Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Pois é, cá estou novamente brincando de bidu. Meus tiros configuram mais uma lista de desejos do que "previsões" propriamente ditas. Portanto, se acerto ou erro, não faz muita diferença. Acertei, por exemplo, que a Sun não chegaria como empresa independente no final de 2009. Chutei Cisco como a 'comedora' - deu a óbvia e gulosa Oracle. Deve ter gente lá cantarolando um pré-histórico não-sucesso do Genesis, "In the Cage", que fala: "I got SUNshine at my stomach". Haja estomazil! Mas, como sempre, é o lado mais fraco da corda que arrebenta. Que o digam os usuários e fãs do MySQL.

Mas, como a titia Marília Gabriela me lembra quase diariamente, errei tremendamente ao desejar o passamento (sem choro nem vela) de todas as grandes empresas tupiniquins de TI. Elas estão aí, firmes (como prego n'angu) e fortes (como certeza de palmeirenses). E corretíssimas! Não no sentido que nos leva ao DF, obviamente. Estão corretas em suas ofertas - naquela carteira (de produtos) que eu desejei ver num aterro sanitário. Basta ver a lista dos 100 principais CIO's de Pindorama e seus principais "desafios" para 2010. O critério do ranking, segundo a Computerworld, são os "projetos e desafios". Veja os tais projetos e desafios. Avalie a frequência das letrinhas ERP e similares e tire suas próprias conclusões.

Esqueçamos os 20 anos de atraso. Interessam aqui os próximos 10 meses e os próximos 10 anos. Sem ordem ou critério de seleção objetivo como um Caetano. E farei a lista como entradas num microblog que não merecerão - pelo menos não de minha parte - sobrevida no Twitter. Saca só:

  • O CADE só aceitará na boa a fusão Casas Bahia + Pão de Açúcar se os franceses do Carrefour decidirem o que vão fazer da vida.
  • Wal-Mart tem a solução na ponta da caneta.
  • Dona Luiza seguirá procurando sua Lagoa Azul, já que o Oceano não está para peixe (pequeno).
  • (Taí: por que não Brooke Shields de garota propaganda? )
  • A B2W (leia-se Americanas, Submarino e Shoptime) ainda não tem com o que se preocupar. Ao contrário do Bradesco.
  • A B2W só se sentirá ameaçada quando a Amazon e equivalentes estrangeiras resolverem que Pindorama é praça de verdade. Coisa de 2 anos.
  • Ou quando Pão de Açúcar + Casas Bahia aprenderem a vender e atender pela web. Coisa de 4 anos. 
  • Acontece que no país da piada velha, onde varejista oferece micrinho de 800 contos em 24 parcelas de R$ 99,99 com Win Vista Starter Edition (aka Win 4 $less people), tudo é possível.
  • Até uma estatal que garanta banda larga do Oiapoque ao Chuí. 
  • Caminho mais curto seria a reestatização da Embratel. Caminho mais inteligente seria uma privatização menos indecente. 
  • Caminho mais eficaz seria uma revisão do marco regulatório e de todos os contratos dos provedores de serviços de telecomunicações. 
  • Mas, pelo andar das carruagens brasilienses, teremos mesmo uma nova estatal.
Já que falo de (des)governos...
  • O próximo também tentará promover uma "Reforma Tributária". Governadores mais fracos e / ou aprisionados tendem a aceitar a manutenção da falsa federação.
  • Aliás, cabe dizer que o próximo governo será apenas transitório. Rito de passagem para papo mais sério e polarizado que só acontecerá em 2014.
  • A instabilidade acontecerá apesar do crescimento médio do PIB de 5% ao ano.
  • O bolo crescerá bem, naturalmente (e com polvilho barato). É sua divisão que forçará uma polarização.
TI Tupiniquim:
  • A inevitável seca de alguns mercados obrigará o desenho de soluções pouco ortodoxas. As grandes serão as primeiras a buscar novos mercados.
  • Metade delas será 'vaga lembrança' na Olimpíada de 2016.
  • Metade da metade não será mais tupiniquim.
  • Apesar da taxa extra para remessas de lucros e de receitas com royalties que o próximo governo vai criar. Ou exatamente por causa disso.
  • A falácia do déficit de 200k profissionais / ano finalmente será desnudada. 
  • Independente disso, a partir de 2012 ficará mais visível a falta de profissionais. Campanhas tentarão atrair a molecada, mas o estrago de 5-10 anos já estará feito.
  • Instituições de ensino que entregam profissionais fraquíssimos (sem noções básicas de OO, por exemplo) começarão a ser processadas por ex-alunos que têm seus currículos sistematicamente recusados.
  • Desenvolvedores e engenheiros chineses, chilenos, argentinos e até indianos serão relativamente comuns em empresas de todo tipo e porte.
  • Empresas chinesas e indianas serão relativamente comuns em concorrências e licitações de todo tipo e porte.
  • Voltando aos profissionais, para encerrar o tópico: uma mesma função pagará salários entre R$ 1200 e R$ 6200. A distorção só fará aumentar. Culpa das escolas e empresas que compartilham um mesmo lema: "Os enganamos e vocês gostam!"
  • Os poucos realmente bons não precisarão brigar pelos salários mais altos. Na realidade, as poucas empresas realmente boas brigarão por eles. 
 TI Global:
  • Novo soluço de crise no mundo desenvolvido. Menos acachapante que o último, mas mortal para alguns ramos de atividade.
  • Fronteira entre conteúdo e meio cairá como um muro de Berlin. Megafusões serão a primeira resposta. E Jobs vai se aposentar gargalhando.
  • Dell, Acer, Lenovo e HP. Escolha duas.
  • A Oracle comprará a SAP antes de ser obrigada, pela União Européia, a se desmembrar em 4 empresas independentes.
  • Uma delas se transformará na coqueluche da década, especializada no tratamento e revitalização de ativos de software e sistemas legados.
  • Será aquela onde Larry não terá depositado um mísero cent.
  • Será aquela que concorrerá diretamente com a IBM. 
  • Ballmer se aposentará sem deixar saudades. Nem nos funcionários, muito menos nos acionistas.
  • Cairá por teimar em áreas que sempre deram prejú. E por deixar suas vacas sagradas pastarem no brejo. 
  • Será possível que a Adobe seguirá livre, leve e solta nos próximos 10 anos?!? Já prometi no ano passado, não falo mais sobre ela...
  • Aliás, não deveria ter falado sobre o Ballmer também. Mas não resisto... E agora a chance de erro é zero! 
  • O Google ChromeOS não terá 8% de 'share' até 2012. Se a empresa for teimosa o suficiente, vai saborear 28% de 'share' em 2016.
  • Somados ChromeOS e Android, significará dizer que a Google comandará o acesso a Internet de mais da metade da população economicamente ativa do planeta. 
  • Incomodará tanto e gastará tanto tempo tentando provar que "não é má" que esbarrará no limite das viabilidades técnica e econômica. Por vontade própria, abrirá mão de alguns negócios.
Brinquedinhos:
  • Tablets serão o Netbook dos anos 2010 ~ 2011. 
  • E a Apple só não jogará o Kindle para escanteio porque falhará na hora de licenciar conteúdo.
  • Não fará muita diferença, já que seu Tablet mira uma imensidão de outros usos.
  • Uma imensidão que, medida, bate nos 7 dígitos. E não estou falando de money. Estou falando de mini (até US$5), micro (até $100) e macro-aplicações.
  • Duas grandes lojas (e plataformas de desenvolvimento) concentrarão corações e mentes: AppStore da Apple e a "lojinha" do Android / ChromeOS.
  • Vários desenvolvedores, em todo o mundo, trocarão suas carreiras pela renda das 'lojinhas'. Desenvolverão mini e micro aplicações. Os melhores embolsarão mais de US$150k / ano.
  • Até 2014 alguém tentará levar o mesmo modelo para o mundo dos videogames. Não deve ser Sony, MS ou Nintendo.
Assuntos aleatórios:
  • O Timão ganhará a Libertadores. (Pelo menos uma nos próximos 10 anos...)
  • O site que venderá ingressos para os próximos shows do U2 no Brasil vai cair.
  • O U2 lançará uma nova coletânea (The Best of 2000 - 2010).
  • O Brasil perderá dois reis, um sete de copas e um ás de espadas.
  • Perderá também a Copa de 2010. Para uma seleção que subirá no topo pódio pela primeira vez.
  • Perderá 2010 para ganhar em 2014. Dunga, exilado, não comemorará.
  • Ah... o mundo não vai acabar em 2012.
  • Aliás, agora que Copa e Jogos Olímpicos são nossos, seria o cúmulo da piada de mau gosto o fim do mundo em 2012, né? 
  • Ou não... 

Graffiare #475

16 dezembro 2009

Cada vez mais, as pessoas não se preocupam em ter amigos, ser amadas e ter bons relacionamentos pessoais. Querem ser admiradas, bajuladas e ter ótimas relações profissionais. Só pensam na carreira e no sucesso.

A troca maquiavélica de favores é caminho para a corrupção, outra praga nacional. O corrupto se relaciona muito bem com outro corrupto. Adoram trocar panetones.

O corrupto costuma ser tão social, tão gentil, que até parece ser sério. Para diminuir bastante a corrupção, não bastam duras leis. É necessário também diminuir a promiscuidade social.



- Tostão, na Folha do último domingo, 13/dez/09.

O Custo "São Paulo"

08 dezembro 2009

Há tempos convivemos com o termo "Custo Brasil". Ele sempre foi usado para justificar a falta de investimentos ou o preço abusivo de alguns produtinhos. Também era utilizado de maneira simplista e arriscada para sugerir uma drástica redução da carga tributária. Grande parte dos proponentes nunca se preocupou em explicar como teríamos mais e melhores professores, policiais e infraestrutura etc etc. Importa, para eles, dividir menos e ganhar mais. Viajei...

Eu quero falar mesmo é do Custo São Paulo. Pelo Twitter, neste exato momento, vejo o depoimento de vários colegas falando de caos, apagão, vias alagadas... o inferno de quase sempre. Os problemas de todo período de chuvas, neste ano piorados pela volúpia "obreira" do (des)governo de SP.

Muitas empresas, particularmente do mundinho de TI, são irritantemente guiadas exclusivamente pelo 'cara do financeiro'. Aquisições e contratações parecem ter um único guia: o preço.

Pois bem, tá na hora dessa turma considerar o custo de se viver e trabalhar em São Paulo. Abre aí uma planilhinha excel e começa a contar toda a grana que vai para o ralo porque:

  • Os colaboradores gastam horas no trânsito;
  • Colaboradores não conseguem chegar no trabalho;
  • Colaboradores fazem hora extra para compensar atrasos;
  • Colaboradores rendem pouco porque estão preocupados com os efeitos da chuva;
  • Colaboradores estão infelizes.
Parece coisa subjetiva mas não é não. Se for o caso, se você não consegue medir produtividade, então considere apenas os 3 primeiros itens da lista. Mas faça a conta!

Garanto que concluirão que São Paulo não vale a pena. Colocando de outra forma: São Paulo se tornou cronicamente inviável.

Trampo remoto e mudança para o interior são as duas principais alternativas. Deveriam ser consideradas por todo mundo. Ou alguém aí acredita que aquela obra (de R$ 1,3 bi!) na marginal adiantará alguma coisa?

Papo fantástico rola neste momento no "Linha de Passe" da ESPN Brasil. Papos fantásticos o título do Mengo tá motivando. Tese do quase sempre certeiro Trajano: o Mengo foi campeão porque seus jogadores são mais felizes. E são mais felizes porque têm mais liberdade.

A liberdade que o Adriano mereceu. O comportamento humilde e sereno do Andrade. O tratamento dado ao Pet. São várias as "provas" da liberdade que gerou a felicidade do Mengo. Felicidade retribuída na forma de felicidade para a maior torcida do Brasil.

Juca Kfouri e PVC ajudaram a lembrar outros momentos do futebol onde a felicidade (produto da liberdade) rendeu frutos ou, melhor dizendo, troféus. Romário no Barcelona e na Copa de 94; a Democracia Corinthiana; O Botafogo mágico de Nilton Santos e Garrincha etc.

Trago o papo para nosso mundinho (raramente feliz). Dias atrás folheei um livro dedicado a CIO's. No capítulo sobre Desenvolvimento o autor resumiu assim suas dicas: Contrate bons programadores e trabalhe para mantê-los felizes. Não vou me lembrar agora do título ou do autor (o livro é fraquinho). Mas a dica acima vale muito.

E o que vemos por aí, como práticas default de nosso mercadinho? Programadores engravatados em pleno verão de 32°C de média em Sampa; Profissionais aprisionados por horários fixos de entrada e variáveis na saída (comumente estendidos e transferidos para um banco de horas que raramente será convertido em grana); Estilão "comando & controle" na condução de projetos de desenvolvimento; Esquemas draconianos que impedem que profissionais do conhecimento possam utilizar a Internet; Projetos malucos e atividades caducas que só fazem sentido no Pinel ou em filmes do Buñuel; Planos de longo prazo e promessas tão críveis quanto aqueles de nossos amados políticos...

Eu poderia ficar aqui por horas listando coisinhas que contribuem para a infelicidade de muitos de nossos colegas. Mas você já entendeu meu ponto. Periga até ter se lembrado, como eu, do refrão d'um som do Fagner (quem?): "Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz ..."

Olha, até que dá. Desde que você não seja palmeirense nem tenha medo de mandar seu empregador ir na esquina ver se te encontra lá. Diga para ele que, caso não o encontre, aproveite o passeio e cate latas.

Tristes Ricos Trópicos

03 dezembro 2009

Sei lá quem disse que é "triste o país que precisa de heróis". Pior é aquele que pretende educar com leis e mais leis, proibições e mais proibições. Não percebe que assim reconhece a total incapacidade de seu povo de aprender, entender e respeitar.

É curioso que exatamente neste ponto da história, em que Pindorama é celebrada pelos quatro cantos do mundo como uma Nação vibrante e atraente, internamente nossos políticos disparam uma série de travas e mordaças e afins.

Um colunista da Folha (provavelmente o Marcelo Coelho) já havia reconhecido o padrão: não tem muito tempo, o "povo" gostava de políticos que mostravam obras. Hoje parece que o "povo" tá adorando políticos que promovem leis que reduzem nossos espaços e direitos. Vide a alta aceitação das recentes leis "higienistas-facistas" do (des)governo de SP.

Percebe o tal "povo" o perigoso antecedente que abre? Claro que não. Ainda não.

Por isso o Senador Valdir Raupp (PMDB-RO) se sente no direito de criar uma lei que nos tira o direito de escolher o videogame para uso próprio ou de nossos filhos e sobrinhos. No meu mundo, meus caros, isso só tem um nome: CENSURA.

Mas parece que muitos pais e responsáveis estão adorando isso tudo: a radical terceirização da educação de seus filhos. Devem saber o que estão criando.

Precisa dizer que esse tipo de coisa nunca funciona? Precisa dizer que isso aí só faz criar um mercado negro? Claro que não, estamos carecas de saber.

Sinceramente, começo a achar perigoso demais o fato do nosso crescimento econômico não significar um crescimento como sociedade. Sei que sempre há um descompasso, mas estamos exagerando. Só espero que não estejam testando nosso limite. Porque até a mansidão bovina, que tanto nos caracteriza, deve ter um limite.