Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Bye Bye Bill

27 junho 2008

27 de junho de 2008. Dia que entrará para a história como o dia em que Bill Gates limpou as gavetas e se mandou da MS. Independente do tanto que você gosta, desgosta ou ignora o cara, é um dia triste. Bill é um símbolo da nossa indústria, uma lenda viva. Já disse por aqui, não entendo sua decisão. Se fosse um playboyzão tipo Ellison, eu entenderia a aposentadoria. Mas o Bill vai fazer o quê? Filantropia? Bão... a vida é dele e não tenho nada a ver com isso. Segue então só um breve histórico.



Bill nunca criou um produto revolucionário. Todos os produtos gerados por sua empresa são releituras (para não dizer 'cópias'). Algumas com algum valor agregado. Mas Bill foi um visionário. A forma como viu o surgimento da microinformática e seu possível impacto na vida de todo mundo é o que melhor explica sua mega-fortuna. "Um Micro em todas as mesas": Esta é a visão que fez da MS o que ela é. Foi a capacidade de realização desta visão que fez de Bill uma lenda. O resto é bullshitagem.

Para o azar do Bill, foi a mesma visão que fez com que a MS, a partir de 1995, começasse a perder o rumo. "A Estrada do Futuro", título de seu 1º livro, foi mal interpretada desde o início - por causa de sua visão. Segundo parágrafo da página 125 de seu livro:

A Internet necessita de um sistema de cobrança.


Em outro trecho (pág. 130) ele diz que "a informação mais atraente continuará a ser produzida tendo em mente o lucro". Mais (pág. 221): "a estrada poderia registrar se você comprou o direito de ler determinado livro ou ver um filme". Em suma: Bill nunca viu que a Internet promovia um novo capitalismo - e novas fontes de receita. E amarrou sua empresa com nós muito fortes. Vide seu caçula, o Vista, e o excesso de "controles de propriedade e direitos de uso" que contaminam seu Kernel. As únicas pessoas que não aceitam este fato são aquelas que ainda acreditam no modelo que a empresa de Bill representa.

A MS morrerá? Não. Mas, ao menos que aconteça uma enorme (e improvável) reviravolta, ela seguirá sua vidinha como um Morta-Viva. Rica, meio barulhenta e rabugenta, mas totalmente irrelevante na "estrada do futuro".

O engraçado é que o Bill, de certa forma, profetizou a decadência no mesmo livro (pág. 339):

Meu objetivo é manter a Microsoft na liderança mediante constante renovação. É um pouco assustador, já que, à medida que a tecnologia dos computadores avançou, nunca o líder de uma fase permaneceu líder na fase seguinte. A Microsoft tem sido líder na fase dos microcomputadores. Portanto, a partir de uma perspectiva histórica, acho que a Microsoft não se qualifica para liderar a fase da estrada na Era da Informação.
Seria covardia minha cortar o parágrafo ali, certo? Claro que o Bill não encerraria assim um 'posfácio'. Veja então como o parágrafo se encerra:
Mas quero desafiar a tradição histórica. Em algum lugar à nossa frente está o limiar que separa a fase dos microcomputadores da fase da estrada. Quero estar entre os primeiros a atravessá-lo quando o momento chegar. Acho que a tendência de que as empresas bem-sucedidas deixem de inovar é só isso: uma tendência. Se você está preocupado demais com o seu negócio atual, é difícil mudar e se concentrar em inovar.
Bill acertou no diagnóstico profético. Errou feio no remédio (e com Ballmer). Não será esquecido pela história. Mas garanto que ele se vai com a certeza de que poderia ter feito muito mais. E melhor.

Rendiconti :: O Projeto

26 junho 2008

Vamos conversar agora sobre como o negócio Rendiconti será desenvolvido. Pode não ter ficado claro no post anterior, mas a iniciativa é composta por duas grandes partes: a fábrica-gráfica, de tijolo, cimento e tecnologia; e o site.

A primeira já recebeu, há cerca de 2 meses, a maior parte do investimento necessário. Uma grande impressora laser já está em operação; o processo de produção já foi delineado; a pequena grande equipe já foi treinada. Esta parte foi antecipada exatamente para que a adequação à nova tecnologia aconteça bem antes da demanda que será gerada pelo site. Com um calculado efeito colateral bastante positivo: a gráfica (que, como eu já disse, pertence aos manos Cacá e Guz) ganhou outra fonte de receitas. Agora ela presta um tipo de serviço (popularmente conhecido como "gráfica rápida") que é inviável quando se tem apenas impressoras 'off-set'.

Merece destaque o maior (e, de certa forma desejado) risco: se a demanda proveniente do site for muito grande teremos problema de escala - e o prometido prazo médio de 3 dias úteis para a entrega das obras pode ser comprometido. Como a aquisição de mais impressoras está, por enquanto, fora de cogitação, foram traçadas duas alternativas:

  1. Outras gráficas da cidade (Vga!) possuem tecnologia similar. Receberão a demanda excedente;
  2. Se a demanda for grande também para elas, de duas uma: ou é boa o suficiente para justificar mais investimentos (impressoras), ou forçará uma parceria com uma gráfica de maior porte (no interior de São Paulo).
Só quando esta parte mais crítica e de certa forma mais cara foi resolvida é que teve início a 2ª parte do projeto: o site.

Há uns 4 anos sou um satisfeito freguês da Locaweb. Não tinha nenhum motivo para buscar outro hospedeiro. Meu servidor contratado, claro, é Linux. E isso gerou o primeiro requisito não-funcional do projeto: a arquitetura tecnológica do site se baseará em PHP e MySQL. Esta opção já cria um necessário filtro de eventuais fornecedores. Vale dizer também que o PHP me deixou muito bem impressionado desde o dia em que converti o finito para o Wordpress. PHP 5, Ajax, MySQL, talvez algumas 'frescurinhas' em Flash - estes são os principais componentes da arquitetura tecnológica do site.

Também não tive nenhuma dificuldade para definir o arquiteto-desenvolvedor: Hailton Ferraz, de Lençóis Paulista e estudante da UNESP de Bauru. Ágil, enviou uma proposta objetiva e bastante clara. Profissional e rápido como poucas grandes e médias empresas sabem ser. Mas eu tinha outras motivações para 'cravar' este projeto no meio do interior e no meio acadêmico:
  • Como um Quixote bêbado espero dar uma contribuição, por menor que seja, para que o pessoal pare de "ir a São Paulo pra trabalhar". O fluxo ganhou um "U-Turn" (tks! Stone, que passou no Intercine de ontem). Estamos no século XXI. Temos Internet. Temos banda larga (capenga mas temos). Ninguém precisa estar em Sampa para desenvolver projetos. Que nossas viagens para lá sejam só para passeio e encontros (profissionais ou não). Ou, no pior cenário, para breves estadias. E só!

  • O projeto do site é um excelente experimento. Por isso o 2º requisito não-funcional é fundamental: o projeto será 100% "open source". Espero que ele seja estudado. Torço para que ele sirva como exemplo em diversas aulas. E vou utilizá-lo para trocar conhecimentos com a turma de Analistas e Desenvolvedores que convivem comigo no nosso grupo de discussão e no recém-nascido Fórum FAN.br. Imagine que exercício legal: estarei fazendo o papel do freguês! Vamos praticar: a modelagem do negócio e seus processos; o desenvolvimento e gerenciamento de requisitos; gerenciamento de projetos; um processo de desenvolvimento enxuto e ágil, iterativo e incremental; etc etc. Tudo de forma aberta: como eu já escrevi aqui, todos os artefatos gerados serão públicos - e liberados para uso.
Ô FUQ! (Frequently Unasked Questions):
  • Bah! Então o projeto vai demorar pra caramba, não?
    Não! Há um negócio aqui, não se esqueça. Por mais que pareça uma brincadeira, o negócio é sério. Aliás, parecer uma "brincadeira" - no sentido de ser divertido - é uma qualidade que todo projeto de software deveria ter. Desde que seja uma diversão séria!
    Então o projeto tem um prazo sim: que flutua* entre setembro e outubro de 2008.
    * Flutua tanto quanto o custo: a forma de aquisição (que ainda tratarei naquela esquecida série "Trabalhando em Casa") é formalmente conhecida como "Aquisição Progressiva". Há um chute inicial (como em 100% dos projetos), mas valores e prazos serão ajustados na medida em que o projeto evoluir.
    * Tento provar assim que aquele "mantra" que diz que só o escopo pode flutuar é pura "forçação de barra".

  • E qual é o escopo do projeto?
    Mostrei no post de ontem que ele tem duas partes principais: o cadastramento de obras e a venda delas. Pouca coisa além disso já foi debatida. Como ocorre em praticamente 100% dos projetos de software, é impossível ter uma visão de todo o escopo em seus momentos iniciais. Neste momento (que em alguns processos é conhecido como "Incepção") buscamos uma visão que chamo de "2km de extensão e 2cm de profundidade". É parte dos exercícios.

  • Tanto barulho para um projeto de um cara só?
    O Hailton é o contratado, arquiteto e principal responsável pela execução do projeto. Mas quem disse que é um projeto de um cara só? Claro que estou pessoalmente envolvido em sua execução, não apenas como o (chato) freguês. Mas já tivemos a colaboração de uma dezena de "voluntários". Talvez tenhamos contribuições de dezenas, centenas de pessoas. Quem pode dizer? O projeto é aberto e livre. Se for um bom imã, atrairá esforços até de onde menos esperamos. É esperar e ver no que dá.

  • E como se gerencia um projeto assim?
    Honestamente? Não sei. É meu primeiro projeto de verdade que nasce "open source" - livre. Ferramentas para a estruturação e gerenciamento do conhecimento (requisitos!) adquirido serão necessárias. Mas essa parte até que é facilmente resolvida com os repositórios conhecidos. O maior problema estará no processo de gerenciamento. Taí uma bela oportunidade de aprendizado.

  • Qual processo de desenvolvimento será utilizado?
    Enxuto e ágil, Iterativo e Incremental. Talvez a gente crie um nome para ele, mas isso não importa. Surrupiaremos as boas idéias (e práticas) de propostas como OpenUP, FDD e até XP. Mas não seguiremos nenhum processo de forma cega, como algumas pessoas (ainda) acreditam que seja possível. Neste momento só há um princípio (ou requisito) escrito em pedra: o processo deve facilitar o aprendizado, em todos os sentidos. Só!

  • Os modelos, tanto do negócio quanto do projeto, são um tanto românticos, não?
    Como dizia uma bela psicóloga que um dia me deu um tratamento (informal), "não há altruísmo". É claro que eu espero ganhar muito com o projeto, em todos os sentidos. Há a perspectiva de um belo retorno financeiro. Há a publicidade "orgânica" - tanto do negócio propriamente dito quanto do meu livro que, claro, representa a nova ponta-de-lança do meu "lucro" (daquele papo "Troco - Lucro - Truco"). E, obviamente, espero aprender muito - particularmente com o projeto. Ou seja, não sou assim tão "bonzinho e generoso".

  • E se der tudo errado?
    Tudo é muita coisa. No pior cenário todos os envolvidos terão aprendido alguma coisa. O projeto é relativamente simples e "barato" (não estou apostando minha vida nele - meu negócio principal (meu lucro), o finito, seguirá com ou sem o Rendiconti). Mas, de certa forma, "aposto" meu nome aqui. Falhas no projeto ou no negócio, com certeza, gerarão uma péssima impressão. Mas... como dizia o saudoso e vitorioso Vicente Matheus: "quem sai na chuva é pra se queimar".

Rendiconti :: O Negócio

25 junho 2008

Antes, porém, uma necessária explicação sobre o nome. Rendiconti é um termo italiano* que significa "Prestação de Contas". O utilizo com frequência no finito, para prestar contas de todos os eventos abertos que realizo. A sacada do Guccia na escolha deste nome para sua revista é genial. Surrupio-a sem medo de ficar com a cara vermelha de vergonha.

Aprendemos com os outros, com experiências de outras pessoas. Em aulas, livros, bate-papos presenciais ou virtuais - não importa. Todo aprendizado é um evento social, por solitário que seja. "Social"? É, eu quis dizer que tudo que aprendemos vem de outras pessoas.

Quando invertemos este fluxo, tentando ensinar outras pessoas, de certa forma estamos fazendo uma "Prestação de Contas". É uma retribuição - mas sempre seremos avaliados pelo que agregamos àquele conhecimento adquirido. Por isso o periódico do Círculo Matemático de Palermo se chamava Rendiconti. O conceito é genial. A provocação, impagável!

Por isso não pensei duas vezes ao selecionar o nome desta nova empreitada. Aliás, depois de tantas idéias jogadas aqui, está aqui a primeira que pego para realizar. O título original daquele livro do Domenico de Masi, "Criatividade e Grupos Criativos", é "La Fantasia e la Concretezza". Sabe-se lá porque a Sextante, seguindo o (mau) exemplo das distribuidoras de filmes, não fez uma tradução literal do nome. Não importa. Para De Masi, o criativo não apenas fantasia. Ele também deve ser capaz de concretizar suas idéias. Antecipando a confissão de que não estou sendo nada criativo, topei o desafio.

Para quem pulou o prólogo, explico que tudo começou porque vou publicar meu primeiro livro. Ia fazê-lo da forma tradicional (que tem mais de 500 anos!). Imprimiria uns 1000 exemplares e ficaria aguardando que generosas almas os levassem para casa (ou escritório). Modelo pra lá de ultrapassado: Muita grana parada. Considerando que incentivo a cópia e a distribuição de versões digitais do texto; considerando que as centenas de pessoas que participaram de meus eventos já garantiram (sem custos adicionais) sua cópia digital; e considerando que hoje em dia se lê muito pouco, qual demanda eu teria? Quanto tempo levaria para esvaziar aquela pilha de 1000 volumes?

Mas a questão não é só essa, meramente comercial (ou financeira, como queiram. Aliás, já disse por aqui, não espero ganhar $ nenhum com a venda do livro). A principal questão é outra: trato o livro como se trata um software: ele é vivo - tem versões. A última versão pública é a 0.6. Em breve soltarei capítulos de uma versão que estou chamando de "release candidate". A versão comercial será, obviamente, a 'um ponto zero'. Mas morrerá ali? Duvido...

Agora mesmo trabalho com 3 ferramentas (técnicas) novas, de modelagem, que espero incorporar ao trabalho. Outras surgirão, motivando a publicação das versões 1.1, 1.5, 2.0 e assim por diante. Com tal processo de desenvolvimento, a impressão de grandes volumes (a única que se justifica financeiramente em gráficas tradicionais) seria um tiro no pé. Motivações mais do que suficientes para a criação de um novo negócio. Nasce assim a Rendiconti!


O Modelo do Negócio

Como eu disse, não é nada original. Surrupia sem dó nem medo partes dos modelos da lulu.com e do SafariU, do grupo O'Reilly. Trata-se de uma gráfica e editora do século XXI: só gasta papel e tinta quando o cliente confirma a aquisição de um livro (ou artigo, apostila, revista, etc). Existem dois processos principais:

  1. O autor publica uma obra.
    Ele faz o upload de um arquivo com toda a obra. E tem a possibilidade de configurar diversos parâmetros como: preço, material, tipo de capa, opção de venda da versão digital, extensões da obra etc.
    Quando aprovada pelo editor, a obra passa a integrar o portfólio da loja Rendiconti. Aparecerá na 'vitrine', de acordo com sua classificação.
    Restrições: i) a Rendiconti trabalhará exclusivamente com livros técnicos das áreas de TI (Tecnologia da Informação) e Negócios; ii) a editora se reserva o direito de recusar obras que não atendam o padrão mínimo de qualidade esperado ou que fujam de seus temas principais (veja considerações abaixo).

  2. Um cliente adquire uma obra
    A loja Rendiconti opera como uma loja virtual comum. Há o inevitável "carrinho de compras" e coisa e tal. Claro, brigaremos para criar metáforas mais interessantes e originais. Mas não há muito o que inventar aqui.
    Ops, há sim! O cliente pode personalizar a obra adquirida: capa, tipo de papel, dedicatória, logo da empresa... sempre respeitando as restrições configuradas pelo autor.
    A "contribuição" do SafariU: o cliente pode montar um livro ou apostila inédito, selecionando capítulos das diversas obras disponíveis na loja. Poderá inclusive fazer o upload de algum material seu para ser incorporado. Invenção pequena é bobagem. Personalização tímida é enganação!
    Outra novidade, o processo: a obra só será impressa após a confirmação do pedido. Toda a operação estará baseada em Varginha, Minas. Mas o prazo médio de entrega dos pedidos girará em torno de 3 dias úteis - prazo equivalente ao das lojas tradicionais.
Imaginem, então, as diversas possibilidades (cenários):
  • Um professor pode elaborar um material, mixá-lo ao conteúdo disponível na Rendiconti e gerar apostilas muito especiais para seus alunos;
  • Uma empresa pode elaborar um material de treinamento e terceirizar sua confecção (e até a revisão!). Desta forma, pode configurar para que sua obra não seja pública - ou seja, não aparecerá na vitrine da Rendiconti;
  • Claro, meu livro e seus 12 (?) capítulos estarão ali, exclusivamente ali na loja Rendiconti. Nas mais diversas versões: quer só a parte de modelagem de negócios, ou só o módulo de engenharia de requisitos? Tudo bem. Quer comprar apenas um capítulo? Só a versão digital? Só a apostila? Definitivamente: o cliente manda. E a gente tratará de entregar exatamente o que ele precisa.
É óbvio, espero que vários autores vejam na Rendiconti uma oportunidade de prestar contas, de dar à luz as suas obras. Aliás, neste início de empreitada, é este o meu maior desafio: atrair autores. Claro, respeitarei tudo o que caracterizou a Rendiconti original. Não importa se você é professor ou estudante, doutor ou iniciante. Não importa se você está em Quixeramobim, na Mutuca ou na Lagoa dos Patos. E não importa se você é desenvolvedor, coordenador de projetos, administrador, consultor, professor, estagiário ou estudante. Saca a calda longa? Então, há mercado para tudo - há espaço para todo mundo.


Considerações semi-finais
  • "Não temes que lhe roubem o modelo de negócio?"
    Tsc... que papo mais anos 2000, pré-bolha. Conheces o dito "ladrão que rouba ladrão"? Então, não disse que surrupiei e remixei idéias de duas empresas estadunidenses? Então pq eu deveria reclamar se alguém buscar inspiração aqui?
  • Aliás, espero que busquem bem mais. Como mostrarei com mais detalhes no próximo post, este é um projeto 100% aberto. Todo o código e demais artefatos gerados (inclusive o modelo do negócio) serão disponibilizados com licenças Creative Commons e GPLv3.
  • Portanto, quem quiser copiar, poderá obter bem mais que uma simples idéia. Quer montar sua própria loja? Que tal uma especializada em livros "Boa Vida Boa" (culinária, viagens, esportes etc)? Que tal uma só com obras de cultura inútil? Que tal uma só para escritores renegados? Como eu disse (depois do Chris Anderson), há espaço e mercado para tudo. Já sugeriram até que eu escrevesse um livro só para contar essa história. Pode? Rss... até o próximo!

Epílogo ou Prólogo?

24 junho 2008

Clareando: é epílogo da Trilogia Pré-Histórica (I, II, III). E Prólogo de uma nova história.

Quem por aqui tropeça de forma mais ou menos regular já sabe que estou prestes a publicar meu primeiro livro. Estive prestes a cometer uma incomensurável cagada!

Muito falo, neste pedaço e em meus eventos, sobre Inovação e Criatividade. Ao criticar idéias antigas ou retrógadas, não hesito em engatar um batido: "hmm.. que coisa mais anos 70 (ou 80 ou 90)!". Incoerente pracas, quase cometo um negócio bem anos 50. Para ser mais preciso, bem 1450!!

Me iludia com a pseudo-modernidade de algumas idéias (requisitos fundamentais) que devem caracterizar meu primogênito:

Ok, as idéias são realmente legais, antenadas. Mas, no final das contas, seriam condenadas a viver como uma montanha de 1000 exemplares impressos de um livro. Está aqui o que chamei de "cagada". Não é só uma questão de eco-chatice (quantas arvorezinhas morreriam...), até porque o livro usaria exclusivamente material reciclado. Mas como conviver com tanta grana 'parada'? (Creia, é muita grana - mesmo se vc tem muita. Paga praticamente um carro zero, se você quer ter uma idéia de 'grandeza').

Mas, que sorte, a "cagada" ficou na quase. E a guinada estratégica de 180° acaba de gerar um Projeto e um Negócio. Ambos atendem pelo mesmo nome: Rendiconti!

E, claro, cada um merecerá um post de apresentação.

Mas já? Pois é, com o epílogo (que será publicado na sequência) mostrará, a publicação integral da Trilogia Pré-Histórica é para ontem. Sem trocadilhos! Para quem perdeu a trilha da história:

Não foi por acaso que Domenico de Masi recuperou a história do Círculo Matemático de Palermo em um livro chamado "Criatividade e Grupos Criativos" (de 2002). Aquela associação, fundada em 1884, apresentava em seu núcleo um conjunto de características (ou Valores, como queiram), muito caro nos dias de hoje. Modernos empreendimentos, particularmente aqueles montados para a criação de software livre, apresentam muitas dessas características. Por isso este 3º e último tomo (volume) tratará especificamente delas.

Break-chororô: e duas curiosidades:
  • Guccia, o idealizador do Círculo, não aparece na Wikipedia, nem em sua versão italiana! Fui buscar sua biografia em um site inglês. Parece que ainda hoje os italianos renegam sua importância, como o fizeram na época da fundação do Círculo. Azar dos italianos...
  • Quando Scott Berkun começou a escrever "Mitos da Inovação" ele pediu, via blog, referências e dicas. Quando fui sugerir o livro do De Masi, descobri que ele não tem nenhum título publicado em inglês! Azar dos estadunidenses...
A inovação do Círculo, que De Masi chama de "genial", começa pela sua organização: é uma rede. Flexível e espalhada por todo o planeta - quase 100 anos antes d'algum milico sonhar a Internet. A tecnologia utilizada estava na gráfica (tipografia) que imprimia as Rendiconti e nos barcos, trens e cavalos que distribuiam a publicação nos quatro cantos do mundo. De Masi:
A modernidade inteiramente pós-industrial dessa rede encontrava-se não só na sua estrutura, estranha ao burocratismo e ao formalismo das academias daquela época, como na centralidade absoluta da sua dimensão científica, que era mais importante do que qualquer outra dimensão espúria, com frequência determinante em outras sociedades análogas.
São 5 as características que tornam o Círculo Matemático de Palermo uma organização única, visionária e, como diz De Masi, "pós-industrial":
  • Interdisciplinar: física, engenharia, arquitetura e matemática. O Círculo e, consequentemente, as suas Rendiconti, tratavam de tudo que girava em torno da matemática. Além disso, eram acolhidos "estudiosos das mais diversas inclinações".
  • Internacional: "O Círculo não faz e não fará nunca uma distinção de nacionalidade ou de raça entre os matemáticos". Isso numa época em que o mundo, particularmente a Europa, já fervilhava com suas pseudo-diferenças. Não se tratava apenas de publicar artigos de pessoas dos mais diversos lugares. As Rendiconti também eram distribuídas ao redor do globo.
  • Interclasses: professores universitários e de nível médio tinham direitos iguais. Lógico que se admirava os "matemáticos mais geniais do mundo" mas, no dia-a-dia do Círculo, todos compartilhavam os mesmos direitos (inclusive de voto). Mais: "os jovens eram encorajados e ajudados nos seus estudos". Tanto que muitos estudantes publicaram suas próprias pesquisas na Rendiconti.
  • Gosto Estético: Guccia "sempre privilegiou a qualidade das publicações, a velocidade da impressão, o nível cultural dos amigos e sócios. Em suma, o conteúdo. Mas isso não lhe impediu o culto da forma e da estética".
    Tanto que não poupou esforços para que a tipografia tivesse os melhores recursos da época. As Rendiconti eram belas, agradáveis. Mesmo que boa parte de seu público não se importasse muito com esse 'detalhe'.
  • Voluntariado: assim como no universo do software livre, grande parte do trabalho no Círculo, particularmente dos articulistas e revisores, era voluntário. Não remunerado. As receitas geradas com a venda das assinaturas (300 liras de "contribuição perpétua") eram todas revertidas para a manutenção da gráfica e publicação das Rendiconti.
De Masi conta a história de vários outros grupos que foram esquecidos quando o mundo se colocou de joelhos perante as idéias de Taylor, Ford e afins. As recupera rotulando todas com um mesmo adjetivo: são "pós-industriais". São modernas e mais humanas. Valorizam o indivíduo e não as "massas". Mas foi a história de Guccia e de seu Círculo Matemático que me pegou. E me influencia. E inspira. No epílogo falo mais sobre a inspiração e seus frutos.

Pois é, demorou! O Tomo (ou Volume) I é do dia 17abr08. Segue nossa pré-história:

Mais que as reuniões periódicas de cientistas, seria a segunda iniciativa que tornaria o Círculo Matemático de Palermo uma associação memorável. Guccia, o idealizador, fundador e principal patrocinador, como vimos no episódio anterior, montou uma tipografia na sede do círculo. Não era uma 'gráfica' comum. Era especializada em 'escritos' matemáticos - dotada de recursos técnicos que permitiam a correta composição e impressão de fórmulas, gráficos e dos mais diversos símbolos matemáticos. Lembrem-se, estamos no final do século XIX - mais precisamente, em 1893. Ou seja, ainda não existiam impressoras a 'laser' e afins.

Rendiconti - este é o nome da segunda atividade do Círculo. Segundo Edmund Landau, a "melhor revista de matemática do mundo" [1]. A gráfica montada por Guccia servia quase que exclusivamente para a impressão da Rendiconti.

Na revista eram publicados os resumos de todas as reuniões do Círculo e, principalmente, artigos técnicos. As colaborações vinham de todo o mundo, inclusive dos EUA. Era uma época quente, politicamente falando (pouco depois estouraria a 1ª guerra mundial). Mas isso não impedia que ingleses, franceses, alemães, russos e italianos convivessem naquele mesmo espaço.

Guccia estava "pessoalmente a par de todos os campos das ciências matemáticas". Sendo assim, ele trabalhava como editor - avaliando cada contribuição. Em 1914 as Rendiconti tinham cerca de 800 páginas. E eram impressas cerca de 1250 cópias. Os assinantes, assim como os colaboradores, estavam espalhados por todo o globo. O Círculo, vale notar, cuidava da redação, publicação e comercialização da revista.

Veio e guerra e a sede do círculo foi bombardeada. Guccia havia morrido um pouco antes, também em 1914. A publicação das Rendiconti seria retomada apenas nos anos 1950, "para satisfação dos maiores cientistas do mundo. Von Neuman [2] escreveu: 'A Rendiconti certamente ocupa um lugar único entre as publicações matemáticas internacionais; além disso, é muito satisfatória a circunstância na qual ela continua a se desenvolver, segundo as grandes tradições'".

Notas:

  1. Toda a pré-história, incluindo citações e imagem, foi surrupiada de 2 livros de Domenico de Masi:
    • A Emoção e a Regra - José Olympio Editora (1989);
    • Criatividade e Grupos Criativos - Sextante (2002).
  2. Está aí um nome, o húngaro Von Neuman, que liga nossa pré-história com a história.
  3. Relíquias? Antiguidade? Modernidade! O Círculo Matemático de Palermo e as Rendiconti possuem características que são muito valorizadas (e procuradas) atualmente. Encerrarei esta trilogia, com o próximo artigo, comentando essas particularidades. E o epílogo tentará mostrar a razão para tanta (pré) história. Inté!

It's sobering to realize that during Ballmer's term as CEO, MSFT has underperformed almost all of its top tech peers (including AAPL, IBM, HPQ, SAP, INTC, CSCO, SYMC, NOK, ORCL, ADBE, RIMM, QCOM, Ebay, and AMZN), and badly lagged the major averages. We may even see our third plunge to test the 2000 lows during his watch. Unbelievable. There may be another major technology CEO with an equivalent or worse track record who is still in power, but a name doesn't come readily to mind. Indeed, it’s instructive to note the four companies who didn’t make my list above: DELL, YHOO, Sony and Sun. In other words, four well-publicized flameouts/turnaround stories (depending on your perspective), all of which have new CEOs. Go figure.

- MSFTextrememakeover (jogando a toalha, em "Eight Years of Wrongness")


O artigo é longo
, mas merece seu tempo. Principalmente se você tem fichas apostadas na MS. Destilo meu "amor" pela MS, particularmente por Ballmer, desde o início dos tempos do Graffiti. Sei que minha retórica cansa e é estéril. Inútil porque o debate é puramente religioso - e eu não soube sair da armadilha-religião. Já o Extreme, que confessa no artigo já ter sido um defensor do Ballmer, foi pragmático e duro. Além de um compreensivo inventário das principais cagadas da administração Ballmer, ele descasca o jogo do "me-engana-que-eu-gosto" engatado pela MS desde 2007. Saca só as "mentirinhas" que ele escancara:
  • O Vista é um sucesso
  • Temos uma sólida estratégia para a Internet
  • Estamos ganhando esta geração de 'videogames'
  • Podemos atingir 40% de market-share em smartphones
  • Temos o melhor Browser
  • O Zune é um sucesso


Quem se assusta então com o gráfico ao lado? Oras, ele só retrata os sucessivos fracassos da era 'Ballmer'. Não viu quem não quis ver. Não vê quem adora o jogo do "me-engana-que-eu-gozo".
O Extreme caiu na real, e tá caindo fora.
Antes tarde do que na bancarrota, né?

O Zumo, que tratou a coisa como 'novela', acha que sim. Eu, que usei e abusei da imagem ao lado, acho que em nosso mercado nada é definitivo. Aliás, acho que nada é definitivo.

E o negócio é pequeno (uma "ficadinha"), nada parecido com a fracassada tentativa (de "casório") da MS. O Yahoo só terceirizou a parte mais "nervosa" de seu negócio para seu maior concorrente! Leia a frase de novo. Eu espero......Então, nosso mercado não é realmente único?

O fato é que Yang e seu Yahoo ganham fôlego e tempo para fazer sabe-se lá o quê.

E o Page sorri como nunca enquanto seu sócio vai passear no espaço. A Google nada de braçadas. Ainda confunde, mas nada parece atingi-la. Por enquanto...

Então dá tempo de brincar com idéias para o próximo roteiro:

  • MS Solteirona sequestra dálmatas;
  • Brin: "Googleplex, we have a problem";
  • Ballmer vai passear no espaço em nave russa - e não volta;
  • Ballmer descobre um monolito em uma lua de Júpiter, vai estudá-lo e não volta;
  • Ballmer encontra Brin em um anel de Saturno e atira-lhe cadeiras;
  • Ballmer descobre que o monolito de Júpiter roda Windows - e finalmente entende o significado de "Blue Screen of Death!";
  • Ballmer reaparece em Varginha, devolvido por ET's que quebraram por sua causa;
  • Page e Yang se casam em San Francisco, mudam-se para uma ilha do caribe e mandam tudo para o espaço (d'onde Brin não voltou);
  • Bill, sem saber que Ballmer foi preso em Varginha e transportado para Campinas, embarca para Júpiter e pede para Jobs tomar conta do negócio;
  • Jobs, cansado de tanta ficção científica e bobagens afins, banca a clonagem de Douglas Adams. Encomenda-lhe uma sequência do "Guia do Mochileiro das Galáxias" para dar de presente para Bill;
  • Ballmer encontra Page e Yang passeando alegremente em Campinas e joga cadeiras neles;
  • Jobs, cansado de tanta bullshitagem, pergunta se eu não tenho nada melhor para fazer.
Tenho!

If Microsoft gets only 20 percent of any market it enters, they consider that effort a failure and it would be, because Microsoft's business is scaled and its cost structure is optimized for really, really big numbers of mindless and fairly undemanding customers, most of whom wouldn't pay $99 per year.

That takes care of Microsoft, but here's the real beauty of this Apple strategy: it takes care of Google, too.

Though Google has a very different approach than Microsoft does to almost every product and market segment, in this one aspect they are identical. Google, too, aims for maximal market share, which means they can't expect customers to pay and their cost structure has to be maintained such that they make a profit without being paid.

Which leaves a lucrative niche all to Apple.

- Roberto X Cringely (em "MeMobile, You Kaput")


ps: O negrito no primeiro parágrafo, claro, é meu. Mindless customers?!?

Nevermind: e não deixe de ler todo o artigo do Roberto. Vale 10x o batido artigo da Veja da semana, sobre as "inovações" da Apple. Babação de ovo repetitiva pracas...

Começa hoje a 55ª edição do Festival de comunicação publicitária de Cannes. Deve entrar para a história não por alguma peça revolucionária, mas por um estranho marco. Ezequiel Triviño, sócio da agência estadunidense Wikreate, explicou para a Folha (de hoje):

A maior agência de propaganda do mundo não foi nenhum grupo de comunicação no qual brilham publicitários, mas sim o Google. O site de buscas faturou US$ 16,6 bilhões em 2007 com publicidade, enquanto o grupo Omnicom, o maior entre todos, teve receita de US$ 12,7 bilhões.


Antenado, Triviño ilustra o caminho das pedras da Google:

Quem olha os links patrocinados do Google lembra a comunicação da idade da pedra. Mas eles superaram as agências em menos de 10 anos porque desintermediaram a comunicação, dando ferramentas de controle ao consumidor


Sem antenas, Renato Loes - presidente da Leo Burnett Brasil, além de dizer que a Google concorre apenas com os meios de comunicação, e não com agências, viajou:

Para a agência, o que interessa é colocar o anúncio no lugar mais adequado e o Google pode ser um deles.


Será que o Renato não sabe dos movimentos da Google no universo dos dispositivos móveis, no rádio, na TV e na mídia impressa?

O fato é que a Google não 'rouba' todo o mercado de agências. Ela não cria. Mas decide, sim, o lugar mais adequado para anúncios. Se esta é a maior fatia do bolo (do faturamento) de uma agência, então é hora de soar alarmes.

Por fim, uma curiosidade: não sei se a Cristiane Barbieri, repórter da Folha enviada a Cannes, fez por querer. Mas ela escreveu que "as discussões sobre o Google, no entanto, são apenas o topo da montanha que aparece escondida por nuvens".

BizWord da Hora: Clowd

13 junho 2008

Da hora, do mês ou do ano. Quem sabe?

O problema é que, se "cloud" já criou tanta confusão, o que será da "clowd"?

Reparem: ela é tão nova que nem na Wikipedia pintou ainda. Segundo Seth Godin, "clowd" é um remix de "cloud" (nuvem) e crowd (multidão). Jóia...

Mas, será que vão tentar traduzir? Vish... "nuvão" ou "multivem"? hehe...

Acho que "Computação no Nuvão" fica legal.

A blog without comments is like Amazon without user reviews.

- Jeff Atwood, do Coding Horror.
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Como diria o Lars, "Sad but true". O 'slogan' do Graffiti, desde o início dos tempos, é "Let's talk about IT". Apesar de ser um fanzaço do Seth Godin, pra mim um blog sem área para comentários não é um blog. Blog com comentários moderados não é blog. Blog é uma ferramenta de comunicação - obrigatoriamente com duas vias. Obrigatoriamente aberto.

Mas, sabe-se lá pq cargas d'água, o povo daqui não é muito chegado neste tipo de papo. Minha média no Graffiti deve ser de 1 comentário para cada 20 posts. É baixíssima. No finito a coisa é um pouquinho melhor - quase 1 comentário para cada post (0.84 para ser mais exato). Mas eu acho que está muito longe do ideal - que seria algo em torno de uns 10 comentários para cada post, no mínimo.

Ok, talvez o pessoal não goste deste canal. Mas, como a interação - particularmente o retorno (feedback), me é muito importante, não posso esperar. Há um ano, quando lancei o programa FAN (Formação de Analistas de Negócios), montei um grupo de discussão (quase) exclusivo para os participantes. 250+ pessoas aceitaram o convite. Desde então já trocamos cerca de 1700 mensagens. 10 vezes o número de comentários recebidos via finito! Mas são menos de 7 mensagens por participante. Se considerarmos minhas interações então, a média é ainda menor...

Com o objetivo de melhorar as conversas (organizando-as), há duas semanas coloquei um Fórum no ar. Utilizei outra pequena grande maravilha do universo do software livre chamada phpBB. Ficou uma beleza - tecnicamente falando. Mas, depois de 15 dias, a coisa nem engatinha direito. Eu sei, o processo é lento (tão lento quanto o crescimento da audiência do blog). Mas acho que algumas conclusões eu já posso tirar:
  1. O pessoal não gosta de "conversar" assim, de forma remota. Há uma certa "timidez" moderna;
  2. Que demora muito para ser debelada;
  3. Conversar (escrevendo) via IM ou Orkut é uma coisa (que tem língua própria). Conversar em blogs, fóruns e grupos de discussão é outra coisa. Mesmo que a linguagem seja natural, ela assusta;
  4. Mas os Analistas de Negócios (foco principal do grupo e do fórum) devem saber escrever muito bem. Ou seja, está ali uma chance de exercitar - e por isso eu devo teimar...
  5. ... sem ser burro. É claro que não dá pra perder tempo. Então, novas ferramentas são necessárias;
  6. Novas? Tão velhas quanto andar pra frente: o papo "cara a cara" é realmente imbatível.
  7. Ou seja, nada de podcasts, videocasts e afins. Minha próxima iniciativa (para obter mais e melhores papos) deve ser a viabilização de encontros reais com toda aquela turma (e as novas que chegam).
  8. Claro, sem deixar de teimar para que o povo se acostume com a comunicação via Internet, com a comunicação escrita.
Ok, para os papos levados no finito, a lista acima é uma beleza. Mas e os papos daqui, do Graffiti?

Só pensando alto. No mesmo mês em que Gates esvazia gavetas, Jobs enche cabeças (e noticiários e, claro, seu bolso). Saca só a matéria da Time: citam até Bukowski! Saca só a capa ao lado: não era de se esperar que ambos ainda seguissem brigando, palmo-dólar a palmo-dólar?

A decisão do Gates é velha, mas ainda não entrou na minha cabeça. E, acho, também não entrou na cabeça de muitos. O cara é novo; segundo consta, está longe de ter problemas de saúde como aquele que chateou Jobs; sua empresa, para o bem ou para o mal, ainda "manda". Então, por que tirar o time de campo?

Imagina a cabeça dele, vendo o Jobs lançando o novo iPhone. Será que ele sente inveja? Será que ele se sente como o Luxa vendo o Felipão assinando contrato com o Chelsea? Será que ele se sente como o FHC assistindo a sorte do Lula? Acho que sim...

Essa "inveja", bem canalizada (e tratada), faz muita gente virar o mundo de cabeça pra baixo. A competição, as inevitáveis comparações, deveriam fazer o cara dar tudo de si. Agora! Não necessariamente na MS. Talvez ele pudesse começar tudo de novo, do zero. Com uma brilhante startup. Mas não, o cara resolveu se aposentar.

Assistirá, bem de longe, o próximo grande duelo da área: sim, a briga agora é entre Apple e Google. Não falo só de dispositivos móveis, mas principalmente do tal "mercado na nuvem". O MobileMe, o .Mac revisto, briga pelo mesmo espaço (bem) ocupado por diversos serviços Google (free). Ambas empresas estão com praticamente todas as peças no tabuleiro. O jogo começou. E o Bill se aposentou. Deixando a MS.

Quem diria, a MS como mera coadjuvante do melhor filme dos últimos 13 anos. Será por isso que ele tirou o time de campo?

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Não é por acaso que insisto que erra quem acha que Bill e Steve são dois lados de uma mesma moeda. Nunca foram! Compartilham sim um doentio apego por "coisas proprietárias e fechadas". Mas o Jobs entrega - realiza. E nunca tirou o time de campo, mesmo quando teve todos os motivos do mundo para fazê-lo.

"Desconfio muito dos boards e CEOS deste país, mas até eu estou abismado com a forma como Jerry Yang e seu board se atravancaram!". Hehe, a tradução foi pra lá de livre, mas foi mais ou menos isso que Carl "I CAN!" Icahn falou para o Wall Street Journal.

A ZDNet foi mais direta: Icahn não quer ver Yang nem pintado de petróleo... nem com aquele tubinho vermelho-paixão-do-dia-dos-namorados...

E eis que nossa querida, acossada e desejada Maryahoo periga ganhar novo shape, nova cara.

Enquanto isso, lá pelos lados de Seattle, onde Robinho desfilava como um tupiniquim anônimo, Ray Ozzie dizia que o Yahoo apenas "aceleraria" a estratégia da MS para publicidade online. Ou seja: todo o resto do Yahoo iria parar, em vôo sem escalas, na cesta seção. Cesta sem SEX, Cesta de lixo mesmo. Mais um motivo para Yang e sua trupe técnica querer evitar a todo custo a fusão com a MS. E o Carl ainda acha que quem está sabotando o negócio é a turma do Yahoo?!?

Típica comédia romântica estadunidense: sempre tem um bobo.

Há pouco tempo, quando aparecia grande ou médio empresário falando que atingiríamos um défict de 200k programadores no curto prazo, eu zombava, ria, ignorava. Acontece que eles sempre falavam do mercado externo. Um mercado que, ano após ano - número após número, praticamente inexiste. Relevante para poucos, nunca geraria aquele monstruoso déficit.

Mas atingimos o ponto em que o sinal amarelo fica vermelho. Cadê os desenvolvedores? Testemunhei uma empresa correndo atrás, com ofertas interessantes, buscando gente de todo tipo: Java, C#, PHP... e nada. Ou melhor, uns poucos currículos fracos. Cadê os desenvolvedores?

Não creio no mercado externo, mas se o Brasil seguir crescendo no ritmo atual, periga que o número de vagas não preenchidas esbarre realmente em 5 ou 6 dígitos! Pena, mas não terei tempo de pesquisar estatísticas. Não sei quantos "desenvolvedores" as escolas despejam no mercado por ano. O número parece muito pequeno, só pra variar. Os programas dos cursos técnicos e, principalmente, das faculdades parecem desenhados para espantar "gente comum". Aquele tanto de cálculo em 'Sistemas de Informação' é coisa de maluco. Mas isso é outro assunto. O fato é que, por baixo, 60% dos matriculados em cursos que proveriam desenvolvedores vazam: Mudam, desistem ou piram. E o mercado só faz crescer.


Esse papo todo me fez lembrar do início da nossa história. Imagina lá nos anos 1950 e 60, quando (quase) ninguém estudava para virar programador. A história está muitíssimo bem documentada em "From Airline Reservations to Sonic the Hedgehog - A History of the Software Industry", de Martin Campbell-Kelly (MIT Press - 2003). As empresas montavam bancas em várias cidades dos EUA, recrutando todo tipo de pessoa que poderia virar um "programador". Buscavam craques em matemática, mas a coisa era tão crítica que valia tudo: quem tocava violão, jogava xadrez, gostava de quebra-cabeças...

É desse tempo que surge o simpático Dr. Bauer (será avô do Jack?), retratado no anúncio acima. Sua segunda lei: "O talento vai onde a ação está". Atualíssima, não? O anúncio é tão jóia que tem até PS: "Caso interesse, a 1ª lei do Dr Bauer é: se o programa tem um bug, o computador o encontrará." hahaha! Dr. Bauer é o máximo!

E o anúncio, tão cheio de texto, mira dois coelhos: vende os serviços da empresa (Informatics Inc.) e também recruta "talentos". E avisa, no terceiro parágrafo: "Esse tipo de talento não é barato. (Veja nossa folha de pagamentos e plano de incentivos, únicos na indústria de software)".

Caraca! Ele convida clientes e candidatos a olhar a folha de pagamentos?!? Quem faria isso nos dias de hoje? Aliás, quem tem coragem de mostrar a folha? Aliás, quem está utilizando o mesmo artifício (nobre) para atrair e reter talentos de verdade?

Porque, se tem uma lei que ninguém quebra, é a lei da oferta e procura. Talentos de Pindorama, atenção: chegou a hora de recuperar tudo que foi perdido desde 98!

Fábricas e bódechôppes tupiniquins, atenção: o talento vai onde a ação e a grana boa estão! Podem chamar de "2ª Lei do Bauer - 2.0".