Quando a tecnologia te serve, ela te liberta. Quando ela é desenhada para servir outros, sem o seu consentimento, ela é opressiva. Há uma batalha em seu computador neste exato momento - uma guerra que te joga contra vermes e vírus, cavalos de tróia, spyware, atualizações automáticas e tecnologias de 'gerenciamento' (sic) de direitos digitais (conhecidas pela sigla DRM - Digital Rights Management). É uma batalha para determinar quem é dono do seu computador.
Você é dono dele, é claro. Você pagou por ele. Mas quanto controle realmente você tem sobre ele?
Alguns exemplos:
- CDs de música: em outubro de 2005 a Sony distribuiu alguns títulos com um 'rootkit'. Um software que se instalou automaticamente, sem o conhecimento do usuário, em todo computador onde aquele CD foi colocado. A intenção do 'rootkit' era evitar que o usuário fizesse qualquer coisa que desagradasse a Sony.
- Antivírus: na teoria, os softwares de antivírus deveriam evitar a ação de invasores como o 'rootkit' da Sony. Não foi isso que aconteceu. A Symantec e outras atenderam um pedido da Sony para que seus produtos não bloqueassem seu intrusivo 'vírus'.
- Internet Explorer: como nos outros browsers, o IE deveria barrar cookies e pop-ups indesejados, certo? Mas o que acontece se a MS (produtora do IE) for remunerada por aquela 'intrusão'?
- Spyware: monitoram seu comportamento, algumas vezes capturam seus dados, e os enviam para seus criadores. Uma navegação de 30 minutos, em uma máquina inocente, pode resultar na invasão de mais de 10 espiões. Sem o seu conhecimento.
- Segurança na Internet: parece que o firewall do Windows Vista virá com metade de suas proteções desativadas. A MS justifica dizendo que seus usuários corporativos fizeram tal solicitação. Bullshitagem. Tudo indica que a MS simplesmente não quer que adware (o spyware publicitário) e spyware DRM sejam bloqueados.
- Atualizações Automáticas: são outra forma das empresas de software controlarem seu computador. Enquanto são úteis por questões de segurança, elas também exigem que você confie totalmente em seu fornecedor. Ele ficará te chamando de 'pirata' o tempo todo? Ele pode desabilitar o seu micro?
O texto acima é uma tradução/resumo de um artigo de Bruce Scheneir publicado na Wired. Apesar do foco do artigo no computador pessoal, eu reforço: o alerta vale para praticamente todos os brinquedinhos digitais que atiçam aquele lado consumista que todo mundo tem. iPods e equivalentes, videogames, celulares e câmeras digitais - todos podem se transformar em paupáveis e opressores cavalos de tróia.
Se a coisa sair do controle, aquele carro anti-bêbado da propaganda da Skol pode virar uma realidade. Acho que já virou. E não é uma coisa assim tão ruim.
Mas pensa bem se sua televisão, geladeira e cama começarem a 'dedar' para anunciantes invisíveis todos os seus (péssimos) hábitos; se eles passarem a exigir que você 'tome a coca assim' e 'faça o frango assado'... Você ia gostar?
Pois é. No seu micro a suruba opressora intrusiva já começou...
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