Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

Visite a nova versão em pfvasconcellos.net

A Cabeça do Ballmer

27 abril 2007

Eu já tinha desistido. Depois de 2 anos falando que a MS seria uma empresa melhor sem o Ballmer, cansei. Mas basta que um trimestre seja fechado para o assunto ressuscitar. O Register sugeriu ontem uma solução que pintou aqui há muito tempo: um "modern-day Gerstner" é tudo que a MS precisa! Pra quem não sabe, Lou Gerstner foi o salvador da pátria IBM. Sua saborosa saga está muito bem documentada no livro "Quem Disse que os Elefantes não Dançam?". Ballmer confundiu mensagens e lançou sua infame 'monkey-dance'. hehe..

Mas qual é o problema da MS? Afinal, como diz o Meira, eles registraram quase US$ 9 bi de lucros em seu 3º trimestre (o ano fiscal da MS se encerra em junho). O Vista, com mais de 20 milhões de cópias vendidas, responde pela metade de toda a grana. A velha MS é saúde pura - lucro (80%) puro.

O problema é a nova MS: Zune, XBox e Live dão prejuízo. Só o Live comeu mais de US$ 250 milhões em prejuízo. Muitos dirão: "ah, mas o Live é muito novo - ainda tá naquela parte da curva que é investimento puro". Pode ser. Mas, a exemplo do Zune e do XBox, o Live é tardio. Demorou para nascer e está atrasado. Outros tantos dirão: "ah, mas a MS sempre foi assim. Larga tarde mas acaba ganhando. Foi assim com o Windows, o IE etc etc". Será?

Driblar aquela IBM caduca (pré-Gerstner) e seu OS/2 foi fácil. Bater a Netscape (dando o IE) foi mais fácil ainda. Quem era a Netscape? Bater na Oracle e comer bela fatia de seu mercado também não deu muito trabalho - o Ellison veleja em Hellmann's. Velejador que adora dar varada n'água.

O problema da MS é que o campo e as regras do jogo mudaram. Como o próprio Gates disse há alguns dias, muita coisa (inovação) ainda vai acontecer nos próximos 20 anos. "Estamos só no início". Está aqui o ponto: é um INÍCIO. Um marco similar àquele vivido por Jobs e Gates na segunda metade dos anos 70. Mas, ao contrário daquela época, Gates e sua MS estão muito mal servidos. Mal municiados.

E, ainda assim, insistem em brigar múltiplas guerras: Google, Apple, Sony, IBM, Linux e agora até o XO (OLPC). Ballmer é um Bush cafeinado.

Por isso, parece que a solução começa pela aposentadoria do grande Ballmer. Mas eu acho que já não basta colocar um "modern-day Gerstner" em seu lugar. Uma divisão, no mínimo em 3 partes (Windows + Server, Live e Entretenimento [XBox + Zune]), faria muito sentido. Se a divisão Live brotasse já anexando o Yahoo faria ainda mais sentido. Se a divisão de Entretenimento fosse para as mãos de um peso pesado (tipo Apple ou Sony) faria sentido.

"'SE' não entra em campo", diria o Silvio Luiz. E é muito "if" para a lógica do Ballmer Butthead. Mas como adoramos soluções simplistas, vou correr para escolher um novo pseudônimo para o grande Ballmer. Luis XVI ou Maria Antonieta?

graffiare #413

26 abril 2007

Aprenda a usar o Ubuntu.
E dê adeus à urucubaca.










.:.

Wow. A propaganda é meio antiga, mas só vi agora. Que que deu na Info? hehe..

Open Office = Hoteling?

25 abril 2007

Quando a idéia do "Escritório Aberto" pintou por aqui, em 1º/março, conseguiu alguns entusiastas de 1ª hora. Há 2 semanas, quando em Sampa, era tudo o que eu queria. Uma lan-house sem jogos; um escritório de profissionais independentes; uma área de convivência e conveniência.

Tenho até uma listinha de requisitos básicos:

  • Wi-fi (WiMax, whatever..)
  • Micros (4 notebookless people) e Monitores grandes (para o povo com note)
  • Mini-gráfica (para a elaboração e impressão de tudo, de cartões pessoais a manuais e prospectos)
  • Lojinha com itens de primeira necessidade (pen-drives; CDs e DVDs virgens; papel de todo tipo - para uso na mini-gráfica; baterias e recarregadores - de celulares e notes; cafés ~ pinga - ou da água até a pinga, passando por cafés chiques e remixes simples)
  • Salas de reunião que proporcionem uma certa privacidade e sejam abastecidas com dois itens essenciais: grandes quadros brancos e blocos e mais blocos de post-it
  • Grandes e bem equipados toilets. É isso mesmo: quando você está em trânsito, precisa d'um canto para ajustar a gravata, lavar o rosto...
Ok. Peço muito. Mas eu pagaria pelo "aluguel" de um espaço tão rico. Numa lan-house 1/2 boca você paga a bagatela de R$ 2 ~ R$ 4 por hora. Um bom espaço pode custar R$ 20/hora. Não? R$ 20 pelo básico. Cada item da listinha acima teria um valor separado.

Bom, enquanto a moda não pega, outras idéias aparecem. Seth Godin, por exemplo, está compartilhando seu escritório em NY. Batizou a iniciativa de "hoteling". E destaca o principal objetivo: compartilhar idéias!

Por que algumas boas idéias demoram tanto?

Na listinha de assinaturas que mantenho no Google Reader tem uma pastinha-xodó: Mkt. Tem só três 'alimentadores': Guy Kawasaki, Seth Godin e Chris Anderson (aquele do "Long Tail"). Não passo dois dias sem dar uma olhadinha em seus posts. Refresco na mesmice da grande maioria das notícias sobre TI.



Seth está lançando um novo livro, "The Dip". Guy aproveitou a oportunidade para jogar suas tradicionais "10 perguntas" no cara. Vale a pena ler toda a pequena grande entrevista. Mas vou destacar duas provocações (graffiares) das grandes:

Guy pergunta para Seth se a MS deveria abandonar o mercado de MP3. Seth diz que a MS já o fez! Quando, ao invés de inovar, simplesmente copiou a estratégia da líder (Apple), a MS praticamente se lançou num "dead end".

Depois Guy pergunta se a Apple deveria abandonar o mercado de micros. Seth chega a dizer que a Apple seria muito grande se não fosse a arrogância do Steve. Mas conclui o raciocínio elogiando a Apple: "Com o tempo, enquanto os computadores pessoais se tornaram uma commodity que não gera nenhum lucro, o mercado da Apple se tornou mais sexy, divertido e lucrativo".

Morosas & Certeiras

24 abril 2007

O último post destaca a vantagem das empresas ligeirinhas. Mas Esopo nos ensinou, há uns 2600 anos, que tartarugas inteligentes são melhores que lebres febris.

O assunto agora não são as marcas bilionárias. Tô falando do sossegado e nebuloso mercado tupiniquim. Semana passada estourou uma notícia chata: os irmãos RM anunciaram sua saída da Totvs (Microsiga) cobrando uma dívida de R$ 3 milhões. Questão para ser debatida num fórum que não tem nada a ver com o Graffiti.

Mas duas outras notícias merecem destaque: a Datasul comprou, em uma semana, duas pequenas empresas: A Próxima, especializada em soluções para o agro-negócio, e a Ilog, especialista em e-learning. Aquisições curiosas?

De certa forma combinam com uma estratégia sugerida por aqui: "comprar pequenas empresas tupiniquins, altamente especializadas". Na época passei a dica, gratuitamente (hehe), para a Totvs. Questionava aquela acumulação de ERP's que ela promoveu com a compra da RM e da Logocenter. Creio que um portfólio mais diversificado faz mais sentido - abre mais portas. Possibilita, principalmente, que a empresa tire mais grana da mesma carteira de clientes. Aumenta sua participação "no bolso" da freguesia.

A Datasul parecia paradinha. Chegaram a falar que ela seria a próxima aquisição da Totvs. Deu uma de tartaruga e, pelo jeito, pegou um caminho mais promissor.

Variações do título acima já foram título de livros e palestras. Ah, também era um mantra-assinatura d'um vendedor-mala que tive a infelicidade de conhecer. Numa manhã pouco inspirada, surrupio o quase-ditado para batizar um artigo que vou surrupiar da coleguinha Luciana (Blog.MacMagazine): Google é considerada a marca mais valiosa do mundo!

Enquanto a General Electric foi avaliada em US$61,9 bi, a Microsoft em US$54,9 bi e a Coca-Cola em US$44,1 bi, Google atingiu US$66,4 bilhões.
... Ah, sim: a Apple tá valendo US$24,7 bi — um mero trocadinho. :)


Hmm... faltam US$ 13,6 bi. Lembrando: o Eric Smith (CEO da Google), falou no início do ano passado em US$ 80 bi. E brincou: "deixo vocês adivinharem se estou falando de valor de mercado ou de faturamento". Hehe.. ambição pequena é bobagem. Deixar a Google chegar onde chegou foi barbeiragem?

The Linux for Dummies

23 abril 2007

Foi isso que vi nos comentários em algum lugar: que o Ubuntu é um Linux for Dummies. Se bobear, vai aparecer algum tupiniquim falando que é um "Linux pra mulherzinha". Atiram para denegrir e acabam destacando o ponto mais forte do Ubuntu: é fácil! Até o desastrado do Adrian Kingsley-Hughes (ZDNet) apareceu confessando: a versão 7.04 (Feisty Fawn) é "bonita, sólida, rápida e robusta". E disse mais: é mais fácil instalar o Ubuntu do que o Windows!

Disse pouco: não reparou que no novo processo de instalação há um "facilitador" para quem quiser sair do Windows. Chega a apresentar as contas de usuários e solicita que o usuário indique quais ele deseja importar. Não testei, mas será que ele importa até as senhas? Wow!!

Adrian fala que a instalação é meio lenta. Tá comparando com o quê? Porque, no Ubuntu, não é instalado só o sistema operacional. Tem um Office completo, o Gimp (Photoshop livre), uma série de ferramentas multimídia, uns 10 joguinhos, etc etc. Se for comparar de verdade, garanto que é metade do tempo que se leva para instalar a mesma coisa no Vista. Se não for menos.

Tenho só 4 dias de Ubuntu. É a primeira vez que não uso o Kubuntu. Resolvi experimentar o Gnome. Resumo da ópera: que experiência mais agradável! A documentação já está toda atualizada. A performance parece ter melhorado bastante. E as gambiarrinhas mínimas agora fazem parte do pacote. A mais notável: o NTFS-3g (que permite a escrita em discos NTFS) agora faz parte da distribuição.

Já dá pra correr o risco de dizer: desde o OS/2, o Windows não tinha um concorrente tão forte. (Sorry MacManíacos, mas teu nicho é outro).

Ubuntu: Derrubando Sites

20 abril 2007

Popularidade = problema. O site do Ubuntu não agüentou a carga ontem, data do lançamento oficial da versão 7.04. Marketing do tipo "faca de dois gumes". Confirma a crescente demanda pelo simpático SO. Mas mostra uma certa inocência de seus distribuidores. Baixei minha cópia via Torrent. Sem dores. Puxava de 20 caras e servia outros tantos. Essa é a forma mais moderna de se distribuir conteúdo digital. Moderna, escalável, confiável, limpa... Os caras da Canonical (distribuidora do Ubuntu) deveriam ter incentivado esse tipo de "download". O 'mirror' brasileiro, por exemplo, só oferecia a opção HTTP. Terrível. Mas tudo bem.

E melhorando. Confirmando um comentário que o Nelson deixou por aqui, Michael Dell apareceu com o Ubuntu 7.04 instalado em um notebook. Ou seja, o namoro passou da fase das mãos dadas e beijinhos na bochecha. Lembrando a motivação da Dell: segundo um de seus executivos, mais de 100k clientes da Dell pediram Linux em suas máquinas. 100 mil e contando...

Me dá licença Tigre, mas vou surrupiar seu Mico. Não consegui achar figura melhor para ilustrar a última da MS.

Tem fanático dizendo que a MS, de forma genial, acertou dois coelhos com uma só cajadada. Céus. Vamos lá:

A MS perdeu o bonde do OLPC (ou XO, o micro de US$ 100). Ela sabe que não tem uma oferta consistente para aquele mercado. Aliás: não gosto de ver o público do OLPC (crianças pobres do 3º mundo) como um "mercado". Mas tudo bem.

Qualquer coisa que girar em torno de CPU's sempre será um mercado para a MS. Não há mal nenhum nisso. Desde que ela jogue limpo. Não é o caso. A MS anunciou ontem a venda de um pacotinho de software por US$ 3, oferta exclusiva para "excluídos". O pacotinho compreende Windows (4 $less people, aka Starter Edition - aquele lixo), Office Home e outros brinquedinhos. É o mesmo pacote que ela tentou empurrar por US$ 50 há pouco tempo.

Ela tenta disfaçar um ato que a ética comercial condena (abuso do poderio econômico), apresentando-se como "socialmente responsável". Dá nojo.

Mas o problema é ainda pior: ela também vai oferecer um pacote completo: seus belos & capados programinhas em PC's de segunda mão! Tudo pela bagatela de US$ 53!!

Sou um otimista e confio na inteligência dos governantes do 3º mundo (otimismo pequeno é bobagem). Quando compararem todas as funcionalidades do OLPC com o pacotinho de extorsão da MS, verão onde mora o mico.

Quando cheguei na metade do artigo do Roberto X de hoje, pensei estar testemunhando o batismo do mais novo "killer service" da Web. Ele tá falando de vídeo na Web, e sobre como uma empresa israelense, a Hiro Media, parece ter descoberto o modelo de negócio definitivo. (Nota: entenda que "definitivo", nos novos tempos, pode durar uma década.. hehe).

A Hiro pega o óbvio e implementa: "se não pode vencê-los, junte-se a eles". Traduzindo: usa todo o ferramental e cultura dos "piratas" (redes P2P, Torrents, eMule e afins) para promover a distribuição de vídeo. Por que os donos do conteúdo não reclamariam? Estariam faturando com vendas de espaços de publicidade da mesma forma que o fazem na TV aberta.

Com uma vantagem indiscutível: os 'reclames' não repetiriam como acontece na TV aberta. Haveria uma inteligência mínima que tentaria indicar o melhor comercial para aquele determinado momento. (Pensou Google? Acertou).

Se é tudo tão lindo e maravilhoso, por que o "quase" do título? Resposta em três letrinhas: DRM. Roberto X não tratou do assunto, mas no site da Hiro eles falam de um tal "DRM Positivo". Céus: nossa área adora oxímoros. Não existe DRM positivo. Parece que a Hiro perdeu os últimos 3 meses de história (com Bill Gates e Steve Jobs detonando o DRM).

Eles chegam a destacar como características do produto as seguintes possibilidades:

  • Bloqueio do conteúdo por região geográfica (alguém já tentou isso nos DVD's e passou vergonha);
  • "Bomba relógio": o conteúdo torna-se indisponível após determinado número de exibições ou depois de um certo tempo (copiaram o DRM do Zune).
Não tenho dúvida de que a publicidade é a resposta para o mercado de músicas, jogos e vídeo. Enfim, para todo o mercado de entretenimento. Sem o DRM, a Hiro Media pode facilmente se tornar um YouTube "sério". Com DRM, é outro produto desenhado para a chacota e para a diversão de alguns crackers.

Ubuntu 7.04

19 abril 2007


O Ubuntu ainda pode perder para o Windows e o MacOS X em algumas características. Mas em um item ele é imbatível: respeito ao cronograma. Hoje, 19/abr, foi liberada a versão 7.04 (2007/Abril) da melhor e mais "humana" distribuição Linux. O Ubuntu tem versões liberadas a cada 6 meses - sem falta.

Uma característica nova se destaca: uma ferramenta que facilita a migração para usuários Windows. Provocação pouca é bobagem. A MS é rainha em oferecer esse tipo de "facilitação".

Um monte de gente tá perguntando: chegou a hora de desafiar o grande monopólio?

Pé no chão: Não! A oportunidade é muito boa: momento de grande transição, do XP para o Vista. Mas ainda faltam duas coisinhas para o Ubuntu (que, repito, de todas as distribuições é a mais avançada):

  • Simplificar ainda mais o uso e inovar - fugir da mesmice dos menus e barras. Não dá pra desafiar quando tudo o que você faz é, de certa forma, brincar de "seguir o líder". Gnome e KDE fazem um excelente trabalho. Mas já passou da hora de termos um 'Desktop Environment' mais radical. Alguém gritou "voz"? Faz parte...

  • Distribuição: um contrato tipo OEM com uma empresa realmente grande (Dell?), daria o impulso definitivo. O ponto do incômodo foi ensinado pelo Firefox: belisque 10% de market share e você garante vida longa. No modelo atual de distribuição e marketing, o Ubuntu ainda demoraria muito (4 anos?) para conseguir tal participação.
Há 6 meses sou um usuário fiel do Kubuntu (irmão do Ubuntu). Tirando a instabilidade do Firefox e uma ou outra bobeirinha, não tenho do que reclamar. Vírus, ataques, malware de todo tipo e sabor? Coisas do passado. Crashes e "telas azuis"? Coisas do passado. Mas sei que isso tudo ainda não é suficiente para desafiar o status quo.

  1. A software platform is a place. A marketplace.
  2. This marketplace is multi-sided and can be open or closed; the more open it is, the more “sides” it has.
  3. Conversations happen between these sides: consumers, software developers, hardware providers, whatever.
  4. Marketplace participants obtain value from the marketplace provider by sharing services they would otherwise not be able to afford.
  5. There is an implied long tail in the shared services model, no single participant consumes any significant proportion of the shared services.
  6. As a result, while the “infrastructure” provided by the marketplace is commoditised, it is used in many diverse ways by the participants, allowing competitors to differentiate themselves, usually on presentation, simplicity, convenience, access and complementarity.
  7. A marketplace often consists of a series of smaller marketplaces, often overlapping partially.
Lógica pura & simples. Surrupiada do Confused of Calcutta.

graffiare #412

18 abril 2007

You might have expected, as I had, that most Chief Information Officers wanted to know about the latest trends in technology so they could keep ahead of the curve. Nothing of the sort. CIOs, it turns out, are mostly business people who have been given the thankless job of keeping the lights on, IT wise. And the best way to ensure that they stay on is to change as little as possible.

That puts many CIOs in the position of not being the technology innovator in their company, but rather the dead weight keeping the real technology innovators--employees who want to use the tools increasingly available on the wide-open Web to help them do their jobs better--from taking matters into their own hands.

- Chris Anderson (autor de "The Long Tail")

No último dia 2/abr eu escrevi: o 'caso' DoubleClick já tava fechado. Num dos cenários a Google ferraria com aquele tipo de publicidade. Acabou prevalecendo o poder da grana: US$ 3 bi. Valor inflacionado pelo Wall Street Journal e pela MS, que falavam em US$ 2 bi. A MS economizou grana e fez a Google pagar 50% de 'ágio'.

Eric Smith (CEO da Google) não deve ter gostado muito. Mas a grana sobra por lá. Em tempos de ações nas alturas, dinheiro na mão vira vendaval.

A MS só compraria a DoubleClick se fosse uma pechincha. Não era. Então guarda a grana. Bill & Ballmer sabem que vão gastar 10 doubleclicks, no mínimo, numa fusão com o Yahoo. Quando? ASAP!, diriam todos com um mínimo senso de urgência. Afinal, vão esperar a Google ter 90% do mercado?

Ou seria "Remix 2.0"? Não importa. Ainda estamos na tal "Web 2.0", mas parece que um novo marco acaba de brotar: o Zude!



Como falou o David Berlind (ZDNet), tá difícil até para rotular o Zude. É um meta-mega-portal que põe no slogan sua principal característica: "Feel Free". Ou seja, monte qualquer coisa a partir de qualquer serviço disponível na Web. Surpreendente. Vou experimentar um pouco mais e depois eu conto (ou mostro) os resultados.

Caçando Cool

17 abril 2007

Enquanto a Cayce Pollard e suas CPU's (Cayce Pollard Units) não chegam, sua profissão ganha corpo. E ferramentas: Cool Hunter Tools!



O Google pode ser usado para isso - caçar tendências. Mas é genérico e exige experiência. Uma das primeiras ferramentas especialistas a nascer foi o Cool Hunting, nitidamente influenciado pelo texto do William Gibson, "Reconhecimento de Padrões".

Agora, finalmente nasce uma ferramenta mais antenada com a Web 2.0: a Trend Hunter. Você indica tendências, monta seu próprio portfólio e ainda pode ganhar um $$ com isso. Cool!

Só não pode esquecer que se trata de um terreno traiçoeiro. Uma em cada 100 dicas pode se tornar realmente uma tendência. Mas o exercício é legal. E, o mais importante: estimula a criatividade.

A Veja da semana tem uma matéria sobre uma 'misteriosa' tribo da Amazônia. O motivo de tanto 'mistério' seria a sua língua, o Pirahã, mesmo nome da tribo. A língua desafiaria todas as teorias sobre a formação dos idiomas. Características mais marcantes:

  • Só existe o tempo presente. Passado e futuro não existem para os pirahãs;
  • Não existe língua escrita nem a tradição de contar histórias;
  • Não utiliza frases subordinadas - base dos raciocínios complexos;
  • Não usa números e não sabe contar.



Uai, então os pirahãs não são tão raros assim. Quantas empresas existem por aí com características bastante parecidas? Hehe.. traduzindo:
  • São imediatistas;
  • Não aprendem com o passado e não gerenciam o conhecimento;
  • São simplistas e adoram frases na forma imperativa;
  • São fraquíssimas em medidas, indicadores e medições.
Só não devemos transformar "pirahã" em adjetivo em respeito à tribo do rio Maici.

As novas tecnologias digitais são essenciais à consolidação bem-sucedida dessa nova lógica empresarial. No passado, as empresas eram, em alguns aspectos, forçadas a ignorar os indivíduos, pois não possuíam tecnologias capazes de gerenciar a complexidade individual. Na verdade, a maior parte das tecnologias comerciais dedicava-se ao objetivo da simplificação. Seu foco era eliminar a complexidade no sentido de tornar as coisas sempre mais eficientes, de forma que um número cada vez maior de pessoas pudesse comprar mais, e mais barato. Hoje, porém, há uma infra-estrutura tecnológica totalmente nova, baseada nas informações. O mundo físico dos átomos se traduz em dígitos, onde pode ser coordenado e comunicado com graus quase infinitos de complexidade e detalhes. As redes que ligam pessoas ao redor do mundo continuam a se desenvolver em termos de velocidade, inteligência, precisão e amplitude. As novas tecnologias da informação reformularam os processos de negócios em muitos setores. Até o momento, entretanto, submeteram-se aos propósitos do antigo consumo, de acordo com os princípios do velho capitalismo. Continuaram a ser usadas para fazer mais e de forma mais eficiente. Se há uma certa decepção com o que produziram, esse é o motivo.

- Shoshana Zuboff e James Maxmin (em "The Support Economy")




A parte I de "Canais Carnais" tá aqui. Ainda não terminei.

Este post deveria ser só um graffiare. Mas as provocações ficaram grandes demais para caberem num único graffiare (e serem desconsideradas por todos os assinantes e leitores que fogem de citações e séries). Até deu uma certa vontade de surrupiar o título (sub-slogan) de uma coluninha da revista Trip. Tipo: "O Graffiti deu antes!" hehe. Deix'eu explicar:

Cena 1 - Novela das 7 na Vênus Platinada
Juliana Paes: "Ai que saudade da época que tinha loja e a gente podia reclamar pra gente de verdade. Esse negócio de telefone é um saco."
[Pouco antes da frase (da) gostosa, um ator peito-peludo-passageiro imitava com precisão constrangedora as opções proferidas por uma URA (Unidade de Resposta Audível). A cena ocorreu num dia qualquer da última semana.]

Cena 2 - No Fantástico Show da Vida
Uma série de matérias mostrou Fregueses, Procons e afins malhando os serviços de telemarketing. Foi um pouquinho antes da Juliana Paes. Tendência ou campanha?

Cena 3 - IT Forum, em Comandatuba
Marcelo Menta (executivo da Cisco): "As empresas têm de se preparar. E-mail é coisa do passado."
[Uai: mandar extratos por email não é coisa de banco que não é basicão? Se e-mail é passado, o que dizer de quem ainda é basicão? Surrupiei a frase do caderno 'Dinheiro' da Folha de ontem (dom, 15/abr)].

Cena 4 - Coluna do Stephen Kanitz, na Veja da semana
Stephen Kanitz: "Odeio ligar para empresas que têm mais de 3000 funcionários, mas não têm como contratar uma única telefonista. Você é tão insignificante que falar com você foi considerado um serviço não essencial. Você foi terceirizado para outra empresa."
[Na velha tática belisca-assopra da citada publicação, 19 páginas depois você se depara com um belo "infográfico" que te lembra que um operador de telemarketing recebe R$ 530 por mês].

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O que o Graffiti deu antes?
  1. Em 'n' oportunidades eu falei que e-mail não deveria amparar nenhum processo de negócio, particularmente aqueles que envolvem relacionamento com clientes. Há tempos não toco no tema porque é chato e obsoleto. Mas eis que o executivo da Cisco e o banco que não é basicão recolocaram o tema na pauta. Ainda bem.
    Bill Gates não sabe o deserviço que prestou quando colocou o e-mail como peça "vital" no "Sistema Nervoso Digital" das empresas. Não estou dizendo que e-mail não presta. Ele não deveria ser usado como 'muleta' de processos de negócios, só isso (tudo).

  2. "O Novo Jogo dos Negócios", livro de Shoshana Zuboff e James Maxmin. Esconda o risinho por causa do nome do casal (de verdade). Perdoe a Campus por ter escolhido um título tão infeliz (o original, em inglês, é "The Support Economy"). Trata-se do livro mais importante do século (até agora e depois de Drucker, particularmente "Desafios Gerenciais para o Século XXI"). Já citei o livro aqui tratando do mesmo assunto: Gestão do Relacionamento com Clientes (CRM para os letrados-adoradores-de-sopas-de-letrinhas). Tudo que a Globo e a Abril/Veja atacam agora está escrito lá desde 2002.
    Detalhe: tenho quase certeza de que a Exame não fez uma crítica muito boa do livro quando a Campus o lançou por aqui.
    Detalhe 2: o livro anda tão em baixa que tá sendo vendido pela metade do preço no site da Campus. Aproveite!

  3. Precisa falar do Cluetrain Manifesto, publicado em 1999?

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O assunto é bão e longo. Logo eu publico a 2ª parte. Enquanto isso, pense no seguinte: Globo / Abril / Veja estão sendo sinceras ou existiriam outros interesses na atual tendência / campanha? Ok, sou 1/2 paranóico e pré-conceituoso... kkk

Moto contínuo. Sampa não pára. Quando se vive aqui, incorpora-se a dinâmica. Quem tá dentro não se percebe louco. O olhar externo, por habituado que seja, sempre estranha. blablablá... todo mundo já falou sobre isso.

Pois bem, minha agenda da semana estava "agressiva". Separei a noite de quinta para rever amigos, tomar um choppinhos, tirar o pé do acelerador... Optamos pela velha e boa Prainha, renovada, mais bonita e ligeiramente cara. Lógico que falaríamos de serviço, mas de boa. Projetos, novidades, fusões & aquisições. É bom saber que tá todo mundo bem. Aí pintou uma turma parecida em outra mesa - quase um espelho (lá no fundo):



Caramba! Escancararam o laptop e começaram a debater um projeto. No único slide que vi lia-se: "Gerenciando os Riscos do Projeto"!!! Será que debater um projeto em espaço público, consumindo álcool, é um risco? hehe..

Projetos pedem um pouco mais de calma. Mas Sampa não pára...

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ps: Última chamada.

Risco MS

11 abril 2007

Demorou, mas foi inevitável: para a Goldman Sachs, investir na MS deixou de ser um bom negócio. Ou um negócio seguro - tanto faz. Saca só um trecho da recomendação:

Product upgrade cycles should provide strong revenue and profit growth in the next 12-plus months. Normally, this would make us view the stock as a must-own. At the same time, these launches may also mark the end of an era, as changing technology and business models seek to diminish Microsoft’s hold on the desktop, which in turn significantly depletes the cash cow.


Já deve ter um ano que o Bill vendeu um bom punhado de ações. Informação privilegiada? Hehe.. brincadeirinha, brincadeirinha.

Todo mundo que passa por aqui já deve estar sabendo que o Charles Simonyi, ex-desenvolvedor líder da MS, foi para o espaço. O cara é uma peça raríssima. Os itens eternamente destacados em seu currículo são o MS Word e o Excel. Grandes trabalhos. Mas agora ele deve ficar marcado como o programador-húngaro-milionário que pagou US$ 25 milhões para dar umas voltinhas na órbita terrestre.



A última vez que o Simonyi pintou por aqui foi por causa da Intentional (o nome mais safado - Rational! - e a logomarca mais quadrada dos últimos 20 anos). Sua intenção é mais ambiciosa que o vôo espacial: tornar obsoletas todas as linguagens de programação que conhecemos. Se você ficou curioso, dá uma olhadinha no site deles. Ele pintou na MIT Technology Review de janeiro. No blog ele fala que tá indo bem, "apesar dos céticos".

Excentricidade por excentricidade, prefiro o Simonyi na Soyus.

Microsoft’s issue is not a lack of financial, technical and intellectual capital. They have all that stuff in spades. Microsoft’s issue is cultural.

- Hugh MacLeod



Surrupiado do Nelson Biagio Jr.

Web 2.0 nas Empresas

04 abril 2007


Está acontecendo mais rápido do que eu esperava. Particularmente lá fora - que não tem projeto Tamar*-corporativo. Fico mais sem jeito ainda ao ver um certo 'entusiamo' na leitura que Nick "don't matter" Carr fez das duas pesquisas que saíram (Forrester e McKinsey).

Surrupiei o gráfico da ZDNet.

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* Não tenho nada contra as tartaruguinhas (biológicas), muito pelo contrário.

Há tempos falam que a DoubleClick será vendida. Nada de profecia. Empresa comandada por fundo de investimento é assim mesmo: vive "oferecida". O Wall Street Journal esquentou o papo, falando de US$ 2 bi e num eventual interesse da MS. AOL e Yahoo também salivaram. Esqueceram de perguntar se a Google ia deixar. Ninguém invade assim seu mercado sem pedir licença.

Agora, ou a Google compra a DoubleClick (US$2 bi por ela é pouco se compararmos com o US$ 1 bi e pedrinha pago no YouTube); ou detona o mercado. Como? Tornando os serviços (GoogleClick) gratuitos. John Battelle ainda lembra: "Como a MS acabou com a Netscape?".

Hehe... "faz aqui, paga aqui". A MS deveria se casar logo com o Yahoo! e acabar logo com esse chove-não-molha. Não é tempo de comer pelas beiradas.


ps: Vai outra frase feita aí?

Como todos esperavam, uma grande gravadora resolveu jogar sua pá de cal no DRM. Trata-se da EMI, que vai liberar sons LIVRES via iTunes. Eric Nicoli, CEO da EMI, soltou uma pérola quando deveria escrever o epitáfio do DRM:

"Estamos comprometidos em aceitar a mudança, e com o desenvolvimento de produtos e serviços que os consumidores realmente querem comprar."

Tsc, tsc. Tiraram as travinhas fajutas e melhoraram a qualidade das músicas (para 256kbps) Batizaram de 'Premium'. Isso vai custar US$ 0,30 mais caro!! Lembra-se que eu falei aqui que seria o maior 'recall' da história da Internet? Que mané recall que nada. Quem quiser "consertar" as músicas adquiridas anteriormente, deve pagar o "upgrade"!! Impressionante...

Tão ridículo quanto o fato de as músicas "DRMzadas" seguirem nas vitrines do iTunes, mais baratas que as que receberam carta de alforria.

Sumário Executivo

O Windows Vista compreende uma extensiva revisão de elementos do núcleo do sistema operacional, realizada de forma a garantir proteção para o chamado conteúdo 'Premium', leia-se dados de alta resolução provenientes de mídias Blu-Ray e HD-DVD. Este tipo de proteção resulta em consideráveis custos em termos de performance geral do sistema, estabilidade, custos adicionais de suporte técnico, além dos custos de software e hardware. Isto acaba afetando não só os usuários do Vista, mas toda a indústria de PC's, já que os efeitos da proteção afetam todo hardware e software que entre em contato com o Vista, mesmo quando não usados diretamente com ele (por exemplo: o hardware de um Macintosh ou um servidor Linux). Este documento analisa os custos do esquema de proteção de conteúdo do Vista, e os danos colaterais que ele causa em toda a indústria.

Resumo do Sumário Executivo:

O esquema de proteção de conteúdo do Vista por se tornar a maior nota de suicídio da história.

- Surrupiado e traduzido do Cory Doctorow (que cita trabalho de Peter Gutmann).