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Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
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Apresento aqui o primeiro 'Biz Plan' de um total de 5 ou 6 que serão publicados quinzenalmente neste (pouco) nobre espaço, conforme prometido.

Codinome: LAURÉ - tupi (pauetê-nanbiquara): arara vermelha


Sumário Executivo

A presença de Software Livre nas empresas nacionais ainda é inversamente proporcional ao espaço que tal revolução tem recebido na mídia. Se olharmos especificamente para o mercado de Pequenas e Médias Empresas (PME) perceberemos uma oportunidade ainda maior. Muitos dos que se dizem adeptos, quando muito, utilizam uma combinação GNU/Linux e Apache em servidores Web. Mas é fato que o mundo do Software Livre é hoje muito mais que um sistema operacional. Existem hoje mais de 70 mil projetos de Software Livre em desenvolvimento no mundo todo. Uma empresa especializada na COMBINAÇÃO, DESENVOLVIMENTO e SUPORTE deste tipo de software, voltada para o mercado PME, tem enormes chances de sucesso.

Produtos

É tarefa humanamente impossível a especialização em uma centena de sistemas. A LAURÉ deve buscar a COMBINAÇÃO de alguns poucos produtos, se quiser ser realmente percebida como especialista. Chamamos tais combinações de STACKS (pilhas, no português). Três ou quatro Combinações (combos) podem formar um excelente portfólio (ou carteira de produtos, como queira). Abaixo são apresentados alguns exemplos de 'combos':

Combo 1: Servidor Web + Portal Corporativo
GNU/Linux (qq distribuição, como a Mandriva)
Apache (servidor Web)
Tomcat (container para execução de Servlets Java)
JBoss (servidor de aplicações J2EE)
OpenCMS (gerenciador de conteúdo - em português).
MySQL (gerenciador de bancos de dados)
OpenLDAP (serviço de diretório - autenticação)
Liferay (servidor do portal, tipo MyYahoo!)
Este combo tem um total de 8 elementos. Sub-conjuntos podem ser gerados, inclusive em versões que permitam a convivência com produtos comerciais, como Windows, Oracle, Websphere e afins.

Combo 2: PBX + Skipe + IM + e-Mail ...
Asterisk (Linux PBX c/ VoIP e mais...)
eGroupWare (Serviços integrados de e-mail, calendário, contatos, ...)
Skipe (Software + Serviço de telefonia via Web)
Kopete (ou outro software livre p/ troca de mensagens instantâneas (IM))
Leucotron (Empresa mineira (uai - de Sta Rita do Sapucaí!) que desenvolveu o 1o PBX da América Latina com suporte nativo ao Skipe)
A palavra-chave aqui é CONVERGÊNCIA. O combo aí oferece para uma corporação integração total dos meios de comunicação. Se inserirmos Wi-Fi, SMS e afins teremos um combo 'estado da arte' em termos de comunicação. Uma parceria com a Leucotron (citada acima, mas que não é um software no combo) tornaria a oferta ainda mais completa e irresistível.

Serviços

As receitas da LAURÉ serão geradas exclusivamente através da prestação de serviços. Os produtos (combos) são abertos e gratuitos e assim devem permanecer, mesmo que o serviço de COMBINAÇÃO seja de domínio 'teoricamente' exclusivo da empresa. A LAURÉ deve oferecer dois tipos distintos de serviços:

a) Suporte: que pode ser comercializado na forma de pacotes (com volume de horas de atendimento por mês - telefônico, virtual e 'in loco'; assinatura de 'canais' de um repositório de soluções acessado via internet; serviços de start-up nas fases iniciais do contrato; etc) ou em chamados avulsos. Os pacotes devem ser vistos como a fonte de receitas fixas da empresa, sua "vaca leiteira".

b) Desenvolvimento: os combos de Software Livre, como aquele do exemplo apresentado acima, quase sempre formarão apenas uma infraestrutura tecnológica para a solução de determinado problema de negócio. Ou seja, cada cliente de um combo é potencial comprador de serviços de desenvolvimento. O mercado PME nunca mereceu muita atenção dos vendedores de 'portais corporativos', por exemplo. O desenvolvimento de um 'portal' requer muito esforço de desenvolvimento, particularmente de pontes de integração com sistemas de gestão. A demanda por projetos de desenvolvimento é bastante irregular. No entanto, as margens de lucro são muito maiores do que aquelas obtidas na prestação de serviços de suporte.

Mercado

Grandes 'jogadores' mundiais do mercado de tecnologia da informação estão abrançando de forma definitiva o mundo do Software Livre. IBM, HP, Novell e Sun são alguns dos exemplos mais visíveis. Porém o alvo principal de tais empresas ainda é a grande corporação. Nenhuma delas possui estrutura suficiente para atender o imenso mercado PME, ainda mais aqui no Brasil. No interior, principalmente nas médias cidades do estado de São Paulo, já começaram a aparecer empresas com perfil semelhante ao sugerido aqui. Só que a grande maioria é especializada em Linux. Ou seja, ainda desconsidera todas as camadas que aproximaram, definitivamente, o Software Livre do mundo dos negócios.

Se uma PME optar por pacotes comerciais para montar um portal corporativo ela gastará, no mínimo, cerca de R$40 mil apenas em licenças de software. Considerando o 'mito' de R$ 2 gastos em serviços (por baixo) para cada R$ 1 pago em licenças, temos um investimento total de R$ 120 mil. O apelo da economia proporcionada pela utilização de software livre é inquestionável.

A relativa complexidade técnica dos combos é hoje o maior risco deste modelo de negócios. O principal requisito para ser reconhecido como um bom prestador de serviços é CONFIANÇA. Falhas nas montagens dos combos (que não são simples) ou no atendimento aos clientes podem comprometer de maneira letal o empreendimento. Extenso planejamento e exaustivas baterias de testes devem garantir qualidade dos combos. Treinamento e políticas honestas de RH garantirão técnicos capacitados a prestar o atendimento esperado pela exigente clientela.

Marketing & Vendas


O maior vendedor da LAURÉ será seu site, que deve oferecer todos os combos para download gratuito. A apelo do combo é a relativa dificuldade que existe para se "colar" e fazer funcionar determinada quantidade de sistemas livres (que são desenvolvidos como projetos isolados). A contra-partida ao download gratuito deve ser apenas o preenchimento de uma pequena ficha com dados básicos do possível cliente. O site deve ser enriquecido com FAQs, artigos técnicos, casos de sucesso (mundiais), calendário de eventos e atendimento em tempo real (via chat). O site deve ser construído utilizando-se a mesma infraestrutura descrita no exemplo acima, obviamente.

Valores de contratos, hora técnica e projetos (que deveriam ser comercializados utilizando-se a modalidade de 'aquisição progressiva'*) podem ser fixados em até 25% acima da média do mercado em questão.

Organização


A LAURÉ exige a formação de duas equipes técnicas bastante distintas:

a) Suporte: profissionais de 'help-desk' para atendimento remoto ou 'in loco'. Os líderes desta equipe serão os responsáveis pelas COMBINAÇÕES e respectivas atualizações;

b) Desenvolvimento: equipe de coordenadores de projetos, analistas, arquitetos e desenvolvedores Java que serão alocadas por projeto. Os líderes devem conseguir mobilidade suficiente para apoiar todos os projetos em execução.

Um item importantíssimo na estrutura da LAURÉ é o "Repositório" citado anteriormente. Trata-se de um ou mais servidores que hospedam todas as versões dos combos, add-ons, documentação técnica e todos os serviços que podem ser utilizados por clientes. Além do Repositório (que é acessado via internet) a LAURÉ deve dispor de ambientes de "Desenvolvimento" e de "Testes e Homologação".

Investimentos

Quer gastar quanto? Os planos de negócios aqui publicados tentarão ser coerentes com nossa realidade terceiro-mundista. Não vivem elogiando nosso 'jeitinho'? Bom, acredito que a LAURÉ possa ter início com um homem só, com duas máquinas apenas. O porte ideal deve ser exatamente o tamanho de sua capacidade de investimento. 'Sonhador' demais? Coerente com o que você acaba de ler. Boa sorte!


Versão para Download e impressão (DOC).



CC Developing Nations

Trabalho liberado sob licença Creative Commons para Nações em Desenvolvimento.



3 responses to "Biz Plan I :: LAURÉ"

  1. Será que nessa hora não vale aquele ditado: "Se palpite fosse bão não se dava - vendia". (brincadeira).

    Open source é o bicho - E tem empresa (não vou falar qual mas é americana e faz carros à 100 anos) que para milhares de dólares em licensa de PVCS(sinônimo de lixo), sendo que existe o CVS free e mto melhor.

    Anônimo

  2. Quer pagar quanto?? hehe...

    Vc citou um exemplo. Vou apimentar mais:
    . IE ou Firefox?
    . Exchange ou eGroupWare?
    . JBoss ou Websphere?
    . Apache ou IIS?
    . Eclipse ou JBuilder?
    . Asterisk ou ??

    Tá vendo? Já tem coisa no mundo do Software Livre sem equivalente comercial... E acho que é só o começo!

    Paulo Vasconcellos

  3. Em compensação lembrei de outro: "Cavalo dado não se olha os dentes"

    Anônimo

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