Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Surrupiei a frase do Leminski pra batizar este post que se propõe a falar de "Amanhã". Vou apresentar algumas previsões/provocações para o biênio 2005/2006. Não tenho a pretensão de virar um Robert X. e, ao contrário deste, darei especial atenção pra TI corporativa e pra TI tupiniquim. Hehe... aposto R$ 1 em cada "previsão" (provocação) apresentada abaixo:


01. Consolidação da Tática "Feijão com Arroz"
Os investimentos em TI em Pindorama seguirão altos. Crescerão cerca de 10% em 2005 e também em 2006 (ou seja, mais ou menos o dobro do crescimento do PIB). O moto/mantra ainda será o batido e pouco realizado "alinhamento estratégico", mas os INVESTIMENTOS (das grandes e médias empresas) serão conservadores. Projetos SOX (nas multinacionais) e Basiléia II (no mercado financeiro) devem abocanhar boa parte deles. Projetos ITIL, COBIT e CMMi pegarão carona (pq são derivados). "Segurança" e "Gestão de Riscos" vão estar na boca de muita gente. E no portfolio de poucos.
Projetos INOVADORES serão exceções. E a culpa nem é tanto do Nicholas Carr(asco). Depois de 6 anos de porrada ($$ no ralo e ROIs da carochinha), os CIOs vão adotar uma postura bastante conservadora. Pior para os negócios.



02. Mais do Mesmo
O mercado de prestadores de serviços de TI permanecerá praticamente inalterado, para infelicidade de todos. Apesar das tsunamis de projetos mal sucedidos, não há o menor sinal de mudanças. Apesar da mídia 'especializada' ter aprendido a falar sobre CMMi, por exemplo, em 2005 não veremos nem 10 novas certificações. Talvez 2 empresas atinjam o nível 3 até 2006. E será só! Não é o alto custo a principal barreira. É a falta de cultura mesmo. O 'dono' fala que nunca precisou. E os 'desenvolvedores' detestam esse tipo de gaiola. Ou seja, ninguém quer! Ops... ninguém aqui em Pindorama! Porque lá fora o papo é outro (veja item 03 abaixo).
Há tempos paira no mercado uma sombra de 100 milhões (US$ ou R$?) que a IBM investiria. Um ou dois prestadores de serviços seriam adquiridos. Sinceramente? Se sou a IBM, ou compro umas 10 empresas pequenas ou uso o $$ prá montar uma estrutura do zero. Será um processo nada agradável tentar colocar 'terno azul marinho' em quem só sabe usar bermuda. Tem vício que não se cura. Nem com muita grana.

03. Sai Belíndia, entra Suiti
Faz tempo que brinquei com a teoria do Bacha. Pois é, não somos mais uma mistura de Bélgica com Índia que, independente dos problemas que ainda enfrenta, tem dado aula de estratégia e agilidade. Ficamos mais parecidos com a Suiti (Suíça + Haiti). Desnecessário explicar.
Depois que a cambada daqui percebeu todo o $$ que flui (em ritmo contínuo e crescente) para a terra de Gandhi é que deu vontade de falar de desenvolvimento de sistemas. Ignoram que a Índia tá colhendo frutos d'um plantio feito há uns 20 anos. E querem pegar um atalho que não existe. Aí vc escuta umas bullshitagens sem tamanho: "CMM não importa. O que importa mesmo é o PMI"; "Nossa vantagem é o fuso!"; "Inglês não é obrigatório!"; E por aí vai...
Desenvolvimento de software é uma das 5 áreas prioritárias de nossa nova política industrial. Infelizmente pensam que podem implementá-la com métodos muito semelhantes daqueles que funcionam (e bem) no agro-negócio. Não basta o BNDES apostar uma montanha de $$ em alguns aventureiros. O sucesso da Índia não começou na Tata. Começou nas escolas. Ou seja: não vejo a menor possibilidade de nossas metas serem alcançadas. Ficaremos abaixo de 20% da meta de exportação... E olha q fui otimista! Movimentos como o documentado aqui mostram que a janela da oportunidade vai se fechar antes que tenhamos uma posição minimamente decente no badalado mercado 'outsourcing offshore'.
Começa assim: exatamente agora tentei acessar uma página com o "Panorama do Setor de Informática" no site do Ministério da Ciência e Tecnologia. Recebi um "The page cannot be found"... Há tempos questiono nossos números, metas e, principalmente, visão de negócio. Aqui, aqui e aqui.



04. WYDSIWWKY
Quando falamos de ativos de TI por aqui, o que você vê parece ser TUDO que vc tem - WYSIWYG (what you see is what you get). É triste, mas há tempos parece que 75% dos CIO's só pensam, valorizam e compram "ferros" e "caixinhas". Alguns já começaram a aprender que WYDSIWWKY (what you don't see is what will kill you). A parte hiper-valorizada é a Arquitetura Tecnológica. As partes deixadas ao relento são: Arquitetura da Informação, Arquitetura de Negócios e Arquitetura de Aplicações. Quem equilibra corretamente a atenção (e $$) entre as 4 'Arquiteturas', é quem menos tem problemas hoje em dia. São poucos...

04a. Ah!... as Previsões (provocações)
Pois é, o prefácio ali foi pra falar que SOA continuará soando (ai!) como uma STL distante pra 99% de nossas organizações. MDA continuará mais frequente na lista de 'Coisas Detestáveis' dos apóstolos de XP (eXtreme Programming) que na tumultuada agenda de nossos CIOs... Infelizmente.

05. Software = Serviço?
Se tal visão apenas engatinha lá fora, imagina aqui em Pindorama. Seguiremos mais 2 anos sem ver uma única oferta consistente de aplicação sendo vendida puramente como serviço (via web, de verdade!). O tamanho da oportunidade é inversamente proporcional a nossa capacidade (vontade?) de aproveitá-la. Os prováveis provedores de conteúdo tupiniquins não estão prestando atenção. Correm o risco de ver o mercado deslizar para as mãos de IBM's, Oracle's, SAP's, Siebel's e afins. Não temos um único ERP nacional PRONTO prá ser usado via web (de verdade). E parece que ninguém liga...

06. Síndrome de Fábio Baiano
Quando o cara defendia as cores do Mengo ganhou o apelido 'Ninguém'. Depois de rápidas passagens pelo Grêmio e pelo Timão, acabou de chegar no Santos. E já tá criando confusão porque falou que não aceita a lateral-direita. Explico: o cara já atuou em todos os lugares do campo (acho q até de goleiro numa oportunidade). É um generalista. Em TI, os 'Ninguéns' vão perceber o cerco se fechar: ou aceitam aquelas posições que ninguém quer, ou viram 'Alguém'! Projetos e processos de TI ficaram muito complexos. As plataformas tecnológicas cresceram para os lados e para baixo. O campo aumentou. Já não é mais possível bater o escanteio e correr prá cabecear. Os recrutadores exigirão cada vez mais especialização. Sinal de amadurecimento? Tomara.

07. Cadê as outras, Maria?
"Ninguém é demitido por comprar IBM". "Ninguém é demitido por comprar SAP". Pois é... E agora? Alguém será demitido ao optar por soluções de software livre? A renovação daquela montanha de licenças MS vai dar 'justa causa'? A falta de massa crítica de "outras" tá deixando nossas Marias um tanto perdidas. Seguirão assim nos próximos anos, mais perdidas que FDP em dia dos pais.
No mundo dos desktops a MS verá seu mercado encolher um pouquinho. Mas seguirá dominante. O tal 'desktop Linux' não pegará tão cedo em pindorama (talvez só na China e em Rio das Ostras). Já coloquei em outro post que, mundialmente, a MS deve perder cerca de 15% do mercado desktop. Até 2006. A agressividade da Apple (que não se fará sentir por aqui) pode fazer tal número aumentar para uns 20%.
A presença de software livre em servidores já é maior do que muitos esperavam há 2 anos. A tendência é de crescimento. Principalmente com a consolidação de suites que brotam de todos os lugares (HP, JBoss, Apache, PowerLogic, ...)
Infelizmente o debate aqui é mais político (religioso?)... e assim seguirá. Quem é MS seguirá MS. Quem tem simpatia por Software Livre seguirá... hã... livre (sorry). O universo de Marias perdidas penderá para um lado ou outro, mas não veremos nenhum deslocamento muito significativo. Pelo menos não até 2006.



08. Bota BPM no teu BI que eu 'azeito' meu SCM

Caramba! Não consigo fazer meus sistemas se entenderem e agora tenho que fazê-los conversar com gente de fora... Cada comercial de mágica 'on demand' me dá calafrios. Cada edição da Info Corporate é estopim para uma crise existencial que dura umas 2 semanas...
É... as colchas de retalhos seguirão aí... algumas costuradas com barbante! E não serão exclusividades tupiniquins... O que não é desculpa! Repito o Gartner: aposente no mínimo uma aplicação legada por ano. E vou além: tente aposentar 6 (3 pequenas, 2 médias e 1 grande). 99% das nossas organizações só vão tricotar novos e coloridos retalhos até 2006. Algumas (seguradoras? planos de saúde? financeiras?) chegarão bem perto do ponto da 'crise absurda'. Aquele momento em que TI vira freio-de-mão, trava o negócio e cria problemas prá muita gente. Até prá quem nem sabe o que é um computador...

Taí a razão do título do post. Tem coisa aí que podia tá resolvida há uns 5 anos. Não bato nos CIO's. Compartilho sua angústia. Há uns 6 anos eles correm atrás d'uns rabos esquisitos ('heranças malditas' e afins). Mas algumas trilhas podem (e devem) ser percebidas como 'atalhos legais'. Por mais que pareçam longas demais. Eu prestaria especial atenção nas seguintes STL's: SOA, MDA e RAS. Acompanharia de perto as movimentações da IBM, MS e das diversas organizações de software livre (particularmente Apache, Mozilla, Eclipse e JBoss). Olharia com desconfiança para HP e Sun. Untaria com azeite extra-virgem a frigideira que deve receber os peixes Bea, Novell, Red Hat, MicroStrategy, Adobe e Macromedia. (Será q o peixão MS finalmente entrará no mundo J2EE?).

Prá encerrar: SLA's não são escritos em pedra; 'preço fechado' só agrada advogados; 'body shop' é desperdício de capital intelectual (para todos os envolvidos); e, canja de galinha não faz mal a ninguém.

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