minha hérnia do hiato, frios na barriga e afins.

InsHub

07 maio 2007

Seguindo naquele nosso papo sobre seguros. Se eu tiver que dar um chute ("de bico*" mesmo), o desenvolvimento daquele projeto que citei no 'episódio' anterior custaria algo entre US$ 1,5 milhão e US$ 2 milhões. Considerando não só aqueles orçamentos que comentei na última semana, mas também algumas "informações privilegiadas", tenho que admitir que muito dificilmente uma seguradora bancaria o desenvolvimento do InsHub. Por óbvio e necessário que ele seja. Acontece que as seguradoras têm outras prioridades. Gerenciamento de riscos, Business Intelligence (BI) e combate a fraudes - não necessariamente nessa ordem - são as mais visíveis.

Não vou me repetir. Em novembro do ano passado comecei a escrever alguns artigos sobre o tema. Ficaram escondidos até hoje porque eu não sabia o que fazer com o projeto. Aliás, ainda não sei, mas creio que passou da hora de discutí-lo de uma forma mais aberta. Por enquanto, tenho apenas 3 artigos - um tipo de Business Case. Para quem se interessar, estão aqui:

O projeto recebeu o singelo pseudônimo "InsHub" (Insurance Hub). Eu sei, meio feinho. Mas acho que consegue passar a idéia.

Depois de muito martelar (posso dizer que são mais de 4 anos de marteladas ocasionais/acidentais), creio que existem apenas duas formas de viabilização do projeto: i) como Software Livre; ou ii) como um Projeto Cooperativo.

No primeiro caso seria necessário reunir algo entre 10 e 20 desenvolvedores dispostos a encarar um trampo de aproximadamente 1 ano. Seria bem mais fácil de viabilizar se pintassem dois ou três patrocinadores, seguradoras interessadas no produto final ou investidores. Entidades como a SUSEP, Fenaseg, Fenacor ou similares também poderiam se interessar. Mas trariam uma complexidade "política" pouco comum no mundo do Software Livre.

Complexidade bastante semelhante à de um projeto cooperativo. Neste caso, algo entre 5 e 10 seguradoras bancariam o projeto. Ou algo entre 10 e 20 corretoras. Coisa complexa que só seria possível com a formação ou nomeação de uma empresa para tocar o projeto. Como um projeto de software livre, seria de difícil gerenciamento. Afinal, teríamos algo entre 5 e 20 fontes de requisitos. Muitos interesses conflitantes e o eterno (e infundado) medo da concorrência. Sobre o "infundado" eu falo em outra oportunidade, provavelmente no próprio blog do InsHub.

Bom, agora me resta falar um pouco sobre a solução. Durante esta semana vou descrevê-la, em 3 ou 4 partes, no blog do InsHub. Mostrarei como o projeto pode atender uma seguradora ou um conjunto delas. Ou, sabendo posicioná-lo, como ele atenderia um grupo de corretoras. Destacarei todos os negócios "periféricos" que ele pode gerar: rastreamento de veículos, planos de saúde, melhores soluções de CRM e BI etc. Lógico, não entrarei em detalhes técnicos. Neste ponto do projeto eles não se justificam. Mas, dependendo do papo, quem sabe?

Minha única certeza é que não ficarei mais com esse peso na minha gaveta de "projetos em stand-by" ou de "projetos órfãos", como um dia eu disse para o Bob Wollheim. Tenho mais o que fazer.


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* Um chute "de bico" é, no jargão dos boleiros, um chute pouco técnico - feio, principalmente se realizado por um "perna de pau". Raros craques, como Romário e Ronaldo, sabem fazer do chute "de bico" uma finalização perfeita. No contexto deste artigo, o termo foi utilizado para enfatizar a grosseria do chute dado.

Por uma série de motivos eu vivo adiando um post sobre o assunto. Mas algumas estrelas se alinharam de forma inédita, uma segunda terra foi descoberta e muitas coincidências e notícias pipocaram nos últimos dias, me obrigando a falar. Ontem eu falei sobre os possíveis "grandes" projetos do Brasil em 2007. Fiz um breve comentário (negativo) sobre nossas seguradoras. Anteontem o David Berlind (ZDNet) escreveu sobre como a Zimbra resolveu o "problema" offline. Bem, correndo o risco de parecer muito pretencioso, vou contar como o tal "problema" QUASE foi resolvido aqui no Brasil, há exatos 5 (cinco!) anos.

Por razões óbvias, omitirei nomes e razões sociais. Só vou destacar os membros do time, autores de uma (QUASE) obra-prima. Vamos lá:

O ramo de seguros foi um dos primeiros a tirar proveito da tecnologia da informação. Investimentos em mainframes e grandes sistemas eram facilmente justificados. No entanto, com o tempo, tornou-se um ramo bastante conservador. Aqui no Brasil os bancos tomaram a dianteira - se tornaram mais inovadores. As seguradoras seguiram recebendo e armazenando toneladas de informações. Num estudo da IBM (internacional), o autor diz que as seguradoras têm "muita memória e nenhuma capacidade de raciocínio". O autor está falando dos sistemas. O cenário é um pouquinho pior.

Como o investimento no passado foi muito grande, as seguradoras simplesmente não tinham como promover uma substituição em larga escala de seus sistemas legados. A onda dos grandes pacotes, ERPs e afins, não tocou as seguradoras. Fizeram mais sentido em outros ramos de atividade, caracterizados por pobres e surrados sistemas administrativos que eram desenvolvidos e mantidos internamente. A insatisfação com esses sistemas era grande, o que facilitou o giro da "roda da fortuna" de empresas como SAP, Datasul, Microsiga e similares. Não havia no mercado uma boa oferta para as seguradoras. E, por outro lado, elas pareciam bastante satisfeitas com seus sistemas.

Driblavam suas deficiências com novas e pontuais aplicações. Em uma década, depois do advento da Internet comercial, criaram uma imensa pilha de pequenos, arredios e heterogêneos sistemas. Em um dos piores cenários que testemunhei, a seguradora tinha mais de 15 aplicações que, de certa forma, faziam a mesma coisa. Quando uma regra de negócio era alterada, mais de 15 sistemas tinham que ser alterados. Tinha de tudo: Cobol, Clipper, FoxPro, Java, VB, ASP ...

Há um mínimo denominador comum para a maioria dos "remendos". Eles informatizam canais: corretores, bancos, telemarketing, sites etc. Cada novo canal ou demanda das áreas de negócios fazia brotar uma nova arquitetura. Não é fácil explicar, mas existem justificativas. A dinâmica do negócio confundiu-se com a profusão de novas tecnologias. Sempre havia uma tecnologia "mais adequada". A ausência de uma boa proposta de Arquitetura Corporativa (EA) facilitou a composição do "samba do crioulo doido" que caracteriza a área de TI de diversas empresas.

[Wow.. quanta introdução!]

Num belo dia de maio de 2002 nossa turminha foi jogada num projeto para uma seguradora. Ambição pequena seria bobagem: íamos trocar os mais de 15 sistemas por um único. Principal requisito: um ponto único para atualização das regras e parâmetros. O projeto era tão bom que justificou até mesmo o desenvolvimento de protótipos (RICOS e FUNCIONAIS) em tempo de proposta. Confrontamos as alternativas tecnológicas (Java X MS, pra variar), e provamos em diversos testes que a melhor solução era 100% Java.

Tinha ali um grande divisor - o "complicômetro" que nos remete ao "problema" citado no título do post: a aplicação deveria ser idêntica tanto em modo online quanto offline. A Zimbra, citada lá no primeiro parágrafo, "descobriu" o JavaDB (ou Derby da Apache). Um gerenciador de base de dados bem leve e quase invisível (para o usuário final). Ele não existia em 2002. Na época optamos pelo Hypersonic (ao longo do projeto novas e melhores alternativas foram pintando. Mas o conceito já estava fechado). Além do óbvio armazenamento dos dados gerados em modo offline, nosso "banquinho" seria também nosso novo sistema de arquivos. Armazenaria todo o código Java, fazendo controle de versões e coisa e tal. Os detalhes não interessam (por enquanto).

Além da autonomia quando desplugada, a aplicação tinha outro requisito fundamental: o "look & feel" deveria ser o mesmo do ambiente online. Esta foi, por um bom tempo, uma das partes mais complexas de todo o projeto. Hoje pululam por aí Apollo (Adobe) e Silverlight (MS), mas na época não tínhamos muitos facilitadores. Pattern MVC elevado em não sei qual potência, com megalitros de energético e café e muita discussão boa. Aliás, pude mostrar os desafios do projeto para muitos papas javeiros tupiniquins. Todos simplesmente adoravam o projeto, mesmo que discordassem de algumas soluções aplicadas ("substituir o ClassLoader é um pecado mortal!!!") hehe..

Antes do triste final, os créditos: tive a oportunidade de trabalhar com 3 arquitetos e 2 (duas!) analistas que foram um show de bola durante todo o projeto: Nelson Ponce de Leon, Hamilton Veríssimo, Luis Felipe Braga, Claudinha Nogueira Pott e Ariane Garé. Seria sacanagem não citar também as valiosas colaborações de Flávio Crispim (o aprendiz mais rápido que já vi), Fábio Pan (o programador mais rápido que já vi) e Adilson Somensari (o maior bebedor d'água que já vi - hehe.. brincadeirinha).

O trabalho dos 3 arquitetos merece muito destaque. Tensão criativa era aquilo ali. Muita tensão. Mas muita criatividade também. Era o tipo de projeto que cria isso naturalmente, sem forçação de barra (ou eventos de motivação - arrgh!). Meu primeiro pesar foi não ter tido tempo suficiente para aprender a lidar com mais eficiência com a porção "tensão" do processo. Mas a experiência foi inesquecível. Tanto que, agora - 5 anos depois - ainda me lembro de detalhes do projeto.

Mas uma equipe (QUASE) perfeita não é nada quando as organizações não lidam bem com projetos dessa natureza. Vários problemas "políticos" (e MUITA VAIDADE) condenaram o projeto. Não tem espaço para choramingos, mas o fato é que o projeto foi interrompido em seu ápice, após 30% do caminho percorrido. Um ativo (de software) muito bom - atual apesar da idade - tá aí, perdido no tempo e no espaço.

Pior, perdido em um momento em que ele seria muito útil no mercado de seguros. O Braga sempre diz: "Código envelhece". Concordo, mas o desenho da solução não. Era SOA (Service-Oriented Architecture) antes da sigla. Era RIA (Rich Internet Application) antes da sigla. Era "web-offline" antes da Zimbra, do Apollo e do Silverlight.

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Agora que criei coragem, vou prolongar um pouco mais a história. No próximo post falo um pouco mais sobre a solução e sua possível viabilização.

A última Info publicou a lista das 100 empresas mais "ligadas" do Brasil. Independentemente dos critérios aplicados, a relação tem suas utilidades. Não tô falando do afaga-ego - "espelho, espelho meu" - que alguns utilizam. É que em cima dos chutes e previsões de investimentos, nada impede que a gente também dê alguns pitacos. A Info levantou que as 100 organizações vão gastar US$ 600 milhões a mais em 2007. Cerca de 23% acima dos US$ 2,6 bi gastos em 2006.

Fiquei curioso e mergulhei nos números. Lógico, ninguém falou explicitamente onde vai torrar a grana em 2007. Mas não fiquei surpreso ao descobrir que apenas 20 empresas responderão por mais da metade dos US$ 600 milhões que serão gastos a mais. Dedução arriscada: elas terão projetos novos em 2007.

[Hell! Já estamos em maio. Muita coisa já pode estar acontecendo. Sim, mas considerando que a gente só "starta" coisas desse tipo depois do carnaval... quem sabe?]

Ok, vamos dar nomes aos bois. Saca só:


A lista tá ordenada pela maior diferença de gastos entre 2006 e 2007. Com inflação baixinha, é lógico que qualquer número acima dos 20% indica coisa nova - projetos novos - e não a simples manutenção de ativos e operações.

Ok, só o Banco do Brasil vai tostar 50% dos US$ 322 milhões projetados. Sabe-se lá o que se faz com US$ 162 milhões de "grana nova" em TI hoje em dia. Como a grana é, de certa forma, nossa... bom, deixa pra lá.

A CSN, primeira colocada (mais de 500%!), é a mesma empresa que gastou "só" US$ 90 milhões com a implantação de seu SAP. Então US$ 14 milhões de "grana nova" é troco, hehe. Será que finalmente sairá aquele projetão de Sepetiba?

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Graffiares Soltos

Dois setores precisam rever rapidamente suas estratégias de TI: Seguros e Planos de Saúde. Motivo: TI está virando 'gargalo' para o negócio. Só 5 seguradoras apareceram no ranking: AGF, Indiana, Marítima, Aliança e Liberty. Delas, apenas 2 estão na lista acima. Ainda assim, com modestos investimentos de US$ 1 milhão (Aliança) e US$ 4 milhões (Marítima). Tem seguro pra TI de seguradora? E o que dizer dos planos de saúde?

Em determinado momento a Info diz que "39% das empresas são adeptas do SOA". Que diabo é isso? Adepto? 'Do' SOA (sic)? Céus...

A TVA bem que podia contar seu segredinho pra gente. Tem um orçamento de US$ 1,5 milhão e mais de 800 desktops. Número de profissionais de TI: ZERO! Ou é o paraíso da automatização ou um caso extremo de "terceirização". Deve ser o sonho de muita empresa...

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Em agosto tem mais. Sairá a lista das "200 Maiores". Com a Info prometendo um "raio-x financeiro das empresas de tecnologia do país". Salivei...



Explicando: são os números que quebram a portinhola do HD-DVD. Uma 'campanha publicitária' de larga escala ganhou a web ontem, depois da revolta gerada pelo Digg.

Gostei muito da "lógica" do JP Rangaswami (Confused of Calcutta). Está longe de mim querer substituí-la, mas senti necessidade de uma versão simplificada - uma versão "para início de conversa".

[Para quem tá viajando: estamos falando de propriedade intelectual, colaboração, aberto & livre versus fechado...]

Meus R$0,02*:

  • Ativos físicos (carro, livro, CD, namorada(o) - ops... etc) se depreciam com o uso.
  • Ativos intelectuais (idéias, experiências, software...), por outro lado, aumentam de valor com o uso.

É por isso que a notícia da distribuição do Ubuntu pela Dell é tão importante. É por isso que o tamanho de uma comunidade é crucial para o sucesso de um produto de software livre. E é por isso que toda tentativa de proteção de 'propriedade intelectual' me parece totalmente sem lógica.

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E a disputa pelo prêmio "IT Ig Nobel" fica cada vez mais acirrada. Afinal, qual a invenção mais energúmena e idiota dos últimos tempos? DRM ou o WGA (Windows Genuine Advantage) que agora, além de ser mal educado e pouco eficaz, também faz propaganda!

Pequena atualização: foi hilária a corrida maluca da AACS atrás dos 'moleques' que publicaram a chave que abre a burra portinhola dos HD-DVDs. O Digg tropeçou nos princípios de seu 'core biz' e mereceu uma bela "blitzkrieg".

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* "Lógica" surrupiada de uma frase do James Brian Quinn.