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Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Este post é um filho bastardo da série "Gerenciando o Trabalho Criativo", que estou publicando no Finito.
Queria muito tratar o assunto mas não quis mexer na estrutura original da série. Porisso ele caiu aqui no Graffiti. Trata-se de um 'cross-posting', hehehe.



"There is something that is much more scarce, something finer far, something rarer than ability. It is the ability to recognize ability."
- Elbert Hubbard

Na última parte publicada no Finito eu falei sobre a formação de Equipes Criativas. Dei atenção quase exclusiva para o aproveitamento das pessoas que já trabalham na organização. Motivo: entrosamento e comprometimento. É mais provável que uma equipe formada por pessoas que já se conhecem - que já desenvolveram projetos em conjunto - seja mais ágil no desenvolvimento de um trabalho criativo. Mas sei que em solo tupiniquim, com os altíssimos índices de turn-over que caracterizam nossas empresas de TI, é muito difícil falar em 'longevidade' de equipes. Independente disso, por bons ou maus motivos, devemos estar preparados para ir buscar no tal 'mercado' os 'recursos'* que um projeto demande. Na última década eu contratei dezenas de pessoas. Devo ter entrevistado mais de uma centena. Sempre foi a parte mais difícil do meu trabalho como gerente ou coordenador de projetos. Independente da eterna boa vontade das 'meninas' do RH.

Tudo começa com a identificação e a correta definição da necessidade. Realmente não há ninguém na organização que possa preencher aquela vaga? Verificamos os cronogramas de todos projetos em andamento? Trocamos idéias com os outros coordenadores? Sim, sim e sim. Não há outra alternativa que não seja buscar aquele alfinete no mercado-palheiro. Defina o alfinete: cabeça arredondada? Pequeno ou grande? Quando nosso projeto está bem definido a necessidade é bem clara. Caso contrário veremos aqueles maravilhos anúncios que pedem, por exemplo, "bons conhecimentos em Java, .Net, Visio, Rational, RUP, UML, PMI, Delphi, CMMI, BI, SQL Server, VB, SAP... noções de ITIL, SOA e Flash serão considerados um plus a mais!!" Arrgh... sic mil vezes.

Acho um pouco exagerado o Joel Spolski quando ele diz que os caras bons "nunca estão no mercado". Lá no 1º mundo pode até ser, mas aqui em Pindorama não. Pq? Tenho certeza de que a culpa é dos nossos draconianos 'vínculos empregatícios'. Mais da metade de todo mundo que eu entrevistei estava empregado!:

"Estou buscando novos desafios." [Trad: tô ganhando pouco]
"O projeto tá acabando." [Trad: e a empresa não sabe quando venderá outro]
"O projeto tá enrolado." [Trad: estão trocando desenvolvedores por advogados]

Ou seja: pelo menos por aqui não é assim tão difícil achar gente boa no mercado. Facilita muito se soubermos onde procurar. Um dos piores lugares são as empresas 'de alocação'. Daquele tipo que se banalizou com o advento da Internet. Elas atiram para todos os lados e não sabem nada de projetos e tecnologia. Os melhores lugares são nossos ensaios de Comunidades de Prática, particularmente os Grupos de Discussão e associações como a SouJava. Mesmo assim, nos melhores casos, temos 4 'joios' para cada 'grãozinho de trigo'. Isso acontece independente da quantidade de 'pré-requisitos' que você coloca no anúncio da vaga. Faz parte. E cuidado para não tratar mal aquele 'joio' que pode não servir para o projeto atual, mas que pode ser de grande utilidade em empreendimentos futuros. Estando do outro lado, como 'candidato', já vivi algo parecido. Uma empresa recusou meu currículo por uma série de questões que qq dia tomo coragem pra contar aqui. Foi seca e muito mal educada. Um mês depois queria contratar meus serviços de consultoria pagando 5x mais o que eu ganharia como funcionário. Quase tive peninha deles.

Voltando. Então você recebe um pacote de currículos. Não há coisa mais triste e arriscada do que fazer triagem de currículos. Apesar do tempo ser sempre curto, é recomendável que a gente só desvie para a sexta seção (aka Lixo) aqueles que forem comicamente ruins. Todo currículo é muito ruim. Digo, ruim para a avaliação de um profissional. Lembro sempre de uma amiga que avalia casos judiciais: "atrás daquela folhinha de papel tem uma pessoa". Não há nada mais covarde do que a eliminação de um candidato com base apenas na leitura de seu currículo. Uma covardia inevitável, infelizmente. Minha 'generosidade' na seleção de currículos nunca me causou grandes problemas. Me ajudou muito uma tática conhecida pelo horrendo pseudônimo "dinâmica de grupo".




Atualização em 06/12/07:

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* Recurso. Um 'recurso' pode ser qq coisa. Me lembro de uma piada do Gerardinho que se referiu ao freio d'uma bike como um "ricurso di minguá toada". No trabalho criativo as pessoas são a principal 'matéria prima' e os principais 'recursos'. Por isso o termo 'recurso' é tão ruim.
E inapropriado.


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