Graffiare #478
07 junho 2010Quando a patuleia vê qualidade, paga. Pão dormido, só de graça.
- Elio Gaspari
Na Folha de ontem, ao comentar o iPad e toda a revolução que ele começou a causar no mercado editorial.
Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos.
Aqui eles têm a intenção de
provocar papos sobre TI e afins.
Quando a patuleia vê qualidade, paga. Pão dormido, só de graça.
- Elio Gaspari
Hoje o Graffiti completa 6 anos de vida. Quase uma eternidade em se tratando de TI. Só é uma pena que ele siga tão abandonado. O trampo e o finito (quem também é trampo), além de uma equilibrada agenda, impedem que eu passe mais tempo por aqui. Desconfio que o Graffiti esteja enfrentando uma séria crise de meia-idade. E de identidade.
Duas alternativas no curto horizonte:
O mês ou as novas? Ambos! E o Graffiti merece 1% do meu tempo.
Jobs: Open, Open, Open em Carta Aberta
Como é estranho ver o Steve Jobs falando sobre "padrões abertos". Mas ele diz a pura verdade em sua carta aberta: Flash é tecnologia proprietária, insegura e dos tempos do PC (leia-se teclado+mouse). Antes, fez questão de lembrar o quanto já foi bom o relacionamento da Apple com a Adobe. O fato é um só: a Adobe dormiu no ponto e perdeu o bonde (da mobilidade). RIP Flash! Já vai tarde.
HP salva a Palm ou vice-versa?
Boa a pergunta da ZDNet. Ok, a HP tá longe de precisar de salvação. Mas, há tempos - desde a época da Carli (aquisição da Compaq, lembram-se?) - ela precisa de um safanão. Êta empresa paradona (apesar dos bons produtos). Mas, sei não. Acho que a aquisição da Palm acontece com uns 3 ou 4 anos de atraso.
O Rio de Janeiro continua lindo... e cheio de problemas.
O alívio dos incompetentes é um bode expiatório de impopularidade inconteste. O Rio encontrou o seu: a divisão dos royalties do ouro negro proposta numa tal emenda do Ibsen. Agora ficou fácil:
Quanta violência! - culpa da emenda do Ibsen.
Falta escola! - culpa da emenda.
Chove alaga tudo! - culpa da emenda.
O Dodô perdeu 2 pênaltis! - culpa da emenda.
Não tem mais Copa! - culpa da emenda.
Não tem mais Rio 2016!! - culpa da emenda
O Love ama a Rocinha!! - culpa da emenda.
Se eu fosse marqueteiro de alguma empresa fornecedora de sistemas operacionais e browsers ia sugerir uma 'blitzkrieg' (ataque relâmpago) em várias emissoras de TV. Não para pegar cópias piratas ou algo do tipo. Mas para fazer um upgrade nos sisteminhas utilizados pela maioria delas.
Teoria: EXAME #960 (27/jan/2010)
Marcel Telles, um dos controladores da Inbev, lê "Dobre seus Lucros - 78 Maneiras de Reduzir Custos, Aumentar Vendas...", de Bob Fifer, a cada dois anos. A 'máxima' número 1 destacada no artigo é: "Corte primeiro e pergunte depois... Se você reduzir demais, sempre terá chances de corrigir o erro. Gaste muito e aquele dinheiro terá sido perdido para sempre".
Prática: EXAME #962 (24/fev/2010)
A Inbev é matéria de capa: "Estilo brasileiro na maior cervejaria do mundo". O artigo, de Tiago Lethbridge, tem 10 páginas! Como prometido na chamada de capa, mostra com detalhes "os bastidores da gestão dos brasileiros da InBev na Anheuser-Busch, um ícone dos americanos".
O tal estilo brasileiro, aplicado por Carlos Brito, é resumido num belo gráfico que ocupa as páginas 28 e 29. Principais destaques:
A cultura de gestão dos brasileiros da ABInBev nasceu em Wall Street, deu a volta ao mundo e veio parar nos Estados Unidos - mas chegou num momento em que o sucesso está totalmente fora de moda.
Depois de quase 3 anos circulando apenas com o FAN, programa para Formação de Analistas de Negócios, eu não via a hora de mudar um pouco de assunto. Mas, caramba, não é nada trivial a criação de um curso. E no dia em que eu engatar o automático, pegar um assunto da moda e transcrevê-lo em algumas dezenas de slides, definitivamente terá chegado o momento de pendurar chuteiras e mouse.
Desta vez eu coloquei novas restrições: não queria um formato tradicional de oficina (ou workshop, como queira). Tenho vários desejos e ideias quando penso em eventos. Algumas malucas: uma peça de teatro; standup comedy; talk show... Loucas o suficiente para permanecer como um post-it no meu quadro "eureka!". Ainda não chegou a hora delas.
Quando eu coloco o desafio ele gruda no cérebro como aquelas musiquinhas que a gente faz força para parar de cantarolar. Vira e mexe reaparece, sabe-se lá d'onde. Também não sei dizer de onde aparecem as ideias. Mas, algumas delas quando chegam, parece que já veem mastigadinhas e prontas para uso. Foi o que aconteceu com os 2 novos eventos que acabo de disponibilizar. Ambos compartilham o mesmo formato e nome: O Jogo dos 7 Erros.
Quem faz leitor são os pais. Os jovens leitores são filhos de leitores. Dificilmente aparece uma criança ou adolescente que não tenha os pais leitores. A grande campanha que na minha opinião deveria ser feita pelo governo é mais ou menos assim: "Se você não lê, como quer que seu filho leia?"
- Pedro Herz, dono da Livraria Cultura (na Folha de Domingo, 21/fev)
Depois que até o Mestre Jacobson apelou para metáforas ludopédicas, é claro que não vou furar a bola alçada pela dupla que comanda a seleção canarinho, né? Ao tentar justificar a lista de convocados nesta semana, o auxiliar-técnico Jorginho disse mais ou menos o seguinte:
A técnica apenas não basta. É preciso mostrar comprometimento.
Uma brincadeira que fiz no finito me empurrou para cá - aquela sobre o "Crítico de Oficinas". O tema me incomoda desde que comecei a reparar que uma famosa publicação adora anunciar novas profissões em TI que são um tanto esotéricas e estranhas. Detetive de redes sociais, por exemplo. Não dá pra crer na viabilidade ou longevidade de muitos chutes que aparecem lá e em outras paradas. Assim como é impossível apostar em qualquer profissão que possa ser facilmente trocada por aplicações, como é o caso do "detetive" em questão. Há tempos sabemos que as profissões mais quentes e promissoras, particularmente em TI, são aquelas que dependem demais do intelecto e do talento, da criatividade e da sensibilidade. Características que, até onde sei, ainda estão muito distantes de sistemas, robôs e afins.
Mas é ainda mais gritante o fato de algumas das profissões mais atraentes e necessárias serem sumariamente ignoradas pela grande mídia tupiniquim. Não por acaso, também são aquelas que nunca aparecem em anúncios de vagas. Dúvida tostines aqui: não há oferta porque não aparecem na mídia ou não aparecem na mídia porque não existem ofertas?
Não, não estou falando dos Analistas de Negócios. De certa forma eles apareceram (CIO Maganize, IDGNow etc) e cresceram. Empresas como Bradesco, Embraer, Net, Oi e JBS Friboi, dentre várias outras, já têm seus times de analistas de negócios. Os problemas com esta profissão são outros, e merecerão outro espaço e tempo.
O que não aparece no meu radar mesmo, por exemplo, é um cara que faça design. Não estou falando dos "designers" de interfaces nem de artistas pós-modernos. Penso no criador, no arquiteto de produtos. Nunca na nossa história esse tipo de design foi tão necessário. Falamos de inovação e de criação de produtos e serviços "matadores". Pensamos no iPhone e no Facebook, por exemplo. Nos lembramos também dos carros da Toyota, apesar dos recentes pesares. São todos exemplos de um bem sucedido trabalho de design.
Dos outros não sei quase nada, mas na Toyota cada carro é arquitetado (projetado / desenhado) por um engenheiro-chefe. Na Apple parece claro que há um cara que tem a primeira e a última palavras sobre seus novos produtos e serviços. Cadê os nossos "designers"? Se eles existem, onde são formados? E, se existe procura por eles, onde ela é manifestada?
Ok, não é nada para me orgulhar. Mas em dezembro eu escrevi que "os Tablets serão o netbook dos anos 2010-2011". Lógico que eu dava como fava contada um tablet da Apple. Assim como é óbvio que eu esperava ver o brinquedinho em todos os noticiários, escalada do Jornal da Globo, primeira página da Folha etc. Desconheço outra empresa que consiga tanta publicidade gratuita de seus produtos. Vou dar um chute aqui: ela ganha, no mundo todo, mais de US$ 200 milhões em exposição. E não é qualquer cantinho de página não. Só na Folha de hoje ela ganhou 2/3 de uma página do caderno Dinheiro. Mas eu abri o post para falar de outra coisa: Quem precisa do iPad?
Vi por aí muita gente reclamando que já tem gadgets demais para carregar. Claro, tem gente que exagera, né? Dois celulares, iPod, notebook, eReader... Desconfio que existam mais viciados em brinquedinhos eletrônicos do que em crack. Bom, quem sou eu para julgá-los? Eles com certeza comprarão uma mochila um pouquinho maior (e mais chique) para hospedar seu novo iPad.
Me interessam os usuários "normais". Eles precisam do iPad? Vou aumentar o escopo: eles precisam de um tablet? Há pouco mais de 6 meses convivo com um, da HP. Por enquanto há apenas uma "killer aplication" que me faz tolerar o Vista e utilizar o brinquedinho: o OneNote, da MS. (Pois é, consegui elogiar alguma coisa vinda de Redmond!). Em 80% do tempo eu vou de Ubuntu mesmo - sem as funcionalidades do Tablet. Neste sentido eu acho que poucas pessoas veriam utilidade em um gadget sem os arcaicos teclado e mouse.
Mas a proposta da Apple é muito diferente. É um iPod Touch com tela de quase 10 polegadas. O iPad não brigará com notebooks. Mas desafiará os netbooks (utilizados exclusivamente para navegação na internet), os e-readers (Kindle) e desconfio que até canibalizará um pouco a demanda pelo iPod Touch. Os preços anunciados (de US$ 500 a US$ 1000) reforçam ainda mais minha suspeita.
Houve um tempo em que eu esperava que celulares e iPods oferecessem aplicações parecidas com aquelas que tenho no laptop ou desktop. Ultimamente ando ansioso para ver portados para estas plataformas algumas aplicações que só vejo no iPod Touch, como a incrivelmente boa e bela "Awesome Note". Ou seja, a Apple merece todo o destaque que recebe da mídia. Seguirá merecendo enquanto continuar reinventando a forma como convivemos com tecnologia. O iPad é outro marco. Previsível e simples. Mas um marco.
Quem é de fora quase sempre classifica TI como uma "caixa preta". Uma imensa e cara "caixa preta". Já tem um bom tempo que muita gente séria trabalha para reduzir a distância que existe entre uma organização e seu braço de tecnologia da informação. Infelizmente, o lado obscuro e exotérico prevalece.
Se em empresas privadas essa densa cortina causa danos óbvios, é na administração pública que fica escancarado o quanto TI pode ser mal utilizada. Colocando de outra maneira: fica claro como TI pode ser utilizada para outros fin$.
Para ficar só em casos recentes: no caso do mensalão do DEM no DF fala-se em R$ 400 milhões gastos em um "moderno sistema de informatização". Põe no bolso, literalmente, os fabulosos US$ 90 milhões gastos por uma ex-estatal na implantação de seu ERP; o "Cartão do SUS", um projeto de um imenso banco de dados criado em 2001, já consumiu cerca de R$ 500 milhões e ainda não "deu as caras". Segundo Elio Gaspari, na Folha do dia 20/jan, de 1937 máquinas utilizadas em um projeto piloto, apenas 7 estão funcionando.
É sabido que projetos de TI fracassam com frequência vergonhosa. Mas os exemplos acima nos fazem suspeitar de alguma coisa além de nossa tradicional incompetência. No popular: tem gente mamando!
Prestadores de serviços de TI dependem demais de um único ativo: confiança. Quando se metem em gambiarras de (des)governos devem estar cientes do tanto que comprometerão sua posição no mercado. Empresas sérias não gostam de se envolver com gente enrolada.
A sociedade organizada pode ser protagonista da sua transformação.
- Zilda Arns
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