Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Lanterninha

31 março 2009

Dona Irene Mia, economista sênior, comentando a posição de Pindorama no 8º Relatório Global de Tecnologia da Informação (2008-09):


Embora o Brasil apresente um alto nível de prioridade para a tecnologia, com práticas de governo eletrônico e ações empresariais, tudo isso ainda não criou um ambiente tecnologicamente avançado para os brasileiros. Além do ambiente de mercado que sofre com o excesso de regulação e baixa qualidade do sistema educacional.


134 países foram analisados. Um tópico deveria nos preocupar mais: ficamos em 124º lugar no quesito "Qualidade da educação em Matemática e ciências". Sei lá como mediram isso. Com certeza não utilizaram nossas grandes provas formais (tipo Enem e afins), porque essas não sabem o que é ciências.

Estranho é o fato da matéria da Info dar mais espaço para um quesito onde Pindorama foi bem sucedida*: 13º lugar pela "qualidade dos fornecedores locais de tecnologia". Em todos os outros critérios ficamos abaixo do 100º. Ou seja, tem alguma coisa muito errada, não? Será erro de digitação?

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*Que nem Galvão Bueno no último domingo. Ao invés de descer o malho naquele timeco retranqueiro, preferiu babar pelo Júlio César. Êta prensa babona essa nossa...

Desperdício a Vista

26 março 2009

Saca só:



Coitados dos alunos de SP. Aprenderão cedo a lidar com as agruras & usuras do SO pesadelo de Redmond.

Coitados dos pais dos alunos de SP. Testemunharão sem chances de reação seu desgraçado dinheiro pago em impostos indo para ralos. Inclusive um em Redmond.

Serão R$ 400 milhões em 4 anos! Claro, além das maquininhas demoníacas, o valor inclui serviços de manutenção e treinamento. Mas... pensa bem. 400 milhões de reais!

Isso faz com que cada maquininha, com serviços, custe R$ 5.000. De aluguel!?!

É o Governo Serra ajudando a combater a crise do mercado de TI, certo?

Só que é com sua grana, mané!

Títulos alternativos:

  • There Goes the Sun (lalala-la)
  • ... and the Sun is eclipsed by the Moon
  • Sunshine on my shoulders makes me creepy
  • Wasted Sunsets
  • ...
Chego tarde, mas não vou chover no molhado. Estava esperando o desenrolar do negócio mas, pelo jeito, vai demorar. Hã? Tô falando da Sun sendo papada pela IBM. Sobre a "fusão" os americanos gastaram um chavão: "strange bedfellows".

Coloca estranho nisso. A Sun sempre tentou ser o oposto da IBM. Eu disse, tentou... Nem sempre conseguiu. Mas o duelo sempre fez muito bem para o mercado de TI. Pena que nossa prensa "especialista" goste de papos mais pop, tipo MS vs Apple ou vs Google. Perdeu a chance de documentar melhor um embate tão relevante quanto os outros. Em outros tempos, claro.

Porque nada une mais IBM e Sun do que a irrelevância de ambas nos últimos anos. Irrelevância em termos de inovação, eu digo. Tá distante a era em que ambas ditavam tendências. Estranho é que as duas, cada uma a sua maneira, parecem satisfeitíssimas com o próprio marasmo. Fusão de preguiças?

É difícil prever as consequências e frutos da fusão. Claro, muita gente vai vazar da Sun. Aquele espírito "universitário", há tempos moribundo, vai definitivamente para as cucuias. Mas, e o resto? E o Java? E o Solaris? E o MySQL? E o OpenOffice?

Bons tempos para quem gosta de teorias de conspirações ...

A Crise

23 março 2009

A penúltima EXAME (11/mar), no artigo "A Crise não é igual para todos", confirma o que foi antecipado aqui no Graffiti: a Crise (assim mesmo, com "C" maiúsculo) pega mais pesado em TI. Foi o setor que mais encolheu no 4º trimestre de 2008, acachapantes 24,9% de retração. Pior é a sensação de que este ainda não é o fundo do poço.

Sei nada de economia. Aliás, sei nada de nada. Mas, como Rosa, mineiramente desconfio de muita coisa. Desconfio, por exemplo, que essa dinheirama gasta por governos do mundo todo surtirá pouco ou nenhum efeito. O buraco é mais embaixo. E o propalado "senso de urgência" engana pacas e vacas.

Não existe qualquer empresa responsável (ou família diligente) que se disponha a gastar dinheiro e recursos do modo como faz o governo quando diante de uma "emergência". O urgente não é uma desculpa. Na verdade, o urgente é geralmente um indiciamento - um sinal seguro de que as coisas importantes estão sendo adiadas até que a situação esteja fora de controle.
- Seth Godin, em "Existem duas maneiras de se pegar um avião" [1].
Falam sobre problemas de crédito. Oras, onde foi parar toda a grana gerada no tempo das vacas gordas? Falando especificamente de TI há uma certeza absoluta: houve e continua existindo muito desperdício. As estruturas de TI, apesar de continuarem atendendo muito mal o tal 'negócio', estão em sua grande maioria superdimensionadas. Encobrimos a deficiência de nossos algoritmos e sistemas com muita memória, disco e poder de processamento. Mas não é só isso. Basta dar uma levantadinha nos tapetes que conhecemos como "fábricas de software" e terceirizações afin$ para vermos quanta coisa foi varrida para ali por pura incompetência. E preguiça.

Mas a Crise é muito maior e TI vai pagar pelo que fez e, principalmente, pelo que deixou de fazer.

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Falei ali em cima que "o buraco é mais embaixo". Onde? Seguirei com o não-economista Seth Godin:
As grandes empresas estão fundamentalmente falidas.
[...] O mercado de ações está falido há tanto tempo quanto as grandes empresas. O mercado de ações é um enorme engodo de psicologia de massa, dependente da ficção de que haverá sempre alguém mais estúpido do que você querendo comprar suas ações por mais do que você acabou de pagar.
[...] O fundo do poço que estamos vivendo é uma consequência direta do fato que essas duas questões estão se tornando cada vez mais claras precisamente no mesmo momento.
Quer saber porque as grandes empresas estão "fundamentalmente falidas"? Já assistiu "The Corporation", documentário de Mark Achbar, Jannifer Abbott e Joel Bakan? Ele é "antigo", de 2004. Mas cada vez mais atual. Basta ver o escândalo dos bônus da AIG, debatido e combatido nas últimas semanas. Mas não espere respostas aqui. Só perguntas e provocações. Muitas provocações.

Nem o filme nem os trechos surrupiados do Seth tratam da crise atual. Mas explicam, sim, suas raízes. Engana-se quem pensa que a origem está nos bancos e seus mágicos e complexos derivativos. Isso aí foi só a gota d'água. A Crise é sistêmica. E é global.

Acontece que, preocupados com o "urgente", corremos o risco de perder a melhor (única?) oportunidade para debater as questões fundamentais. Hey, não pense que essa responsa é só para Obamas, Lulas e ministros da fazenda. Somos todos parte do problema. Podemos fazer parte da solução.

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  1. Trechos surrupiados do Seth não vieram de seu blog, e sim de "O Futuro não é Mais o Mesmo" (Small is the New Big), lançado por aqui pela Campus em 2007. Trata-se de uma coletânea de posts, artigos e e-books. Um jeito jóia de navegar por 6 anos de criação deste cara diferente.

Notinha quase escondida do caderno Dinheiro da Folha da última sexta (20/mar):

De Graça

O sistema operacional gratuito Linux ficou mais popular entre as empresas desde que a crise começou. Mais de 72% de um grupo de 300 executivos de TI no mundo estão avaliando ou já decidiram aumentar a adoção do Linux no servidor em 2009, segundo pesquisa da Novell. A maior razão que motivou os executivos a migrarem para Linux foi econômica.

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Três pequenos comentários:
  1. De graça? Nada é de graça. E esse tipo de migração costuma custar muito dinheiro.
  2. A motivação é equivocada, assim como a percepção que de haverá economia no curto prazo.
  3. Eu manteria o plano de migração - afinal se trata de um SO superior. Mas mandaria embora todos os 72% de "executivos de TI". Ao propor a migração, por razões econômicas, eles confessam que passaram os últimos anos desperdiçando grana. Rua!

Sim, surrupiei na íntegra o post de Raphael Fischmann, do BLOG.MACMAGAZINE. Acho que ele não ficará muito bravo comigo - a intenção é boa:

Em julho do ano passado, divulgamos aqui no MacMagazine um protesto contra um projeto de lei do Senador Eduardo Azeredo que, em poucas palavras, visa a oficializar a criminalização de diversos atos virtuais, porém passa dos limites ao invadir a privacidade dos internautas brasileiros e ao violar a liberdade de uso de tecnologias hoje disponíveis através de uma vigilância constante do uso da internet no país.

Poucos dias depois, o Senador respondeu à blogosfera — que, assim como nós, já havia, em massa, se demonstrado totalmente contra a iniciativa — acerca do seu projeto de lei, porém ainda assim muita coisa ficou sem explicação. Simplesmente não colou, essa tentativa de “nos tranquilizar”, como se tudo o que está escrito no projeto não fosse nos afetar, seja direta ou indiretamente.

Bandeira do Brasil

Agora, o Sergio Amadeu alerta em seu blog que, gozando do seu novo posto de presidente da Comissão de Relações Internacionais do Senado, o Senador Azeredo mais uma vez está forçando a aprovação do seu projeto com todas as suas forças na Câmara. No último dia 5, o deputado Regis de Oliveira (PSC-SP) já conseguiu aprovar um parecer favorável ao projeto na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados.

Não podemos ficar sentados assistindo esse absurdo se concretizar. Encha a caixa do deputado do seu Estado com mensagens contrárias ao projeto de lei e, caso ainda não tenha assinado, participe da petição online sobre o assunto. De julho pra cá o número de pessoas a apoiando subiu bastante, mas pode crescer ainda mais. Faça a sua parte.

[Dica do João Sérgio, obrigado!]