Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

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Aprenda Brincando

25 fevereiro 2010

Depois de quase 3 anos circulando apenas com o FAN, programa para Formação de Analistas de Negócios, eu não via a hora de mudar um pouco de assunto. Mas, caramba, não é nada trivial a criação de um curso. E no dia em que eu engatar o automático, pegar um assunto da moda e transcrevê-lo em algumas dezenas de slides, definitivamente terá chegado o momento de pendurar chuteiras e mouse.

Desta vez eu coloquei novas restrições: não queria um formato tradicional de oficina (ou workshop, como queira). Tenho vários desejos e ideias quando penso em eventos. Algumas malucas: uma peça de teatro; standup comedy; talk show... Loucas o suficiente para permanecer como um post-it no meu quadro "eureka!".  Ainda não chegou a hora delas.

Quando eu coloco o desafio ele gruda no cérebro como aquelas musiquinhas que a gente faz força para parar de cantarolar. Vira e mexe reaparece, sabe-se lá d'onde. Também não sei dizer de onde aparecem as ideias. Mas, algumas delas quando chegam, parece que já veem mastigadinhas e prontas para uso. Foi o que aconteceu com os 2 novos eventos que acabo de disponibilizar. Ambos compartilham o mesmo formato e nome: O Jogo dos 7 Erros.

Sim, surrupio daquele joguinho infanto-juvenil o formato. Naquele o jogador deve encontrar 7 diferenças entre 2 desenhos. Na oficina homônima os participantes não se limitarão a identificar enganos. Devem trabalhar também na elaboração de uma solução. Foi uma maneira diferente que encontrei para tratar de temas que aporrinham dois profissionais: o Líder de Projetos e o Analista de Negócios. Cada um terá uma oficina só sua.

Eu ainda quebro a regrinha #1 do Hugh MacLeod para a Criatividade: "Ignore Everybody" (não por acaso, título de seu livro). Eu não comecei com uma folha em branco. Não podia ignorar algumas demandas ou reclamações comuns. Por exemplo, muita gente pede pra ver estudos de caso. Gosta de debater situações reais. E de aprender com os erros dos outros, que é uma maneira muito econômica e eficaz de aprendizado. Levei tudo isso em consideração. Mas, por outro lado, não queria fazer um evento 'chatinho' baseado num estudo de caso. (Alguns eventos do tipo são um verdadeiro pé no saco). Não, eu queria algo leve, divertido. Esta era a palavra: divertido. Por isso me veio a ideia do jogo.

Em cada oficina serão apresentados 7 casos reais, devidamente maquiados de forma a não ferir suscetibilidades*. Para cada um será apontado um tema - a figura onde o erro se encontra. Todos os exercícios serão individuais. Mas o encerramento de cada um será marcado por um debate com toda a turma. Cada tema merecerá 60 minutos, que serão distribuídos mais ou menos assim:
  • Apresentação do Caso: 10'
  • Exercício: 20'
  • Debate: 25'
  • Conclusão: 5'
O formato exige que tudo - sala, material didático, slides e instrutor - esteja muito 'redondinho'. Por isso o evento foi lançado com a tarja "BETA" e um precinho especial. Em Sampa, nos dias 12 e 13 de março, acontecerão os primeiros testes. Claro que compartilharei aqui os achados e perdidos. Se você quer saber um pouco mais sobre os eventos, consulte o finito. Ou fale comigo, aqui mesmo, via comentários.

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* Veja um exemplo, "O Assassinato de um Projeto pelo Covarde seu Moreira".

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Quem faz leitor são os pais. Os jovens leitores são filhos de leitores. Dificilmente aparece uma criança ou adolescente que não tenha os pais leitores. A grande campanha que na minha opinião deveria ser feita pelo governo é mais ou menos assim: "Se você não lê, como quer que seu filho leia?"

- Pedro Herz, dono da Livraria Cultura (na Folha de Domingo, 21/fev)

Talento X Comprometimento

11 fevereiro 2010

Depois que até o Mestre Jacobson apelou para metáforas ludopédicas, é claro que não vou furar a bola alçada pela dupla que comanda a seleção canarinho, né? Ao tentar justificar a lista de convocados nesta semana, o auxiliar-técnico Jorginho disse mais ou menos o seguinte:

A técnica apenas não basta. É preciso mostrar comprometimento.

Com certeza é isso que justifica a presença de Felipe Mello, Josué, Júlio Batista, Elano, Gilberto e outros caras que mal conseguem se firmar em seus clubes mas merecem espaço na nossa seleção. E é a mesma desculpa para a ausência de Ronaldinho, Neymar, Hernanes, Elias etc etc etc. Nosso campo é outro, verde em outro sentido. E o que quero propor é um papo sobre o conflito Talento X Comprometimento.

Numa época em que o mercado cobra Inovação e Criatividade, é possível que uma empresa se dê bem apostando no comprometimento em detrimento da técnica, do talento? Basta ver quantas empresas por aí, particularmente de TI, pastam para sobreviver. Seria por falta de comprometimento de seus colaboradores? Na minoria dos casos, posso garantir. Mais do que comprometimento, lhes falta talento. Carecem de pessoas criativas. Ou, principalmente, de não-processos e não-políticas que valorizem os criativos.

O que nossa comissão técnica e muitas das nossas empresas não explicitam é um medo e uma incompetência. Medo: Os caras mais talentosos são mais rebeldes e contestadores. Incompetência: Não sabem gerenciar gente talentosa. O que fazem, então? Não convocam ou não contratam gente que possa representar perigo.

Romário, crucial no Tetra de 94, fugia da concentração para suas gandaias. O que é estranho, no caso da seleção, é que tanto Dunga quanto Jorginho estavam lá. Anjinhos, claro. Mas teriam coragem de "queimar" o Baixinho? Hehe.. eles são bobos mas não são burros.

Agora, por favor, não me interpretem mal. Não estou propondo que as empresas virem o caos absoluto com trilha sonora do samba do nerd mucho-loco. O que estou dizendo é que, enquanto as empresas insistirem nessa coisa limpinha, chata e previsível de seus processos elas seguirão pastando para pagar as contas. Chega de invejar os números de uma Google da vida mas não copiar umazinha de suas boas ideias em gestão de talentos. Basta de mediocridade!

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E a seleção? Já perdi qualquer esperança. Em 94 tínhamos 8 chatos e 3 talentos em campo: Romário, Bebeto e Tafarel. Bastaram para aquele título feio, chato, quadradinho e que só veio nos pênaltis. Hoje só temos um talento de verdade. No gol!?! É pouco. Muito pouco. Como já disse lá nas previsões para a próxima década, nosso Hexa virá em 2014, em casa. E com o Dunga exilado lá na Patagônia, secando os talentos num radinho de pilha.

O lance aí do lado é um dos mais reprisados na história do futebol. O Pelé perdeu o gol. A seleção de 1982 é lembrada e celebrada até hoje nos 4 quantos do mundo. Não ganhou nada. No final das contas, o que fica é o talento. E a história que ele ajudou a criar. O resto é o resto.

Novas Profissões

10 fevereiro 2010

Uma brincadeira que fiz no finito me empurrou para cá - aquela sobre o "Crítico de Oficinas". O tema me incomoda desde que comecei a reparar que uma famosa publicação adora anunciar novas profissões em TI que são um tanto esotéricas e estranhas. Detetive de redes sociais, por exemplo. Não dá pra crer na viabilidade ou longevidade de muitos chutes que aparecem lá e em outras paradas. Assim como é impossível apostar em qualquer profissão que possa ser facilmente trocada por aplicações, como é o caso do "detetive" em questão. Há tempos sabemos que as profissões mais quentes e promissoras, particularmente em TI, são aquelas que dependem demais do intelecto e do talento, da criatividade e da sensibilidade. Características que, até onde sei, ainda estão muito distantes de sistemas, robôs e afins.

Mas é ainda mais gritante o fato de algumas das profissões mais atraentes e necessárias serem sumariamente ignoradas pela grande mídia tupiniquim. Não por acaso, também são aquelas que nunca aparecem em anúncios de vagas. Dúvida tostines aqui: não há oferta porque não aparecem na mídia ou não aparecem na mídia porque não existem ofertas?

Não, não estou falando dos Analistas de Negócios. De certa forma eles apareceram (CIO Maganize, IDGNow etc) e cresceram. Empresas como Bradesco, Embraer, Net, Oi e JBS Friboi, dentre várias outras, já têm seus times de analistas de negócios. Os problemas com esta profissão são outros, e merecerão outro espaço e tempo.

O que não aparece no meu radar mesmo, por exemplo, é um cara que faça design. Não estou falando dos "designers" de interfaces nem de artistas pós-modernos. Penso no criador, no arquiteto de produtos. Nunca na nossa história esse tipo de design foi tão necessário. Falamos de inovação e de criação de produtos e serviços "matadores". Pensamos no iPhone e no Facebook, por exemplo. Nos lembramos também dos carros da Toyota, apesar dos recentes pesares. São todos exemplos de um bem sucedido trabalho de design.

Dos outros não sei quase nada, mas na Toyota cada carro é arquitetado (projetado / desenhado) por um engenheiro-chefe. Na Apple parece claro que há um cara que tem a primeira e a última palavras sobre seus novos produtos e serviços. Cadê os nossos "designers"? Se eles existem, onde são formados? E, se existe procura por eles, onde ela é manifestada?

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Eu ia esticar o papo, tentando ilustrar a relevância desses caras em bancos, seguradoras e empresas de TI. Aguardarei algum feedback antes de prosseguir. Enquanto isso, deixo uma sugestão de leitura que explica bem a relevância do design no século XXI e os desafios deste novo profissional:
  • Subject to Change - Creating Great Products and Services for an Uncertain World
    Peter Merholz, Brandon Schauer, David Verba e Todd Wilkens
    O'Reilly - 2008