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Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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*Ética* é assunto quente em Pindorama há uns 2 anos. Na boca de muitos e no dia-a-dia de poucos. Minha sensação é de que já é possível ter sono tranquilo mesmo quando a consciência pesa toneladas. Ou teríamos uma imensa população de insones.

Um dos problemas com a discussão sobre *ética* é a localização. Não raro, parece que a falta de ética é uma exclusividade (ou maldição) tupiniquim. Fazemos, particularmente nossa "prensa", vista grossa para os maus exemplos que vêm de cima. Agora não falo do andar de cima metafórico, mas de pessoas e entidades que moram no lado de cima da linha do Equador.

Quando Nicholas Negroponte lançou o OLPC (One Laptop per Child) foi automaticamente bombardeado por duas empresas que, na teoria, perderiam bastante com a idéia. Mr Bill e sua MS depreciavam o brinquedinho chamando-o de... "brinquedinho". Pra variar, não entenderam nada. Mas, claro, colocaram seus rolos compressores/opressores no campo de ataque. E começaram a oferecer um "pacotinho" (com Windows, Office e outros "brinquedinhos") por US$3 para o tal "mundo em desenvolvimento". A MS nunca havia pensado naquele nicho (e não me venham com o Windows "Casas Bahia", please! Estou falando de um nicho que não ganha US$ 1 por dia). Aliás, chamar esse nicho de "nicho" é quase uma falta de consideração. Falta de sensibilidade.



A outra empresa que se sentiu "prejudicada" pelo OLPC foi a Intel. Bateu pesado: e desenvolveu um material de marketing para comparar o XO (o laptop da OLPC) com seu Classmate. Caramba! Jogaram sujo, a exemplo da MS. Lançaram campanhas e artimanhas que CADE, PROCOM e OMC costumam chamar de "concorrência desleal" ou "abuso do poder econômico".

Quando a explícita falta de ética começou a respingar, ambas as empresas se apressaram e se "filiaram" ao OLPC. Seguiram comentendo "deslizes", como mostra esta matéria do Wall Street Journal do último dia 24/11. Alguém cobra-lhes *ética*? Que nada... rolo compressor econômico é isento.

Fica uma questão, bem colocada por Larry Dignam (ZDNet): MS e Intel estariam tão preocupadas com a educação de crianças do terceiro mundo se o OLPC não tivesse existido?

.:.

Mas, apesar dos pesares (e sacanagens), o OLPC vai bem, obrigado. Nicholas acaba de divulgar a prorrogação da campanha "Compre um, doe um". Não atingirá a meta de 3 milhões de "brinquedinhos", mas pelo menos uns 200 mil deles devem ser entregues para crianças das esquinas do terceiro mundo até o final do ano.

O OLPC está distante de todas as suas metas. Distâncias comprometedoras, mas que não fizeram o projeto parar (ah, se fosse no Brasil). O GAP só pode ser reduzido com escala. E por que falta escala? Porque Negroponte foi traído por alguns parceiros de primeira hora, como o Governo Lula, por exemplo. O OLPC esperava que alguns países fizessem uma encomenda inicial de 1 milhão de laptops. Não rolou. E, aqui, ninguém explicou.

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