Sobre

Graffiti \Graf*fi"ti\, s.m.
desenhos ou palavras feitos
em locais públicos. 
Aqui eles têm a intenção de 
provocar papos sobre TI e afins.

O Graffiti mudou!

Visite a nova versão em pfvasconcellos.net

Uma brincadeira que fiz no finito me empurrou para cá - aquela sobre o "Crítico de Oficinas". O tema me incomoda desde que comecei a reparar que uma famosa publicação adora anunciar novas profissões em TI que são um tanto esotéricas e estranhas. Detetive de redes sociais, por exemplo. Não dá pra crer na viabilidade ou longevidade de muitos chutes que aparecem lá e em outras paradas. Assim como é impossível apostar em qualquer profissão que possa ser facilmente trocada por aplicações, como é o caso do "detetive" em questão. Há tempos sabemos que as profissões mais quentes e promissoras, particularmente em TI, são aquelas que dependem demais do intelecto e do talento, da criatividade e da sensibilidade. Características que, até onde sei, ainda estão muito distantes de sistemas, robôs e afins.

Mas é ainda mais gritante o fato de algumas das profissões mais atraentes e necessárias serem sumariamente ignoradas pela grande mídia tupiniquim. Não por acaso, também são aquelas que nunca aparecem em anúncios de vagas. Dúvida tostines aqui: não há oferta porque não aparecem na mídia ou não aparecem na mídia porque não existem ofertas?

Não, não estou falando dos Analistas de Negócios. De certa forma eles apareceram (CIO Maganize, IDGNow etc) e cresceram. Empresas como Bradesco, Embraer, Net, Oi e JBS Friboi, dentre várias outras, já têm seus times de analistas de negócios. Os problemas com esta profissão são outros, e merecerão outro espaço e tempo.

O que não aparece no meu radar mesmo, por exemplo, é um cara que faça design. Não estou falando dos "designers" de interfaces nem de artistas pós-modernos. Penso no criador, no arquiteto de produtos. Nunca na nossa história esse tipo de design foi tão necessário. Falamos de inovação e de criação de produtos e serviços "matadores". Pensamos no iPhone e no Facebook, por exemplo. Nos lembramos também dos carros da Toyota, apesar dos recentes pesares. São todos exemplos de um bem sucedido trabalho de design.

Dos outros não sei quase nada, mas na Toyota cada carro é arquitetado (projetado / desenhado) por um engenheiro-chefe. Na Apple parece claro que há um cara que tem a primeira e a última palavras sobre seus novos produtos e serviços. Cadê os nossos "designers"? Se eles existem, onde são formados? E, se existe procura por eles, onde ela é manifestada?

.:.

Eu ia esticar o papo, tentando ilustrar a relevância desses caras em bancos, seguradoras e empresas de TI. Aguardarei algum feedback antes de prosseguir. Enquanto isso, deixo uma sugestão de leitura que explica bem a relevância do design no século XXI e os desafios deste novo profissional:
  • Subject to Change - Creating Great Products and Services for an Uncertain World
    Peter Merholz, Brandon Schauer, David Verba e Todd Wilkens
    O'Reilly - 2008




6 responses to "Novas Profissões"

  1. pois é, eu demorei para entender o que você queria dizer com o tal do arquiteto nos projetos, eu realmente não via lugar para ele, contudo, quando mais o tempo passa, mas vejo que o que faz diferença em um produto é a "alma" que ele traz, essa alma é feita de uma visão sistêmica que abrange tecnologia, mercado, cultura, whatever e que costuma funcionar bem quando roda em uma cabeça só, sem cluster, um designer (daquele tipo que você falou).

    Comecemos pelo uso que fazemos da palavra design. Raramente usamos a palavra nos termos que você usou no post. O engraçado é que lá fora é super comum. No livro do Cockburn sobre metodologias que estou lendo acho que designer é a palavra mais usada.

    Acho que temos que primeiro passar a pensar no que design significa e qual é o seu valor para então começar a discutir o impacto que tem "o designer, o cara".

    grande abraço,
    Claudio Br

    Claudio Br

  2. Sobre novas profissões, acredito que quanto mais diferente o trabalho for do que um computador ou sistema faz, mais útil será o trabalho. Quando seu trabalho fica repetitivo e com resultados muito previsíveis é melhor ficar de olho, ele é um ótimo candidato para automação.

    Acho que no futuro só haverá esses tipos de emprego: artistas plásticos, poetas, filósofos e claro, políticos. Nenhum sistema consegue copiá-los.

    Claudio Br

  3. Oi Kerber,

    Design, aqui em Pindorama, é "Projeto". O problema é que também utilizamos esta palavrinha quase que exclusivamente em outro contexto. Para identificar aquela iniciativa com início, meio e fim, e não como "Desenho". Mas, quem dera o problema estivesse apenas no léxico.

    Agora, diz aí, qual é o livro do Galo Flamejante em questão? Compartilhe conosco!

    Abraços e obrigado pelos comentários.

    Paulo Vasconcellos

  4. Opa, a obra de arte é o "Agile Software Development: The Cooperative Game".

    O Cockburn entrevista equipes de projetos de software faz mais de 15 anos e chegou à conclusão que a melhor metáfora para o desenvolvimento são os jogos, mais especificamente, um "jogo cooperativo de criação e comunicação". Encima disso ele discute como ocorre a comunicação e qual o seu preço, apresenta uma série de exemplos e nos ajuda a compreender o que é uma metodologia, para quê ela serve, derruba alguns mitos e ajuda a compreender o ambiente para desenhar a sua própria metodologia.

    Por acaso caí recentemente na missão de desenhar a metodologia de um projeto de cinco meses, caiu como uma luva, deixei de fazer algumas besteiras, principalmente engordar a metodologia para me proteger de medos infundados.

    http://www.kerber.com.br/texto.php?ID=357

    abraço!
    Claudio Br

    Claudio Br

  5. Fala Paulo,

    Pra fazer esse trabalho de Design de produto, já deparei com pessoas formadas em marketing, administração e engenharia. São as mais comuns. Chuto que a mais apropriada aí seja a formaçao em marketing.

    O Kerber (bom revê-lo por aqui) é formado em marketing, salvo engano.

    Independentemente da formação, muita experiência, que se traduz em conhecimento de mercado, deveria ser um pré-requisito.

    []s

    Shigueru.

    Anônimo

  6. Oi Shigueru, estou ressurgindo aos poucos :)

    Pois é, sou formado em Marketing (com uns semestres de engenharia), contudo, concordo com você, muita experiência é o que faz um profissional assim, de preferência múltiplas experiências em múltiplos campos. Não dá para pensar dessa forma abrangente se você passou 20 anos fazendo a mesma coisa.

    Lembremos do curso de caligrafia que o Steve Jobs fez na faculdade e que acabou inspirando a sistemática das fontes do Mac.

    Eu, por exemplo, agora vou investir em jardinagem. Vai saber o que vai sair dali. No mínimo petúnias.

    grande abraço,
    Claudio Br

    Claudio Br

Leave a Reply