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Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Há tempos exagero no azedume na hora de falar da inserção de Pindorama no mercado global de 'outsourcing offshore', especificamente em serviços de desenvolvimento de sistemas. O azedume não é gerado só por uma grande antipatia por alguns dos protagonistas das iniciativas (Jaguaribe, next, alguns membros do next, etc). Salivo ácido quando vejo tanta mentira, ilusão, auto-enganação... Safadeza?

Como mostrei outro dia, há 10 anos Nicholas Negroponte já dizia que muito trabalho 'colarinho branco' iria para as mãos de 2 bilhões de indianos e chineses. A movimentação foi (e é) inevitável por razões muito simples:

1. Escala
2. Ensino
3. Estrutura


Escala: parte considerável dos esforços de desenvolvimento transferidos para a Índia refere-se a trabalhos hercúleos de manutenção / atualização de sistemas. Não são raros os projetos que requerem a alocação de centenas ou até milhares de desenvolvedores, testadores, documentadores e afins. Na última vez que um projeto de porte semelhante foi lançado aqui no Brasil o corre-corre foi pra lá de hilário. 'X' contratou 'P' que convocou 'T' que procurou 'O' que chamou 'U' pra completar a rima. É sério! Supply-chain montado 'on-demand' pra conseguir alocar algumas dezenas de programadores.

Ensino: Na terra de Ghandi o relacionamento do meio acadêmico com as empresas é íntimo demais. De certa forma, até condenável. Mas aqui em Pindorama prevalesce o oposto. Raras e louváveis exceções, como o CESAR, não são suficientes. Temos universidades de "primeira linha" (ou seja, com nome e sediada em Sampa) ensinando COBOL! O governo de São Paulo acabou de divulgar que vai formar 63 mil desenvolvedores em um ano. Do zero! Numa iniciativa que antes formará 1190 instrutores!! Tudo em um ano!! Será que um dia veremos nossa área merecer o mesmo respeito que outras áreas como Engenharia, Direito, Medicina, Veterinária e Educação Física recebem?

Estrutura: Combinação de 3 pilares, PESSOAS, PROCESSOS e TECNOLOGIA. A Índia tem MUITOS PROFISSIONAIS excelentes. Tem mais certificações CMM que toda a Europa. E tem TECNOLOGIA (pq a atrai com uma facilidade incrível - dada sua competência na formação de PESSOAS e na adequação a PROCESSOS. Quando IBM e MS se instalam lá, estão levando tecnologia de ponta. E transferindo-a. Em Pindorama elas são vendedoras, ponto). Devemos equilibrar atenção e investimentos nos três pilares. Só assim teremos "Estrutura" para suportar projetos sérios. Disparar discursos vazios (denegrindo CMM, valorizando o fuso e otras cositas mas) não nos levará a lugar nenhum.

Nunca bateremos Índia e China no quesito Escala. Mas podemos ultrapassar com facilidade os outros dois "I's" do mundo do software global: Irlanda e Israel. Mas Escala é o menor dos nossos problemas. Antes da 'quantidade', deveríamos nos ocupar com 'qualidade' (como chovo no molhado!). Ensino e Estrutura são só isso: garantia de Qualidade.

Não é preciso nenhuma bola de cristal para afirmar que não atingiremos nem 25% da meta de exportar US$ 2 bi em software e serviços até 2007. Nos quesitos 'marketing' e 'RP' a gente até que está bem. E o novo logo é até bonitinho:



Mas se não fizermos o dever de casa de forma séria não iremos a lugar nenhum. O primeiro passo, na minha humilde opinião, é parar com a auto-enganação. "Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira", já dizia Renato Russo.

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