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Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Há pouco tempo, quando aparecia grande ou médio empresário falando que atingiríamos um défict de 200k programadores no curto prazo, eu zombava, ria, ignorava. Acontece que eles sempre falavam do mercado externo. Um mercado que, ano após ano - número após número, praticamente inexiste. Relevante para poucos, nunca geraria aquele monstruoso déficit.

Mas atingimos o ponto em que o sinal amarelo fica vermelho. Cadê os desenvolvedores? Testemunhei uma empresa correndo atrás, com ofertas interessantes, buscando gente de todo tipo: Java, C#, PHP... e nada. Ou melhor, uns poucos currículos fracos. Cadê os desenvolvedores?

Não creio no mercado externo, mas se o Brasil seguir crescendo no ritmo atual, periga que o número de vagas não preenchidas esbarre realmente em 5 ou 6 dígitos! Pena, mas não terei tempo de pesquisar estatísticas. Não sei quantos "desenvolvedores" as escolas despejam no mercado por ano. O número parece muito pequeno, só pra variar. Os programas dos cursos técnicos e, principalmente, das faculdades parecem desenhados para espantar "gente comum". Aquele tanto de cálculo em 'Sistemas de Informação' é coisa de maluco. Mas isso é outro assunto. O fato é que, por baixo, 60% dos matriculados em cursos que proveriam desenvolvedores vazam: Mudam, desistem ou piram. E o mercado só faz crescer.


Esse papo todo me fez lembrar do início da nossa história. Imagina lá nos anos 1950 e 60, quando (quase) ninguém estudava para virar programador. A história está muitíssimo bem documentada em "From Airline Reservations to Sonic the Hedgehog - A History of the Software Industry", de Martin Campbell-Kelly (MIT Press - 2003). As empresas montavam bancas em várias cidades dos EUA, recrutando todo tipo de pessoa que poderia virar um "programador". Buscavam craques em matemática, mas a coisa era tão crítica que valia tudo: quem tocava violão, jogava xadrez, gostava de quebra-cabeças...

É desse tempo que surge o simpático Dr. Bauer (será avô do Jack?), retratado no anúncio acima. Sua segunda lei: "O talento vai onde a ação está". Atualíssima, não? O anúncio é tão jóia que tem até PS: "Caso interesse, a 1ª lei do Dr Bauer é: se o programa tem um bug, o computador o encontrará." hahaha! Dr. Bauer é o máximo!

E o anúncio, tão cheio de texto, mira dois coelhos: vende os serviços da empresa (Informatics Inc.) e também recruta "talentos". E avisa, no terceiro parágrafo: "Esse tipo de talento não é barato. (Veja nossa folha de pagamentos e plano de incentivos, únicos na indústria de software)".

Caraca! Ele convida clientes e candidatos a olhar a folha de pagamentos?!? Quem faria isso nos dias de hoje? Aliás, quem tem coragem de mostrar a folha? Aliás, quem está utilizando o mesmo artifício (nobre) para atrair e reter talentos de verdade?

Porque, se tem uma lei que ninguém quebra, é a lei da oferta e procura. Talentos de Pindorama, atenção: chegou a hora de recuperar tudo que foi perdido desde 98!

Fábricas e bódechôppes tupiniquins, atenção: o talento vai onde a ação e a grana boa estão! Podem chamar de "2ª Lei do Bauer - 2.0".

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