If you didn't care what happened to me,
And I didn't care for you
We would zig zag our way through the boredom and pain
Occasionally glancing up through the rain
Wondering which of the buggers to blame
And watching for pigs on the wing.
Prólogo
Há duas semanas ensaio este post. A amplitude, complexidade e 'sensibilidade' do tema o transformaram numa série (se tudo correr bem, de duas partes apenas - como a obra do Pink Floyd citada acima). Por batido que pareça o papo "a MS tá f&rr@d@", ainda mais neste espaço - que admite ter uma certa birra com a empresa do BillG (Billu para os íntimos) - aconselho a leitura do quem vem abaixo para todos envolvidos direta ou indiretamente com a MS. No mínimo há uma série de provocações, dicas e, pq não dizer, preocupações.
Começo explicando o nome da série: quando BillG insistia em ver um de seus "xodós" (WinFS) na próxima versão do Windows, seu pessoal técnico, atordoado, perguntava se "porcos podem voar". O símbolo ficou tão forte, diz a lenda, que vários PPTs (apresentações PowerPoint) passaram a ser ilustrados com lindos "porcos voadores". Daí pro sonzão do PFloyd foi um pulinho, né? E olha que eu nem me lembrava de "buggers to blame" ... sorry ... forcei a barra.
Boa parte do que apresento abaixo foi surrupiado da mídia tradicional (BizWeek, Forbes e ZDNet) e de um surpreendente blog não-oficial (Mini-Microsoft). Lógico que não abri mão de dar minhas marteladas. Let's talk.. sic.. Saca só:
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Crisis, What Crisis?
Da Forbes, em matéria de 12/set chamada "Microsoft's midlife Crisis":
"What has gone wrong? Microsoft, with $40 billion in sales and 60,000 employees, has grown musclebound and bureaucratic. Some current and former employees describe a stultifying world of 14-hour strategy sessions, endless business reviews and a preoccupation with PowerPoint slides; of laborious job evaluations, hundreds of e-mails a day and infighting among divisions so fierce that it hobbles design and delays product releases.
"Morale would no doubt be better if Microsoft were still growing at 50% a year, as it was doing 15 years ago. Not counting one-time gains from option accounting, net in the fiscal year just ended was up only 19%.
"The Xbox game console is hot, but its division has lost $4 billion in four years and isn't yet in the black. The mobile-software division, also losing money, has just a sliver of the market for cell phone handsets. Microsoft Business Solutions, after acquiring Great Plains Software for $1.1 billion and Navision for $1.4 billion, is supposed to deliver $10 billion in sales by 2010. At its current 6% growth rate, MBS will attain that goal in 43 years."
A matéria da Forbes traduz os problemas em números. Poucos dias depois foi a vez da BusinessWeek, com a matéria "Troubling Exits At Microsoft". Atacou os problemas com um prisma diferente e ouviu o Ballmer:
"I think we have a great culture. It's a culture that encourages and fosters criticism, and constructive suggestions, and I love that about our culture. People criticize everything -- the way we do things, what we need to do in the marketplace, in our products, and lots of other things. That's a fantastic thing because it's only through that kind of strong culture that drives self-improvement, which is one of our core values, that we continue to try to get better.
"We certainly have the best pipeline of new innovation [over the next 12 months] we've ever had in our history. We obviously can always improve. We've set high expectations for ourselves. But, man oh man, have we got an incredible pipeline of innovation coming in the next year."
Traduzindo o "incredible pipeline": WinVista, Office, SQL Server 2005, Visual Studio 2005, BizTalk 2006. Acho que ele tá certo: a MS nunca lançou tanta coisa ao mesmo tempo. E daí? Daí que todos os produtos serão liberados com consideráveis atrasos. O mais crítico é o WinVista (ex-Berrante). Eu falava muito do 'gap' (o XisPê é de 2001) e do modelo (principal causa do 'gap'). Não dei a devida atenção ao "reset" do projeto WinVista (que originou os "porcos voadores"). Não foi só uma questão de cortar o WinFS. O WinVista tem dezenas de milhões de linhas de código. Uma matéria do Wall Street Journal (fechada - daí a ausência do link) mostra que quando solicitados a mostrar a "arquitetura" do WinVista, 2 líderes do projeto quase imitaram aquela engraçada propaganda do Visual Studio: rabiscaram páginas e páginas do flip-chart para mostrar a macarrônica interligação dos principais módulos do sistema operacional. Parece que Allchin quis criar sua lei parafraseando (surrupiando mesmo) a Lei de Moore (Intel)... Me lembrou o Fred Brooks e o projeto do OS/390. 4 mil programadores! O problema é que o projeto do Brooks é do final dos anos 60.
[update: no final dos anos 60 foi desenvolvido o OS/360! Falha lamentável.]
[update2: este post do George Ou (ZDNet) mostra um pouco mais do artigo do WSJ que citei acima.]
[update3 (ou "Graffiare #168"): "There're weaknesses in everything we're doing today, but it's such a huge step up from where we were." - Jim Allchin, no WSJ.]
[Btw, em breve uma série especial homenageando os 30 anos de "The Mythical Man-Month", de... Fred Brooks]
Voltando ao Ballmer. Em um webcast exclusivo para funcionários ele falou (comentando os artigos da BizWeek e da Forbes): "Do we have a corporate culture problem? No."
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Corporate Culture
A resistência do Ballmer em admitir problemas mal durou 1 semana: Dia 21/set a MS anunciou uma reestruturação. Todo o portfólio foi estruturado em torno de 3 áreas. Nomes sobem, nomes somem. E Allchin se aposenta logo após o lançamento do WinVista. Avaliação do memo por um insider (rebel-microserf):
... "why does it all have to be forward looking, positive reasons for doing the reorganization? What's wrong with a little bit of backward looking honesty as to why it was best to do a reorganization? Was Windows a mess? Was MBS adrift and in need of a strong Office integration strategy? Were mistakes made? Admit at least there were and are problems and that the reorganization is going to be effective in dealing with those problems and that executive management will be held accountable for making sure that is so."
É mais comum que a gente imagina, né? Essa mania irritante de fingir que tá tudo bem. Não há nada pior para uma organização. Então a MS tomou porrada. A mídia explicitou alguns 'nervos'. Poucos dias depois a MS anuncia uma 'reorg' e quer que a velhinha de Taubaté (in memoriam) acredite que não tem nada a ver com seus problemas atuais? Já vi tal desperdício de oportunidade (de 'reality-shock 360°') n vezes. Resultado comum: outra 'reorg' em 6-12 meses. Daí que mantenho minha última aposta: Ballmer tá fora ao término do ano fiscal 2006 (que na MS encerra-se em junho).
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Para muitos (funcionários!) BillG deveria ter o mesmo destino!!!
Papo muito sério. Fica para o próximo capítulo.
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