Assim o sumido Jonas concluiu seu comentário ao post "PJ, CLT ou CLT-flex?". Tive a oportunidade de (des)coordenar o Jonas por breves momentos. Jonas é um programador de mão cheia e cabeça insaciável. Cético, há poucos meses foi buscar trampos n'outros cantos. Para ser mais exato, no outro canto do mundo: Nova Zelândia! Jonas não crê em ofertas altas em solo tupiniquim.
Mas, caro Jonas, elas estão realmente altas. A primeira parte do "Bom Dia Brasil" de hoje praticamente só falou disso: chororô de empresários que não conseguem encontrar programadores que dominem um pouquinho de inglês. Para todos, dominar programação não é um problema. Quase me senti um neozelandês, neoburguês, neoinglês... Que mundo diferente!
Mas é um tanto distante, caro Jonas, o mundo das Fábricas! Lá todo bebê bebe OO desde os tempos da mamadeira. MVC vê que patterns são impressos em torradas.. porque tempo é dinheiro. E na corrida contra o clock, não é que esqueceram de estudar inglês? JavaEE .Net Ruby Castle são barbadas. Fáceis como surrupiar doce de mão de criança. Agora, o tal inglês...
Na conta dos fabricantes pós-modernos, a brecha é de 20 mil programadores!! No país das contas que nunca precisam ser fechadas, outro falou que precisaremos de 100 mil até 2010. Senão não fecharemos a conta de US$ 5 bilhões em exportações... Será que não fechamos os US$ 2 bi prometidos por falta de programadores? Parece... falta de programadores que dominem o tal inglês!
Levi Strauss ficou rico na corrida do ouro. Vendendo calças. Na corrida do outsourcing offshore, quem vai faturar mesmo serão as ccaa's, new yorks e new englands da vida.
Jonas, como amigo te dou um conselho: não volte!
O Graffiti mudou!
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Paulo,
Lá vou eu de novo nesse mlog (mistura de email com blog) :)
Primeiro obrigado pelos elogio, respeito muito a sua opinião e sei que você não joga conversa fora.
"Mas, caro Jonas, elas estão realmente altas. A primeira parte do \"Bom Dia Brasil\" de hoje praticamente só falou disso: chororô de empresários que não conseguem encontrar programadores que dominem um pouquinho de inglês."
Concordo plenamente a oferta de vagas é alta, não há programadores qualificados no mercado. Mas foi justamente isso que eu estava defendendo. O cara do artigo que você indicou diz o contrário, quotando novamente o texto dele: "[...] Claramente, a contratação PJ é uma forma cruel e predatória de se aproveitar de um mercado onde a oferta de profissionais é alta. [...]". Foi isso que eu achei digno de comentário "a alta oferta de profissionais". Mesmo sem a questão do idioma, não se acha profissionais com qualificação técnica. De um lado temos os que nunca leram livro nenhum, do outro profissionais só sabem cuspir o que leu em algum livro sem a menor capacidade de análise crítica (daí as modas, é mais fácil entrar na moda que avaliar o que precisa para o seu projeto, quem nunca viu um design pattern martelado onde não devia que atire a primeira pedra).
"Jonas não crê em ofertas altas em solo tupiniquim."
Creio sim, tanto que o meu objetivo principal ao vir para Nova Zelândia foi aprimorar o meu ingrêis. Cansei de perder vagas boas porque não tinha inglês fluente (e olha que a minha "leitura técnica" já era avançada). Já vi vaga que queriam que fizesse entrevista pelo telefone em inglês!!! Como se fazer entrevista pelo telefone fosse o melhor modo de avaliar o candidato.
"Jonas, como amigo te dou um conselho: não volte!"
Dezembro eu estou de volta para visitar os amigos :)
Tenho minhas críticas ao Brasil, sim (não é o país do presente e nunca foi o país do futuro), mas continuo com o meu pé aí sim, aí estão meus amigos, minha história e meu futuro.
Minha maior crítica no momento é a falta de investimento em educação, a falta crônica de profissionais qualificados não será benéfica para ninguém. E não estou falando só de programador não, faltam dbas, administradores de redes, gerentes de projetos, etc.
Espero voltar com novas experiências para contar e, quem sabe, poder entender melhor o meu país.
[]'s Jonas,
a Voz do Amanhã (para não deixar de ser besta continuo gostando dessa piadinha besta com a diferença de fuso :) )
Jonas Fagundes
8/08/2007 10:14 AM
Oi Jonas,
pô, misturei muita coisa pra criticar pouca coisa. Parabéns pelas suas colocações. E obrigado.
Agora, quanto ao retorno, foi pra criar impacto e drama no post mesmo, hehehe...
Você é o único cara q conheço que, sem beber, fecha o boteco com a turma! kkk...
[]'s
Boa noite.
Paulo Vasconcellos
8/08/2007 10:21 AM
Oi Jonas,
Eu sou 'o cara do artigo' :) no mundo.IT.
Entenda que eu não disse "a oferta de excelentes profissionais é alta". Eu disse que a oferta de _profissionais_ é alta. Por quê?
O Brasil forma perto de 30 mil profissionais de TI por ano, se considerarmos os que saem de cursos de Tecnologia (2.5 anos). Infelizmente, nem todos têm a vocação, inteligência, experiência, capacidade crítica ou qualificação que você parece ter. Mas repare que se juntarmos todas as empresas de TI do Brasil, elas _NÃO_ terão demanda para absorver anualmente 100% desses profissionais, NEM mesmo se eles fossem qualificados. Portanto, a oferta é sim maior que a demanda. A oferta qualificada, com certeza não é tão alta.
Um dos problemas é que as empresas acham que contratar em TI é colocar um anúncio e esperar currículos. Elas vão receber uma grande quantidade de interessados, mas 70% dessas pessoas terão menos experiência do que deveriam, e não serão suficientemente capacitadas. Isso acontece porque os melhores profissionais provavelmente não mandam currículos, porque estão bem empregados ou trabalhando por conta própria. E então você escuta:
"O mercado não tem profissionais capacitados em número suficiente"
Contratando desse jeito, é óbvio que não... Esse contexto de baixa qualidade dos profissionais é exatamente a motivação que me fez criar o mundo.IT. Aliás, suponho que você não tenha lido alguns posts anteriores do blog. Caso tenha tempo, por favor leia a série "Mitos na contratação de TI":
- Introdução
- Parte 1
- Parte 2
- Parte 3
Gostaria de saber sua opinião a respeito dos posts.
Abraço pra você e Paulo,
-- Yuri
Anônimo
8/08/2007 12:31 PM
Oi Yuri,
agradeço o complemento. E, apesar da confusão no texto original, queria colocar que concordo com suas críticas.
[]'s
Paulo Vasconcellos
8/08/2007 2:01 PM
Oi Yuri,
"[...]O Brasil forma perto de 30 mil profissionais de TI por ano, se considerarmos os que saem de cursos de Tecnologia (2.5 anos). [...] Portanto, a oferta é sim maior que a demanda. A oferta qualificada, com certeza não é tão alta. [...]"
Realmente é complicado quantificar a oferta de profissionais. Não incluiria os não-qualificados como parte da oferta.
Faculdade virou um grande negócio onde qualidade do ensino é considerado despesa. Infelizmente, não dá para considerarmos o número de formandos como referência de geração de profissionais. Não estou falando de redução de 10 ou 20%. Só para termos uma idéia direito, que é um curso relativamente "estável" (já tem uma grade definida a anos, e definir essa grade ainda é uma discussão tremenda em informática), no última prova da oab/sp apenas 18% foram aprovados. Estamos falando de 82% de formados que são considerados ineptos para o exercício da profissão (acho isso um absurdo, o pior é que colocarem a culpa nas pessoas e não na baixa qualidade das faculdades). De toda forma é difícil precisar qual seria o percentual em TI, mas duvido que seja melhor.
No início do ano um amigo pediu para ajuda-lo a escolher um desses cursos de curta duração. Pesquisei as grades de algumas faculdades, mas todas as grades eram claramente orientadas pelo marketing. Todos os cursos incluiam a trinca html/css/javascript, até os cursos de dba! Já tive oportunidade de conversar com um formado em ciência da computação de uma faculdade de mogi e ele me contou que no curso não havia laboratório, os professores não podiam pedir trabalhos práticos porque a maioria dos alunos também não tinham computador em casa. O cara era formado mas não sabia usar o computador (ele me confessou um tanto arrependido que jogou dinheiro fora). Como é que alguém se dispõe a criar um curso na faculdade, sem ter as menores condições de ensino?
Mas esses exemplos são apenas ilustrativos da falta de critérios com que se criam cursos da informática.
No lado positivo, na nossa área temos vários bons profissionais que vêm de outros caminhos. Já trabalhei com psicólogo, agrônomo, engenheiro, geógrafo, administrador que eram excelentes profissionais de ti.
Correndo o risco de chover no molhado, as empresas não investem nos profissionais. O única vez vi um trabalho sério de disseminar conhecimento na empresa foi quando trabalhei com o Paulo. As empresas querem o profissional pronto, acabado. Carreira, infelizmente, não existe (ou é só papo do RH). Aumento ou promoção só em último caso. Por isso que a forma mais comum de conseguir aumento no Brasil é trocar de emprego. Isso não é diferente na nossa área. A mentalidade do nosso empresariado sempre foi a de se aproveitar ao máximo do funcionário. Eles só estão aplicando os mesmos hábitos em nossa área.
Yuri, sinto que estou poluindo o blog do Paulo (grafitando o graffiti?). Após ler os artigos que você indicou, vou continuar a discussão no seu blog.
[]'s Jonas
Jonas Fagundes
8/09/2007 5:13 PM
Poluindo? Brincou, né Jonas?
A coisa mais rara do mundo é uma seqüência de 3 comentários em algum post do Graffiti. E, na hora que pinta uma, vc cai fora? hehehe...
Vc sabe, a casa é sua. E não use com moderação. Blog é pra isso (apesar da Info e outros tantos não acharem).
[]'s
Paulo Vasconcellos
8/10/2007 12:51 PM