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Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
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27 de junho de 2008. Dia que entrará para a história como o dia em que Bill Gates limpou as gavetas e se mandou da MS. Independente do tanto que você gosta, desgosta ou ignora o cara, é um dia triste. Bill é um símbolo da nossa indústria, uma lenda viva. Já disse por aqui, não entendo sua decisão. Se fosse um playboyzão tipo Ellison, eu entenderia a aposentadoria. Mas o Bill vai fazer o quê? Filantropia? Bão... a vida é dele e não tenho nada a ver com isso. Segue então só um breve histórico.



Bill nunca criou um produto revolucionário. Todos os produtos gerados por sua empresa são releituras (para não dizer 'cópias'). Algumas com algum valor agregado. Mas Bill foi um visionário. A forma como viu o surgimento da microinformática e seu possível impacto na vida de todo mundo é o que melhor explica sua mega-fortuna. "Um Micro em todas as mesas": Esta é a visão que fez da MS o que ela é. Foi a capacidade de realização desta visão que fez de Bill uma lenda. O resto é bullshitagem.

Para o azar do Bill, foi a mesma visão que fez com que a MS, a partir de 1995, começasse a perder o rumo. "A Estrada do Futuro", título de seu 1º livro, foi mal interpretada desde o início - por causa de sua visão. Segundo parágrafo da página 125 de seu livro:

A Internet necessita de um sistema de cobrança.


Em outro trecho (pág. 130) ele diz que "a informação mais atraente continuará a ser produzida tendo em mente o lucro". Mais (pág. 221): "a estrada poderia registrar se você comprou o direito de ler determinado livro ou ver um filme". Em suma: Bill nunca viu que a Internet promovia um novo capitalismo - e novas fontes de receita. E amarrou sua empresa com nós muito fortes. Vide seu caçula, o Vista, e o excesso de "controles de propriedade e direitos de uso" que contaminam seu Kernel. As únicas pessoas que não aceitam este fato são aquelas que ainda acreditam no modelo que a empresa de Bill representa.

A MS morrerá? Não. Mas, ao menos que aconteça uma enorme (e improvável) reviravolta, ela seguirá sua vidinha como um Morta-Viva. Rica, meio barulhenta e rabugenta, mas totalmente irrelevante na "estrada do futuro".

O engraçado é que o Bill, de certa forma, profetizou a decadência no mesmo livro (pág. 339):

Meu objetivo é manter a Microsoft na liderança mediante constante renovação. É um pouco assustador, já que, à medida que a tecnologia dos computadores avançou, nunca o líder de uma fase permaneceu líder na fase seguinte. A Microsoft tem sido líder na fase dos microcomputadores. Portanto, a partir de uma perspectiva histórica, acho que a Microsoft não se qualifica para liderar a fase da estrada na Era da Informação.
Seria covardia minha cortar o parágrafo ali, certo? Claro que o Bill não encerraria assim um 'posfácio'. Veja então como o parágrafo se encerra:
Mas quero desafiar a tradição histórica. Em algum lugar à nossa frente está o limiar que separa a fase dos microcomputadores da fase da estrada. Quero estar entre os primeiros a atravessá-lo quando o momento chegar. Acho que a tendência de que as empresas bem-sucedidas deixem de inovar é só isso: uma tendência. Se você está preocupado demais com o seu negócio atual, é difícil mudar e se concentrar em inovar.
Bill acertou no diagnóstico profético. Errou feio no remédio (e com Ballmer). Não será esquecido pela história. Mas garanto que ele se vai com a certeza de que poderia ter feito muito mais. E melhor.

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