Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

Visite a nova versão em pfvasconcellos.net

... em festa do queijo e da cerveja.

O tema, sério e rico que é, merecia um artigo melhor elaborado. Mas não tenho mais tempo nem paciência pra seguir represando impressões que me incomodam há tempos. Fatos soltos e não ordenados:

  • Depois de um tempão construindo a marca "Globo.com", aquela empresa simplesmente resolveu migrar boa parte de seu conteúdo para algo insípido e pouco explicativo chamado "G1". Não desorientou apenas os "favoritos", mas principalmente anunciantes e público, que não mereceram uma mínima explicação plausível;
  • Aliás, a surra que a Globo toma da Internet é caso que ocuparia um livro inteiro. Há 10 anos, quando o Galvão Bueno disparava uma "enquete" via web no meio de suas transmissões, tinha que pedir desculpas poucos minutos depois: "Caiu... tá fora do ar. Vocês sabem, internet é assim mesmo...". É? Demoraram 10 anos para ter coragem de colocar enquetes ao vivo de novo;
  • Na Folha do último domingo o excelente ombudsman, Carlos Eduardo Lins da Silva, tratou em seu tema principal a surra que aquele periódico toma da Internet. Tratou, citando ex-assinantes, do imenso desconforto que é ler a Folha na web. E teve que se contentar com a promessa de um projeto "para implantar uma versão com reprodução fiel das páginas do jornal, que seja prática, de fácil navegação e principalmente leve, ou seja, que possa ser consultada a partir de qualquer navegador ou tipo e velocidade de conexão". Só isso tudo! Quem pediu "reprodução fiel das páginas do jornal"? Farão promoção conjunta de monitores de 32 polegadas?!? Outra coisinha: UOL e leve parecem ser termos mutuamente excludentes.
  • Com frequência um tanto irritante apresentadores e comentaristas da ESPN Brasil falam sobre como sua interação com os "fãs de esporte" melhorou depois que adotaram blogs em detrimento dos emails. Blogs estão aí já tem uma década! Mas eles podem sim se achar inovadores, afinal sua maior concorrente, a SporTV (Globo!), ainda está na era dos emails.
  • Aliás, o máximo de interatividade que a Globo conseguiu foi o engraçado quadro "Bola Cheia / Bola Murcha". Em um universo de milhões de celulares e câmeras disponíveis por aí, até agora a Globo só conseguiu um brinquedinho perdido no meio do Fantástico. Mas pode dizer sim, que está na frente de suas concorrentes (abertas e fechadas).
  • A Band, por exemplo, só consegue pensar em mensagens SMS (devidamente comissionadas pelas telcos). É fato que não há ninguém lá dentro pensando nos telespectadores.
  • E minha amada Editora Abril, que viu a venda de algumas de suas vacas leiteiras despencar mais de 60%, segue impassível, conservadora como ela só. Um dia cada publicação tinha sua unidade web. Depois juntaram tudo. Redesenhos e redesenhos que não significaram nada, nadica de nada para seus assinantes e leitores. Dizem ter blogs, mas moderam e censuram comentários. Dizem-se inovadores, promovem eventos para discutir a Web, mas não sabem como proteger as peladonas da Playboy da pirataria. Aliás, acreditam que as protegem ao publicar as fotos digitais apenas quando a edição impressa completa 30 dias nas bancas. Maravilhoso, não? Deve ser caso único no mundo, em que os átomos chegam 30 dias antes dos bits. Protegem algo? Claro que não. Apenas tratam mal seus clientes, só isso.
Eu poderia seguir listando absurdos dos nossos grandes grupos de mídia. Quero crer que os exemplos acima sustentam meu chute: há um universo imenso de oportunidades aí fora. Mesmo considerando que a Google abocanhará boa parte dele, ainda sobrará muita coisa. Tô falando só de Brasil. E tô falando que os nossos grandes grupos de mídia, pelo toque da carruagem, não terão a menor condição de aproveitar a chance.

Net, Oi e Telefonica estão, neste exato momento, olhando para a mesma imensa janela. Não possuem histórico que me faça cravar fichas nelas. Mas, cá entre nós, é bem melhor do que ficar esperando por criativade de empresas como Globo, Abril, SBT, Band, UOL, Folha...

Muricy Ramalho

11 novembro 2008

Quase não tenho tempo mas preciso dizer: Muricy, técnico do São Paulo, acabou de dar uma breve entrevista ao vivo no programa da bela Renata Fan (Band). Acho que ele nunca vai virar palestrante ou autor de livros sobre vitórias e liderança. Mas, sinceramente, parece ser o cara daquele universo (esportes) mais gabaritado para tal. Exemplos:

  • Humildade: sabe que só mantém o cargo com vitórias - currículo não vale (quase) nada. E se cobra diariamente: "preciso vencer."
  • Humildade 2: fugiu da comparação com Luxemburgo: "ele tem a vida dele, eu a minha. Não penso nos títulos dele: preciso vencer."
  • Seriedade: "se eu ficar vaidoso a coisa aqui vira uma festa. Aqui não tem lugar pra isso. Aqui é lugar para trabalhar."
  • Honestidade: "a melhor coisa que eu faço é dormir bem toda noite."
  • Sinceridade: "o melhor elenco do futebol brasileiro hoje é do Inter. É o time que soube investir melhor."
  • Sinceridade 2: "eu sou chato mesmo, não sou muito agradável."
Venha ou não o tri (tomara que não!), o fato é que o Muricy não é competente só na base das "hard skills" (técnica, tática, estratégia) não. É um manager completo e, vale dizer, bastante moderno.

Hábitos de Pessoas Eficazes

07 novembro 2008

O best-seller de Stephen Covey, "Os 7 Hábitos das Pessoas Muito Eficazes", tem me assombrado nos últimos dias. Um colega o elogiou em um blog. Desastrado, fui lá e coloquei um comentário 'azedo' sobre o título. Meu colega apagou meu comentário!?! hehe...

Desde então, penso sobre o ocorrido. Penso sobre o livro que folheei - não ultrapassando o 1º hábito - há uns 11 anos. Sou um cético que adora detonar livros que recebem o famigerado rótulo de "auto-ajuda". Sinto um aperto no coração toda vez que vejo o entrelaçamento entre 'auto-ajuda', 'esoterismo' e 'administração'. Neste balaio entram Covey, Tom Peters e aquele que talvez seja o mais perigoso de todos, Deepak Chopra. Mas é preciso muito cuidado para não ser enganado pelos rótulos. Por exemplo: na lista dos livros mais vendidos da Veja desta semana, o primeiro colocado da seção "Auto-Ajuda e Esoterismo" é "A Arte da Guerra", de Sun Tzu. Seguido por "O Segredo"...

Há 10 anos a Editora Campus publicou um 'guia' que ajuda muito a separar "escolas". O livro se chama "Os Bruxos da Administração" (do original "The Witch Doctors") e foi escrito por dois membros da equipe de editores da The Economist, John Micklethwait e Adrian Wooldridge. Saca só seu subtítulo: "Como Entender a Babel dos Gurus Empresariais". É fantástico! A Campus deveria editá-lo novamente. Ele nunca foi tão necessário.

E ajuda a entender porque Stephen Covey ficou milionário com "Os 7 Hábitos...". Saca só:

Para homens e mulheres movidos a ansiedade, os livros de administração oferecem uma rara fonte de segurança. Os beneficiários mais óbvios são os pensadores que se concentram no indivíduo, e não na organização: daí o charme da psicoterapia new-age de Stephen Covey.
Depois, num capítulo intitulado "Na Contramão do Bom Senso", a dupla caçadora de bruxos resume suas impressões sobre o trabalho de Covey:

As seis primeiras palavras de "Os 7 Hábitos..." são: 'Aos meus colegas, no poder e a caminho dele'. O pior ainda está por vir. O primeiro dos sete hábitos de Covey é 'seja proativo'; o sexto é 'estabeleça sinergias'. (Em uma conversa com Covey, 'sinergia' disputa com 'mudança de paradigma' o lugar de expressão favorita.)

Esse é um território perturbador. Como respeitar um indivíduo que reconta a fábula de Esopo sobre a gansa que põe um ovo de ouro como 'o equilíbrio produção / capacidade de produção'? Pode-se realmente levar a sério um indivíduo que alega, com toda seriedade, ter identificado 'o sistema de valor universal de toda a humanidade'?
Bom, como os próprios autores reconhecem, Covey foi competente na administração de seu próprio negócio. Começou com 2 funcionários. Dez anos depois, tinha mais de 700 e faturava mais de US$ 100 milhões. Levou suas 'preces' até para as equipes de Bill Clinton e Tony Blair. Vivemos realmente num mundo de 'ansiosos'.

.:.

Só pra variar, este post tomou um rumo diferente depois que comecei a escrevê-lo. Queria mesmo falar sobre hábitos de pessoas eficazes. Dois hábitos que, tenho observado, andam raros. Hábitos que fazem toda a diferença nos dias de hoje, ainda mais em tempos bicudos. Talvez sejam tão óbvios como os 7 (8!) do Covey, mas prometo despi-los de qualquer toque 'psicoterápico new-age motivacional banban'. Vamos lá:
  1. Ler! Muita gente, mas muita gente mesmo, não tem o hábito de ler. Como é possível que um trabalhador do conhecimento sobreviva sem o hábito de ler?
    Não falo de ler bullshitagens em blogs bobinhos como este; nem artigos na Internet e zilhões de mensagens de email, por favor! Tô falando de leitura de verdade: ler livros, revistas especializadas (e não superficiais), jornais...
    Por mais 'verba' que tenha para gastar com treinamentos e afins, você não pode abrir mão do aprendizado via leitura. Ninguém pode!

  2. Colaborar e Participar! Muita gente adora escrever hieroglifos pós-modernos em orkuts e afins - aquela linguagem criptografada que também infesta IM's (MSN e afins). Mas pouquíssima gente participa em fóruns e grupos de discussão. Preferem ler, observar. Mas raramente participam. O que explica tal timidez?
    Desconfio que muitos se censuram porque têm medo de escrever errado. E uma coisa caracteriza todo mundo que escreve mal: lê pouco!
    (Por favor, eu sei que escrevo mal pracas! Sou viciado em vírgulas desnecessárias; cometo vários erros de concordância e tals. Leio pouco também. Bem menos do que gostaria. Mas me esforço).

Em tempos de consumidores-produtores (prosumers), os dois hábitos acima são fundamentais. Trabalhador do conhecimento que os ignora é trabalhador de segunda categoria. Em tempos bicudos, são os primeiros que dançam.

Talvez não, mas é tão idiota quanto. Saca só algumas de suas declarações em um evento na Austrália (falando sobre a Google e seu Android):

Eles podem contratar gente boa, podem contratar um monte de gente, blah dee blah dee blah, mas vocês sabem que eles entraram nesse negócio (mobile), de certa forma, um pouco tarde.

Eu realmente não entendo a estratégia deles. Talvez alguém entenda. Se eu for para minha reunião com acionistas ou analistas e falar, hey, acabamos de lançar um novo produto que não fala como vai gerar grana!

Yeah. Cheer for me. Não tenho certeza se meus investidores receberiam isso muito bem. Mas é isso que a Google está falando aos seus investidores sobre o Android.

A Google não está no topo da lista de nossos concorrentes no mercado mobile. Podem estar algum dia. Mas hoje...


Hoje o Ballmer é um cara muito século XX. Muito anos 90. Por isso ele não entende aquela empresa que parece fazer um monte de coisa de graça, mas apresenta margens de lucro bem mais significativas... O Ballmer é como o Eremildo: Um idiota.

Créditos:
  • Eremildo, o idiota, é um simpático personagem do Elio Gaspari;
  • Ballmer, o idiota milionário, é um personagem remix com os melhores momentos de Adam Smith, Taylor, Ford, Gates, Tom Peters, Steve Covey, Dvorak (que votou McCain), Godoy (o juiz), Leão (fruta), Leão (goleiro), Bornhausen (sumido) e Pedro de Lara. Por isso é tão difícil entender o cara que não entende nada...

Como apostar num relacionamento duradouro quando uma das partes é infiel e instável como um PMDB? Em 15/jun eu já mostrava minha desconfiança com a 'ficada' da Google com a MarYahoo. Pois bem, a Google anunciou que não quer mais saber de nada. Nem 'ficadinhas' (que envolviam 'apenas' (!) a parte de publicidade da Yahoo). Ninfomaníaca e desesperada como ela só, MarYahoo agora diz que "a melhor coisa para a Microsoft fazer é comprar a Yahoo". Haha! MarYahoo! devia me contratar como consultor: estou falando isso desde dezembro! (Aliás, já falava antes. Mas em minhas previsões cravei como certa a fusão).

Acontece que MarYahoo! tá ficando desvalorizada (e mal falada). Ballmer manterá a proposta de US$31/ação só se for mais porra-lôca do que todo mundo imagina. Na época da proposta original cada ação da Yahoo valia cerca de US$ 27. Hoje não passa dos US$14. Na época eu falava: US$ 40 bi é pouco. O pessoal da Yahoo também achou. E o que o Ballmer acaba de anunciar que fará com os US$ 40 bi? Comprará ações da própria MS! Em um programa de recompra que visa proteger o valor das ações. E agora Ballmer?

Topará casório com uma dama tão infiel? Dada a crise devidamente instalada, talvez uns US$ 20 bi sejam suficientes. Yang e Icahn chorarão os US$ 20 bi perdidos... Ballmer vai dizer que economizou US$ 20 bi, que é um gênio do mundo dos negócios (um Tom Peters com menos florais e mais cafeína)...

Agora falando sério: O negócio deve sair porque MS e Yahoo estão no mato sem o simpático cachorrinho. Ballmer sabe que aquele papo do Ozzie (Azure, clouds e afins), se vingar (haha!), é no longo prazo. Ballmer sabe que Page e Brin não vão ficar esperando... Ballmer sabe d'um monte de coisas. Só não sabe pq não pulou fora do barquinho em momento mais adequado.

[Atualização - 07/nov]: Ballmer mandou avisar que não liga mais para as juras de amor da MarYahoo! Mas não descarta sexo casual (parceria em buscas?!?). Mary, Mary... terás um futuro de Excite, AltaVista e afins?