Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Grafei errado, acertei no chute. O leilão pelo Yahoo começou. Rupert Murdoch (não Murdock, como escrevi) realmente tem interesse no Yahoo. Interesse lógico e legítimo de quem pagou uma fortuna pelo MySpaces e ainda não sabe direito o que fazer com aquilo.

Gozado mesmo é o comentário do Roberto X: o Yahoo será salvo do terrível dragão (MS) por um tubarão faminto (News Corp). Tem mais: ele gostaria muito de ver uma reunião entre Ballmer e Murdoch. Na verdade, ver quem sairia vivo da reunião! Haha.. Murdoch falaria que agora é adepto do Scrum (não pode ter cadeira na sala).

Eu falei em US$ 35 por ação. Roberto X chuta que US$ 40 é o número "mágico". Enquanto o Ballmer faz contas (em Excel?!?), outra turma da MS prepara a cama. Segundo a Mary "Jo Jo Gunne" Foley, a MS está preparando outra grande "reorg". E o novo (hipotético) desenho foi feito para acomodar a cambada do Yahoo. Certeza da aquisição? Parece que sim.

Mas, como o Antônio Fonseca havia adiantado por aqui - via comentário, a fusão MS+Yahoo mexe em outro vespeiro. Saca só este artigo do Larry Dignan (ZDNet):


Microsoft would give Yahoo technology, but not the type it wants. Almost instantly you’d have a Windows (Microsoft) vs. open source (Yahoo) on the backend technical infrastructure. Who needs those religious wars?

Leilão Reverso Público

13 fevereiro 2008

Aos leitores usuais, não se assustem. É que acabei de ter uma idéia maluca e vou usar este espaço para fazer uma pequena experiência.

É o seguinte: estou precisando enriquecer o material que é distribuído para o pessoal que participa dos eventos do finito. Por aqui (Opção Artes Gráficas) já estou confeccionando blocos para especificações de casos de uso, protótipos etc. Vou precisar também d'outras coisinhas:

  • Canetas, lápis ou lapiseiras personalizadas
  • Borrachas? Réguas?
  • Pen-drives personalizados (entre 128mb e 500mb)
  • Outras idéias de kits?
Cada evento tem um limite máximo de 50 participantes. Então o volume da compra é pequeno. Gostaria de receber cotações para conjuntos de 200, 500 e 1000 kits.

A experiência: que a proposta seja colocada neste blog, na forma de um comentário! Cite o nome da empresa, composição do kit e preço final. Por favor.

Taí! Será que alguém participa?

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Hey BooBox! Já pensaram nisso?

Pois é, o Yahoo! falou não para a MS: "Não nos deprecie, please!". Que era vivemos. Um "plus" de 62% no valor atual das ações é uma "depreciação". Mas é mesmo. Logo que comentei a proposta da MS aqui, eu disse que US$ 44,6 bi era muito pouco. Como isso é possível?

Acontece que o Yahoo, por pior que esteja das perna$, tem muitas possibilidades. Já vai capar 1000 postos de trabalho. Pode terceirizar seus serviços de busca com a Google. Pode comprar a parte sadia da AOL!?! E torcer por um leilãozinho... basta que uma grande empresa de mídia (alguém disse Fox Murdock?) se interesse pelos seus ativos-meio-passivos. Detalhe: todas as possibilidades podem ocorrer ao mesmo tempo agora!

Mas a MS disse que não vai desistir fácil. A MS não desiste nunca! Ainda mais se a tese do Roberto X estiver correta. Resumindo a estranha teoria: mais do que brigar contra a Google, a intenção da MS com a aquisição do Yahoo é outra: é mudar sua cara, é injetar toneladas de oxigênio novo, de cultura nova (ou diferente). Céus... Acontece que o Roberto, como eu, aposta na saída de Ballmer. Mas, sinceramente, não sei se passa na cabeça dos caras uma reengenharia cultural tão drástica.

De qualquer maneira, acredito sim que a MS não desistirá fácil. Mais, ela vai acabar adquirindo o Yahoo. Basta subir de US$ 31 para US$ 35 a proposta por cada ação - de US$ 44,6 bi para US$ 50 bi. Aliás, acho mesmo que este é o preço que pensaram desde o início. Tática de negociação.

O Yahoo fala de projetos maravilhosos, que podem ser hiper-lucrativos. Acontece que o Yahoo anda lento (há tempos) na implementação de seus projetos. Wall Street não espera. Seu lucro em 2007 será menos da metade do que a Google realizou só no último trimestre do mesmo ano. Por isso que os acionistas, vendo um pássaro de US$ 50 bi em suas mãos, dificilmente apostarão nos dois inestimáveis que voam sabe-se lá para onde.

O resultado da fusão é outro papo. Mas que ela sai, sai.

O Caos Tupiniquim

08 fevereiro 2008

Fiquei sabendo no Buteco do Alessandro Almeida que os capítulos brasileiros do PMI acabaram de publicar o "Estudo de Benchmarking em Gerenciamento de Projetos Brasil 2007" (opção Benchmarking GP - É gratuito mas requer registro). Vivo reclamando mais e melhores estudos deste tipo aqui em Pindorama. Vivo ignorando que o PMI.br, através de voluntários, elabora este desde 2003. Ele é muito genérico e a população amostral é muito pequena, mas é melhor do que nada.


184 empresas toparam participar deste tipo de 'biópsia'. São das mais diversas áreas e o estudo cobre projetos de qualquer natureza. O relatório, com dois anexos, merece mais tempo de análise. São mais de 300 páginas, centenas de gráficos. Mas eu busquei alguns pontos para ter uma noção geral de como estamos e para onde vamos quando o tema é o gerenciamento de projetos.

Sumário executivo: quando o retrato não é feio nem hilário, é deveras curioso. Se apenas o supra-sumo da gestão de projetos participou do estudo, não há dúvidas de que o buraco está milhas abaixo. Claro, há outra forma de ler os números. Muitos falarão: "estamos evoluindo!". Me apego ao lado negativo para mostrar que podemos avançar bem mais e mais rapidamente. Se começarmos do básico!

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No apanhado geral os números de sempre, bem próximos daqueles que pintam no Chaos Report (que trata só de projetos de software):
  • 78% dos projetos atrasam;
  • 64% estouram os orçamentos;
  • 44% apresentam problemas de qualidade; mas só (!?)
  • 39% dos clientes reclamam.
Entre os principais problemas apontados, os suspeitos de sempre:
  • 62% de mudanças no escopo;
  • 60% de escopo mal definido.
A estranheza começa quando comparamos os números acima com outros dados. Por exemplo, quando o estudo pergunta quais foram os benefícios obtidos com a implantação de práticas de gerenciamento de projetos:
  • 81% dos pesquisados diz ser um "maior comprometimento com os objetivos e resultados"; enquanto
  • 72% aponta uma melhoria na qualidade dos resultados.
Traduzindo: a coisa conseguia ser ainda mais feia? Pelo jeito, sim.

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Alinhamento estratégico é minha obsessão de cabeceira há algum tempo. Então mergulhei um pouco mais na porção "estratégica" do relatório. 18% das empresas pesquisadas dizem ter seus projetos "sempre alinhados ao planejamento estratégico da organização". Outras 48% juram que "quase sempre" se alinham - mas têm "genuína preocupação" com isso. Deu 66%, certo?

Pois bem, acontece que 55% das empresas falaram que "não há um processo estruturado para seleção de projetos". Pior, em 66% não há um "processo estruturado para a priorização de projetos". Traduzindo: tem 21% de respondentes que conseguem "genuinamente" buscar o alinhamento sem saber ao certo quais projetos são necessários e quando. Vão na base da sorte, do 'achômetro' ou da 'força política' de determinado diretor?

Finalizando a parte 'genérica', uma curiosidade: em 28% das empresas é a área de TI que mais utiliza o gerenciamento de projetos. Normal. 11% engenharia - pouco. Mas o que chama a atenção é a área de marketing: só 6%? Estranho porque quase tudo em marketing pode ser visto e administrado como projeto. Porque tamanha distância? Será falta de conhecimento ou resistência? Bem que alguém podia tentar descobrir.

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Um dos anexos do estudo mostra os resultados por setor. Claro, degustei um pouco os números específicos de TI e Telco. Das 184 empresas consultadas, 58 (32%) são de TI. Outras 7 (4%) de telecomunicações. Aqui alguns "indicadores" pioram consideravelmente:
  • 82% dos projetos de TI atrasam; em Telco é pior
  • 88% de "problemas com prazos";
  • 66% dos projetos de TI têm problemas com o orçamento;
  • 88% dos projetos de Telco estouram orçamentos.
  • 46% dos projetos de empresas de TI apresentam problemas com a qualidade, o que gera 41% de insatisfação dos clientes.
  • 75% dos projetos de empresas de telecomunicações falham na qualidade - 63% dos clientes reclamam.
Problemas com definição de escopo e mudanças também ganham números bem acima da média, algo entre 81% e 86%. A única diferença, bastante perceptível, é o aspecto "mudança de escopo" em telecomunicações: só 7%. O que, de certa forma, piora ainda mais os números acima - a percepção que temos deles.

Usando uma lupa (literalmente - a qualidade de alguns gráficos do estudo é muito ruim) podemos perceber algumas causas para os efeitos listados acima.

Só metade das empresas de TI utilizam uma metodologia "de fato". Tratamos aqui de metodologias para gerenciamento de projetos. Curioso, não? Em Telco é mais assustador: só 1/4 das empresas empregam uma "de fato".

Riscos? Em TI, só 33% dos pesquisados dizem possuir uma "metodologia formal". Minha tradução: daquela metade que diz ter uma "metodologia", em 17% a "metodologia" é cambeta. Como se gerencia projetos sem gerenciar riscos? Ufs... Uma justificativa torta aparece no mesmo relatório: para muitas empresas, gerenciar projetos é gerenciar escopo e prazos. Só!

Quando a pesquisa vai para o lado "pessoal", outras possíveis causas pulam como pipoca. Nas empresas de TI a qualidade mais valorizada em um gerente de projetos é a Liderança. Em Telco, a Atitude! 0%, ZERO empresas citaram "trabalho em equipe". Assusta que em ambos os setores problemas de comunicação apareçam em 86% das empresas? Claro que não.

Mas não se preocupem: 86% (TI) e 88% (Telco) da alta administração "percebe claramente os benefícios obtidos com o gerenciamento de projetos".

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O estudo é bom, necessário. Uma iniciativa louvável. O grande problema agora está com a qualidade das respostas. Há muita incoerência. Se uma parte é fruto direto de nossa falta de maturidade, outra não pode ser explicada de outra forma: teve gente "dourando a pílula", "puxando sardinha", dizendo não-verdades. Se em 0% das empresas de Telco há processos para seleção e priorização de projetos, como 12% delas podem ter um PMO com o nível 4 de maturidade?

É tanta coisa a ser feita que assusta. Não gosto de falar do PMI mas vai aqui uma dica / provocação: os números respingam aí. Que tal desviar um pouco os olhos do umbigo-certificação e começar a se preocupar com números tão ruins? Que tal colocar algumas metas, principalmente para aquelas entidades que valorizam tanto sua certificação? Uma última, bem legal: que tal, na próxima edição, nos mostrar os números das empresas que contam com profissionais certificados em separado? Assim fica mais fácil justificar sua existência, não?

Ao resto do mundo: valorizemos o básico. Esqueçamos, por enquanto, ferramentas, PMO's, OPM's, BSC's. Nada disso gera resultado sem uma forte cultura de projetos. E cultura nenhuma nasce com "nível 3 de maturidade". Vamos valorizar o básico. Vamos falar de escopo e mudanças, riscos, comunicação e trabalho em equipe. Depois a gente viaja. Agora é hora de pé no chão e trabalho sério.

Pois é, segundona de carnaval não deveria ser dia disso. Mas, enquanto rebolamos, jogamos serpentinas ou simplesmente nos escondemos da festança, o mundo gira. E esta semana é particularmente quente no inverno do hemisfério norte. Amanhã tem a 'super-terça' que deve definir pelo menos um candidato ao posto do Bush. E hoje, plena super-segunda (ressacada), não faltam críticas e chutes sobre a proposta de aquisição do Yahoo pela MS (para lembrar, de US$ 44,6 bi).

"Este acordo fará mais mal para os acionistas da MS do que qualquer de seus concorrentes faria."
- Joe Rosenberg (em artigo de Alan Sloan, da Fortune)


O Joe é um analista (e investidor) muito respeitado. E sua sugestão é pragmática e simples: a MS deveria usar essa grana para comprar suas próprias ações, valorizando-as. Para ele, a proposta da MS "é coisa de gente que perdeu a cabeça".

Claro, sua avaliação é exclusivamente financeira. Ele desconsidera aspectos técnicos e estratégicos do negócio. Ignora o fato de a MS estar torrando muita grana há tempos tentando competir com a Google. Cadê o Live? Ray Ozzie e seus asseclas não conseguiram beliscar nem 5% do market-share da Google. A MS ainda tem pouco menos de 14%. Com a aquisição do Yahoo pularia para 31% de share. Seguiria bem atrás da Google, que mantém 56% de participação.

De qualquer maneira, financeiramente falando, parece ser mesmo um mau negócio para a MS. Por exemplo: pela primeira vez em sua história ela teria que pegar grana emprestada. Por mais que o dinheiro ande barato nos EUA, grana emprestada raramente se justifica. Para bancar a aquisição de uma empresa que encolheu 50% nos últimos 6 meses, justifica-se menos ainda. Pobre MS: Ballmer realmente perdeu a cabeça. Só falta ela cair de fato. Falta pouco: ele mesmo duvida que o negócio vingue em ano eleitoral. Oras: pq bidou então?

Sua proposta, aparentemente inconsequente, gerou efeitos que podem deixar a MS numa situação ainda pior. O Yahoo passou a considerar seriamente outra alternativa: uma parceria com sua mega-rival, a Google. Como? Terceirizando todo o seu serviço de buscas, por exemplo. A questão é: o que doeria mais? "Perder" o negócio para a MS ou ser flagrada de braços dados com o "inimigo"? Como a cúpula do Yahoo é meio fraquinha, ainda acho que eles não aguentarão a tentação de pegar a grana da MS. Não sem antes gerar muito bafafá, chutes e tico-tico-no-fubá. Que carnaval divertido e nada monótono o deles!

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Ops, quase me esqueci d'uma provocação legal. Ao contrário do Joe, eu não indicaria a recompra de ações (pela MS). Acho que tem um negócio mais lucrativo: compraria (com os mesmos US$ 44bi) uns 20% da Google! hehe..

MS ++ Yahoo!

01 fevereiro 2008

Até o Noblat deu:

Microsoft quer comprar Yahoo

A Microsoft propôe esta manhã a compra do portal Yahoo por 44,6 bilhões de dólares pagáveis parte em título da própria Micosoft e parte em dinheiro vivo.



Se lesse o Graffiti, saberia que o casamento tá escrito há mais de dois anos. E que, em minhas previsões, eu disse que de 2008 o casório não passava: ..."finalmente veremos a fusão MS+Yahoo."

Mas, peraí: só US$ 44 bi?!? Só rola se o Yahoo estiver bem pior do que a gente imagina. Por valor tão baixo, só se a MS utilizar a mesma tática que utilizamos há tempos para realizar nossas privatarias: deprecie e deprede o ativo. Deixe-o com carinha de 'lixo'. Depois compra baratinho. Assim se foram pérolas como Vale, CSN, Embratel, Embraer... Será o destino do Yahoo? Triste...