Grande Mídia Tupiniquim: Mais perdida que mineiro...
28 novembro 2008... em festa do queijo e da cerveja.
O tema, sério e rico que é, merecia um artigo melhor elaborado. Mas não tenho mais tempo nem paciência pra seguir represando impressões que me incomodam há tempos. Fatos soltos e não ordenados:
- Depois de um tempão construindo a marca "Globo.com", aquela empresa simplesmente resolveu migrar boa parte de seu conteúdo para algo insípido e pouco explicativo chamado "G1". Não desorientou apenas os "favoritos", mas principalmente anunciantes e público, que não mereceram uma mínima explicação plausível;
- Aliás, a surra que a Globo toma da Internet é caso que ocuparia um livro inteiro. Há 10 anos, quando o Galvão Bueno disparava uma "enquete" via web no meio de suas transmissões, tinha que pedir desculpas poucos minutos depois: "Caiu... tá fora do ar. Vocês sabem, internet é assim mesmo...". É? Demoraram 10 anos para ter coragem de colocar enquetes ao vivo de novo;
- Na Folha do último domingo o excelente ombudsman, Carlos Eduardo Lins da Silva, tratou em seu tema principal a surra que aquele periódico toma da Internet. Tratou, citando ex-assinantes, do imenso desconforto que é ler a Folha na web. E teve que se contentar com a promessa de um projeto "para implantar uma versão com reprodução fiel das páginas do jornal, que seja prática, de fácil navegação e principalmente leve, ou seja, que possa ser consultada a partir de qualquer navegador ou tipo e velocidade de conexão". Só isso tudo! Quem pediu "reprodução fiel das páginas do jornal"? Farão promoção conjunta de monitores de 32 polegadas?!? Outra coisinha: UOL e leve parecem ser termos mutuamente excludentes.
- Com frequência um tanto irritante apresentadores e comentaristas da ESPN Brasil falam sobre como sua interação com os "fãs de esporte" melhorou depois que adotaram blogs em detrimento dos emails. Blogs estão aí já tem uma década! Mas eles podem sim se achar inovadores, afinal sua maior concorrente, a SporTV (Globo!), ainda está na era dos emails.
- Aliás, o máximo de interatividade que a Globo conseguiu foi o engraçado quadro "Bola Cheia / Bola Murcha". Em um universo de milhões de celulares e câmeras disponíveis por aí, até agora a Globo só conseguiu um brinquedinho perdido no meio do Fantástico. Mas pode dizer sim, que está na frente de suas concorrentes (abertas e fechadas).
- A Band, por exemplo, só consegue pensar em mensagens SMS (devidamente comissionadas pelas telcos). É fato que não há ninguém lá dentro pensando nos telespectadores.
- E minha amada Editora Abril, que viu a venda de algumas de suas vacas leiteiras despencar mais de 60%, segue impassível, conservadora como ela só. Um dia cada publicação tinha sua unidade web. Depois juntaram tudo. Redesenhos e redesenhos que não significaram nada, nadica de nada para seus assinantes e leitores. Dizem ter blogs, mas moderam e censuram comentários. Dizem-se inovadores, promovem eventos para discutir a Web, mas não sabem como proteger as peladonas da Playboy da pirataria. Aliás, acreditam que as protegem ao publicar as fotos digitais apenas quando a edição impressa completa 30 dias nas bancas. Maravilhoso, não? Deve ser caso único no mundo, em que os átomos chegam 30 dias antes dos bits. Protegem algo? Claro que não. Apenas tratam mal seus clientes, só isso.
Net, Oi e Telefonica estão, neste exato momento, olhando para a mesma imensa janela. Não possuem histórico que me faça cravar fichas nelas. Mas, cá entre nós, é bem melhor do que ficar esperando por criativade de empresas como Globo, Abril, SBT, Band, UOL, Folha...