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Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
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provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Encerro aqui e com uma coletânea especial em formato PDF (que em breve estará na seção downloads) a homenagem aos 10 anos do lançamento do livro “A Vida Digital”, de Nicholas Negroponte. Se a razão da homenagem ficou perdida em algum canto, relembro aqui em poucas palavras: trata-se do livro mais visionário sobre tecnologia - particularmente a tecnologia da informação - que já li. Nicholas o escreveu, provavelmente, entre 93 e 94. A 1ª edição em língua portuguesa (que comprei numa das raras idas à BH depois de “adulto”) foi impressa em maio de 95.

O livro é dividido em apenas 3 partes: Bits são Bits; Interface; e A Vida Digital. Parte das idéias já havia aparecido na coluna que Nicholas mantinha da revista Wired (todos os artigos estão disponíveis na seção Graffiare & Pizzas, aí ao lado). XML, SOA, web services, RFID, interfaces ricas, rede, impacto da Internet e o impacto da tecnologia na vida de todos. Está tudo ali, previsto no texto conciso e preciso do Sr. Negroponte. Bate um certo constrangimento por não ter aproveitado melhor boa parte dos insights que tive o privilégio de conhecer (e, de certa forma, entender) com tanta antecedência. De qualquer forma, como já bloguei nesta série, há muito ainda por fazer.

Também já havia antecipado que este último post da série seria um “tapa na cara”. Trata-se de um trecho do epílogo chamado “Uma Era de Otimismo”. Saca só:

“Sou um otimista por natureza. Contudo, toda tecnologia ou dádiva da ciência possui seu lado obscuro, e a digitalização não constitui exceção.”

“Na próxima década, veremos casos de abuso de propriedade intelectual e de invasão de nossa privacidade.Enfrentaremos o vandalismo digital, a pirataria de software e o roubo de dados. E, pior do que isso: testemunharemos a perda de muitos empregos para sistemas totalmente automatizados, que em breve vão mudar o local de trabalho dos colarinhos-brancos na mesma medida em que transformaram a paisagem nas fábricas. A noção do emprego vitalício numa única empresa já começou a desaparecer.”

“A transformação radical da natureza de nossos mercados de trabalho – à medida que passarmos a trabalhar menos com átomos e mais com bits – vai coincidir com a entrada on-line (e, literalmente, em fila) de uma força de trabalho de 2 bilhões de trabalhadores indianos e chineses. Um projetista de software autônomo em Peoria estará competindo com seu colega em Pohang. O mesmo acontecerá com um tipógrafo digital de Madri e seu correspondente em Madras. As companhias americanas já estão transferindo o desenvolvimento de hardware e a produção de software para a Rússia e para a Índia, não em busca de mão-de-obra não qualificada mais barata, mas para garantir para si uma força de trabalho intelectual altamente especializada e aparentemente disposta a trabalhar mais duro, mais rápido e de forma mais disciplinada do que os trabalhadores americanos.”

...

“Hoje, quando 20% do mundo consome 80% de seus recursos, quando um quarto de nós possui um padrão de vida aceitável e os outros três quartos não, como superar essa divisão? Enquanto os políticos lutam munidos da bagagem da história, uma nova geração está surgindo na paisagem digital, desembaraçada de muitos dos antigos preconceitos. Essa criançada está liberta da limitação imposta pela proximidade geográfica como único terreno para o desenvolvimento da amizade, da colaboração, do divertimento e da vizinhança. A tecnologia digital pode vir a ser uma força natural a conduzir as pessoas para uma maior hamonia mundial.”

...

“Meu otimismo não é alimentado pela antevisão de alguma invenção ou descoberta. Encontrar a cura para o câncer e para a AIDS, descobrir uma forma aceitável de controle populacional ou inventar uma máquina capaz de respirar o nosso ar, beber nossos oceanos e devolvê-los depois, livres da poluição, são sonhos que podem ou não se realizar. A vida digital é outra coisa. Não estamos esperando por uma qualquer invenção. Ela está aí. Agora. E é quase genética em sua natureza, pois cada geração vai se tornar mais digital do que a anterior.”

“Os bits de controle desse futuro digital estão mais do que nunca nas mãos dos jovens. Nada seria capaz de me deixar mais feliz do que isso.”


(Surrupiado das págs 195, 197 e 198)

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